sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Cabo Verde: Estreia em Portugal filme rodado no bairro mais cabo-verdiano de Lisboa

 

Deutsche Welle
 
“Até Ver a Luz”, de Basil da Cunha, está a partir desta quinta-feira (22.08) nas salas de cinema portuguesas. A longa-metragem do realizador luso-suíço conta com a participação de muitos descendentes de Cabo Verde.
 
O filme, já exibido no Festival de Cannes e na Suíça, foi totalmente rodado no bairro da Reboleira, na periferia de Lisboa. Para os descendentes de cabo-verdianos que participaram na longa-metragem, o filme simboliza “uma luz ao fundo do túnel”.
 
A co-produção “Après la Nuit” (em português, “Até Ver a Luz”) retrata a história de Sombra, um dos habitantes daquele bairro onde se vive um dia de cada vez, mas com esperança. Acabado de sair da prisão, Sombra volta à sua vida de vendedor de drogas no bairro da Reboleira.
 
“São fantasias da minha cabeça”, contou o realizador à DW África. Basil da Cunha diz ter escrito uma história sobre “um rapaz que sai da prisão e que vive isolado, de noite, com uma catana e uma iguana”, nos telhados do bairro.
 
“Entre o dinheiro emprestado que não consegue recuperar e aquele que deve, uma iguana pouco comum, uma pequena vizinha sempre por perto e um chefe de gang que duvida da sua boa fé, Sombra começa a pensar que, de facto, mais valia ter ficado dentro da cadeia”, lê-se no guião que foi seguido durante mês e meio pela equipa dirigida pelo realizador suíço de origem portuguesa.

Vidas precárias
 
Basil da Cunha considera que a personagem de Sombra representa todas aquelas pessoas a viver em condições precárias, às quais a sociedade não oferece oportunidades. “Ele vive isolado dentro do próprio bairro, é visto como uma personagem estranha no seu próprio meio”, refere.
 
Na Reboleira, o realizador vive num dos prédios da Rua Che Guevara, com urbanização mais organizada. Para Basil da Cunha, o bairro onde fez a rodagem tem um significado especial, apesar da imagem deprimente que transmite o seu estado desordenado e de degradação.
 
Por outro lado, lamenta as condições em que vivem os seus habitantes. “Estou a falar principalmente da falta de oportunidades e da falta de esperança que a sociedade dá às pessoas que vivem em aqui, quanto mais agora em tempo de crise”, salienta.

Pessoas são a inspiração
 
O percurso de vida e as amizades que o cineasta construiu no bairro determinaram a opção em rodar o filme na Roboleira, ainda que sem grandes recursos.
 
“A partir das pessoas que conheci, comecei a fazer filmes. Fizemos várias curtas antes de chegarmos à nossa primeira longa-metrragem e sempre com um grande espírito de família”, recorda, realçando que as pessoas são a sua inspiração.
 
“A porta estava sempre aberta para toda a gente e o bairro viu-se envolvido naquele projeto”, acrescenta.
 
Esta co-produção é prova de que acredita na capacidade das pessoas, que andam à procura de uma oportunidade de vida, sublinha o realizador. O filme, rodado quase durante a noite, envolve muitos atores e figurantes do bairro, que deram provas dessa capacidade.
 
Um deles é Pedro Ferreira, a figura central da história que desempenha o papel de Sombra. “Foi uma experiência boa para mim. Foi algo que nunca tinha feito. Gostei muito e tirei muito proveito durante as filmagens”, relatou o ator.
 
“Até Ver a Luz”, segundo Basil da Cunha, não oferece a solução, mas é em si uma história de esperança e de fé num futuro melhor. Esta sua primeira longa-metragem, produzida pela Box Productions, foi selecionada para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes deste ano.
 
Autoria: João Carlos (Lisboa) – Edição: Madalena Sampaio/António Rocha
 
Exibições
El Corte Inglés, 31, Avenida António Augusto de Aguiar, Lisboa
14:15 16:40 19:05 21:30 23:55
100, Avenida de Roma, Lisboa
13:35 15:35 17:35 19:35 21:35 23:50
Centro Comercial Colombo, Avenida Lusíada, Lisboa
16:00 18:25 21:45 00:10
1011, Estrada do Caminho Municipal, Vale de Mourelos, Feijó, Almada
13:15 15:35 18:00 21:00 23:35
Centro Comercial Dolce Vita Tejo, Avenida Manuel Cargaleiro, Casal da Mira, Amadora
14:00 16:25 19:25 21:50 00:00
 
 
Cinema à Séria no PG
 
Página Global vai contemplar, incluir e destacar uma secção de cinema a que chamará Cinema à Séria (ligação na barra lateral). Para os cinéfilos não passará de um alerta, talvez para reverem este ou aquele filme. Para os menos interessados em cinema poderá também constituir um incentivo que desperte o interesse pelo cinema. Por filmes portugueses, de outros países lusófonos ou de outras nacionalidades. Afinal a linguagem cinematográfica é universal e assim a devemos encarar e apreciar. Boas sessões. (Redação PG)
 

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