Deutsche Welle
“Até Ver a Luz”, de
Basil da Cunha, está a partir desta quinta-feira (22.08) nas salas de cinema
portuguesas. A longa-metragem do realizador luso-suíço conta com a participação
de muitos descendentes de Cabo Verde.
O filme, já exibido
no Festival de Cannes e na Suíça, foi totalmente rodado no bairro da Reboleira,
na periferia de Lisboa. Para os descendentes de cabo-verdianos que participaram
na longa-metragem, o filme simboliza “uma luz ao fundo do túnel”.
A co-produção
“Après la Nuit” (em português, “Até Ver a Luz”) retrata a história de Sombra,
um dos habitantes daquele bairro onde se vive um dia de cada vez, mas com
esperança. Acabado de sair da prisão, Sombra volta à sua vida de vendedor de
drogas no bairro da Reboleira.
“São fantasias da
minha cabeça”, contou o realizador à DW África. Basil da Cunha diz ter escrito
uma história sobre “um rapaz que sai da prisão e que vive isolado, de noite,
com uma catana e uma iguana”, nos telhados do bairro.
“Entre o dinheiro
emprestado que não consegue recuperar e aquele que deve, uma iguana pouco
comum, uma pequena vizinha sempre por perto e um chefe de gang que duvida da
sua boa fé, Sombra começa a pensar que, de facto, mais valia ter ficado dentro
da cadeia”, lê-se no guião que foi seguido durante mês e meio pela equipa
dirigida pelo realizador suíço de origem portuguesa.
Vidas precárias
Vidas precárias
Basil da Cunha
considera que a personagem de Sombra representa todas aquelas pessoas a viver
em condições precárias, às quais a sociedade não oferece oportunidades. “Ele
vive isolado dentro do próprio bairro, é visto como uma personagem estranha no
seu próprio meio”, refere.
Na Reboleira, o
realizador vive num dos prédios da Rua Che Guevara, com urbanização mais
organizada. Para Basil da Cunha, o bairro onde fez a rodagem tem um significado
especial, apesar da imagem deprimente que transmite o seu estado desordenado e
de degradação.
Por outro lado,
lamenta as condições em que vivem os seus habitantes. “Estou a falar
principalmente da falta de oportunidades e da falta de esperança que a
sociedade dá às pessoas que vivem em aqui, quanto mais agora em tempo de
crise”, salienta.
Pessoas são a inspiração
Pessoas são a inspiração
O percurso de vida
e as amizades que o cineasta construiu no bairro determinaram a opção em rodar
o filme na Roboleira, ainda que sem grandes recursos.
“A partir das
pessoas que conheci, comecei a fazer filmes. Fizemos várias curtas antes de
chegarmos à nossa primeira longa-metrragem e sempre com um grande espírito de
família”, recorda, realçando que as pessoas são a sua inspiração.
“A porta estava
sempre aberta para toda a gente e o bairro viu-se envolvido naquele projeto”,
acrescenta.
Esta co-produção é
prova de que acredita na capacidade das pessoas, que andam à procura de uma
oportunidade de vida, sublinha o realizador. O filme, rodado quase durante a
noite, envolve muitos atores e figurantes do bairro, que deram provas dessa
capacidade.
Um deles é Pedro
Ferreira, a figura central da história que desempenha o papel de Sombra. “Foi
uma experiência boa para mim. Foi algo que nunca tinha feito. Gostei muito e
tirei muito proveito durante as filmagens”, relatou o ator.
“Até Ver a Luz”,
segundo Basil da Cunha, não oferece a solução, mas é em si uma história de
esperança e de fé num futuro melhor. Esta sua primeira longa-metragem,
produzida pela Box Productions, foi selecionada para a Quinzena dos
Realizadores do Festival de Cannes deste ano.
Autoria: João
Carlos (Lisboa) – Edição: Madalena Sampaio/António Rocha
Exibições
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Cinema à Séria no
PG
Página Global vai
contemplar, incluir e destacar uma secção de cinema a que chamará Cinema à
Séria (ligação na barra lateral). Para os cinéfilos não passará de um alerta,
talvez para reverem este ou aquele filme. Para os menos interessados em cinema
poderá também constituir um incentivo que desperte o interesse pelo cinema. Por
filmes portugueses, de outros países lusófonos ou de outras nacionalidades.
Afinal a linguagem cinematográfica é universal e assim a devemos encarar e
apreciar. Boas sessões. (Redação PG)
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