A carência
alimentar severa está a aumentar na Guiné-Bissau e já deve afeCtar pelo menos
260 mil pessoas, disse hoje fonte da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO) à agência Lusa.
A situação afeta
sobretudo a população rural e os números vão ser detalhados num inquérito que
hoje começa a ser preparado para haver resultados em setembro, num país com
cerca de 1,6 milhões de habitantes.
A má campanha de
caju, principal receita das famílias rurais, e a crise causada pelo golpe de
Estado de abril de 2012, são as principais razões para os guineenses, sobretudo
das zonas rurais, não terem dinheiro para comprar comida e por isso reduzirem
refeições e comerem apenas frutos silvestres.
De acordo com Rui
Fonseca, encarregado da FAO em Bissau, um inquérito realizado em 2011 mostrava
que "20 por cento da população rural estava num estado de insegurança
alimentar severa", correspondendo "a cerca de 179 mil pessoas".
"Estamos a ter
a ideia de que esta percentagem aumentou", devendo agora rondar um valor
"de 30 a 35 por cento, não sendo exagerado dizer 40", estima Rui
Fonseca, com base num inquérito rápido realizado pela organização em junho.
Partindo do valor
de população rural afetada em 2011, as previsões atuais apontam para que pelo
menos 260 mil pessoas estejam a passar por "carência alimentar
severa" na Guiné-Bissau.
Na prática, isto
quer dizer que "em várias famílias houve já diminuição de refeições,
sobretudo entre adultos, e a qualidade também diminuiu bastante", com
recurso sobretudo a frutos silvestres, sinal de que as famílias "estão
numa situação extrema".
"Em junho
ainda havia a alternativa das mangas, mas agora, com a intensidade das chuvas,
a produção caiu", acrescentou Rui Fonseca.
Para atacar o
problema, o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF) e a FAO já fizeram um pedido junto dos sistemas de apoio das
Nações Unidas para que seja fornecida ajuda à Guiné-Bissau.
A resposta deve
surgir até final do mês e esse auxílio poderá traduzir-se no envio de
alimentos, sementes, material vegetal e pequenos equipamentos agrícolas para o
país.
Entretanto, começa
hoje a formação de pessoal que vai estar no terreno para a realização de um
novo inquérito sobre segurança alimentar que vai aprofundar o trabalho feito em
junho.
Desta feita, a
consulta vai abranger todas as regiões, contactar mais população e será mais
aprofundado, explicou Rui Fonseca.
Os resultados
deverão ser conhecidos no mês de setembro.
Lusa
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