quinta-feira, 22 de agosto de 2013

TERRORISMO DE ESTADO NO REINO UNIDO POR INTERESSE PRÓPRIO E DOS EUA

 

 
Ministro brasileiro espera que material apreendido a Miranda seja devolvido
 
O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse hoje esperar que o material apreendido no domingo a David Miranda pela polícia britânica no aeroporto de Heathrow, seja devolvido "em breve".
 
"Estamos em contato direto com Miranda para assegurar o exercício dos seus direitos", disse Patriota em audiência na Câmara dos Deputados do Legislativo Federal.
 
Miranda é o companheiro do jornalista Glenn Greenwald, do diário britânico "The Guardian", que divulgou as revelações sobre programas de espionagem eletrónica dos Estados Unidos feitas pelo ex-consultor da Agência de Segurança Nacional americana (NSA) Edward Snowden.
 
O brasileiro afirmou à imprensa local que lhe foram apreendidos um telefone móvel, um computador, uma PlayStation, um aparelho de wi-fi, dois relógios, uma máquina de barbear elétrica e 'pen drives' com informações enviadas por uma documentarista a Greenwald.
 
Miranda foi detido durante cerca de nove horas no aeroporto, com base na lei antiterrorismo britânica. Patriota afirmou hoje que um funcionário do consulado brasileiro em Londres foi enviado ao local, mas não teve autorização para falar com David Miranda.
 
"Conversei com o chanceler (ministro dos Negócios Estrangeiros) britânico para transmitir o nosso descontentamento. Precisamos de métodos de trabalho que fortaleçam a cooperação internacional no combate ao terrorismo, e não métodos que a solapem", disse Patriota.
 
Miranda obteve da justiça britânica uma providência cautelar para impedir que o governo e a polícia do Reino Unido inspecionem, copiem ou divulguem os dados apreendidos, mas que não proíbe que isso seja feito por motivos de "segurança nacional".
 
Patriota voltou a criticar as atividades de espionagem eletrónica de comunicações privadas, domésticas e no estrangeiro, dos Estados Unidos, afirmando que constitui uma violação da soberania nacional. O ministro disse esperar que as conversas com os Estados Unidos sobre o tema avancem.
 
Lusa
 
Polícia tem acesso limitado a material retirado a David Miranda
 
O Tribunal Superior de Londres determinou hoje que as autoridades britânicas só poderão ter acesso limitado e durante uma semana ao material que foi confiscado ao brasileiro David Miranda, detido no domingo durante nove horas no aeroporto de Heathrow.
 
Os juízes determinaram nesta audiência preliminar que até à próxima sexta-feira, quando apresentará a sua decisão final, a polícia só poderá examinar a informação armazenada nos dispositivos eletrónicos de Miranda para “proteger a segurança nacional e averiguar se o brasileiro está envolvido em atividades terroristas”.
 
David Miranda esteve retido em Heathrow quando fazia a escala de um voo de ligação entre Berlim e o Brasil, onde vive com o jornalista Glen Greenwald, que entrevistou o ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos Edward Snowden em Hong Kong e publicou várias notícias sobre a espionagem realizada pelos norte-americanos.
 
Durante a detenção no aeroporto londrino, a polícia britânica confiscou o computador portátil, o telemóvel, a câmara fotográfica e os dispositivos eletrónicos de David Miranda.
 
Os advogados do brasileiro, companheiro do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, pediam ao tribunal que impedisse que o Governo e a polícia pudessem “inspecionar, copiar ou compartilhar” o material apreendido durante a detenção de Miranda.
 
A detenção de David Miranda provocou um incidente diplomático com o Brasil, críticas de associações de jornalistas, organizações civis e a petição do Partido Trabalhista para a revisão da lei antiterrorismo.
 
A Scotland Yard defendeu a aplicação da lei, que permite deter e interrogar pessoas em aeroportos, portos e zonas de fronteira, e a ministra do Interior, Theresa May, admitiu que sabia que iam deter David Miranda num aeroporto de Londres, mas indicou que não participou na decisão policial.
 
Edward Snowden revelou em junho, através de notícias publicadas nos jornais The Guardian (em que trabalha Greenwald) e Washington Post, a existência de um programa de vigilância de grande escala dos EUA, que opera em todo o mundo com capacidade para vigiar e armazenar comunicações eletrónicas e ligações telefónicas e que conta com a colaboração dos serviços secretos britânicos.
 
Lusa
 
*Título PG
 
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