sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Zonas Especiais Timorenses deverão ter autonomias como Macau -- Mari Alkatiri

 


Macau, China, 29 ago (Lusa) - As Zonas Especiais de Timor-Leste deverão possuir autonomia executiva, administrativa e financeira idêntica a Macau, defendeu o antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, responsável pelo projeto em nome do Governo de Díli.
 
"Estas novas zonas, que irão começar em Oecussi, mas que no futuro poderão também ser aplicadas em ilhas como Ataúro ou Lautem, terão de ter uma autoridade política, uma assembleia e um orçamento, de forma a cumprirem a sua missão 'especial' no interior de um país, como acontece com Macau na China, que tem ainda a autonomia judicial", disse Alkatiri em declarações à agência Lusa.
 
Mari Alkatiri está em Macau para promover as zonas especiais timorenses, mas também para outros projetos mais imediatos como, entre outros, a refinação de petróleo na costa sul ou as indústrias de Baucau, onde um consórcio sino-australiano vai investir 350 milhões de dólares na produção de cimento que empregará a prazo 3.000 pessoas.
 
O responsável timorense disse à Lusa querer "arrancar com o projeto de Oecussi em 2014", porque é necessário criar infraestruturas para atrair investimento.
 
"No dia 15 de setembro inauguramos o novo porto que deverá servir nos próximos cinco anos e espero que tenhamos até ao final do ano pronta toda a legislação reguladora das novas zonas especiais para que em 2014 sejam iniciados os trabalhos da nova cidade em Oecussi", disse.
 
Mari Alkatiri adiantou que, primeiro, é necessário realojar parte da população atual dos 70.000 habitantes dos 815 quilómetros quadrados de Oecussi para se iniciar a construção da nova cidade, que terá de ser acompanhada de infraestruturas como saneamento, energia, escolas e hospitais internacionais.
 
"Para atrair investimento internacional temos de oferecer condições de educação, saúde e até de circulação", razão pela qual está também prevista a construção de um aeroporto.
 
Numa primeira fase, em Oecussi, Mari Alkatiri preconiza a instalação de indústria ligada à agricultura, pecuária e pescas, setores fundamentais, para, mais tarde, pensar noutros serviços como o turismo e indústrias extrativas.
 
"A pesca é artesanal e tem um caminho a percorrer para ser potenciada, a agricultura pode ser base de cooperação com a Indonésia na área do café para que ganhe quantidade suficiente para ser polo fornecedor e a pecuária tem um potencial de crescimento pela venda para a Indonésia", disse.
 
Com um investimento de cinco mil milhões de dólares (3,76 milhões de euros) até 2030, o projeto contará com um terço de investimento público e dois terços de privados, numa aposta que tem de ter vários parceiros para potenciar o crescimento, defendeu.
 
"Queremos criar as condições para que estas zonas sejam um polo de desenvolvimento na sub-região e, mais tarde, da região onde estão inseridas", disse, recordando que a zona indonésia adjacente às zonas especiais pensadas para Oecussi, Ataúro e Lautem são remotas para aquele país e podem também beneficiar desse desenvolvimento.
 
No futuro, e visando a região asiática, Mari Alkatiri não esconde que Timor-Leste, com as suas regiões especiais, poderá ser "um entreposto comercial" para os países de expressão portuguesa que ficam distantes e podem beneficiar da posição estratégica de Timor-Leste.
 
Mas não é apenas a componente comercial ou industrial que Alkatiri defende, já que preconiza para Oecussi o primeiro Centro de Estudos de Mudanças Climáticas, que obrigará, como para o restante desenvolvimento e projetos, a "importação de massa crítica externa".
 
"Temos de abrir as portas, temos de chamar pessoas que ajudem ao desenvolvimento e formem locais numa formação em trabalho ativo", sustentou.
 
Instado a comentar a situação política de Timor-Leste, a estabilidade política necessária para atrair investidores e o seu envolvimento num projeto a pedido do Governo que não integra, Mari Alkatiri rematou que, como, garante, faz o povo: "as vacas e os búfalos pastam juntos, mas à noite cada um volta para o seu curral".
 
É que, acrescentou, "no processo de construção do país há que, na diferença, apostar no desenvolvimento da nação".
 
JCS // MLL – Lusa
 
Leia mais sobre Macau e Timor-Leste, Médio Oriente, Ásia, Austrália e Pacífico em TIMOR LOROSAE NAÇÃO
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana