NOVAS TECNOLOGIAS AO SERVIÇO DA HEGEMONIA E DA MORTE

 

Martinho Júnior, Luanda

1 – Sempre que se aproxima uma nova guerra, a hegemonia aproveita para mostrar o seu arsenal, “queimando” o que se tornou obsoleto na expectativa de vender ou transferir armamento a seus vassalos e de forma a poder sempre controlá-los em caso de uso, mas ao mesmo tempo “experimentando” as novas aquisições tecnológicas que reserva estrategicamente só às suas próprias forças e dispositivos.

O exercício da hegemonia passa pelo critério de definir quem tem acesso a que tecnologias: para os aliados estratégicos mais próximos são fornecidas algumas daquelas que constituem “última geração”, para os parceiros que interessam e de acordo com as conveniências tácticas, as “obsoletas” e para o Pentágono as que vão constituir a “próxima geração” tirando partido das enormes versatilidades dum conjunto alargado de quesitos como a electrónica, os novos compostos e materiais, ou novos tipos de combustível…

A cada série de iniciativas, tensões, conflitos, ou guerras, esse comportamento torna-se visível para a informação pública, todavia poucos são aqueles que divulgam com alguma transparência o que vai acontecendo, pois isso choca com a orientação dominante da publicidade dos media ao serviço da hegemonia e das suas indústrias.

Divulgar isso “é perigoso”, especialmente por que há sempre alguns que vão mais longe: alertam sobretudo para o facto de que por “genética” capitalista exacerbada e tornada globalização favorável à aristocracia financeira mundial, para o império é inevitável a cultura de exercitar sempre as capacidades para a confrontação, ao contrário daqueles que se propõem à paz, ao socialismo e estão preocupados em levar a democracia a uma participação extensiva e ao mesmo tempo integradora!

Os triliões que se gastam nas indústrias do armamento, da inteligência e da segurança, quão benéficos seriam se fossem empregues na saúde, na educação, no estudo e aplicação de tecnologias respeitadoras do ambiente e da Terra!

O império ao cultivar as condutas de sua hegemonia, esteve, está e estará sempre no caminho dos desequilíbrios, das manipulações, da mentira e da morte violenta!

2 – Alterado a seu favor o domínio do espaço aéreo com a introdução de “drones” que são comandados a grande distância para todo o tipo de fins, o Pentágono agora começa a dar uso aos “drones” submarinos multifunções, aproveitando as interconexões de interesses entre as dominantes indústrias do armamento e da energia.

As tecnologias subaquáticas levam quase duas décadas de “atraso” em relação ao lançamento das inovações aéreas, mas o que está a ser experimentado persegue também o objectivo de diminuir a presença de efectivos presentes fisicamente nas mais variadas acções, sobretudo nos teatros operacionais contemporâneos, o que é ainda um resultado do “síndroma do Vietname”.

De qualquer modo as tecnologias subaquáticas, muito exigentes, aproveitam uma parte dos ensinamentos que foram antes coligidos com a realização dos “drones” aéreos.

3 – A DARPA, Defense Advanced Research Projects Agency está a desenvolver “drones” submarinos, adaptando-os a novos conceitos e quesitos, aprestando-os para novo tipo de iniciativas.

Os “drones” submarinos já cumprem funções de reconhecimento a profundidades variáveis, para efeitos de paz ou de guerra, sendo úteis por exemplo na fiscalização e vigilância de plataformas “offshore” de pesquisa e produção de petróleo ou de gás, de oleadutos ou gasodutos submersos, ou nos estudos oceanográficos recolhendo dados relativos à salinidade das águas, à sua temperatura, à observação de correntes, etc.

Os “drones” submarinos podem também fazer reconhecimentos de campo de minas submersas, ou do perfil dos fundos, estando já alguns modelos a ser utilizados por diversas marinhas de guerra para esse efeito.

O que a DARPA agora se propõe é a construção duma “nave mãe” com capacidade para lançar “drones” submarinos mais pequenos e mesmo “drones” aéreos!

“The Hydra large UUV is to use modular payloads inside a standardized enclosure to deploy a mix of UAVs and UUVs, depending on the military situation.

Hydra will integrate existing and emerging technologies in new ways to create an alternate means of delivering a variety of payloads close to where they’re needed.”

Essa “nave mãe” poderá ser lançada por seu turno de navios de desembarque e transporte de tropas de grande raio de acção, ou de qualquer base “ultramarina” da US Navy, das dezenas que os Estados Unidos e seus aliados possuem espalhadas em seus lugares de permanência estratégica por todos os continentes e ilhas.

4 – Nas confrontações que se avizinham na Ásia Ocidental e Central, os “drones” aéreos e submarinos irão ser utilizados conjuntamente com os mísseis lançados a partir de aviões, de navios e de plataformas terrestes de médio e longo alcance, pois o império afirma que as botas de suas tropas não irão pisar os territórios desestabilizados e desestruturados que ficarem à mercê.

Decerto que isso é mais uma mentira: depois da desarticulação do adversário, alguém irá ocupar o lugar, fazendo criar sistemas apêndices… talvez os grupos da Al Qaeda, ou os falcões de Israel, ou as tropas mercenárias à disposição da monarquias arábicas instigadoras das convulsões contemporâneas!

Os grandes “contratadores”, como a Halliburton, ficarão à espera e à espreita, reservando para si o papel da “reconstrução” e as multinacionais do petróleo e do gás lançar-se-ão com todas as facilidades sobre as presas: a Síria possui colossais reservas de petróleo e de gás de baixo custo de exploração completamente virgens e isso para o império-pirata é imperdoável e inadmissível, tanto mais que a concorrência dos emergentes continentais e regionais como a Rússia, a China e o Irão estão em campo com seus argumentos não menos poderosos.

Foto: Antevisão do projecto Hydra da DARPA – http://rt.com/usa/darpa-underwater-drone-mothership-502/

A consultar:
- Castas das Arábias – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/castas-das-arabias.html
- Salvar os Reis – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/salvar-os-reis.html
- Iraque, Iraque, 75 anos depois – http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/iraque-iraque-75-anos-depois.html
- África do Sul, apêndice AFRICOM – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/08/africa-do-sul-apendice-africom.html
- Nigéria, outro apêndice AFRICOM – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/08/nigeria-outro-apendice-africom.html
- O diktat da hegemonia – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/06/o-diktat-da-hegemonia.html
- Coisas que a globalização tece – 07 – O império promove a morte da democracia – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/03/coisas-que-globalizacao-tece-07-o.html
- Assim se faz a hegemonia – http://paginaglobal.blogspot.pt/2013/07/assim-se-faz-hegemonia.html
- Map drone proliferation: UACs in 76 countries – http://www.globalresearch.ca/mapping-drone-proliferation-uavs-in-76-countries/
- Remoto control warfare – http://www.globalresearch.ca/remote-control-warfare-some-sixty-us-drone-bases-around-the-world/5330325
- Os drones nos campos de matança – http://democraciapolitica.blogspot.pt/2012/06/os-drones-nos-campos-de-matanca.html
- US Navy personel trained on Sea Grider underwater drone – http://www.upi.com/Business_News/Security-Industry/2013/07/29/US-Navy-personnel-trained-on-Sea-Glider-underwater-drone/UPI-69431375126949/
- Underwater glider – http://my.fit.edu/~swood/26_Wood_first.pdf; http://en.wikipedia.org/wiki/Underwater_glider
- Princípios elementares da propaganda de guerra – http://resistir.info/varios/propaganda_guerra.html
- Capitalismo contemporâneo, imperialismo e agressividade – http://resistir.info/brasil/capitalismo_imperialismo_guerra.html
- A indústria da mentira, parte da máquina de guerra do imperialismo –
http://resistir.info/losurdo/industria_da_mentira_04set13.html

*Também publicado em TIMOR LOROSAE NAÇÃO