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ONG denuncia que
aviões não tripulados americanos violam direitos humanos e internacional e
critica "promessas vazias" de Obama, que se comprometeu a dar maior
transparência ao programa militar.
A Anistia
Internacional (AI) acusou nesta terça-feira (22/10) os Estados Unidos de
violarem o direito internacional e, em alguns casos, cometerem crimes de
guerra, através de seus ataques com aviões não tripulados (drones) no
Paquistão. A entidade acusa também a Alemanha de colaborar com os bombardeios.
"Com seu
programa de drones estritamente secreto, os Estados Unidos se dão uma licença para
matar que ignora completamente os padrões de direitos humanos e de direito
internacional", afirmou o escritório alemão da organização durante o
lançamento do relatório Serei eu o próximo? Ataques com drones dos Estados
Unidos no Paquistão.
A entidade
classificou, ainda, como "promessas vazias" as afirmações
do presidente dos EUA, Barack Obama, de que o programa de drones passará a ser
submetido a regras mais estritas e terá maior transparência.
Civis como alvos
O emprego de drones
pelos EUA contra radicais muçulmanos no Paquistão tem provocado tensão entre
Washington e o governo em Islamabad. O Paquistão acusa os EUA de causarem um
número excessivo de mortes entre civis nos bombardeios.
Integrantes da AI
documentaram, entre janeiro de 2012 e agosto de 2013, 45 ataques com drones no
Waziristão do Norte, uma região montanhosa de difícil acesso próxima à
fronteira com o Afeganistão. Não há números exatos sobre vítimas, já que nem os
EUA nem o Paquistão divulgam detalhes sobre os ataques de drones na área, tida
como um refúgio de membros da Al Qaeda e do Talibã.
De acordo com os
EUA, desde 2004 foram realizados 376 ataques de drones no Paquistão. A
organização internacional Escritório de Jornalismo Investigativo estima o
número de pessoas mortas entre 2.525 e 3.613. Segundo informações da imprensa
paquistanesa, mais de 900 delas eram civis.
Caso emblemático
Um dos casos
citados pela AI é o de uma mulher de 68 anos, morta diante dos olhos dos seus
netos quando trabalhava no campo, em outubro de 2012. As crianças ficaram
feridas em um segundo ataque aéreo. "Particularmente insidioso é a prática
de se lançar um segundo ataque logo em seguida, atingindo as pessoas que
tentaram ajudar os feridos", denuncia a Anistia Internacional no relatório.
Um segundo exemplo
ocorreu em julho de 2012, em que 18 civis foram bombardeados quando se reuniam
para jantar após um dia de trabalho. A AI afirma que, embora os moradores
"não representassem ameaça alguma, eles tratados como guerrilheiros em
relatórios oficiais dos EUA".
A organização
reivindicou que a Alemanha insista publicamente na necessidade da observância
do direito internacional pelos EUA. Segundo a AI, até agora, o governo alemão
não só vem tolerando os ataques de drones, como os tem apoiado, encaminhando à
CIA "dados como o número de celular de pessoas que posteriormente foram
atacadas por drones".
MD/afp/rtr
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