Pragmatismo Político
Jornalista
brasileira é algemada e presa nos EUA durante visita do presidente do STF na
Universidade de Yale. "Nunca me aconteceu nada remotamente parecido em
todos os anos de carreira", disse
Uma jornalista do
Estadão foi humilhada em New Haven, Connecticut, numa das mais prestigiadas
universidades do mundo, quando tentava cobrir palestra de Joaquim Barbosa. Ela
foi mantida presa por cinco horas.
“Eu não invadi
nenhum lugar. Passei cinco anos na China, viajei pela Coreia do Norte e por
Miamar e não me aconteceu nada remotamente parecido com o que passei na
Universidade de Yale”, disse ela ao Estado de S. Paulo.
O escândalo põe
Joaquim Barbosa em evidência. Ele viajou a Yale, que fica em New Haven,
Connecticut, na mesma época em que foi a Nova York receber um prêmio da Time.
Em outubro, JB participará de conferência patrocinada pela Shell, petroleira
anglo-holandesa com interesses no pré-sal. É preciso discutir essa exposição de
um presidente do supremo em vitrines estrangeiras. É preciso, no mínimo, haver
transparência em todas essas participações. Políticos tem de publicar suas
posses regularmente na internet. Se juízes querem mesmo rodar o mundo
participando de regabofes internacionais, então deveriam fazer o mesmo.
Abaixo, a matéria
mencionada:
Jornalista brasileira
é presa nos EUA durante visita do presidente do STF
Cláudia Trevisan,
do Estado de S. Paulo, foi algemada e presa na Universidade de Yale ao aguardar
a saída de Joaquim Barbosa de uma conferência
Ao aguardar a saída
do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, de
uma conferência na Universidade de Yale, em Connecticut (EUA), uma jornalista
de O Estado de S. Paulo foi detida e algemada. Cláudia Trevisan foi mantida
incomunicável dentro de uma viatura e em uma cela do Departamento de Polícia da
universidade, segundo informações do periódico. A liberação ocorreu somente
após ela ser autuada por “transgressão criminosa”.
O Itamaraty
acompanhou o caso em Brasília e colocou à disposição da jornalista seu apoio
jurídico. Claudia Trevisan é correspondente do jornal em Washington desde o
final de agosto e nos últimos cinco anos trabalhou na China.
A jornalista havia
sido destacada para cobrir a visita do ministro Joaquim Barbosa à Universidade
Yale, onde participaria do Seminário Constitucionalismo Global 2013. Ela
trocara e-mails com a assessora de imprensa da Escola de Direito da
universidade, Janet Conroy, que lhe informara ser o evento fechado à imprensa.
Claudia aquiesceu, mas disse que, por dever de ofício, esperaria pelo ministro
do lado de fora do Woolsey Hall, o auditório onde se daria o seminário.
Ela também havia
conversado previamente, por telefone celular, com o próprio ministro Barbosa, a
quem solicitou uma entrevista. Barbosa disse que não estava disposto a falar
com a imprensa. Claudia, então, informou o presidente do STF que o aguardaria e
o abordaria do lado de fora do prédio.
O prédio é
percorrido constantemente por estudantes e funcionários da universidade e por
turistas. Suas portas estavam abertas às 14h30 de quinta-feira. Claudia
ingressou e, na tentativa de confirmar se o evento se daria ali, dirigiu-se ao
policial DeJesus, em guarda no primeiro andar. Ele pediu para Claudia
acompanhá-lo. No piso térreo do prédio, a pedido do policial, Claudia forneceu
seu endereço em Washington, telefone e passaporte. Ao alcançarem a calçada, do
lado de fora do prédio, DeJesus recusou-se a devolver seu documento.
“Nós sabemos quem
você é. Você é uma repórter, temos sua foto. Você foi avisada muitas vezes que
não poderia vir aqui”, disse o policial, segundo relato de Claudia Trevisan,
para em seguida agregar que ela seria presa.
Algemas
O processo de
prisão teve uma sequência não usual nos EUA. Os argumentos de Claudia não foram
considerados pelo policial. Na calçada, ele a algemou com as mãos nas costas e
a prendeu dentro do carro policial sem a prévia leitura dos seus direitos. Ela
foi mantida ali por uma hora, até que um funcionário do gabinete do reitor da
Escola de Direito o autorizou a conduzi-la à delegacia da universidade, em
outro carro, apropriado para o transporte de criminosos.
Na delegacia,
Claudia foi revistada e somente teve garantido seu direito a um telefonema
depois de quase quatro horas de prisão, às 21h20. O chefe de polícia, Ronnell
A. Higgins, registrou a acusação de “transgressão criminosa”. Ela deverá se
apresentar no próximo dia 4 diante de um juiz de New Haven.
“Eu não invadi
nenhum lugar. Passei cinco anos na China, viajei pela Coreia do Norte e por
Miamar e não me aconteceu nada remotamente parecido com o que passei na
Universidade de Yale”, disse ela ao Estado de S. Paulo.
Portal Terra, via Tijolaço - Miguel do Rosário
Foto: Divulgação
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