Deutsche Welle
UE fecha acordos
com ex-repúblicas soviéticas, mas não esconde desconforto com a ainda forte
pressão de Moscou, que conseguiu evitar que a Ucrânia saísse da reunião na
Lituânia mais próxima do bloco europeu.
Ao fim da cúpula da
Parceria Oriental, nesta sexta-feira (29/11), os chefes de Estado e de governo
da União Europeia ainda tentaram interpretar a conferência como um sucesso. E,
de fato, nem os 28 Estados-membros do bloco europeu nem as seis ex-repúblicas
da União Soviética participantes deixaram de mãos vazias a capital lituana,
Vilnius.
A UE assinou
pré-acordos de associação e de comércio com a Geórgia e a Moldávia, a serem
ratificados no próximo ano. E com o Azerbaijão fechou-se um convênio para
facilitar a concessão de vistos. A chanceler federal alemã, Angela Merkel,
classificou como "corajoso" o passo de georgianos e moldávios,
"quando se vê como, em parte, se exerceu pressão sobre esses países, com
restrições comerciais".
Ao falar dessas
dificuldades, nenhum dos representantes da UE citou qualquer nome, mas a
referência velada se mostrou, ao longo dos dois dias de cúpula, clara: com
ameaças, a Rússia conseguiu impedir a assinatura de um acordo de associação
entre a Ucrânia e os europeus.
Oferta infeliz de
Yanukovytch
Esse evento era
esperado como clímax do encontro em Vilnius. No entanto, o presidente
ucraniano, Viktor Yanukovytch, se curvou diante da pressão de Moscou, interrompendo
as negociações. O que não o impediu de ir à cúpula e barganhar até o último
minuto. Sua mensagem central era que, com mais apoio financeiro da UE, seria
possível voltar a conversar sobre o assunto.
Porém a oferta teve
má repercussão entre os europeus. O presidente da França, François Hollande,
deixou claro que não haverá mais concessões de verbas. Merkel foi menos direta:
"Naturalmente temos condições pré-estabelecidas, que se aplicam em relação
a todos os Estados da UE, e aí não podemos simplesmente dizer que nada disso
vale para a Ucrânia."
A chanceler federal
alemã não que não haverá condições especiais para a Ucrânia. A porta da
parceria continua bem aberta para os ucranianos, mas só sob as condições
ditadas pela UE. Assim, tudo indica que Yanukovytch calculou mal seu jogo: ele
retorna, de fato, de mãos vazias para Kiev, onde os protestos da oposição o
esperam.
Rigor com Moscou
Uma novidade no
encontro, que também incluiu Armênia e Belarus, foi o tom inusitadamente severo
adotado pelos representantes europeus contra Moscou. "Temos que superar a
pressão de fora", declarou em Vilnius o presidente do Conselho Europeu, Herman
Van Rompuy. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, acrescentou
que a UE não pode "aceitar qualquer tipo de direito de veto de Estados
terceiros".
Mais uma vez,
Angela Merkel preferiu as meias palavras: "A tarefa para nós agora também
vai se constituir em falar com a Rússia com mais vigor sobre como vamos sair do
'ou isso, ou aquilo': ou a ligação com a Rússia, ou a ligação com a União
Europeia." No entanto, a própria líder democrata-cristã admite que este
será um "caminho árduo".
A próxima oportunidade
para abordar a questão poderá ser a conferência de cúpula entre a UE e a
Rússia, marcada para o fim de janeiro. Porém, cabe ainda confirmar se a reunião
se realizará de fato, em face da atual tensão entre as partes.
Autoria: Christoph
Hasselbach (av) – Edição: Rafael Plaisant
Ex-repúblicas
soviéticas decidem na Lituânia futuro de parceria com UE - Cúpula
da Parceria Oriental oscila entre direitos humanos e interesses comerciais.
Posições de seis países do Leste Europeu e sul do Cáucaso são distintas, num
reflexo do cabo de guerra entre União Europeia e Moscou. (28.11.2013)
Presidente
ucraniano sob pressão depois de congelar acordo com a UE - O
presidente Yanukovitch enfrenta pressão de manifestantes nos maiores protestos
desde a Revolução Laranja, há nove anos. Rússia ameaça com restrições
comerciais caso Ucrânia assine associação com a UE. (28.11.2013)
Timoshenko
inicia greve de fome em apoio a protestos pró-UE - Ex-primeira-ministra
ucraniana exige que o presidente Yanukovitch assine o acordo de associação com
a União Europeia e abandone o curso pró-Rússia. Timoshenko cumpre pena de
prisão e está internada num hospital. (26.11.2013)
Sem comentários:
Enviar um comentário