segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

PUTIN DIZ QUE PROTESTOS NA UCRÂNIA QUEREM ABALAR GOVERNO LEGÍTIMO

 

Deutsche Welle
 
Enquanto maiores manifestações desde a Revolução Laranja atingem ápice com bloqueio à sede do governo em Kiev, presidente russo chama movimento de "pogrom" e afirma que não tem relação com o "não" de Yanukovytch à UE.
 
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira (02/12) que os protestos na vizinha Ucrânia, que atingiram seu ápice nos últimos dias, são uma tentativa de "abalar um governo legítimo" e que não representam uma revolução.
 
Nesta segunda-feira, milhares bloquearam os acessos a prédios do governo em Kiev. A prefeitura está ocupada desde a noite de domingo. A oposição convocou uma greve geral em todo o país e pediu aos manifestantes que continuem no centro da cidade até a renúncia do presidente Viktor Yanukovytch.
 
"Isso me lembra mais um pogrom do que uma revolução", declarou Putin durante visita a Armênia, usando um terro em russo geralmente empregado para se referir a atos em massa de violência premeditada. "Trata-se de uma ação bem planejada e têm pouco a ver com as relações entre a Ucrânia e a UE."
 
A irritação dos ucranianos pró-europeus atingiu seu nível máximo há cerca de dez dias, depois que Yanukovytch suspendeu um planejado acordo de associação com a União Europeia, sob pressão da Rússia.
 
Durante a madrugada desta segunda-feira, cerca de 10 mil manifestantes permaneceram na Praça da Independência, no centro da cidade, onde foi erguido um acampamento. Em torno da sede do governo, carros com as bandeiras da UE e da Ucrânia interditavam as ruas. Os manifestantes exigem a renúncia de Yanukovytch e do primeiro-ministro Mykola Azarov, gritando frases como "cadeia para Azarov" e "viva a Ucrânia".

Líderes oposicionistas se revezavam em discursos num palco em frente à praça. O presidente do partido oposicionista Udar, o campeão mundial de boxe Vitali Klitschko, chamou os manifestantes a continuarem ocupando o bairro governamental até a renúncia de Yanukovych.
 
"Precisamos mobilizar todos no país", apelou. Ele anunciou para esta terça-feira a votação de uma moção de censura contra Azarov pelo Parlamento ucraniano.
 
Uma comissão do Parlamento recomendou nesta segunda-feira que os deputados votem pela destituição de Azarov, segundo relatos da imprensa local. Entretanto, o Partido das Regiões, a que pertence Azarov, se mostrou confiante de que os opositores não conseguirão reunir a quantidade necessária de votos para a queda do premiê, homem de confiança de Yanukovytch.
 
Apelo contra a violência
 
No domingo, cerca de 150 mil pessoas se reuniram na Praça da Independência − segundo estimativa da polícia −, apesar da proibição de manifestações no centro da cidade. A oposição calculou o número de participantes em meio milhão.
 
O maior protesto desde a Revolução Laranja, em 2004, decorreu, em grande parte, de forma pacífica. Em confrontos isolados com a polícia, manifestantes encapuzados atiraram pedras e coquetéis molotov contra as forças de segurança, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo. Segundo dados oficiais, pelo menos 260 pessoas, de ambos os lados, ficaram feridas.
 
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, apelou para que o governo ucraniano não use de violência contra manifestantes pacíficos e pediu que Yanukovytch faça "todo o possível para proteger a liberdade de expressão o direito a manifestações ". O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, disse que os protestos enviam "uma mensagem muito clara". "É de se esperar que Yanukovytch escute esta mensagem", ressaltou, acrescentando que a Alemanha continua disposta a assinar o acordo de associação com a UE, suspenso pela Ucrânia.
 
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirmou, durante visita a Berlim, que os protestos se devem à frustração de muitos ucranianos, "que veem seu futuro na Europa".
 
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, apelou para que ambos os lados não recorram à violência e pediu que a liderança ucraniana respeite as liberdades de expressão e de manifestação. Os ministros do Exterior da Polônia, Radoslaw Sikorski, e da Suécia, Carl Bildt, expressarem, em uma declaração conjunta, solidariedade aos manifestantes.
 
MD/afp/dpa/efe/rtr – Edição: Rafael Plaisant
 
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