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Enquanto maiores
manifestações desde a Revolução Laranja atingem ápice com bloqueio à sede do
governo em Kiev, presidente russo chama movimento de "pogrom" e
afirma que não tem relação com o "não" de Yanukovytch à UE.
O presidente da
Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira (02/12) que os protestos na
vizinha Ucrânia, que atingiram seu ápice nos últimos dias, são uma tentativa de
"abalar um governo legítimo" e que não representam uma revolução.
Nesta segunda-feira,
milhares bloquearam os acessos a prédios do governo em Kiev. A prefeitura está
ocupada desde a noite de domingo. A oposição convocou uma greve geral em todo o
país e pediu aos manifestantes que continuem no centro da cidade até a renúncia
do presidente Viktor Yanukovytch.
"Isso me
lembra mais um pogrom do que uma revolução", declarou Putin durante visita
a Armênia, usando um terro em russo geralmente empregado para se referir a atos
em massa de violência premeditada. "Trata-se de uma ação bem planejada e
têm pouco a ver com as relações entre a Ucrânia e a UE."
A irritação dos
ucranianos pró-europeus atingiu seu nível máximo há cerca de dez dias, depois
que Yanukovytch suspendeu um planejado acordo de associação com a União
Europeia, sob pressão da Rússia.
Durante a madrugada
desta segunda-feira, cerca de 10 mil manifestantes permaneceram na Praça da
Independência, no centro da cidade, onde foi erguido um acampamento. Em torno
da sede do governo, carros com as bandeiras da UE e da Ucrânia interditavam as
ruas. Os manifestantes exigem a renúncia de Yanukovytch e do primeiro-ministro
Mykola Azarov, gritando frases como "cadeia para Azarov" e "viva
a Ucrânia".
Líderes oposicionistas se revezavam em discursos num palco em frente à praça. O presidente do partido oposicionista Udar, o campeão mundial de boxe Vitali Klitschko, chamou os manifestantes a continuarem ocupando o bairro governamental até a renúncia de Yanukovych.
"Precisamos
mobilizar todos no país", apelou. Ele anunciou para esta terça-feira a
votação de uma moção de censura contra Azarov pelo Parlamento ucraniano.
Uma comissão do
Parlamento recomendou nesta segunda-feira que os deputados votem pela
destituição de Azarov, segundo relatos da imprensa local. Entretanto, o Partido
das Regiões, a que pertence Azarov, se mostrou confiante de que os opositores
não conseguirão reunir a quantidade necessária de votos para a queda do premiê,
homem de confiança de Yanukovytch.
Apelo contra a
violência
No domingo, cerca
de 150 mil pessoas se reuniram na Praça da Independência − segundo estimativa
da polícia −, apesar da proibição de manifestações no centro da cidade. A
oposição calculou o número de participantes em meio milhão.
O maior protesto
desde a Revolução Laranja, em 2004, decorreu, em grande parte, de forma
pacífica. Em confrontos isolados com a polícia, manifestantes encapuzados
atiraram pedras e coquetéis molotov contra as forças de segurança, que
responderam com bombas de gás lacrimogêneo. Segundo dados oficiais, pelo menos
260 pessoas, de ambos os lados, ficaram feridas.
A chanceler federal
alemã, Angela Merkel, apelou para que o governo ucraniano não use de violência
contra manifestantes pacíficos e pediu que Yanukovytch faça "todo o
possível para proteger a liberdade de expressão o direito a manifestações
". O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, disse que os protestos
enviam "uma mensagem muito clara". "É de se esperar que
Yanukovytch escute esta mensagem", ressaltou, acrescentando que a Alemanha
continua disposta a assinar o acordo de associação com a UE, suspenso pela
Ucrânia.
O presidente da
Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirmou, durante visita a Berlim, que
os protestos se devem à frustração de muitos ucranianos, "que veem seu
futuro na Europa".
O secretário-geral
da Otan, Anders Fogh Rasmussen, apelou para que ambos os lados não recorram à
violência e pediu que a liderança ucraniana respeite as liberdades de expressão
e de manifestação. Os ministros do Exterior da Polônia, Radoslaw Sikorski, e da
Suécia, Carl Bildt, expressarem, em uma declaração conjunta, solidariedade aos
manifestantes.
MD/afp/dpa/efe/rtr –
Edição: Rafael Plaisant
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