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Angola é o único
país de língua oficial portuguesa que melhora a pontuação no índice de
corrupção, divulgado pela Transparência Internacional. Porém, ONG e ativista
Rafael Marques desvalorizam o facto.
O relatório de 2013
da Transparência Internacional revela que entre os países de língua portuguesa
apenas Angola conseguiu ter mais pontos que no ano passado, passando de 22 para
23, numa escala de 0 a 100, "em que 0 significa que o país é percecionado
como altamente corrupto, e 100 que um país é muito limpo", segundo as
notas explicativas que acompanham a divulgação do relatório.
Este ponto vale a
Angola uma melhoria de quatro posições, para o lugar número 153 do ranking que
ordena os 175 países em função da corrupção percecionada pelos peritos que mais
de perto trabalham com o setor público.
Porém, aos olhos de
Lucas Olo Fernandes, coordenador para a África Central da Transparência
Internacional, esta subida não é vista necessariamente como uma melhoria.
"Em relação a
Angola e a outros países, devo dizer que a mudança de um ponto, não é
relevante. São mudanças em uma ou duas ou até três pesquisas. Mas não queremos
dizer que houve realmente grandes mudanças, talvez alguma coisa aconteceu,
talvez alguma lei tenha trazido algum impacto para este índice", sugere o
especialista.
Falta de controlo
judicial
Também o ativista
angolano dos direitos humanos e jornalista Rafael Marques, premiado este ano
pela Transparência Internacional pelo seu empenho no combate à corrupção em
Angola, desvaloriza a melhoria.
"As melhorias
registadas pelos países tem mais a ver com a perceção internacional, do que
fatores internos. Quando olhamos para a grande corrupção em Angola, não há
casos que tenham chegado a tribunal. E eventualmente isto leva instituições
internacionais a pensarem que há melhorias na transparência”, explica.
“Mas não há, houve
até um agravamento da situação", frisa Rafael Marques.
A título de
exemplo, Rafael Marques relata que o Governo angolano pela primeira vez na sua
história apresentou a conta geral do Estado de 2011, embora com 18 meses de
atraso e sem relatórios justificativos para 70% das despesas.
“Os mais
prejudicados com os atos de corrupção são os cidadãos dos países”, relembra
Rafael Marques.
Mudança no
horizonte
Embora Rafael
Marques olhe para melhoria alcançada por Angola com cepticismo, tem esperança
na mudança.
“No caso de Angola,
a melhoria e a mudança só acontecerão quando este Presidente sair, porque ele é
o principal promotor da corrupção em Angola e enquanto ele estiver no poder a
corrupção continuará a ser o principal motor da sua governação”, garante Rafael
Marques.
A corrupção está
principalmente ligada às grandes riquezas naturais do país. De acordo com o
colaborador da Transparência Internacional, Lucas Olo Fernandes, o Governo tem
de prestar contas e mostrar responsabilidades para com a população.
"Angola tem
rendimentos mais altos do que a média dos outros países da região. Mas em
Angola, há problemas em ter instituições democráticas fortes para combater os
elevados níveis de pobreza e de corrupção”, conclui.
Autoria: Nádia
Issufo – Edição: Nuno de Noronha / António Rocha
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