Mário Motta, Lisboa
A revelação das
tendências de casino do governo Passos vão em alta, ainda mais em alta agora. Muito
mais em alta com esta jogatana da Fatura da Sorte. Confesso que quando li a
referência Fatura os meus olhos traíram-me e li Fartura. É que aqui parecia ter
mesmo ali um r entre o a e o t. Mas não, não tinha, nem tem. Não é Fartura da
Sorte. Até porque fartura é coisa reservada só a uns quantos. Políticos, donos
dos políticos, cães de tiro que correm que nem desalmados para conquistarem Belém
e São Bento, não vá um outro qualquer grupo mafioso antecipar-se e ganhar o
lugar… É o que se queira, mas Fartura não é. Essa está-lhes reservada. É
exclusiva, só para eles. Os portugueses têm de se contentar com quase nada ou
nada. Pagam e não bufam. Os proxenetas do colarinho branco agradecem. Por acaso
é mentira, nem sequer agradecem. E não agradecem porque se convenceram de que o
país é só deles, os portugueses são só deles. Tudo é deles nestas praias,
planicies e montanhas lusas. É mais que evidente. Basta observar e meditar nos
seus comportamentos. Põem e dispõem.
Quanto à Fatura da
Sorte e ao festival de casino em que os batoteiros do governo e de Belém são
eximios deu para ler no site da RTP (ver na íntegra) que “O secretário de
Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, afirmou hoje que o sorteio `Fatura
da Sorte` vai ser feito em função do valor global das faturas de cada
contribuinte e não em função do número de faturas emitidas.” E mais: "O
que vale para o sorteio não é o número de faturas, é o valor global atribuído a
cada contribuinte" que peça para que o seu número de contribuinte seja
indicado na fatura, afirmou hoje Paulo Núncio, em conferência de imprensa, em
que disse que vão ser sorteados, semanalmente, "automóveis de gama
alta".”
Desculpe. Podia
repetir. Solicitaria se lá estivesse na frente deste croupier Núncio. Mas não.
Na hora tive de ir à Sopa Económica, antes chamada Sopa do Barroso. Que agora
mudou para o nome do enfezado ministro do CDS, Mota Soares, que achou por bem
retomar as políticas salazaristas dos caldinhos de galinha naquilo a que ele
chama Cantinas Sociais. Algo a modos que do Social Fascismo que o caracteriza
mas que procura ocultar. Asno (de asneira, não de burro) porque só não o topa
quem andar mesmo muito distraído ou já tiver sido sepultado ou cremado. Avancemos
com a Fatura da Sorte.
Então, eles – com os
nossos impostos - dão “automóveis topos de gama”? Um automóvel todas as
semanas? Ai sim? Pergunte-se: Quantos ministros e pares desses, dos partidos,
das famílias partidárias, e das outras, é que já se meteram no negócio da venda
automóveis para preparar terreno? E quantos automóveis vão sair aos boys e
girls laranjas (PSD) e aos azulados (CDS)? E às primas? E aos primos? E a quem mais
quiserem?
O croupier Paulo Núncio
referiu que a transparência vai ser enorme. Ponto de honra. Acontece que
estamos tão fartos de ser enganados que dificilmente acreditamos. Só se for
transparência à BPN, trapalhadas à Miró, honra à Elsa da Esquina, onde “atacava”
e ao subir a rua lhe perguntavam se ia presa – por ir acompanhada por um polícia
– ao que a Elsa respondia que não. Não ia presa. “Vou dormir com o chefe”,
informava. Era o conluio entre a prostituta e o chefe de polícia. E à Elsa nada
acontecia… de mal. Nem mesmo Salazar, que ilegalizou e criminalizou a
prostituição, lhe conseguiu deitar a mão e pô-la entre grades. Nem a estes
prostitutos de agora, de colarinho branco, o Ministério Público consegue deitar
a mão. Até parece que lhes está sempre a sair a Fatura da Sorte. Mas pensando
melhor não é da sorte mas sim a Fatura da Impunidade.
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