quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Portugal: A FATURA DA SORTE E A FATURA DA IMPUNIDADE

 

Mário Motta, Lisboa
 
A revelação das tendências de casino do governo Passos vão em alta, ainda mais em alta agora. Muito mais em alta com esta jogatana da Fatura da Sorte. Confesso que quando li a referência Fatura os meus olhos traíram-me e li Fartura. É que aqui parecia ter mesmo ali um r entre o a e o t. Mas não, não tinha, nem tem. Não é Fartura da Sorte. Até porque fartura é coisa reservada só a uns quantos. Políticos, donos dos políticos, cães de tiro que correm que nem desalmados para conquistarem Belém e São Bento, não vá um outro qualquer grupo mafioso antecipar-se e ganhar o lugar… É o que se queira, mas Fartura não é. Essa está-lhes reservada. É exclusiva, só para eles. Os portugueses têm de se contentar com quase nada ou nada. Pagam e não bufam. Os proxenetas do colarinho branco agradecem. Por acaso é mentira, nem sequer agradecem. E não agradecem porque se convenceram de que o país é só deles, os portugueses são só deles. Tudo é deles nestas praias, planicies e montanhas lusas. É mais que evidente. Basta observar e meditar nos seus comportamentos. Põem e dispõem.
 
Quanto à Fatura da Sorte e ao festival de casino em que os batoteiros do governo e de Belém são eximios deu para ler no site da RTP (ver na íntegra) que “O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, afirmou hoje que o sorteio `Fatura da Sorte` vai ser feito em função do valor global das faturas de cada contribuinte e não em função do número de faturas emitidas.” E mais: "O que vale para o sorteio não é o número de faturas, é o valor global atribuído a cada contribuinte" que peça para que o seu número de contribuinte seja indicado na fatura, afirmou hoje Paulo Núncio, em conferência de imprensa, em que disse que vão ser sorteados, semanalmente, "automóveis de gama alta".”
 
Desculpe. Podia repetir. Solicitaria se lá estivesse na frente deste croupier Núncio. Mas não. Na hora tive de ir à Sopa Económica, antes chamada Sopa do Barroso. Que agora mudou para o nome do enfezado ministro do CDS, Mota Soares, que achou por bem retomar as políticas salazaristas dos caldinhos de galinha naquilo a que ele chama Cantinas Sociais. Algo a modos que do Social Fascismo que o caracteriza mas que procura ocultar. Asno (de asneira, não de burro) porque só não o topa quem andar mesmo muito distraído ou já tiver sido sepultado ou cremado. Avancemos com a Fatura da Sorte.
 
Então, eles – com os nossos impostos - dão “automóveis topos de gama”? Um automóvel todas as semanas? Ai sim? Pergunte-se: Quantos ministros e pares desses, dos partidos, das famílias partidárias, e das outras, é que já se meteram no negócio da venda automóveis para preparar terreno? E quantos automóveis vão sair aos boys e girls laranjas (PSD) e aos azulados (CDS)? E às primas? E aos primos? E a quem mais quiserem?
 
O croupier Paulo Núncio referiu que a transparência vai ser enorme. Ponto de honra. Acontece que estamos tão fartos de ser enganados que dificilmente acreditamos. Só se for transparência à BPN, trapalhadas à Miró, honra à Elsa da Esquina, onde “atacava” e ao subir a rua lhe perguntavam se ia presa – por ir acompanhada por um polícia – ao que a Elsa respondia que não. Não ia presa. “Vou dormir com o chefe”, informava. Era o conluio entre a prostituta e o chefe de polícia. E à Elsa nada acontecia… de mal. Nem mesmo Salazar, que ilegalizou e criminalizou a prostituição, lhe conseguiu deitar a mão e pô-la entre grades. Nem a estes prostitutos de agora, de colarinho branco, o Ministério Público consegue deitar a mão. Até parece que lhes está sempre a sair a Fatura da Sorte. Mas pensando melhor não é da sorte mas sim a Fatura da Impunidade.
 

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