quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CONFLITO ARMADO AFETA COMBATE À TUBERCULOSE EM MOÇAMBIQUE

 


O conflito armado em algumas regiões moçambicanas está a ter "algum impacto, ainda que pequeno, na gestão do programa" de combate à tuberculose no país, disse hoje à Lusa diretor do programa nacional de tuberculose em Moçambique, Ivan Manhiça.
 
Falando a propósito de novas vacinas contra a tuberculose a serem, brevemente, testadas em humanos, Ivan Manhiça disse, em contacto telefónico a partir de Lisboa, que pelo menos "cinco pacientes da região da Gorongosa", palco dos confrontos entre o exército moçambicano e guerrilheiros da Renamo, no centro de Moçambique, "faltaram ao tratamento durante semana e meia".
 
"Naturalmente que esta situação de alguma instabilidade em algumas regiões e que tem estado a provocar a mobilidade das pessoas acaba tendo algum impacto ainda que pequeno na gestão do programa. Isso obriga algum esforço na identificação dos locais para onde os pacientes destas regiões se dirigiram para que os mesmos possam ser seguidos", afirmou.
 
Mas, segundo o responsável, as autoridades sanitárias moçambicanas conseguiram localizar os cinco doentes numa outra região, no centro de um distrito onde está a maior parte da população e, agora, "estão a ser monitorados".
 
"Ainda não temos um número muito grande" de doentes nessa situação, assegurou.
 
Há quase um ano que as forças governamentais moçambicanas e os guerrilheiros da Renamo, principal partido da oposição, estão em confronto devido a desentendimentos entre a Renamo e o governo de Maputo sobre legislação eleitoral.
 
A situação forçou as populações, incluindo doentes de infetados com a tuberculose, a abandonarem as suas casas, deslocando-se para zonas seguras.
 
"Como Serviço Nacional de Saúde é fácil enquadrá-los em qualquer distrito e localidade para onde eles vão porque temos o tratamento disponível em todo o país, mas o esforço que tem sido feito é localizar todo e qualquer paciente que eventualmente não vá à consulta no seu local habitual para o enquadrar dentro do sistema", frisou Ivan Manhiça.
 
Uma nova vacina contra a tuberculose poderá ser brevemente testada em humanos.
 
A pesquisa, que está a ser desenvolvida por cientistas de 35 organizações mundiais de investigação e conta com o apoio da União Europeia, deverá terminar no dia 28 de fevereiro.
 
O trabalho dos cientistas do Reino Unido, Alemanha, Argentina e Coreia do Sul visa encontrar formas de bloqueio da transmissão da doença, bem como prevenir a infeção latente para que esta não se transforme numa verdadeira tuberculose, revela a Horizon-Magazine, publicação da União Europeia.
 
Ivan Manhiça disse à Lusa esperar que a vacina esteja disponível o mais brevemente possível em países como Moçambique que integra a lista dos 22 Estados que a nível mundial contribuem para 80 por cento da doença.
 
Lusa, em Notícias ao Minuto
 

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