O conflito armado
em algumas regiões moçambicanas está a ter "algum impacto, ainda que
pequeno, na gestão do programa" de combate à tuberculose no país, disse
hoje à Lusa diretor do programa nacional de tuberculose em Moçambique, Ivan
Manhiça.
Falando a propósito
de novas vacinas contra a tuberculose a serem, brevemente, testadas em humanos,
Ivan Manhiça disse, em contacto telefónico a partir de Lisboa, que pelo menos
"cinco pacientes da região da Gorongosa", palco dos confrontos entre
o exército moçambicano e guerrilheiros da Renamo, no centro de Moçambique,
"faltaram ao tratamento durante semana e meia".
"Naturalmente
que esta situação de alguma instabilidade em algumas regiões e que tem estado a
provocar a mobilidade das pessoas acaba tendo algum impacto ainda que pequeno
na gestão do programa. Isso obriga algum esforço na identificação dos locais para
onde os pacientes destas regiões se dirigiram para que os mesmos possam ser
seguidos", afirmou.
Mas, segundo o
responsável, as autoridades sanitárias moçambicanas conseguiram localizar os
cinco doentes numa outra região, no centro de um distrito onde está a maior
parte da população e, agora, "estão a ser monitorados".
"Ainda não
temos um número muito grande" de doentes nessa situação, assegurou.
Há quase um ano que
as forças governamentais moçambicanas e os guerrilheiros da Renamo, principal
partido da oposição, estão em confronto devido a desentendimentos entre a Renamo
e o governo de Maputo sobre legislação eleitoral.
A situação forçou
as populações, incluindo doentes de infetados com a tuberculose, a abandonarem
as suas casas, deslocando-se para zonas seguras.
"Como Serviço
Nacional de Saúde é fácil enquadrá-los em qualquer distrito e localidade para
onde eles vão porque temos o tratamento disponível em todo o país, mas o
esforço que tem sido feito é localizar todo e qualquer paciente que
eventualmente não vá à consulta no seu local habitual para o enquadrar dentro
do sistema", frisou Ivan Manhiça.
Uma nova vacina
contra a tuberculose poderá ser brevemente testada em humanos.
A pesquisa, que
está a ser desenvolvida por cientistas de 35 organizações mundiais de
investigação e conta com o apoio da União Europeia, deverá terminar no dia 28
de fevereiro.
O trabalho dos
cientistas do Reino Unido, Alemanha, Argentina e Coreia do Sul visa encontrar
formas de bloqueio da transmissão da doença, bem como prevenir a infeção
latente para que esta não se transforme numa verdadeira tuberculose, revela a
Horizon-Magazine, publicação da União Europeia.
Ivan Manhiça disse
à Lusa esperar que a vacina esteja disponível o mais brevemente possível em
países como Moçambique que integra a lista dos 22 Estados que a nível mundial
contribuem para 80 por cento da doença.
Lusa, em Notícias
ao Minuto
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