Díli, 06 mar (Lusa)
- O antigo comandante da guerrilha timorense Mauk Moruk manifestou hoje na
Procuradoria-Geral da República disponibilidade para legalizar o Conselho da
Revolução do Povo Maubere, movimento que criou quando regressou a Timor-Leste.
"Eles são os
defensores da lei e da ordem. Eu vou legalizar a organização dentro de um
período estipulado enquanto isso os senhores procuradores vão envidar esforços
junto da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste) para pararem as operações.
Dentro de um mês está tudo resolvido", afirmou Mauk Moruk aos jornalistas.
O ex-guerrilheiro
referia-se às operações policiais desencadeadas na quarta-feira para cumprir a
resolução do parlamento de Timor-Leste para impedir a instabilidade no país.
Sobre esta resolução, Mauk Moruk afirmou que foi "apressada e feita em
cima do joelho".
"Eu refuto
completamente aquela resolução. Não concordo", disse.
A polícia timorense
ocupou na quarta-feira a sede do Conselho Popular da Defesa da República
Democrática de Timor-Leste (CPD-RDTL) na sequência de uma resolução do
parlamento nacional a pedir medidas para anular tentativas de instabilidade e
ameaças ao Estado, que considera estarem a ser protagonizadas por aquele grupo
e pelo antigo comandante da guerrilha Mauk Moruk.
A resolução foi
aprovada na segunda-feira durante um debate de urgência com a presença do
primeiro-ministro e ministro da Defesa e Segurança de Timor-Leste, Xanana
Gusmão.
Na resolução, os
deputados afirmam que têm acompanhado, "com preocupação, as movimentações
de grupos ilegais, nomeadamente do autointitulado Conselho da Revolução do Povo
Maubere, do CPD-RDTL, entre outros, que têm vindo a público através dos meios
de comunicação social fazer exigências de cariz político ao Presidente da
República para suspender a Constituição, demitir o Governo e dissolver o
parlamento".
Os deputados
exigiram aos órgãos de soberania para tomarem, no âmbito das suas competências,
"medidas urgentes que a Constituição e as leis preveem para situações de
cometimento de crimes por forma a devolver aos cidadãos as necessárias
segurança e tranquilidade".
Hoje, em
declarações aos jornalistas, o vice-chefe de Estado Maior General das Forças de
Defesa de Timor-Leste, brigadeiro general Filomeno Paixão, pediu ao CPD-RDTL e
ao antigo comandante Mauk Moruk para cumprirem a resolução do parlamento.
"Estamos
preocupados e esperemos que tudo corra bem e que da parte do CPD-RDTL e do Mauk
Moruk se conforme com a decisão do parlamento e cumpram as decisões",
afirmou o brigadeiro-general Filomeno Paixão no final de um encontro com o
Presidente timorense, Taur Matan Ruak.
O primeiro-ministro
timorense, Xanana Gusmão, afirmou também hoje que o chefe de Estado timorense
apoia a resolução do parlamento, que vai ser distribuída por todo o país para
as pessoas estarem informadas e colaborarem com as forças de segurança.
Mauk Moruk (Paulino
Gama) é o antigo primeiro comandante das Brigadas Vermelhas das FALINTIL, que
abandonou a guerrilha em 1984 e se rendeu aos indonésios. Já na Indonésia,
juntou-se às forças armadas daquele país.
Mauk Moruk, que
esteve fora do país vários anos, regressou a Timor-Leste em outubro e criou o
Conselho de Revolução Maubere, que exige a dissolução do parlamento, a demissão
do Governo, a convocação de eleições, a entrada em vigor da Constituição de
1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.
O CPD-RDTL é um
grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak, que após a restauração da
independência realizou várias manifestações em Díli a exigir o reconhecimento
da independência proclamada em 1975, bem como a saída das organizações
internacionais.
Em março de 2013, o
Governo timorense já tinha acusado o CPD-RDTL de violar a lei e desrespeitar os
direitos humanos, nomeadamente através da ocupação de terras particulares,
públicas e da comunidade.
MSE // VM - Lusa
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