Pedro d´Anunciação – Sol, opinião
Andavam
os pró-governamentais e pró presidenciais a dizer que não podíamos ser
apanhados a falar na renegociação da dívida, se não voltávamos aos trambolhões
dos juros e outras desgraças de que o actual Governo não soube livrar-nos.
Afinal,
não. Os documentos sobre renegociação foram aparecendo: primeiro, o Manifesto
dos 74 nacionais, seguido do Manifesto dos 74 internacionais; depois, uma
proposta de economistas nacionais mais concreta, e sem ‘haircuts’; depois outra
proposta de economistas nacionais, muito complexa, ambas subscritas pelo
académico madeirense Ricardo Cabral, mas a segunda também por Louçã (entre
gente do ISEG e um PS), e a outra não.
A
seguir, foram mesmo os economistas mais ortodoxos a defenderem a renegociação –
desde o conservador americano Keneth Rogoff, Prof. de Harvard, ao ‘falcão’
alemão (que já quis expulsar do euro Portugal e a Grécia) Hans Werner-Sinn.
Até
Passos Coelho, no último Conselho de Estado, comentando este tema (que não veio
no comunicado final, pouquíssimo útil e nada transparente), em vez de se opor
como antes à renegociação, limitou-se a advogar que a iniciativa não deveria
partir de Portugal.
Seja
como for, devido ao esforço de muitos (que não a coligação governamental), o
assunto aí está em pleno debate, sem afectar juros de dívida, nem países
frágeis – antes abrindo-lhes perspectivas de futuro melhor.
O
que já afectou a sério foram as trampolinices do BES, o Banco do Regime, que
tem fornecido governantes a eito ao PS e ao PSD/CDS, e cujo anterior Presidente
gostava de predicar de alto sobre o Pais, como uma espécie de mau tutor que de
facto foi, aceite pelos Partidos do Arco da Governação, que durante anos se lhe
vergaram em estranho respeito.
E
voltam a ocorrer-me as palavras de Vítor Bento sobre a ‘centrifugação’ pela
Sociedade dos gestores honestos, porque os menos éticos obtém melhores
resultados para quase todos os que mandam.
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