Filipe
Paiva Cardoso – jornal i
Núcleo
de Estudos da Católica avança que PIB cresceu 0,2% no segundo trimestre e
reitera revisão em baixa do crescimento em 2014
O
núcleo de estudos da Universidade Católica calcula que no segundo trimestre
deste ano a economia portuguesa terá registado um crescimento de 0,2% face aos
primeiros três meses do ano. Como entre Janeiro e Março a economia recuou 0,6%,
os 0,2% agora registados entre Abril e Junho significam que "a economia
portuguesa não recuperou o suficiente face à queda inesperada" do primeiro
trimestre de 2014, conclui o Núcleo de Estudos de Conjuntura sobre a Economia
Portuguesa (NECEP) no sumário executivo de conjuntura sobre o segundo trimestre
do ano.
"A
leitura da conjuntura apresenta indicadores contraditórios com sinais de
continuação da recuperação no consumo privado, de estabilização nas exportações
mas de continuada hesitação no processo de investimento", lê-se ainda no
relatório do NECEP, que salienta a recuperação "algo surpreendente" do
"mercado de trabalho", que está "a dar sinais de melhoria de
magnitude superior ao que seria de esperar tendo em conta o crescimento ténue
do PIB".
Estas
melhorias, convém sublinhar, dão-se apenas ao nível da taxa oficial de desemprego,
já que esta tem vindo a descer graças à emigração e também a uma deterioração
agressiva no campo laboral, já que a economia portuguesa continua sem recuperar
postos de trabalho a tempo completo - a taxa está a cair também graças ao
subemprego, já que se no final de 2011 apenas 1,1% das pessoas empregadas
estavam em situação de subemprego, agora este valor já atinge os 5,5%.
Considerando
os valores estimados para o segundo trimestre, o NECEP volta a sublinhar a
previsão com que já tinha avançando no início desta semana, quando reviu em
baixa as expectativas para a evolução da economia portuguesa no conjunto do
ano, de 1,4% para 1%. "O NECEP projecta um crescimento do PIB de 1,0% em
2014 e de 1,8% em 2015 [era 2%], reduzindo as previsões anteriores", dizem
os economistas da Católica, justificando a revisão em baixa "em larga
medida devido aos maus resultados observados no primeiro trimestre deste ano
que revelam uma recuperação mais lenta face à estimada".
Mas
até estes números devem ser vistos com precaução, já que o NECEP assume que as
previsões são feitas "num contexto de elevada e prolongada
incerteza", já que a economia portuguesa continuará "muito dependente
da conjuntura externa". Esta incerteza, que torna "invulgarmente
difícil" fazer previsões, leva a Católica a salientar igualmente "a
insuficiência das medidas em vigor para atingir as metas orçamentais, em
particular um défice de 4% em 2014", até porque ainda se desconhece as "eventuais
medidas compensatórias" das leis inconstitucionais que o governo aprovou.
Foto:
Patrícia de Melo Moreira
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