Hong
Kong, 31 ago (Lusa) -- Um grupo pró-democracia votou hoje assumir o controlo do
centro financeiro de Hong Kong, depois de Pequim insistir na nomeação dos
candidatos a líderes da região administrativa chinesa através de um comité
especial.
O
grupo, denominado Occupy Central with Love and Peace (Ocupar o centro com paz e
amor, na tradução em português), declarou que a decisão de hoje, por parte da
China, retirou a esperança de se chegar a qualquer compromisso entre os
ativistas pró-democracia e as autoridades de Pequim.
"Lamentamos
dizer que hoje todas as hipóteses de diálogo foram esgotadas e a ocupação do
centro financeiro vai mesmo acontecer", declarou o grupo num comunicado
enviado por correio eletrónico, mas sem especificar quando iria acontecer essa
ocupação.
O
chefe-executivo de Hong Kong será eleito em 2017 por sufrágio direto, pela
primeira vez, mas os candidatos terão de ser nomeados por um "comité
largamente representativo" do território, anunciou hoje a Assembleia
Nacional Popular chinesa.
O
modelo, contestado pelos partidos pró-democráticos de Hong Kong, que o
consideram "uma limitação à verdadeira democracia", foi aprovado em
Pequim pelo Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular da China, o
"supremo órgão do poder de Estado" no país.
Hong
Kong foi integrada na República Popular da China em julho de 1979, com o
estatuto de Região Administrativa Especial e segundo a fórmula "um país,
dois sistemas", adotada também em Macau, que garante às respetivas
populações liberdades de expressão e organização politicas desconhecidas no
resto do país.
Até
agora, o chefe-executivo de Hong Kong tem sido eleito por um Comité de 1.200
membros selecionados entre os chamados "quatro setores" do
território, nomeadamente líderes empresariais e delegados aos órgãos do poder
central, em Pequim.
Segundo
a resolução aprovada pela Assembleia Nacional Popular chinesa, o referido
Comité de Nomeação "designará dois ou três candidatos" à chefia do
governo de Hong Kong e cada um deles deverá ser aprovado por mais de metade dos
membros do comité.
A
composição do referido Comité corresponderá ao colégio eleitoral que tem
escolhido o chefe-executivo de Hong Kong, decidiu também o parlamento chinês.
Considerada
uma das economias mais livres do mundo, Hong Kong tem cerca de 7,2 milhões de
habitantes, 72% dos quais com menos de 55 anos, e um Produto Interno Bruto per
capita que ronda os 33.500 dólares (cerca de 25.500 euros), cinco vezes
superior ao da China continental.
Exceto
nas áreas da defesa e das relações externas, que são da competência do governo
central, Hong Kong goza de "um alto grau de autonomia" e é
"governada por pessoas" do território.
Mas
como advertiu na sexta-feira passada um jornal do Partido Comunista Chinês
(PCC), a China "não permitirá" que aquela Região Administrativa
Especial do país seja governada por "uma personalidade anti-Pequim".
IMA
(AC) // MAG - Lusa
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