sábado, 28 de junho de 2014

Brasil: POR UM LUGAR NO MUNDO




Ou o Brasil assume o destino que lhe cabe, ou se entrega aos interesses colonialistas do passado

Mauro Santayana – Rede Brasil Atual, opinião

Todas as grandes nações do mundo se ergueram sobre espaços amplos, população instruída, e o ânimo de grandeza. Essas são as condições para que seu povo disponha de autoestima, identidade nacional, e exerça sua influência política e econômica em sua região.

Há países que nascem suficientemente fortes, do ponto de vista territorial e populacional, em determinado continente para o exercício de sua liderança. Esse foi o caso dos Estados Unidos, com relação às Américas, da independência até meados da segunda metade do século passado, ou da Rússia, no território ocupado pela União Soviética, depois da Revolução de Outubro.

Outras nações, ainda que desprovidas de grandes territórios ou população, conseguiram estender sua influência para além de suas regiões de origem, como, por exemplo, Portugal, que foi buscar na África, na Ásia e na América do Sul, uma dimensão que não tinha em sua própria Península, ou no contexto continental daquela época.

Sem autoestima e identidade nacional, os portugueses não teriam cruzado o Atlântico. Os Estados Unidos não se teriam transformado, por extenso período, na nação mais poderosa do mundo. A URSS não teria derrotado o nazismo, ou enviado o primeiro satélite, o primeiro foguete, o primeiro homem para a órbita da Terra, dando início à conquista do espaço.

Sem autoestima e identidade nacional, a China não teria erguido, há 4 mil anos, a Grande Muralha, e construído o Exército de Terracota, nem teria chegado onde se encontra, prestes a se transformar na maior economia do planeta – por poder paritário de compra – antes de dezembro, e na nação mais importante do mundo, nos próximos anos.

Sem autoestima, e identidade nacional, o Brasil não teria, nos últimos anos, contribuído para a derrocada progressiva do G-8, participando decisivamente da criação do G-20; nem do Mercosul, para a qual se esforçaram os cinco últimos presidentes da República; nem fundado a Unasul - União das Repúblicas Sul-Americanas; nem o Conselho de Defesa Sul-Americano, criando as condições para o estabelecimento natural e pacífico de nossa influência política e econômica, no restante do continente.

Há outros países como o México, por exemplo, que, ainda que quisessem, não conseguiriam fazer o mesmo. Na região do mundo em que se situa o México, o país mais importante em economia, território, população, são os Estados Unidos, que lhe tomaram, em ato de guerra, boa parte do território. Além do vizinho do norte, que projeta sobre ele esmagadora influência, o México só faz fronteira com Belize e Guatemala, duas pequenas nações, do ponto de vista territorial e demográfico, que não pertencem ao Nafta, e são incapazes de se aliar a ele em qualquer tipo de alternativa geopolítica ou econômica.

Além do Mercosul, e da Unasul, a influência brasileira se exerce, do ponto de vista global, no Brics, a aliança que nos une à Rússia, China, Índia, e África­ do Sul, países que têm, como característica, ser – como o Brasil –, cada um à sua maneira, o mais poderoso em suas respectivas regiões.

No âmbito do Brics, se negociarmos, com inteligência, com os chineses, a criação de joint ventures industriais, meio a meio, para o atendimento ao nosso mercado interno, evitaremos que todo o lucro tome, todos os anos, o caminho do exterior, como ocorre com as multinacionais instaladas no Brasil, que são majoritariamente europeias e norte-americanas.

Com a Rússia, e com nossos outros sócios, como os chineses e indianos, podemos aprender a explorar o espaço, como já estamos fazendo, construindo, de igual para igual, satélites como os CBERS sino-brasileiros. Com a Índia, podemos aprender em matéria de software e da capacitação maciça de engenheiros na área de TI.

Com todos eles podemos desenvolver e produzir armamento para defender, se necessário, o quinto território do mundo, e as riquezas da Amazônia Azul, que se escondem em nossas águas do Atlântico. Obtendo a tecnologia de ponta, na área de defesa, que sempre nos foi negada pelos europeus e norte-americanos.

Afinal, se Índia, China e Rússia fossem nações atrasadas, estudantes e cientistas desses países não estariam à frente das maiores descobertas científicas realizadas nos últimos anos, no “ocidente”. Nem venceriam, como estão fazendo os chineses e suas universidades, as maiores competições acadêmicas internacionais.

Na economia, a única região do mundo em que ainda temos competitividade em manufatura – o que se deve também ao protecionismo norte-americano e da União Europeia – é a América Latina, e, mais especialmente, a América do Sul.

Apresentar a Aliança do Pacífico como contraponto ao Mercosul, que nos deu mais de US$ 50 bilhões em superávit nos últimos dez anos, é uma balela. O México só sobrevive por estar na fronteira sul dos Estados Unidos, o maior mercado do mundo. Fazer um acordo de livre comércio com os Estados Unidos não nos aproximaria nem um centímetro a mais de suas fronteiras, que continuariam a milhares de quilômetros e tão distantes de nossos produtos como estão agora.

Nossos salários são muito maiores que os do México. Crescemos mais que eles nos últimos dez anos – incluindo 2013 – e somos superavitários com nações, como a China, que usam o México como plataforma de exportação, enquanto a indústria do país de Zapata teve com Pequim US$ 51 bilhões de prejuízo no último ano. Não existe seguro-desemprego no México. Sessenta por cento de sua população se encontra na informalidade, e ele é, segundo a própria OCDE, organização a que pertence, o país mais desigual das Américas. Ao contrário do México, exportamos mais para o Mercosul do que para os Estados Unidos, e é natural que o façamos, já que não temos fronteira com os Estados Unidos, mas dividimos as nossas com nove diferentes países sul-americanos.

Dizer que os Estados Unidos ou a Europa serão para nós mercados maiores que nossos vizinhos é ignorar a geografia e se burlar da história. Basta ver quantos contenciosos já tivemos com os Estados Unidos, devido a barreiras impostas por eles para nossos produtos, entre eles o aço, o etanol, o suco de laranja etc.

Os acordos assinados entre a Rússia e a China, no dia 21 de maio, para cooperação científico-militar e a exportação de gás no valor de US$ 400 bilhões, mostram onde está o dinheiro, o poder e o futuro. Certamente, ele não está nem em uma Europa decadente, nem em um Estados Unidos que nada nos ofereceram de justo no passado, e que nos compram cada vez menos, sem nos dar um centavo de superávit.

Recente levantamento, realizado pela agência inglesa Ipsus-Mori, em 20 grandes países, comprova isso. Segundo a pesquisa, os norte-americanos são mais pessimistas que os mexicanos, e na França só 7% da população considera que o mundo em que viverão seus filhos será melhor que o de agora. Depois, vêm os 13% de otimistas da Bélgica e os 16% da Espanha, enquanto os habitantes dos Brics são os mais confiantes, com 81% dos chineses, por exemplo, afirmando que o amanhã será muito melhor do que o presente.

Nosso futuro está nos Brics, no qual seus quatro maiores membros se encontram – incluído o Brasil – por qualquer critério, entre as dez primeiras economias do mundo.

O nosso destino, e principal opção estratégica, é fortalecer nossa cooperação com os vizinhos, e nos aliarmos à Rússia, Índia, China e África do Sul, na única aliança que nos pode oferecer um lugar no mundo nas próximas décadas. Ou assumimos isso – uma situação e uma atitude à altura de nossa história e geografia – ou partimos para a abjeta entrega, aos interesses europeus e norte-americanos, de nosso território, recursos, ­consumidores e do mercado sul-americano. 

Foto: ROBERTO STUCKERT FILHO/PR

Copa2014: Brasil passa aos "quartos" numa vitória "tirada a ferros"




A passagem à fase seguinte do Mundial decidiu-se na marcação das grandes penalidades, com o Brasil a vencer por 3-2, depois de 90 minutos e um prolongamento em que nenhuma das equipas conseguiu quebrar o empate a um golo.

O Brasil qualificou-se hoje para os quartos de final do Mundial de futebol de 2014, ao bater o Chile por 3-2, no desempate por grandes penalidade, após 1-1 nos 120 minutos.

A formação "canarinha" saiu na frente, com um golo a meias entre Gonzalo Jara e David Luiz, aos 18 minutos, mas Alexis Sanchez empatou aos 32 e, aos 120, com o prolongamento a acabar o ex-"leão" Mauricio Pinilla atirou à barra.

No Estádio Mineirão, o jogo foi para o desempate por grandes penalidades e o "onze" de Luiz Felipe Scolari foi mais feliz.

O Brasil esteve a vencer por 2-0, com golos de David Luiz e Marcelo e já duas defesa de Julio César, mas Aranguiz e Marcelo Dias ainda restabeleceram a igualdade. Depois, Neymar marcou e Jara acertou no poste esquerdo.

No final do jogo, um emocionado Júlio César lembrou algumas dificuldades sentidas após o golo do empate e agradeceu o apoio do público face à pressão que é jogar em casa.

Já Thiago Silva, o capitão da seleção canarinha, diz que esta vitória é um «momento único» que estava escrito nas mãos de Júlio César, o guarda-redes que defendeu duas penalidades.

Para a seleção chilena, o resultado deste sábado é uma deceção. O médio Arturo Vidal diz que a equipa fez tudo para ganhar ao Brasil.

O Brasil salva, assim, o que teria sido uma enorme desilusão, e segue para os quartos de final, para encontrar, sem o castigado Luiz Gustavo (viu o segundo amarelo na prova), a Colômbia ou o Uruguai, a seleção que, em 1950, há 64 anos, roubou o título aos anfitriões em pleno Maracaña.

Ficha Técnica: Jogo no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte

Brasil -- Chile, 1-1 após prolongamento (3-2 no desempate por grandes penalidades).

Ao intervalo: 1-1. No final do tempo regulamentar: 1-1. No final do prolongamento: 1-1.

Marcadores: 1-0, David Luiz, 18 minutos; 1-1, Alexis Sanchez, 32.

Marcadores no desempate por grandes penalidades: 1-0, David Luiz; 1-0, Mauricio Pinilla (defesa de Júlio César); 1-0, Willian (ao lado); 1-0, Alexis Sanchez (defesa de Júlio César); 2-0, Marcelo; 2-1, Charles Aranguiz; 2-1, Hulk (defesa de Claudio Bravo); 2-2, Marcelo Diaz; 3-2, Neymar; 3-2, Gonzalo Jara (ao poste esquerdo).

Equipas:

- Brasil: Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Marcelo, Luiz Gustavo, Fernandinho (Ramires, 72), Oscar (Willian, 105), Hulk, Neymar e Fred (Jô, 64). Selecionador: Luiz Felipe Scolari.

- Chile: Bravo, Isla, Medel (Rojas, 108), Silva, Jara, Mena, Aranguiz, Diaz, Vidal (Pinilla, 87), Alexis Sanchez e Vargas (Gutiérrez, 57). Selecionador: Jorge Sampaoli.

Árbitro: Howard Webb (Inglaterra).

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Mena (17), Silva (40), Hulk (55), Luiz Gustavo (60), Jô (93), Pinilla (102) e Dani Alves (105+1).

Assistência: 57.714 espetadores.

TSF - Sergio Barzaghi/Gazeta Press

A GUERRA ECONÓMICA NA VENEZUELA



Luis Britto Garcia

1 - Contra todo processo que inicie alguma modificação progressista, seja reformista ou radical, desencadeia-se a guerra interna e externa, sucessivamente comunicacional, económica, diplomática e estratégica. Assim aconteceu contra as revoluções burguesas da Inglaterra e de França, contra as Independências americanas, contra a revolução agrária mexicana, contra as socialistas soviética, chinesa, cubana, nicaraguense e vietnamita: contra todas as que no mundo foram, são ou serão. Toda revolução quer ser pacífica: seus inimigos a põem no transe de defender-se ou morrer.

2 - Todas as formas de guerra estão intimamente relacionadas. Conhecemos de sobra as variantes de agressão mediática contra a Venezuela: sistemática falsificação de noticias, falsas acusações de ausência de liberdade de expressão, enganação informativa de oligopólios externos e internos. Sabemos da guerra diplomática: rajadas de processos temerários no Centro Internacional de Acerto de Diferencias sobre os Investimentos (CIADI), perante a Comissão e o Tribunal Interamericano dos Direitos Humanos, diante de todos os organismos aos quais cedemos nossa soberania concedendo-lhes o poder de julgar-nos e condenar-nos, e dos quais não nos retirámos a tempo. Tentativa de sabotar a Alba, Unasur, a Celac: todos os organismos de integração latino-americana em parte animados pela Venezuela. Tentativa de extrair declarações condenatórias de governos e organismos internacionais; adopção de políticas hostis de Estados vizinhos e de integrantes de blocos regionais, como a Aliança do Pacífico.

3 - O que podemos esperar da Guerra Económica? A imperiosa procura de hidrocarbonetos no mundo impediu que a Venezuela fosse vítima de um bloqueio da forma como o que se armou contra o açúcar cubano. Como a iniciada contra o Chile de Allende, a Guerra Económica contra a Venezuela inclui açambarcamentos na distribuição de bens de primeira necessidade, escassezes estratégicas, pânicos mediáticos sobre o desabastecimento, sobrepreços usurários e especulativos impostos premeditadamente pelo sector privado importados e distribuidor. Também incorpora escassez disparada pelo contrabando de extracção. Bloqueios nas comunicações, como os empreendidos pelas companhias aéreas com bilhetes abusivamente caros e reclamações absurdas. Ataques informáticos contra as redes digitais e os sistemas de produção das indústrias básicas, como os perpetrados pela INTESA contra a PDVSA e por hackers desconhecidos contra o Conselho Supremo Eleitoral e outros organismos públicos. Medidas de confisco contra as reservas internacionais, como as tentadas pela Exxon contra os fundos que a Venezuela não havia retirado de bancos internacionais. Congelamento de contas privadas no exterior. Financiamento Maciço de ONGs que descaradamente actuam como agentes da USAID e da NED.

Sangramento intenso da economia através dos inconstitucionais Tratados contra a Dupla Tributação, em virtude dos quais as transnacionais não pagam impostos no país onde obtêm seus lucros. Concessão maciça de dólares preferenciais a empresas fantasmas que os investem em importações fictícias.

4 - A Guerra Económica é modalidade infalível em todos os conflitos. O único remédio contra ela é a resposta adequada dos agredidos. A Revolução Inglesa reagiu com medidas proteccionistas e a criação de uma New Model Navy que converteu a Inglaterra na primeira potência do mundo até 1939. A União Soviética planificou um crescimento económico e científico que a levou a ser a segunda potência global até 1990. A China implementou reformas revolucionárias na agricultura e na indústria que a põem a caminho de ser a primeira potência do planeta. Cuba alcançou os maiores êxitos latino-americanos do século passado em saúde, educação e segurança social e aperfeiçoou uma defesa que se verificou invulnerável durante mais de meio século. A Venezuela deve articular a sua própria resposta, não só para sobreviver como também para prevalecer.

5 - Na guerra, mais perigosas que a forças do adversário são as debilidades internas. Duas doenças fatais ameaçam nossos processos económicos: o endividamento imprudente, que leva a crer que o emprestado nunca se vai pagar, e os jogos cambiais, que tentam multiplicar dinheiro cambiando-o categoria. Não é a primeira vez na Venezuela que uma desordem cambial desestabiliza um governo. Na minha juventude, quando governava o Lusinchi da Acción Demócratica , também se estabeleceu para a venda de dólares um Regime de Câmbio Diferencial ( Recadi ) à taxa preferencial de 7,50 para importar artigos de primeiríssima necessidade, outra de 14,50 para artigos de necessidade média e mercado negro para o resto. O governo publicava relatórios pormenorizados sobre os dólares que atribuía, os quais analisei na minha revista alternativaProfetariado. O resultado foi devastador. Em 1987 atribuíam-se dólares preferenciais para importar calçados italianos, gravatas de seda, whisky fino e produtos misteriosos como "raiz de Mandrake" (gengibre vulgar) e cloreto de sódio (sal comum, que se produzia em Araya). Para a indispensável insulina, só havia mesquinhos dólares a 14,50. A farra terminou em desastre, sem mais vítimas aparentes que o misterioso "Chinesinho do Recadi". Mas o legendário partido Acción Democrática, contra o qual infrutiferamente se imolaram as esquerdas, encontrou no Recadi sua cristã sepultura. Toda catástrofe devora seus autores.

6 - Nada tão mágico como o jogo cambial. Com uma roleta do estilo Carlos Andrés Pérez estreou a sua segunda presidência, em 1989. Ele convertia os bolívares de um fundo particular em dólares à taxa preferencial, os quais vendia a preço de mercado negro para obter bolívares que voltava a trocar em dólares preferenciais. Com umas poucas voltas deste carrossel multiplicador podem imaginar os efeitos. Tudo acontecia enquanto se fuzilava o povo nas ruas por protestar contra o Pacote Neoliberal. Desta vez não foi suficiente um chinesinho do Recadi. Com todas as suas pretensões de Grande Democrata Latino-Americano, o inquieto rapaz foi parar num calabouço do presídio de Los Teques e o seu partido no caixote do lixo da História.

7 - No nosso blog http://luisbrittogarcia.blogspot.com escrevemos no domingo, 15 de Junho: "O sector privado opositor culpa o governo pela Escassez, apesar de os negociantes terem obtido do Estado, segundo o presidente Maduro, cerca de 60 mil milhões de dólares preferenciais para importar bens essenciais e os terem extraviado aplicando-os em importações fantasmas de empresas fictícias. No jogo da Escassez há compras nervosas incentivadas pelos media, desaparecimentos estratégicos e reaparecimentos de produtos, especulações ultra usurárias com os preços. Não parece tão pouco que o sector público tenha desenvolvido uma campanha para apurar os verdadeiros culpados da escassez. Dentre eles, aqueles que alegremente concederam essa catarata de dólares preferenciais sem exigir garantias de fiel cumprimento das importações oferecidas nem prova da solvência dos favorecidos, aqueles que retardam as sanções e confiscos do caso, aqueles que adiam o passo transcendente de assumir directamente as importações para não depender de uma oligarquia que as utiliza para assassinar o projecto socialista".

8 - O Cavalo de Troia da Guerra Económica entra então por um buraco em parte aberto pelos próprios troianos. Os erros ocorrem, mas quem os oculta compartilha-os. Como cidadão, pergunto-me: "Quem entregou 60 mil ou 25 mil milhões de dólares, conforme a fonte, a empresas fictícias? Quem omitiu a comprovação da existências real e a solvência das mesmas? Quem recebeu quantias destas grandezas sem prestar garantias de fiel cumprimento? Quem propõe como remédio para tantos males continuar a proporcionar dólares preferenciais a um sector privado parasitário que continuará a extraviá-los em importações fictícias? Quem retém as listas de funcionários e empresas (ao que parece, algumas públicas) responsáveis? Quem deixa de empreender acções contra tantos quens?

9 - Uma crise explode quando aparecem os "Não-fui-eu" (Yonofuis) despedidos lançando a culpa a outros. A crise termina quando alguém proclama: "Sou responsável". 

22/Junho/2014

O original encontra-se em ecopopularve.wordpress.com/... 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

É O PETRÓLEO, ESTÚPIDO!




Imaginem o presidente Obama, falando sobre o Iraque[1] diretamente da Sala de Imprensa da Casa Branca, dia 19, 5ª-feira passada, com ar de cervo surpreendido de cara para os faróis do caminhão - e não é difícil adivinhar de que caminhão e de que faróis se tratava. Pode-se dizer que se tratava e trata-se de Benghazi super-inchada de esteroides.

Se o assassinato de um embaixador dos EUA, de um oficial do Serviço Diplomático e de dois empregados de empresas de segurança contratadas pela CIA geraram quase dois anos de continuadas críticas enfurecidas vindas dos Republicanos e potencial dano ao 'legado' do presidente... imaginem o que farão um Iraque em cacos e um estado terrorista que se estende por todo "o Levante".[2] Nem chega a surpreender, então, que um presidente regularmente descrito como "relutante" tenha mesmo assim marchado resolutamente ante a imprensa, e ali se pôs em marcha, em câmera lenta, bem lenta, de volta para dentro do Iraque e rumo ao desastre.

Foi momento de contradições impressionantes. Obama deu jeito, por exemplo, de alertar contra o perigo de "superampliação da missão" [or."mission creep" [3]], apesar de tudo o que ele tem feito e dito não passar, precisamente, de "superampliação da missão".

No início da semana, Obama comunicou ao Congresso que 275 soldados[4] seriam mandados para o Iraque, a maioria para defender a embaixada-gigante dos EUA em Bagdá, que já foi o símbolo de quase ¾ de bilhão de dólares de húbris imperial e hoje não passa de elefante-branco exemplar. Mais 100 soldados vão também para lá, para apoio.

E na 5ª-feira o presidente acrescentou mais 300 "conselheiros militares" escolhidos nas forças de Operações Especiais e evidentemente com a missão de preencher os corredores de "novos centros de operação em Bagdá e no norte do Iraque, para partilhar inteligência e coordenar o planejamento para dar combate à ameaça terrorista". (Se você já alcançou certa idade, a expressão "conselheiros militares" faz soar sinos de alerta que falam vietnamês. De fato, já se pode pressentir a fuzilaria.) Obama também falou vagamente sobre posicionar "ativos militares adicionais dos EUA na região" - dentre os quais o porta-aviões USS George H.W. Bush, acompanhado de um cruzador e um destroier armados com mísseis teleguiados, que já partiram.[5] E vejam bem: essa é só a parte pública,[6] da qual todos podemos ser informados, de seja lá qual for a 'estratégia' já em andamento. Ao mesmo tempo em que o presidente falava de estar "preparado para empreender ação militar focada e precisa" no Iraque, pelo menos um "alto funcionário do governo", cujo nome não se conhece, já está inaugurando a possibilidade de ataques aéreos também contra a Síria.[7] A frase sórdida com a qual o tal alto funcionário fez o que fez foi:  "Não restringiremos a potencial ação dos EUA a um específico espaço geográfico".

Em outras palavras, exceto pelo item "milhares e milhares de soldados & coturnos em solo", a tal mesa[8] sobre a qual sempre se mantêm "todas as opções" já foi visivelmente arrastada para a Sala de Guerra no Levante, em Washington.

É desenvolvimento importante para presidente que tanto se vangloria de ter-nos arrancado do Iraque (mesmo que a saída de 'lá' tenha sido arquitetada pelo governo Bush;[9] quando funcionários de Obama tentaram negociar a possibilidade de deixar soldados 'lá', foram impedidos pelo governo do Iraque). Paralelamente aos movimentos militares, o presidente e sua equipe de segurança nacional, refletindo através de algum espelho escuro a "agenda democrática" da era Bush, também já parecem ter pintado os dedinhos com tinta roxa.[10] Foram vistos pressionando políticos iranianos para derrubarem o primeiro-ministro Maliki e indicarem um governo de unidade - que guerreará a guerra que os EUA desejam. (Para aumentar o conteúdo farcical [de "farsa", é claro (NTs)] do momento, um dos nomes lembrados para a posição de Maliki, caso Maliki venha a ser 'regime-mudado', é Ahmed Chalabi,[11] queridinho dos funcionários de Bush e preferido DELES, para o mesmo posto.)

Mas não há como a intervenção dos EUA não ser vista como movimento de apoio aos xiitas num conjunto incipiente de guerras civis, como até o general aposentado e ex-diretor da CIA David Petraeus alertou semana passada.[12] De fato, nas pesquisas de opinião, os norte-americanos rejeitam decididamente qualquer tipo de intervenção militar,[13] tanto quanto qualquer movimento na era pós-11/9 só deve fazer lembrar lição única e simples: Não façam!

Mas Obama e seus principais funcionários evidentemente não conseguem não fazer. A maré montante de críticas já deve estar pré-ecoando, desde já, na cabeça deles - já antecipadas pelas vezes sem conta em que a imprensa-empresa dedica-se a entrevistar o senador John McCain e publica coorte sem fim de colunas com 'pareceres' de comentaristas,[14] do ex-vice-presidente Dick Cheney[15] a L.Paul Bremmer III (cujo último emprego conhecido foi "pró-cônsul")[16], e outros da multidão de 'especialistas' que inventaram o desastre chamado Iraque e para quem errar sobre o Iraque é feito que merece(ria) condecoração.

Estamos claramente nos estágios iniciais das apostas na intervenção. Os movimentos iniciais podem ser até ser saudados como auspiciosos,[17] mas todo o cuidado é pouco quanto aos efeitos desestabilizantes de longo prazo, em região já caótica. Washington delira que pode(ria) controlar situações assim tão altamente combustíveis. De fato, jamais as controlou no passado e tampouco controlará dessa vez, o que significa que há à frente horrores ainda não vistos. (E esperem só até que, num desses centros de operações conjuntas, ou onde for, o primeiro soldado iraquiano, como fizeram os soldados afegãos,[18] saque a arma e atire contra um daqueles "conselheiros" ocupantes.)

Só falta, agora, o toque final da versão Obama dessa "superampliação da missão". Falo do gesto-assinatura do governo Obama em seus conflitos pelo Oriente Médio Expandido (e, cada dia mais, também pela África). Se prestar atenção, você já consegue ouvir a música-tema da era-Obama, surgindo ao fundo: "Que entrem os drones!"

Importante é que, diga o que disser ou diga, o presidente Obama jamais pronuncia a palavra "petróleo". Ninguém jamais, nunca, fala de petróleo. Bush também não falou, quando invadiu e ocupou o Iraque. Se só se considera a 'informação' distribuída pelos veículos da imprensa-empresa, ninguém jamais sequer suspeitará que o Iraque flutua sobre o maior e mais acessível manancial de combustível fóssil que há no planeta! Não 'dá no jornal' nem 'dá na TV' - mas "petróleo" é o assunto que jamais, nem por um instante, sai da cabeça 'deles'.

Hoje, felizmente, o sociólogo Michael Schwartz, há muito tempo colaborador regular de TomDispatch, volta, depois de longa ausência, para nos fazer lembrar o único fato absolutamente inapagável, da 'questão iraquiana' do qual ninguém fala, mas que ninguém pode esquecer ou perder de vista, nem por um segundo.

Insurgência e guerra, num mar de petróleo - Michael Schwartz, TomDispatch
http://www.tomdispatch.com/post/175860/tomgram%3A_michael_schwartz%2C_the_new_oil_wars_in_iraq/


Apresentação: Tom Engelhardt, TomDispatch - http://www.tomdispatch.com/

PORTUGAL S.A.



Cinema à Séria


Género: Drama - Classificação: M/12 - Outros dados: POR, 2003, Cores, 105 min.

Jacinto Pereira Lopes é administrador de um importante grupo económico-financeiro português, recentemente privatizado, que foi recuperado por Alexandre Boaventura, um homem poderoso e sem escrúpulos que regressa a Portugal depois de um longo exílio no Brasil, no pós-25 de Abril. Jacinto pertencera a um grupo de brilhantes jovens universitários, dos quais um é actualmente ministro e outro um destacado político da oposição, ambos com interesses nas actividades económicas de Boaventura. Este grupo de amigos cresceu sob a orientação espiritual do padre Francisco, um homem maquiavélico que continua a manipular e interferir nas suas carreiras e nas suas vidas privadas, inclusivamente promovendo o casamento de Jacinto com Rosa, uma mulher ambiciosa, cocainómana e ninfomaníaca. Mas o verdadeiro amor de Jacinto é uma outra colega, Fátima, uma mulher bela e intelectualmente brilhante, que entretanto regressa a Portugal para tentar salvar a corretora do falecido pai. Jacinto, dividido entre deveres de lealdade, amizade e amor, tenta resistir à sedução de Fátima e às pressões dos antigos colegas até que, farto de ser usado e traído por todos, decide tomar o destino nas suas próprias mãos e transforma-se num homem ambicioso e disposto a tudo. 

"Portugal S.A." é um filme de Ruy Guerra com Diogo Infante, Cristina Câmara, Henrique Viana, Ana Bustorff e Maria do Céu Guerra nos principais papéis.

Público, em Cinecartaz


UE-Portugal: Incluir no PIB prostituição e drogas suscita reservas éticas e técnicas



Ana Tomás – jornal i

Associações e investigadores questionam fiabilidade dos novos métodos de contabilização e criticam visão economicista destas actividades

Melhorar as estimativas de cálculo do impacto que actividades como a prostituição, o tráfico de droga ou o contrabando têm no produto interno bruto (PIB) é uma tarefa complexa. Há quem tema mesmo que as recentes orientações do organismo de estatística europeu, o Eurostat, para que os estados-membros da União Europeia passem a incluir a partir de Setembro no seu PIB projecções sobre o peso dessas actividades, não só não reflictam a realidade como conduzam a uma lógica proibicionista e persecutória, em vez de relançarem o debate sobre a regulamentação do trabalho sexual e das drogas leves.

O sociólogo Bernardo Coelho, investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) e especialista na temática da prostituição, considera que estas novas projecções, resultantes de simulações e hipóteses e com uma representação estimada de 0,4% do PIB (676 milhões de euros), são um paradoxo, uma vez que as regras do Eurostat passam a vigorar em países onde existem políticas de criminalização da prostituição. "Fazer uma coisa sem fazer a outra é completamente inaceitável", afirma em declarações ao i.

O economista Filipe Garcia lembra que as regras de cálculo do PIB já contemplavam a contabilização de actividades irregulares e ilegais e que o que se pretende agora é melhorar os métodos estimativos para aferir o seu contributo para a riqueza nacional. "Tudo o que possa contribuir para um cálculo mais apurado do PIB é positivo", explica o economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, embora reconheça que "a contabilização das actividades denominadas ENO - Economia não observada - recorre a métodos indirectos que agregam observação com pressupostos sobre a realidade". São estes pressupostos que são questionados por Bernardo Coelho. "Como é que uma actividade que é tratada como uma actividade subterrânea pode ser contabilizada? Só pode ser contabilizada tendo por base os relatórios policiais, dados oficiais, e a partir daí fazer uma estimativa estatística. Se fizerem uma rusga e detiverem trabalhadores e clientes, vão contabilizando isso e fazer alguma extrapolação do que seria de esperar da contribuição da prostituição para a riqueza nacional. Aí está aberto o caminho é para um aumento da repressão."

O investigador refere que o que se está a desenhar é uma "lógica abolicionista, proibicionista, criminalizadora da prostituição", desde logo porque a prostituição aparece associada a actividades criminosas que nunca vão ser legalizadas. "Podem estar aqui actividades como o tráfico de armas, que nada têm a ver com a prostituição, ou outro tipo de actividades ilegais, e é aí que ela é colocada", alerta.

Também Joseph Silva, da Marcha Global da Marijuana Lisboa (MGM), organização que defende a legalização da canábis, entende que esta nova metodologia representa um cálculo "fictício" das contas públicas, já que o Estado não tem instrumentos para contabilizar a riqueza gerada pelo tráfico. "Toda a contabilidade que se vá fazer basear-se-á em estimativas, que não corresponderão à totalidade da realidade mercado, simplesmente porque é um mercado protegido pela clandestinidade." Para a MGM, estas orientações reforçam ainda "o falhanço da política proibicionista" que tem vindo a ser seguida pelo governo, mantendo o problema e conduzindo ao seu agravamento.

Questionado pelo i sobre se os novos cálculos poderão relançar, pelo menos, o debate sobre a legalização das drogas leves, Joseph Silva mostra-se céptico, mas ressalva que dependerá da forma como se analisarem estes resultados. "Se olharmos para o contributo, com base nos resultado já obtidos para a contabilidade nacional com o mercado ilegal e da projecção futura possível que se poderá fazer já num mercado legal, e em que os resultados nos dirão que os ganhos para a economia nacional serão maiores do que são agora, podemos dizer que sim, que favorecerá a legalização". No entanto, ressalva que, se a linha seguida politicamente fosse a de ganhos para o PIB através da legalização, "não estaríamos a levantar esta questão, porque há muito que já teria sido legalizado".

Ainda que cauteloso, João Goulão, director do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), admite que esta nova forma de contabilização possa relançar a discussão, sobretudo porque surge numa altura em que começam a aparecer novos modelos regulamentares.

"Penso que não é possível iludir esse debate neste momento. Até agora temos todos funcionado num paradigma proibicionista e há experiências no Uruguai e em alguns estados dos Estados Unidos em que se entra num paradigma de regulação. Tal como outros países seguiram com muita atenção a experiência descriminalizadora de Portugal, penso que é a nossa vez de acompanharmos essas experiências, que estão a ensaiar uma nova via. Que resultados e impacto têm nos níveis de consumo, nos problemas de saúde ocasionados por esse consumo, ao nível da criminalidade e no possível arrecadar de receitas fiscais? É preciso avaliar com rigor todas estas vertentes e talvez essas experiências possam vir a ser inspiradoras para outros países", defende.

Já no caso da prostituição, o modelo que começa a ressurgir é o da abolição da actividade, com base na experiência do Norte, que assenta na criminalização dos clientes e que inspirou a aprovação recente pelo Parlamento Europeu de uma recomendação aos estados-membros no sentido de criminalizar a compra de serviços sexuais a prostitutas com menos de 21 anos, que Portugal rejeitou. O sociólogo considera que essa recomendação não previne o problema do tráfico nem resolve o problema da exploração sexual como é advogado, considerando abusiva a confusão entre as duas realidades e alertando para uma maior marginalização da prostituição com esse tipo de medidas. "É essa a avaliação que se vai fazendo da experiência, nomeadamente na Noruega, desde que foi implementada a criminalização dos clientes. A prostituição perdeu visibilidade mas não desapareceu. Significou perda de condições para quem se prostitui." Por essa razão, a APDES, membro fundador da Rede sobre Trabalho Sexual, entende que a inclusão desta actividade nos cálculos do PIB deveria "beneficiar a transição do trabalho sexual para o mercado de trabalho formal, conferindo aos trabalhadores do sexo direitos e deveres", e não reflectir apenas "uma perspectiva simplista e desumana do fenómeno, por considerar apenas dimensões financeiras".

"O facto de se tratar de um mercado paralelo, remetido à marginalidade e à invisibilidade, não permite estimar o número real ou aproximado de pessoas que se movimentam neste sector e o seu consequente impacto económico. O enquadramento legal do trabalho sexual deverá promover melhores condições laborais e de vida e o acesso a direitos laborais por parte destas populações e fornecer indicadores que permitam uma aproximação à real expressão do fenómeno, como o número de trabalhadores, de clientes atendidos ou preços praticados."

Bernardo Coelho diz, por isso, que esta nova contabilidade do PIB vai afectar sobretudo a prostituição de rua, por ser a mais exposta, e talvez algumas casas de alterne. "Há toda uma panóplia de outras formas de prostituição que são muito difíceis de contabilizar se a prostituição não for profissionalizada. O que me preocupa mais nem é dificuldade metodológica do cálculo da prostituição no PIB, é o que está por detrás, tratar isto como uma actividade ilegal e criminosa. Por si só esta medida, que é uma medida estatística, não traz abertura suficiente para que se possa pensar uma transformação do enquadramento jurídico normativo da prostituição e se houver poderá ser no sentido da criminalização do cliente", remata.

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RESISTIR DE PÉ OU VIVER DE JOELHOS



Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião

A Wikileaks divulgou documentos das negociações promovidas pelos EUA e pela UE - que durante esta semana terá reunido mais de 60 países em Genebra - onde se procura definir as bases de um acordo que promova, entre outras coisas, a desregulação de sectores de serviços considerados estratégicos para a próxima fase do capitalismo.

Não é por acaso que a arquitectura e a engenharia são considerados sectores prioritários, nem é por acaso que, em Portugal e sob a batuta da troika, está a ser ensaiada uma revolução legislativa anunciada como facilitadora e financeiramente vantajosa para a generalidade dos cidadãos.

Exemplifiquemos. Em Abril entrou em vigor legislação para a reabilitação de edifícios na qual, por exemplo, passa a ser permitido que uma parede exterior seja constituída por duas placas de gesso cartonado rebocado a fingir a espessura de outrora. Na verdade, esta parede será sempre mais barata para quem a paga. Se o objectivo do investidor for a venda do imóvel, estamos a falar de um mercado de mais-valias financeiras astronómicas obtidas a partir da má construção.

Este diploma, conjugado com outros que desobrigam a participação de técnicos qualificados ou que facilitam licenciamentos sem análise, criará um terramoto com consequências difíceis de prever.

Mais, se é certo que as classes privilegiadas não abdicarão de bons técnicos e construtores a tratar dos espaços que habitam, esta desregulação atingirá exclusivamente quem tem menos recursos. A praia desta desregulação serão os imóveis de valores de renda ou compra mais baixos. Mais uma vez, serão as classes mais desfavorecidas a suportar este esbulho.

Aos arquitectos e engenheiros competirá escolher um de dois caminhos: contribuir para o silenciamento desta operação na esperança de que lhes sobrem umas côdeas ou reforçar o vínculo das suas profissões com o interesse público rejeitando a dependência e a subjugação da sua prática à vontade da classe dominante. 

Escreve ao sábado

Portugal: MORAIS PIRES ENVOLVIDO EM PAGAMENTOS “OFFSHORE”



jornal i

O sucessor de Ricardo Salgado no BES sob suspeita

Entre o final de 2009 e julho de 2011, o Banco Espírito Santo Angola (BESA) fez 12 transferências para duas contas no Crédit Suisse, num total de 27,3 milhões de dólares (perto de 20 milhões de euros), em que terão sido beneficiados o presidente demissionário do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, e pelo menos o administrador-executivo por ele apontado para lhe suceder no cargo, Amílcar Pires, avança hoje o semanário Expresso.

O semanário indica ainda que as duas sociedades estão na lista de clientes da Akoya, empresa de gestão de fortunas ligada ao caso de branqueamento de capitais e fraude fiscal Monte Branco. Mas Ricardo Salgado e Morais Pires não são arguidos no caso.

Em reação, o sucessor de Ricardo Salgado afirmou está a ser vítima de um processo de difamação e garantiu que tem a sua situação fiscal regularizada. Já o ex-presidente do BES recusou fazer comentários.

De acordo com documentos, as contas estão em nome de duas sociedade com sede no Panamá.

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Entrada da Guiné Equatorial vai ajudar organização a ser potência económica -- Alkatiri




Díli, 28 jun (Lusa) - O secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, afirmou hoje que a entrada da Guiné-Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai ajudar a organização a tornar-se numa potência económica.

"Se quisermos fazer da CPLP uma potência económica, esta entrada vai ajudar. Não tenho dúvidas nenhumas e se quisermos generalizar o uso da língua portuguesa em outros países, essa entrada também vai ajudar", afirmou Mari Alkatiri em entrevista à agência Lusa.

O antigo primeiro-ministro timorense alertou, contudo, que é "preciso ter-se um certo cuidado na definição estatutária".

"No fundo, o núcleo forte deverá ser sempre o dos países de língua portuguesa, isso não poderá ser diluído porque a CPLP pode perder a sua natureza, o seu carácter cultural e histórico para passar só à valorização económica multicontinental", alertou.

Para Mari Alkatiri, o que se pretende é que a CPLP "continue ligada à fronteira que é histórica e cultural" e que gera os princípios da "identidade e solidariedade que ultrapassam o normal dos países".

A Guiné-Equatorial é "bem-vinda", salientou.

Timor-Leste assume pela primeira vez a presidência da CPLP durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização que se realiza a 23 de julho em Díli e que poderá ficar marcada pela entrada da Guiné-Equatorial.

MSE // APN – Lusa – na foto: O ditador Teodore Obiang, PR da Guiné Equatorial

Paulo Morais em Facebook sobre a entrada da Guiné Equatorial na CPLP

Luís Amado, socialista e ex-ministro português dos negócios estrangeiros, é o organizador da cimeira da CPLP, que, em Julho, irá admitir no seu seio a Guiné Equatorial, país que não é democrático nem fala português. Luís Amado preside também ao Banif, banco que beneficia agora duma entrada de capital da Guiné Equatorial! Com o capital no Banif, a Guiné Equatorial paga a sua jóia de entrada na CPLP.

O exemplo acabado da política ao serviço dos negócios... que estão ao serviço da política e dos negócios... de ditadores africanos.
 

* Paulo Alexandre Batista Teixeira de Morais é um docente universitário e um político português.e diretor do Instituto de Estudos Eleitorais da Universidade Lusófona do Porto. Foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, de 2002 a 2005, tendo sido responsável pelos pelouros do Urbanismo, Ação Social e Habitação. É vice-presidente da Direção da associação cívica Transparência e Integridade. 1 (Wikipédia)

Entrada da Guiné Equatorial vai ajudar organização a ser potência económica -- Alkatiri




Díli, 28 jun (Lusa) - O secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, afirmou hoje que a entrada da Guiné-Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai ajudar a organização a tornar-se numa potência económica.

"Se quisermos fazer da CPLP uma potência económica, esta entrada vai ajudar. Não tenho dúvidas nenhumas e se quisermos generalizar o uso da língua portuguesa em outros países, essa entrada também vai ajudar", afirmou Mari Alkatiri em entrevista à agência Lusa.

O antigo primeiro-ministro timorense alertou, contudo, que é "preciso ter-se um certo cuidado na definição estatutária".

"No fundo, o núcleo forte deverá ser sempre o dos países de língua portuguesa, isso não poderá ser diluído porque a CPLP pode perder a sua natureza, o seu carácter cultural e histórico para passar só à valorização económica multicontinental", alertou.

Para Mari Alkatiri, o que se pretende é que a CPLP "continue ligada à fronteira que é histórica e cultural" e que gera os princípios da "identidade e solidariedade que ultrapassam o normal dos países".

A Guiné-Equatorial é "bem-vinda", salientou.

Timor-Leste assume pela primeira vez a presidência da CPLP durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização que se realiza a 23 de julho em Díli e que poderá ficar marcada pela entrada da Guiné-Equatorial.

MSE // APN - Lusa

Alkatiri: Timor-Leste tem de mostrar que consegue fazer algo de sustentado e sustentável




Díli, 28 jun (Lusa) - O antigo primeiro-ministro de Timor-Leste Mari Alkatiri disse hoje que o país tem de mostrar que consegue fazer algo de "sustentável e sustentado" nos seus dois anos de presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Timor-Leste assume pela primeira vez a presidência da CPLP durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização que se realiza a 23 de julho em Díli.

"Na cimeira em si, acho que vamos sair-nos bem. O meu ponto não é a cimeira, mas os dois anos da presidência. Temos de mostrar que também somos capazes de fazer algo de sustentável e sustentado durante o tempo de dois anos. Não é só lançar fogo-de-artifício durante a cimeira e depois ficarmos todos sem saber como presidir realmente à CPLP", afirmou.

Segundo Mari Alkatiri, Timor-Leste tem ainda "grandes dificuldades em termos logísticos, mas são dificuldades naturais".

"Timor-Leste é um país com 12 anos, embora viva alguma folga financeira, é preciso que as instituições se capacitem, as pessoas se capacitem, mas a vontade nacional supera as dificuldades", salientou em entrevista à agência Lusa.

Para o secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), o maior partido da oposição, há vontade de fazer diferente, inovar e de dar continuidade, mas manifestou algumas reservas sobre a capacidade global do país para realizar grandes objetivos.

"Temos uma estrutura muito pesada em termos de governo, temos as nossas dificuldades a nível de comunicação verbal e escrita por causa dos 24 anos de ocupação indonésia, que vão criar alguns obstáculos à dinamização de diversos setores e é importante que saibamos exatamente o que se poderá fazer a nível bilateral para reforçar a cooperação multilateral na área económica, financeira, na área de exploração mineira e petrolífera", disse.

"A CPLP é uma potência económica. Nas últimas descobertas na área energética, mais de 50 por cento das são nos países da CPLP. Portanto existe uma potência, como potenciar a potência é que é fundamental que Timor-Leste consiga fazer", salientou Mari Alkatiri.

Questionado sobre a criação de um consórcio de exploração petrolífera no âmbito da CPLP para exploração em Timor-Leste proposta pelo primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, Mari Alkatiri lembra que a "exploração de petróleo não é suficiente".

"Em termos de consórcio temos conversado muito, o primeiro-ministro e eu, no sentido de criar mesmo um consórcio, não só na área do petróleo, mas uma 'holding' que seria para atuar em diferentes áreas no domínio da economia. A economia não pode ser reduzida só ao petróleo", concluiu.

MSE // JMR - Lusa

Timor-Leste: Xanana Gusmão mantém-se como primeiro-ministro até setembro




O secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, disse hoje que o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, deverá ficar no cargo até setembro por causa da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

"Eu só sei que ele continua até agosto ou setembro a meu pedido. Achei que seria ridículo estarmos a receber chefes de Estado e de Governo com um primeiro-ministro com dois meses de vida e muito menos porque substituir o Xanana não é fácil e por isso pedi que continuasse até à cimeira", afirmou à agência Lusa Mari Alkatiri.

Timor-Leste assume pela primeira vez a presidência da CPLP durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização, que vai realizar-se a 23 de julho em Díli.

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, anunciou em fevereiro que vai deixar o cargo depois da cimeira da CPLP.

"Depois da cimeira, outras realidades irão determinar se ele vai demitir-se mesmo ou não, digo eu. Tenho de respeitar também a vontade dele e a vontade dele foi construída com base em vários fatores", salientou Mari Alkatiri.

"Aqui em Timor há menos de meia dúzia de pessoas que não se demitem. Quando estão fora do poder é para melhor servir o país. Quando estão no poder são sempre alvos de crítica e quando estão fora do poder podem melhor servir o país e acredito que o Xanana fora do poder poderá melhor servir, servindo melhor o país está também a servir melhor a CPLP", afirmou.

Já em relação ao atual governo de Timor-Leste, Mari Alkatiri continua muito crítico e diz que não é fácil trabalhar com um "governo de mais de 50 membros completamente desagregado".

"Há ministérios com quatro membros do governo, o que é ridículo. Toda a administração pública, a começar pela parte política que é o governo, deve ser reestruturada, remodelada para a tornar menos pesada. É um peso em tudo. No funcionamento e orçamental", defendeu o antigo primeiro-ministro timorense.

"Para mim já deveria ter sido remodelado o governo para depois isso ser refletido na administração. Não foi feito a tempo e horas, há um ano atrás, e agora não sei quando será feito. Vou continuar a dizer que deve ser feito. Se quisermos ter uma presidência da CPLP eficiente e com perspetivas claras há muitos membros do governo que têm de sair", insistiu Mari Alkatiri.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Depois das eleições: guineenses em Portugal ponderam regressar à Guiné-Bissau




Restabelecida a legalidade institucional, após a eleição dos orgãos constitucionais, os guineenses em Portugal pedem ao futuro Governo de Domingos Simões Pereira que olhe para a situação em que vivem em Portugal.

A situação dos emigrantes guineenses, residentes em Portugal, de um modo geral, é difícil. A crise em Portugal fomentou o desemprego. Muitas empresas, sobretudo do ramo da construção civil, que davam trabalho aos imigrantes, fecharam as portas. No seio da comunidade guineense o desespero é notório e é quase generalizado o desejo de regressar ao país de origem, de onde saíram em busca de uma vida melhor na Europa.

Crise na construção civil colocou guineenses no desemprego

Amadora é um dos concelhos de Lisboa, onde vive uma grande parte da comunidade africana. Entre os guineenses, há quem deixou o país natal por razões económicas, ou para tratamento médico em Portugal. E há os que saíram da Guiné-Bissau devido à instabilidade político-militar. Viviam do seu emprego, quando ainda havia as grandes obras na construção civil, que davam trabalho a muita gente para sustentar a família. Mas com a crise económica em Portugal, passaram a enfrentar muitas dificuldades.

Mamadu Baldé, há 23 anos em Portugal, desabafa. "A minha família está na Guiné. Eu não tenho trabalho e a renda de casa aqui é muito cara. Não tenho rendimento: zero, zero."

Perante a falta de perspetiva, é grande o desejo de regressar ao país de origem. Mas o regresso não se afigura fácil. A quase todos falta o dinheiro para comprar a passagem de avião. Outros têm filhos nascidos em Portugal, o que também torna mais difícil o regresso.

Demba Baldé conta ao repórter da DW que há muitos guineenses que querem regressar, mas têm filhos na escola, e assim vão ficando por Portugal, "porque a escola daqui tem mais valor que a escola da Guiné."

Guinenses esperam apoio do novo governo em Bissau

Muitos destes cidadãos com vontade de ajudar a reconstruir a Guiné-Bissau não têm recursos financeiros para regressar. Por isso esperam o apoio do novo Governo da Guiné-Bissau. Demba Baldé e Chelo Embaló, outros dois guineenses residentes em Portugal, são de opinião que "o governo da Guiné deveria ajudar os emigrantes que estão em Portugal". E afirmam mesmo: "Se Governo da Guiné-Bissau apoiar o regresso nós voltamos, pois é o nosso país."

Confiança no novo governo

A maioria dos imigrantes guineenses em Portugal tem grande confiança no novo Governo. Por isso, os guineenses pedem melhorias a nível do ensino e da educação, nos serviços de saúde e assistência médica. Alguns dizem também que é necessário negociar com a Transportadora Aérea Portuguesa (TAP) o reatamento urgente dos vossos Lisboa-Bissau a preços mais baixos.

Na sua recente visita privada a Portugal, antes da tomada de posse, o Presidente José Mário Vaz, pediu aos concidadãos na diáspora para regressarem. «Há muito espaço para os guineenses na Guiné-Bissau». (…) «Temos que ser senhores dos nossos destinos», afirmou "Jomav" numa sala repleta de esperanças.

Deutsche Welle – Autoria: João Carlos (Lisboa) – Edição: António Cascais / António Rocha

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