domingo, 13 de julho de 2014

Copa2014: ALEMANHA VENCE ARGENTINA E É TETRA CAMPEÃ



“Papá” da Argentina, Alemanha coroa a sua Copa das Copas com o tetra

Helder Júnior e Tossiro Neto, enviados especiais Rio de Janeiro (RJ) – Gazeta Esportiva

Foi realmente a Copa das Copas. Para a Alemanha. No Brasil, a seleção comandada por Joachim Low se sentiu à vontade para construir o seu próprio centro de treinamento, dançar com índios, vestir a camisa de clubes locais, torcer pelos anfitriões e até goleá-los por 7 a 1. Para completar, superou a Argentina por 1 a 0 na prorrogação da final deste domingo, no Maracanã, e garantiu o seu tetracampeonato mundial. O gol histórico foi marcado por Gotze.

Para os argentinos, que passaram toda a Copa do Mundo cantando que eram “papás” do Brasil por causa da vitória nas oitavas de final de 1990 (em referência a uma questionável freguesia do rival), o Mundial de agora teve o mesmo desfecho daquele de mais de duas décadas atrás. O time sul-americano voltou a perder uma decisão para o europeu, que havia derrotado em 1986. E já começou a se acostumar com o algoz, pois caiu diante do mesmo adversário nas quartas de final de 2006, nos pênaltis, e de 2010, com uma goleada por 4 a 0.

Desta vez, a Alemanha encontrou tantas dificuldades quanto em 2006. Encontrou uma Argentina bem postada na defesa e disposta contra-atacar com o talento de Lionel Messi, eleito quatro vezes o melhor jogador do mundo. O grande destaque da partida, entretanto, foi Gotze, que aproveitou um cruzamento de Schurrle aos sete minutos no segundo tempo da prorrogação, matou no peito e bateu cruzado para ser o carrasco argentino no Rio de Janeiro.

Campeã em 1954, 1974, 1990 e agora 2014, a Alemanha chegou à quarta conquista 24 anos após a terceira, exatamente como haviam feito a também tetracampeã Itália e o pentacampeão Brasil. Dessa maneira, tornou-se ainda a única equipe europeia a levantar um troféu nas Américas, além de ter impedido que os argentinos comemorassem o seu próprio Maracanazo no estádio onde o Uruguai derrotou a Seleção Brasileira em 1950. 

O jogo – Enquanto pintava o seu rosto com as cores azul e branca em um dos banheiros do Maracanã, um argentino comentava com outro que, mais uma vez, o público brasileiro estava contra a sua seleção. “Deixem estar. Foi assim em todos os jogos que ganhamos”, gargalhou o segundo, enquanto os torcedores locais enalteciam os mil gols de Pelé e chamavam Maradona de “cheirador”.

Não demorou muito para os argentinos abafarem a cantoria dos brasileiros nas arquibancadas. Com muita intensidade, eles bradaram o provocativo hit sobre a Copa do Mundo de 1990, ironizaram quando Neymar apareceu nos telões do estádio e ovacionaram na hora em que a imagem foi substituída pela de Messi. Continuaram empolgados ao assistir ao zagueiro espanhol Carles Puyol levar o troféu do Mundial a campo ao lado do modelo brasileira Gisele Bundchen e no instante em que o azarado roqueiro Mick Jagger e as autoridades de outros países eram recepcionadas pela presidente Dilma Rousseff.

O que todos queriam realmente ver, no entanto, eram os jogadores finalistas. Passada a cerimônia de encerramento da Copa do Mundo, as seleções de Alemanha e Argentina foram juntas a campo e trocaram os últimos abraços antes de passar a lutar pelo troféu mais cobiçado do futebol. Com tanto empenho quanto o de quem gritava do lado de fora do gramado. Foram muitas as divididas ríspidas nos primeiros minutos de decisão.

Credenciada pela sua boa campanha na Copa do Mundo, a Alemanha tomou a iniciativa de atacar. Mas se mostrou um pouco desorientada com seguidos erros de passes dos zagueiros Hummels e Boateng. No meio-campo, não estava Khedira, que chegou a ser anunciado como titular e contundiu a panturrilha direita no aquecimento. Acabou substituído pelo jovem Kramer.

Já a Argentina se armou para tirar proveito de qualquer vacilo alemão. Escolado pela goleada de 7 a 1 que o Brasil sofreu contra o mesmo oponente, o técnico Alejandro Sabella manteve a força defensiva de sua equipe e a preparou para os contra-ataques. Foi em uma investida rápida que Higuaín descobriu o melhor caminho para o gol – o lado direito –, invadiu a área e finalizou cruzado. A bola não saiu nem pela linha de fundo, porém levantou de vez o público celeste.

Kramer, ao contrário, foi ao chão. O substituto de Khedira chocou o seu rosto com o ombro de Garay e ficou tão grogue quanto os jogadores brasileiros que beberam as águas batizadas oferecidas pelos argentinos no histórico confronto de 1990. A ponto de apenas assistir a uma cobrança de falta da Argentina e ser empurrado por um companheiro para acordar. Não adiantou. Pouco mais tarde, teve de sair de campo amparado para a entrada de Schurrle.

O time argentino foi ao ataque diante da momentânea tontura alemã. Aos 20 minutos, Kroos errou um cabeceio para trás e deixou Higuaín à frente do goleiro Neuer. O centroavante desperdiçou a melhor chance de gol até então ao concluir para fora. Aos 29, em uma nova oportunidade, ele recebeu cruzamento rasteiro da direita (sempre por lá) de Lavezzi e comemorou furiosamente ao completar para a rede. Em posição de impedimento.

Percebendo que a Argentina crescia em campo, a torcida brasileira aumentou o tom nas arquibancadas. “Pentacampeão!”, gritava, para apoiar o time que aplicou o maior vexame da história da Seleção. O incentivo foi premiado com uma grande jogada pela esquerda de Muller, aos 36 minutos. Em sua primeira participação na partida, Schurrle correu para arrematar e obrigou Romero a fazer grande intervenção. 

A partir dali até o final do primeiro tempo, a decisão ficou aberta. Messi chegou a passar por Neuer – pela direita – em uma arrancada, mas esbarrou na zaga alemã. Do outro lado, já nos acréscimos, Howedes respondeu cabeceando a bola na trave depois de cobrança de escanteio. Muller, impedido, tentou ficar com o rebote na pequena área e deixou a impressão de que o jogo se tornaria ainda mais emocionante após o intervalo. Os times desceram para os vestiários sob aplausos.

Na volta, Sabella confiou em Aguero, recém-recuperado de lesão muscular, na posição de Lavezzi. E quase celebrou um gol logo no primeiro minuto. Messi recebeu a bola de Biglia, invadiu a área com liberdade e ficou em ótima posição para abrir o placar. O chute de chapa, cruzado, passou muito perto da trave. Joachim Low, até então calmo no banco de reservas, assustou-se e foi para a beira do campo.

Com o passar do tempo, no entanto, as jogadas técnicas rarearam. A tensão das duas seleções em uma final de Copa do Mundo foi extravasada com uma sequência de lances violentos. Neuer fez novas vítimas com as suas já tradicionais saídas estabanadas do gol, e Mascherano comandou as faltas mais duras do lado da Argentina. Messi, por sua vez, sumiu um pouco com a mudança de panorama da final – talvez por cansaço. A torcida do time sul-americano notou e gritou o nome do seu principal jogador, fazendo gesto de reverência com os braços.

Sabella revolveu dar nova companhia ofensiva a Messi, substituindo o esforçado e aplaudido Higuaín por Palacio. Ainda assim, a Alemanha voltou a ser mais presente no ataque. Só teve o seu volume de jogo interrompido por um torcedor que invadiu o gramado, aos 36 minutos, e pela última alteração da Argentina. Pérez cedeu a sua vaga para Gago. Low também mexeu em sua equipe, trocando o veterano goleador Klose por Gotze.

As mudanças não se refletiram no marcador do tempo regulamentar. Exaustos, os argentinos que bateram a Holanda nos pênaltis nas semifinais teriam que disputar mais uma prorrogação. A Alemanha, embora já não gozasse do mesmo fôlego de antes, havia ganhado com folga do Brasil na fase anterior e teoricamente teria mais forças para o tempo extra.

Foi o que se viu no primeiro ataque da etapa inicial da prorrogação. Schurrle fez ótima tabela pela esquerda e bateu de primeira de dentro da área. Romero deu um rebote perigoso, espanado pela defesa da Argentina – novamente conformada em jogar à base de contragolpes. Pela Alemanha, a pressa era tamanha que até Neuer cobrava lateral.

À exceção de uma chance para Palacio (que encobriu o goleiro alemão com muita força), contudo, a primeira parte da prorrogação não teve novas grandes possibilidades de gol. Na segunda, chamou a atenção um corte no rosto de Schweinsteiger, que sangrou abundantemente após uma disputa de bola com Aguero. Pouco depois, ele e todos os alemães ganharam um motivo para deixar também as lágrimas caírem. De alegria.

Aos sete minutos, Schurrle avançou pela esquerda e fez o cruzamento. Gotze aproveitou o mau posicionamento da defesa argentina, dominou a bola no peito e desferiu um chute cruzado para repetir o placar da final da Copa do Mundo da África do Sul no Brasil. Era o que faltava para os brasileiros novamente gritarem para celebrar Pelé, ainda com mais títulos mundiais do que a Argentina. E para os alemães cantarem o merecido tetracampeonato em sua Copa das Copas.

*Título PG

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REVOLTA ÁRABE CONTRA OBAMA



Pravda

O Bahrain expulsou[1] do país um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA - Tom Malinowski, secretário-assistente - no curso da visita que fazia a Manama. É movimento muito grave, que ofende o governo Obama e não pode ser simplesmente 'apagado' por alguma 'desculpa' de porta-voz. Que um microscópico estado do Golfo - o menor deles, de fato - ponha na rua, tão ousadamente, a única potência indispensável era, antes de acontecer, impensável.

O Bahrain vive sob o guarda-chuva político, econômico e de segurança de Riad, e é inconcebível que o gesto beligerante de desafio ao governo Obama tenha acontecido sem conhecimento e algum tipo de aceno, concordando, vindo dos sauditas. A questão é que o pessoal em Manama, Bahrain, sabia muitíssimo bem que o trabalho de Malinowski no Departamento de Estado é oferecer pregações de democracia e respeito aos direitos humanos a qualquer governo do mundo acusado de atropelar aqueles itens: um dia é o Bahrain, amanhã pode ser a Arábia Saudita.

É verdade que o Bahrain não poderia impedir que Malinowski fosse a Manama em viagem 'de inspeção', quando Washington aceitou a precondição que Manama impôs, de que um 'elemento local' estivesse presente em todas as reuniões de Maninowski com ativistas de direitos humanos. Não se sabe exatamente o que aconteceu - se (i) Malinowski desentendeu-se com esse 'elemento local' quando expunha ideias de tal modo 'democráticas' em Manama, que o Emir entrou em pânico; ou se (ii) fez contato com gente proibida; e assim por diante.

O caso é que, num dado momento, o Bahrain decidiu que o nonsense não poderia continuar. Os governantes do Bahrain são muito sensíveis à repressão patrocinada pelo estado saudita e lançada contra a maioria xiita do país que clama por justiça e direitos. Sobretudo agora, quando reaparecem, por toda a região, as linhas de divisão sectária. O que aconteceu é que o Bahrain traçou uma 'linha vermelha' além da qual o governo Obama não poderá avançar.

Washington está examinando "uma série de alternativas" para responder à ofensa que lhe fez o Bahrain. Mas Riad e Manama com certeza consideraram os prós e contras da própria ação; e com certeza concluíram que os EUA não podem fazer muito, na tal 'reação' - afinal de contas, a 5ª Frota dos EUA está ancorada no Bahrain.

O episódio mostra claramente que os modelos de estratégia dos EUA começam a bater-cabeça, no Oriente Médio.

O pequeno Bahrain desafiou o 'excepcionalismo' dos EUA. Toda a região, agora, está postada para observar como Washington reagirá ao desafio.

Pelo menos em parte, os governantes árabes do Golfo estão-se mostrando assim tão ousados por causa da polarização na política norte-americana. Obama está sob fogo por causa de suas políticas para o Oriente Médio, e os Republicanos criticam-no por ter abandonado tradicionais aliados dos EUA no mundo árabe, como Hosni Mubarak do Egito ou o rei Abdullah da Arábia Saudita.

O desafio que o Bahrain fez aos EUA não é caso isolado. Dito de modo simplificado, os aliados árabes dos EUA estão ficando cada vez mais agitados, incomodados e falantes, cada vez mais fora de controle. Os nervos estão em frangalhos, para tudo que tenha a ver com 'Primavera Árabe'. Na Síria e no Egito já houve desafio no nível estratégico.

Outro caso: Washington disse recentemente a Bagdá que só lhe aumentará o poder de fogo contra o Estado Islâmico do Iraque e Levante, se houver mudança de governo. O primeiro-ministro Nouri al-Maliki simplesmente ignorou a 'proposta'; e obteve dos russos e iranianos os jatos de ataque de que carecia.

Israel, claro, sempre foi a lei em si, e é caso especial de rabo que balança o cachorro, mas os árabes do Golfo não podem aspirar a alcançar o nível de Israel. As oligarquias do Golfo estão absolutamente minadas por dentro, o poder ali não têm legitimidade alguma e sempre, quando a coisa apertou, contaram com a proteção dos EUA.

E o petrodólar é um cordão umbilical que liga aquelas oligarquias ao sistema bancário ocidental. A dependência é mútua, se as coisas são postas no plano da reciclagem do petrodólar.

Em anos recentes, também a Turquia tem dado sinais de fazer as coisas à sua maneira, ignorando aconselhamento dos EUA, mas isso também é desafio cuidadosamente calibrado, que visa mais a impressionar o público interno dentro da Turquia (o que um partido islâmico pode fazer para defender a honra nacional). Mas, sim, a Turquia é membro da OTAN, e agudamente consciente de sua identidade 'europeia'.

Agora, o Afeganistão torna-se a mais recente caso no Oriente Médio Expandido no qual a influência regional dos EUA será testada. Será que os candidatos rivais no segundo turno das eleições presidenciais - Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani - ouvirão os graves avisos que Washington deu-lhes, sobre ou mostrarem contenção ou deixarem as coisas como sempre foram no bazaar afegão desde tempos imemoriais? (Mas isso exige explicação à parte.)


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BARBÁRIE EM GAZA - Chomsky




“Tudo isso vai continuar, enquanto for apoiado por Washington e tolerado pelo Ocidente – para nossa vergonha infinita”

Noam Chomsky – Outras Palavras - Tradução: Antonio Martins

Às três da madrugada (horário de Gaza), de 9 de julho, em meio ao último exercício de selvageria de Israel, recebi um telefonema de um jovem jornalista palestino em Gaza. Ao fundo, podia ouvir o lamúrio de seu filho pequeno, entre sons de explosões de jatos, atirando sobre qualquer civil que se mova e sobre casas. Ele acabava de ver um amigo, num carro claramente identificado como “imprensa”, voar pelos ares. E ouvia gritos ao lado de sua casa, após uma explosão — mas não podia sair, ou seria um alvo provável. É um bairro calma, sem alvos militares – exceto palestinos, que são presa fácil para a máquina militar de alta tecnologia de Israel, abastecida pelos Estados Unidos. Ele contou que 70% das ambulâncias haviam sido destruídas e, até aquele momento, mais de 70 pessoas [o número subiu para 120 na sexta, 11/7, segundo o Guardian] haviam sido mortas e 300 feridas – cerca de 2/3, mulheres e crianças. Poucos ativistas do Hamas, ou instalações para lançamento de foguetes, haviam sido atingidas. Apenas as vítimas de sempre.

É importante entender como se vive em Gaza, mesmo quando o comportamento de Israel é “moderado”, no intervalo entre crises fabricadas, como esta. Um bom retrato está disponível num relatório da UNRWA (a agência da ONU para refugiados palestinos) preparado por Mads Gilbert, o corajoso médico norueguês que trabalhou extensivamente em Gaza, mesmo durante os ataques mortíferos de Israel. A situação é desastrosa, por todos os ângulos. Gilbert narra: “As crianças palestinas em Gaza sofrem imensamente. Uma vasta proporção é afetada pelo regime de desnutrição imposto pelo bloqueio israelense. A prevalência de anemia entre menores de dois anos é de 72,8%; os índices registrados de síndrome consuptiva, nanismo e subpeso são de 34,3%, 31,4% e 31,45%, respectivamente”. E estão piorando.

Quando Israel está em fase de “bom comportamento”, mais de duas crianças palestinas são mortas por semana – um padrão que se repete há 14 anos. As causas de fundo são a ocupação criminosa e os programas para reduzir a vida palestina a mera sobrevivência em Gaza. Enquanto isso, na Cisjordânia os palestinos são confinados em regiões inviáveis e Israel tomas as terras que quer, em completa violação do direito internacional e de resoluções explícitas do Conselho de Segurança da ONU – para não falar de decência.

E tudo isso vai continuar, enquanto for apoiado por Washington e tolerado pela Europa – para nossa vergonha infinita.

*Noam Chomsky é professor emérito do Departamento de Linguística e Filosofia do MIT — Instituto de Tecnologia de Massachussets. Colaborador regular do TomDispatch, é autor de diversas obras políticas de grande repercussão.

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Portugal: AS RUÍNAS DA NOSSA VELHICE



VASCO PULIDO VALENTE – Público, opinião

Quando Salazar caiu da cadeira e se viu que Marcelo Caetano não era capaz de acabar com a guerra de África, Portugal entrou, como hoje se diz, num “novo ciclo”. Começava a haver algum dinheiro e quase não havia desemprego. O futuro não nos preocupava muito. Pelo contrário: a Ditadura manifestamente não podia durar e a Europa esperava por nós.

Toda a gente pensava na Europa: os que tinham emigrado, os que tencionavam emigrar e os que supunham que Portugal seria tarde ou cedo como a Europa — com a liberdade e a riqueza que a Europa nos dispensaria. A propaganda do regime não passava da propaganda de um passado morto. A pequena classe média do tempo queria a paz da Inglaterra, os salários da Alemanha, o sistema social dos suecos e a política da França. Impostos não tencionava pagar.

Para a minha geração, que vai agora morrendo, o “25 de Abril” chegou a tempo. Andávamos pelos 30 anos, com uma profissão e uma longa vida à nossa frente. Íamos finalmente mudar Portugal. Fazer um novo cinema, um novo teatro, uma nova literatura, uma universidade exemplar e um Estado democrático. Íamos varrer a miséria atávica do país, que manifestamente nos seguiria. Em vez disso, logo do princípio, apareceu o dr. Cunhal e o PREC, com que, no fundo, ninguém contava. Não vale a pena insistir nesse delírio sem sentido, que não durou muito: em Novembro de 1975, as coisas voltaram a uma relativa normalidade. Mas ficou o sentimento da fragilidade das coisas, que só se consolidaram em 1989-1990. Nessa altura, a grande esperança da “revolução” já desaparecera.

Cada um tratou, e não mal, da sua vidinha. Da sua carreira e da sua bolsa. Os partidos tomaram conta da política, com uma irreprimível irresponsabilidade e uma corrupção congénita, contra as quais o cidadão comum era impotente. Cada um meteu-se na sua casca e tentou ignorar o que sucedia fora dela. De qualquer maneira, a aventura deixara algum dinheiro e um módico de liberdade: o que aos 50 anos bastava. Por sorte, na sua imperfeição, a nossa época fora como a “Regeneração” e o “fontismo”, uma época “civilizada”, sem guerras civis, sem “ditaduras”, com menos miséria. Infelizmente, a nossa “sorte” incluía também uma certa esterilidade pessoal e a amargura de uma colectiva desilusão. E à nossa volta sucessivos governos criavam as ruínas da nossa velhice.

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Portugal: Número de reformados com dívidas está a crescer - Deco




A crise que assolou o país nos últimos anos levou muitos portugueses a recorrerem à ajuda do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da Deco. O desemprego era a principal causa do pedido de ajuda, mas a tendência está a mudar e agora são os cortes nos salários e nas pensões que estão na origem do “desespero”, escreve o Jornal de Notícias.

Se no início da crise eram apenas os desempregados que recorriam à Deco em busca de uma solução para liquidarem as suas dívidas, agora o panorama está diferente.

De acordo com o Jornal de Notícias, que teve acesso ao boletim estatístico do Gabinete do Sobre-endividado (GAS) da Deco, são os pensionistas e os funcionários públicos os novos ‘clientes da casa’. Em causa, os cortes nos salários e nas pensões.

“As famílias estão numa situação financeira mais débil e já não conseguem reestruturar as suas dívidas devido à ausência quase total de rendimentos”, disse ao JN Natália Nunes, responsável do GAS.

Segundo o boletim estatístico em causa, a maioria dos sobre-endividados que recorrem à Deco ainda são os trabalhadores do setor privado (33,6%) e os desempregados (30,4%). Contudo, tem vindo a crescer significativamente o número de reformados e funcionários públicos a pedir ajuda.

Se no ano passado a Deco os reformados representavam 11,6% dos pedidos de ajuda, este ano o número aumentou para 15%. Entre os funcionários públicos a subida é mais modesta (de 15,6% para 16,1%), no entanto espelha uma tendência que não deixa de ser preocupante.

Este crescimento é explicado por Natália Nunes como consequência dos “cortes salariais e da falta de perspetiva de voltarem a ter o mesmo rendimento que tinham antes”.

Esta situação, sublinha, “está a causar um grande desespero e a levar as pessoas a perceber que têm de pedir ajuda”.

Só nos primeiros seis meses do ano a Deco, e mais precisamente o GAS, recebeu mais de 17 mil pedidos de ajuda.

Notícias ao Minuto

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Portugal: E SE O BURRO VOLTA A GANHAR AO FERRARI?



Jorge Fiel – Jornal de Notícias, opinião

Tenho um método infalível para descobrir a fila mais lenta para a caixa de um supermercado. É a que eu escolher. Até pode estar só uma pessoa à minha frente, com meia dúzia de artigos no tapete. Vai ser a mais demorada, mesmo que as outras estejam guarnecidas por três ou quatro pessoas com os carrinhos cheios. É fatal como o destino. Há muitas variantes. O preço do champô é diferente do que estava na prateleira. O "scanner" recusa-se a ler o código de barras. O cartão não se entende com o terminal do multibanco. Ou outra coisa qualquer. O resultado final é sempre o mesmo. É por isso que considero um passo em direção a um Mundo mais justo a fila única, em que a clientela é chamada pela ordem da chegada para a próxima caixa a ficar livre.

Infelizmente, o Mundo está longe de ser justo. Que o diga o camarada Tó Zé, que há três anos tirou a senha para ser primeiro-ministro, aguentou estoicamente a chegada da sua vez e agora vê a vida dele a andar para trás, pois está-se mesmo a ver que o camarada Costa lhe vai passar à frente.

O Costa sabe-a toda. Em 2011, escondeu-se atrás do coqueiro, delegando em Assis a representação da "tralha socrática" e dando a Seguro a corda para se enforcar. "O cargo de líder da Oposição é o mais difícil lugar da vida pública", explicou.

Costa é o ciclista que vai na roda do Seguro, recusando-se a puxar durante toda a fuga, e depois, quando a meta está à vista, aproveita-se da fadiga do companheiro para lançar o sprint vitorioso e conquistar a camisola amarela.

Costa é o fundista que se resguarda no pelotão, enquanto Seguro se estafa a fazer de lebre, até que o sino anuncia a entrada na última volta e ele, fresco, parte de trás, tira partido do desgaste do adversário, ultrapassa-o e ganha a corrida.

Costa é o ponta de lança que passa o jogo todo na mama, não recua, não defende, não pressiona, à espera de fazer o golo aproveitando um ressalto, uma desatenção dos centrais ou uma defesa incompleta do guarda-redes.

Para quem segue de fora a guerra civil socialista, é fácil simpatizar com a persistência de Seguro e achar que ele merece ser poupado ao drama de Marcelo, Marques Mendes ou Menezes, outros líderes da Oposição que não chegaram às legislativas.

Mas a natural simpatia pelo candidato calimero, o Peninha Seguro contra o Gastão Costa, não pode turvar a racionalidade do raciocínio. Niki Lauda avisou que para ser campeão de Fórmula 1 é preciso ser canalha . "Digam-me o nome de um piloto bonzinho que tenha sido campeão!?!", desafiou. A política é como a Fórmula 1. É por essas e por outras que, na luta socialista pelo poder, Costa está ao volante de um Ferrari e Seguro vai montado num burro. Mas há surpresas. Quem diria que a Alemanha ia aviar o Brasil com um 7-1? E que os Espíritos Santos iam falir? Há 11 anos, em Loures, o burro chegou primeiro que o Ferrari. Sabe-se lá se, um dia destes, eu escolho a fila mais rápida para a caixa do supermercado... E se o burro volta a ganhar ao Ferrari...

Portugal: ANA DRAGO DEMITE-SE DO BLOCO DE ESQUERDA




A ex-dirigente do Bloco de Esquerda Ana Drago anunciou, este domingo,a demissão desta força política e a renúncia ao lugar de deputada da Assembleia Municipal de Lisboa, alegando divergências sobretudo no processo de convergências políticas.

Ana Drago afirmou, em entrevista à Lusa, que os membros da Associação Fórum Manifesto concluíram que dentro do Bloco de Esquerda já não era possível fazer um processo de criação de alianças e de convergências, tendo em vista compromissos políticos que permitam designadamente salvaguardar aspetos determinantes do Estado social.

"Continuaremos um percurso que começámos há muitos anos juntos e vamos em busca de construir essa plataforma. O que aconteceu no sábado [na Assembleia Geral do Fórum Manifesto, que decidiu pela desvinculação do Bloco de Esquerda] era um passo necessário. Perante a perspetiva de que neste momento são urgentes soluções para o país e que não era possível tê-las no Bloco de Esquerda, concluiu-se então, como se costuma dizer, que amigo não empata amigo", declarou Ana Drago.

Ou seja, a partir de agora, segundo a ex-deputada e ex-dirigente bloquista, "as pessoas do Bloco continuarão a sua batalha política", enquanto as pessoas do Fórum Manifesto "partirão em busca de interlocutores e de plataformas de compromisso".

"Em parte, a discussão que houve dentro do Bloco sobre interlocutores e convergências já é conhecida. Entendemos que houve um conjunto de pessoas que se reuniu em torno do Manifesto 3D, que demonstraram essa vontade e esse sentido de urgência - e eu creio que é possível iniciar um diálogo com essas pessoas, assim como que em relação ao LIVRE, que nasce de um conjunto de membros que, em determinadas momentos, cruzaram os seus caminhos com o Bloco de Esquerda. Deve começar-se exatamente por aí, por esses interlocutores, que estavam já disponíveis aquando do debate europeu, pensando como é possível gizar uma solução para o futuro", frisou Ana Drago.

Confrontada com o facto de as direções do Bloco de Esquerda e do PCP terem na sexta-feira anunciado a existência de uma ampla convergência política, Ana Drago referiu que Portugal "precisa de alguém que o defenda".

"Nos últimos 40 anos houve um conjunto de conquistas que permitiram uma melhoria da vida das pessoas, a democratização das relações sociais e a redução das desigualdades. Há vários projetos e várias vontades políticas no espaço da esquerda - e eu respeito-as todas, porque são horizontes de transformação -, mas considero que neste momento é necessário estar disponível para segurar aquilo que, se for perdido agora, não saberemos depois como voltar a construir", advertiu a ex-bloquista.

Ana Drago reconheceu que o PCP travou nos últimos anos "um conjunto de lutas fundamentais no regime", mas observou que "nunca esteve disponível para esse compromisso, nomeadamente para com o Bloco de Esquerda".

"Se estiver agora, ainda bem. A ver vamos como essa conversa corre. Eu, obviamente, já não farei parte desse desenrolar dos acontecimentos", frisou, antes de sustentar que o problema não reside "nos nomes dos protagonistas".

"O meu problema é, de facto, a atitude e a disponibilidade para oferecer uma resposta que, neste momento, tenha um efeito na vida das pessoas, que não seja apenas uma posição de princípio, mas que tenha consequências", acrescentou.

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Brasil - LEI PELÉ: O NEOLIBERALISMO NO FUTEBOL




O neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. Que pregava a profissionalização do futebol, contra o que chamava de ditadura dos clubes.

Emir Sader – Carta Maior, em Blog do Emir 

Republico este artigo escrito há alguns anos e publicado originalmente na Carta Maior, porque o considero - infelizmente, 7 e mais vezes infelizmente – absolutamente atual. Espero não tenha que publicá-lo 7 vezes mais, não tenha que publicá-lo nunca mais.

Multiplicam-se as reclamações de que o dinheiro passou a mandar no futebol, que os clubes estão falidos, que os jogadores já não têm apego aos clubes, mudam às vezes durante o campeonato, passando para o rival, se contratam meninos ainda para jogar no exterior, uma parte deles fica abandonado, submetidos a todo tipo de irregularidade.

Mas o que aconteceu, o que está na raiz de tudo isso?

O futebol – assim como todos os esportes – não é imune às imensas transformações econômicas, sociais e éticas que as nossas sociedades sofrerem e ainda sofrem. No Brasil, o neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. Que pregava a “profissionalização” do futebol, contra a ditadura dos clubes, que tinham os jogadores atrelados ao clube como se se tratasse de uma relação feudal, pré-capitalista.

Intensificou-se dura campanha contra os “cartolas”, com acusações - todas provavelmente reais -, de corrupção, concentração de poder, arbitrariedades, etc. Porém, de forma similar ao que se fazia na campanha neoliberal contra o Estado, não era para democratizar aos clubes, ou ao Estado, mas para favorecer o mercado.

A profissionalização foi isto. Supostamente para libertar os jogadores do domínio dos clubes, jogou-os nas mãos dos empresários privados. Não por acaso se deu durante a década de 90, em pleno governo FHC, que preconizou todo o tempo a centralidade do mercado, os defeitos do Estado, a necessidade de mercantilizar tudo, de transformar a sociedade em um lugar em que tudo se compra, tudo se vende, tudo é mercadoria.

Os jogadores foram transformados em simples mercadorias, nas mãos dos empresários, que reinam soberanos, assim como o mercado e as grandes empresas fazem no conjunto da sociedade. Enquanto os clubes, da mesma forma que o Estado, ao invés de serem democratizados, são sucateados. Interessa aos empresários privados que os clubes sejam fracos, estejam falidos, serão mais frágeis ainda diante do poder do seu dinheiro. Assim como ao chamado mercado interessa que o Estado seja mínimo, seja fraco, para que ceda cada vez mais a seus interesses.

Os clubes podem ser democratizados – de que o exemplo da democracia corintiana é claro. O jogo dos empresários não é democratizável, nem passível de ser controlado socialmente, vale quem paga mais, que tem mais dinheiro. Assim como o Estado pode ser democratizado – e as políticas de orçamento participativo são o melhor exemplo disso.

Com o reino do mercado, não há Estado, não há democracia, não há interesses coletivos. Triunfa o mercado e seu principio maior – o do dinheiro. Com o reino dos empresários privados, não há clubes, há times, que ocasionalmente são montados para disputar um campeonato, enquanto os empresários não vendem os jogadores. Os campeonatos servem apenas como vitrine para exibir as mercadorias dos empresários.

Em um tempo em que tantas identidades entraram em crise, nem sequer os clubes de futebol conseguem resistir, diante da privatização que a lei Pelé significou, fazendo da camisa dos jogadores um lugar em que mal cabe – quando cabe – o distintivo, de tal forma tudo é comercializado. Ou se fortalecem os clubes, democratizando-os, destacando sua dimensão publica e não de empresas privadas a serviço da comercialização dos jogadores, ou a quebra generalizada que atinge o mercado capitalista não poupará os clubes. Que irão à falência, diante do enriquecimento ilimitado dos empresários privados.

Ases de Copas, Alemanha e Argentina fazem tira-teima no Maracanã



Helder Júnior e Tossiro Neto, enviados especiais, Rio de Janeiro (RJ) - Gazeta Esportiva

A Copa do Mundo que os brasileiros tanto imaginaram chegará ao fim neste domingo. Sem a final esperada pelo público local, mas com a decisão que mais vezes se repetiu na história da competição. A partir das 16 horas (de Brasília) deste domingo, Alemanha e Argentina irão fazer um tira-teima no Maracanã para definir o verdadeiro "às de Copas" no Brasil.

Países que em português iniciam com a primeira letra do alfabeto, Alemanha e Argentina estão acostumadas a se enfrentarem em Copas do Mundo, mas fizeram campanhas distintas desta vez. Tricampeões, com o último título conquistado justamente em cima dos argentinos, em 1990, os alemães foram para o Rio de Janeiro credenciados por embaralhar a seleção anfitriã – derrotaram o Brasil por 7 a 1 nas semifinais. Os argentinos, que chegaram ao seu segundo troféu diante do oponente, em 1986, sofreram um pouco mais na fase anterior – bateram a Holanda nos pênaltis, após um empate sem gols com a bola rolando, e quase se tornaram cartas fora do baralho.

"É a nossa vez de ganhar a Copa do Mundo", avisou o atacante Miroslav Klose, com a experiência de quem alcançou o 16º gol em Mundiais contra o Brasil e tornou-se o maior artilheiro do torneio. Para melhorar ainda mais o carteado alemão, a equipe jogou no buraco a Argentina em seus dois últimos encontros: vitória nos pênaltis nas quartas de final de 2006 e por 4 a 0 na mesma fase em 2010.

Apesar da empolgação com a evolução da atual geração alemã, o técnico Joachim Low tentou manter a humildade às vésperas da final do Maracanã. "A Argentina mostrou rendimento excelente, foram organizados, bem compactos", observou o treinador, o mesmo que eliminou o rival no Mundial anterior. "Eles estão com uma defesa mais forte do que em 2010. E esse time não é só Messi. Quem acredita que é só Messi está cometendo um erro grave, porque esse time tem outros atacantes maravilhosos, como Higuaín, Di María, Aguero. É um time muito organizado. Vai ser uma final fascinante, vai ter muita briga", advertiu.

O respeito é recíproco. "Desde que a Copa começou, a Alemanha era favorita junto com o Brasil. Continua sendo assim, mas faremos o nosso jogo", disse o atacante Sergio Aguero, apesar de otimista. "Isso pode colocar pressão neles. Não chegamos até aqui por casualidade. Fizemos um grande Mundial, e final é final", completou.

Aguero se recuperou de uma lesão muscular na coxa direita, porém deverá seguir como opção para o segundo tempo. Assim como o também atacante Di María, que contundiu a mesma região e fez esforço para virar uma carta na manga do técnico Alejandro Sabella.

Na Alemanha, a principal dúvida foi Boateng. O defensor sentia dores na virilha, porém treinou na véspera, diminuindo a probabilidade de ceder lugar para Mertesacker. Hummels, que havia machucado o joelho direito, já vinha trabalhando normalmente antes de definir contra a Argentina qual dos "ases de Copas" dará as cartas no futebol mundial a partir de 13 de julho de 2014.

FICHA TÉCNICA - ALEMANHA X ARGENTINA

Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 13 de julho de 2014, domingo
Horário: 16h (de Brasília)
Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)
Assistentes: Renato Faverani e Andrea Stefani (ambos da Itália)

ALEMANHA: Neuer; Lahm, Boateng (Mertesacker), Hummels e Howedes; Schweinsteiger e Khedira; Muller, Kroos e Ozil; Klose - Técnico: Joachim Low

ARGENTINA: Romero; Zabaleta, Demichelis, Garay e Rojo; Mascherano, Biglia, Enzo Pérez e Messi; Lavezzi e Higuaín - Técnico: Alejandro Sabella

Na foto: Miroslav Klose e Lionel Messi são duas das principais cartas que estarão sobre o verde pano do Maracanã / Arte GE.Net

Copa2014 - Brasil:: FOI MELHOR ASSIM



José Inácio Werneck* – Gazeta Esportiva, opinião

Bristol (EUA) – O jogo foi uma comédia de erros, por parte do Brasil e do juiz argelino. Os holandeses, que nada tinham a ver com isto, foram lá e cumpriram seu papel, que era o de expor nossas falhas, independentemente da arbitragem.

Começamos no ataque, mas o Brasil não tem plano de ataque, a não ser passes de 50 metros a esmo de David Luiz, e cruzamentos esperançosos sobre a área. No Futebol Americano chamam isto de “Hail Mary”. Salve Maria, salve-nos.

O pênalti apitado contra Thiago Silva não foi pênalti, a falta foi fora da área, mas o cartão amarelo que o juiz lhe deu estava errado. Tinha que ser o vermelho.

No segundo gol da Holanda, houve impedimento no início do lance, mas é inconcebível que um zagueiro central, de frente para seu gol, cabeceie a bola para trás, como David Luiz fez, sem saber quem estava às suas costas.

Daley Blind estava lá, na marca do pênalti, livre, e chutou para o gol. Foi como uma cobrança de um segundo pênalti.

No segundo tempo, houve um pênalti em Oscar, mas, em vez de marcar o pênalti, o juiz deu cartão amarelo ao nosso jogador.

Cabe aqui porém uma palavra, porque Oscar exagerou na queda e isto provavelmente teve o efeito oposto ao que ele pretendia: o juiz achou que ele estava se jogando.

Foi um pouco como aquele pênalti que Fred cavou contra a Croácia: tinha havido o contato, o croata realmente o segurou, mas Fred se jogou espetacularmente ao chão.

Nossos jogadores já notaram uma característica interessante de Messi? Ele jamais cava pênaltis ou faltas, procura continuar no lance, e deixa a marcação a critério do juiz.

No terceiro gol, a defesa estava aberta, mas uma vez mais ficou evidenciado  que Júlio César tem dificuldade em ir ao chão quando a bola é chutada à sua esquerda. Ele foi atrasado e sofremos o terceiro gol.

Foi uma campanha desastrosa, uma vergonha, mas uma coisa agora deve ser absolutamente certa: nem Marco Polo Del Nero, com toda a sua insensibilidade, será capaz de manter Luiz Felipe Scolari no cargo.

A verdade é que Marco Polo Del Nero também merece ser varrido do cenário. Há tempos venho dizendo que nossos cartolas são péssimos, incompetentes, politiqueiros e, em diversos casos, corruptos.

Há no Brasil o movimento do Bom Senso F.C. e, pelo que tenho lido na imprensa, seus integrantes terão encontros em breve com autoridades do governo para uma reformulação da estrutura de nosso futebol.

Não sei quais são as propostas, que projetos existem, mas a verdade é que nossos clubes estão falidos, os empresários são abutres que se nutrem de nossas fraquezas, a violência de torcidas organizadas impera nos estádios, a média de comparecimento de público é  ridícula, a TV-Globo impõe horários absurdos, as escolinhas (ou, como preferem agora, academias) não revelam valores e o futebol brasileiro se tornou alvo de piadas.

As discussões, propostas, projetos e providências tem que começar na segunda-feira. Vou acompanhar, de longe.

Alguns leitores mais pessimistas acham que nada vai mudar e nosso futebol só vai afundar ainda mais.

Espero que estejam enganados.


Holanda bate Brasil e conquista terceiro lugar do Mundial 2014




A Holanda garantiu o terceiro lugar no Mundial 2014 ao bater o Brasil por 3-0. Os holandeses já ganhavam por 2-0 aos 20 minutos, tendo fixado o resultado final em cima do fim do jogo.

A Holanda garantiu, este sábado, o terceiro lugar do Mundial 2014, ao bater o Brasil por 3-0, em mais uma partida para esquecer da equipa da casa depois da goleada sofrida às mãos da Alemanha por 7-1 três dias antes.

Ainda antes do início do jogo com a Holanda, os adeptos brasileiros apuparam o seu selecionador quando o nome de Scolari ecoou no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, antes do pontapé de saída.

Apesar das seis alterações promovidas pelo selecionador do Brasil, a equipa orientada por Luiz Felipe Scolari viu-se perder logo aos três minutos quando Robie van Persie inaugurou o marcador na sequência de um penalty.

Thiago Silva, que tinha falhado o jogo com a Alemanha por ter estado suspenso, fez falta sobre Robben à entrada da grande área, mas o árbitro acabou por apontar para a marca dos 11 metros

O argelino Djamel Haimoudi admoestou o capitão brasileiro com o cartão amarelo, quando o vermelho parecia ter sido a decisão mais acertada, uma vez que Robben estava isolado face ao guarda-redes brasileiro.

Aos 17 minutos, a seleção orientada por Louis van Gaal marcou novo golo após um erro do central David Luiz que, na tentativa de colocar a bola longe da baliza brasileira, cabeceou para trás onde estava Blind, que rematou fora do alcance de Júlio César.

Perante uma Holanda que pôde fazer alinhar Sneijder, que se lesionou no aquecimento, os brasileiros tentaram pressionar o seu adversário, mas pouco mais conseguiram que um livre aos 37 minutos e um tiro de Ramires aos 60 minutos.

Quando já se jogavam os descontos da partida, Wijnaldum fixou o resultado final e confirmou o primeiro terceiro lugar dos holandeses em Mundial e o segundo quatro lugar dos brasileiros em campeonatos do mundo desde 1974.

A Holanda já tinha conquistado por três vezes o segundo lugar em campeonatos do mundo (1974, 1978 e 2010) e um quarto lugar em 1998, ao passo que o Brasil falhou pela terceira vez consecutiva um lugar entre os três primeiros.

A derrota por 3-0 perante a Holanda foi o segundo pior resultado de sempre dos brasileiros em Mundial, apenas melhor que a derrota das meias-finais diante da Alemanha por 7-1, em jogos em que a seleção canarinha sofreu uma dezena de golos.

Sob a arbitragem de Djamel Haimoudi, da Argélia, no Estádio Nacional de Brasília, com a assistência de 68034 espectadores, as equipas alinharam da seguinte forma:

Brasil: Júlio César, Maicon, Thiago Silva, David Luiz, Maxwell, Paulinho (Hernanes, 57), Luiz Gustavo (Fernandinho, 46), Ramires (Hulk, 73), Óscar, Willian e Jô.

Holanda: Cillessen (Vorm, 90+3), De Vrij, Vlaar, Martins Indi, Kuyt, Blind (Janmaat, 70), Wijnaldum, Clasie (Veltman, 90), De Guzman, Van Persie e Robben.

Ação disciplinar: cartão amarelo para Thiago Silva (2), Robben (9), De Guzman (36), Fernandinho (54) e Óscar (68). 

TSF - Foto Reuters/Ruben Sprich

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