José
Inácio Werneck* – Gazeta Esportiva, opinião
Bristol
(EUA) – O jogo foi uma comédia de erros, por parte do Brasil e do juiz
argelino. Os holandeses, que nada tinham a ver com isto, foram lá e cumpriram
seu papel, que era o de expor nossas falhas, independentemente da arbitragem.
Começamos
no ataque, mas o Brasil não tem plano de ataque, a não ser passes de 50 metros a esmo de David
Luiz, e cruzamentos esperançosos sobre a área. No Futebol Americano chamam isto
de “Hail Mary”. Salve Maria, salve-nos.
O
pênalti apitado contra Thiago Silva não foi pênalti, a falta foi fora da área,
mas o cartão amarelo que o juiz lhe deu estava errado. Tinha que ser o
vermelho.
No
segundo gol da Holanda, houve impedimento no início do lance, mas é
inconcebível que um zagueiro central, de frente para seu gol, cabeceie a bola
para trás, como David Luiz fez, sem saber quem estava às suas costas.
Daley
Blind estava lá, na marca do pênalti, livre, e chutou para o gol. Foi como uma
cobrança de um segundo pênalti.
No
segundo tempo, houve um pênalti em Oscar, mas, em vez de marcar o pênalti, o
juiz deu cartão amarelo ao nosso jogador.
Cabe
aqui porém uma palavra, porque Oscar exagerou na queda e isto provavelmente
teve o efeito oposto ao que ele pretendia: o juiz achou que ele estava se
jogando.
Foi
um pouco como aquele pênalti que Fred cavou contra a Croácia: tinha havido o
contato, o croata realmente o segurou, mas Fred se jogou espetacularmente ao
chão.
Nossos
jogadores já notaram uma característica interessante de Messi? Ele jamais cava
pênaltis ou faltas, procura continuar no lance, e deixa a marcação a critério
do juiz.
No
terceiro gol, a defesa estava aberta, mas uma vez mais ficou evidenciado
que Júlio César tem dificuldade em ir ao chão quando a bola é chutada à
sua esquerda. Ele foi atrasado e sofremos o terceiro gol.
Foi
uma campanha desastrosa, uma vergonha, mas uma coisa agora deve ser
absolutamente certa: nem Marco Polo Del Nero, com toda a sua insensibilidade,
será capaz de manter Luiz Felipe Scolari no cargo.
A
verdade é que Marco Polo Del Nero também merece ser varrido do cenário. Há
tempos venho dizendo que nossos cartolas são péssimos, incompetentes,
politiqueiros e, em diversos casos, corruptos.
Há
no Brasil o movimento do Bom Senso F.C. e, pelo que tenho lido na imprensa,
seus integrantes terão encontros em breve com autoridades do governo para uma
reformulação da estrutura de nosso futebol.
Não
sei quais são as propostas, que projetos existem, mas a verdade é que nossos
clubes estão falidos, os empresários são abutres que se nutrem de nossas
fraquezas, a violência de torcidas organizadas impera nos estádios, a média de
comparecimento de público é ridícula, a TV-Globo impõe horários absurdos,
as escolinhas (ou, como preferem agora, academias) não revelam valores e o
futebol brasileiro se tornou alvo de piadas.
As
discussões, propostas, projetos e providências tem que começar na
segunda-feira. Vou acompanhar, de longe.
Alguns
leitores mais pessimistas acham que nada vai mudar e nosso futebol só vai
afundar ainda mais.
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