domingo, 29 de março de 2015

Portugal. JERÓNIMO DE SOUSA: “O DINHEIRO É UM BEM PÚBLICO” - na TSF




O Secretário-geral do PCP, em entrevista à TSF, faz o balanço da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e do GES, e afirma que o PCP tem razão ao defender, desde sempre, a nacionalização da banca.

40 anos depois da promulgação do Decreto-lei 132-A/75 de 14 de março, que decretou a nacionalização da banca portuguesa, o PCP olha para os últimos quatro meses de trabalhos na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e do GES, e conclui que, afinal, sempre teve razão.

Em entrevista à TSF, Jerónimo de Sousa afirma que «a primeira conclusão que devemos tirar é que não existem condições para repetir esta situação, em segundo lugar, fica demonstrado que a supervisão e a regulação do sistema financeiro não conseguem impedir estas situações de escândalos sucessivos, de compadrio e de corrupção».

Questionado sobre se o PCP vai apresentar propostas de alteração às regras da supervisão e regulação da banca, Jerónimo de Sousa resguarda-se numa antiga proposta comunista, afirmando que «mais do que uma proposta de revisão da supervisão ou da regulação, aquilo que a vida demonstra é a razão de uma outra proposta do PCP: a necessidade de controlo público da banca.» O líder comunista conclui o argumento dizendo que «o dinheiro é um bem público».

O PCP está, a esta altura, na fase final da preparação do programa para as legislativas de outubro, e Jerónimo de Sousa revela várias propostas na área da saúde. O secretário-geral comunista relembra que «há um milhão e 200 mil portugueses sem médico de família», e defende que um investimento de cerca de 20 a 30 milhões de euros na rede de cuidados de saúde primários, aliviaria a pressão sobre as urgências hospitalares, onde «cada visita de um utente custa 120 euros».

Ainda na área da saúde, o PCP defende a abolição das taxas moderadoras, e a reposição do transporte gratuito de doentes não urgentes. O custo destas duas medidas, ao que afirma Jerónimo de Sousa, é de cerca de 390 milhões de euros, «dinheiro que se poderia ir buscar aos custos da PPP, e à não transferência de 500 milhões de euros de subsistemas públicos de saúde para os privados, nomeadamente a ADSE».

A pouco mais de seis meses das eleições legislativas, Jerónimo de Sousa recusa qualquer responsabilidade do PCP no bloqueio do sistema politico à esquerda do PS. O secretário-geral comunista afirma que na última reunião com o PS, ficou claro que os socialistas não estão interessados em ruturas, concluindo que «se não estão interessados em ruturas, significa que vão prosseguir o mesmo caminho», e que «esse é que é o bloqueio».

Paulo Tavares - TSF

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