Pedro
Tadeu – Diário de Notícias, opinião
1.
Ouvi durante todo o dia uma série de banalidades condoídas sobre a tragédia no
Mediterrâneo, às portas de Itália, a somar pelo menos 700 mortos à lista quase
diária de imigrantes africanos que se afogaram a tentar entrar na Europa.
Palavras tristes, do fundo do coração. Despertaram em mim, porém, a necessidade
de retribuir com outras banalidades, temperadas pela autenticidade de um
sentimento também humano e genuíno: raiva.
Esta
emoção foi-me dada pelas palavras, à TSF, do, até há meses, presidente da Comissão
Europeia, Durão Barroso. Depois de expressar tristeza e solidariedade, belos
sentimentos, o português que liderou durante dez anos a Europa atirou toda a
responsabilidade pela incapacidade em salvar estas hordas de desesperados aos
países onde elas desembarcam à procura de ganhar uma vida, depois de desafiarem
a morte no mar.
"Quando
a agência europeia Frontex começou a trabalhar só tinha 60 pessoas. É menos do
que uma esquadra de polícia em Paris", queixou-se Durão para, a seguir,
concluir: "Como é que se pode responder aos problemas da imigração ilegal
e clandestina com esse número de pessoas?"
Isto
para mim diz o seguinte: "Não vamos falar das responsabilidades europeias
pelo que se passa na Síria ou na Líbia, ignoremos décadas de achas mandadas para
a fogueira no Médio Oriente ou inúmeros massacres em África acionados por mão
escondida do Ocidente. Ignoremos toda a história do pós-guerra e a que se
escreveu nos últimos anos. Não falemos do que fazemos cá dentro aos imigrantes.
O que é preciso é fortalecer o Frontex. É preciso é controlar as águas do mar e
devolvê-los à procedência, limpos, secos e com uma injeção contra a malária.
Temos muita pena, sinceramente, mas, se fizerem favor, como é costume, vão mas
é morrer longe."... Que raiva!
2.
São muito justas todas as homenagens ao malogrado jornalista Tolentino da
Nóbrega pelo trabalho corajoso que fez para o Público na Madeira jardinista. Há
até um abaixo-assinado a propô-lo para a Ordem da Liberdade... Certo.
Espanta-me é toda esta gente andar a disputar há semanas o Prémio Pulitzer da
elegia fúnebre sem dizer uma simples palavra de agradecimento aos vivos que
fizeram e fazem com que haja jornalismo decente na Madeira.
Ainda
houve, vá lá, quem lembrasse Lília Bernardes, durante 23 anos repórter, com
mérito, para o Diário de Notícias. Penso, sobretudo, nos jornalistas do Diário
de Notícias da Madeira, vencedores de dificuldades ainda maiores que as dos
correspondentes do continente, liderados por Ricardo Oliveira na missão
quotidiana de dignificarem a sua profissão... Também eles estão longe de nós,
não é?
1 comentário:
Este asno deve ir morrer atrás do sol posto. Ainda não esqueci este ex-primeiro ministro, que tem comprado os lugares de prestigio que ocupou e para tal houve Iraque. Não me merece respeito
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