Verdade
(mz) - Editorial
Apesar
de todo o “passatempo” a que se assiste em sede do diálogo político entre o
Governo e a Renamo, pensávamos que o último conflito armado tinha deixado boas
lições de moral, conduta social e política. Ainda tínhamos esperança de que,
como moçambicanos fraternos, podíamos chegar a um meio-termo em relação à
manifesta ganância pelo poder por parte do regime e da oposição. Enganámo-nos!
Que
só o diálogo consiga transformar Moçambique num Estado de paz credível, aos
olhos daqueles que acreditam na democracia e apetecível para nos movimentarmos
sem receios, parece cada vez mais uma utopia.
O
pior de tudo isso é vivermos com os corações nas mãos, debaixo de um fogo
cruzado e aptos para acharmos algum esconderijo, porque o belicismo que reina
entre o Governo e Renamo nos empurra com tal força para a incerteza. O
progresso alcançado há 40 anos tende a estar por um fio, e já esteve no
passado, por um só motivo: o poder! Tudo o que se diz em torno de o resto não
passa de um embuste.
Num
país infestado de ladrões, assassinos, abutres viciados pelo no erário e
corruptos de toda a estirpe, que vão de agentes da Polícia, incluindo da
Investigação Criminal que saqueiam armas dos seus postos de trabalhos e
vendem-nos a marginais, a caçadores furtivos que com uma certa impunidade
despovoam as reservas sem quese ponha a mão sobre os cabecilhas desses actos, a
nossa luta conjunta devia ser o combate a tudo isso. Porém, estamos
completamente distraídos e a nossa vida tem sido uma rotina já incómoda.
Acordemos antes que esta sociedade se torne definitivamente decadente!
O
Presidente Filipe Nyusi, que até aqui está a divulgar o seu programa de
governação por onde passa, já começa a não ter nada para dizer e, tarde ou
cedo, irá provar o contrário do que prometeu... Foi assim com os seus
antecessores.
Afonso
Dhlakama, que alega bater-se pela democracia e ensaia uma série de ameaças
nunca irá mudar a ponto de ser uma pessoa séria e diferente daquela que todos
conhecemos. Um líder que hoje diz uma coisa e amanhã outra não podia merecer a
confiança de quem quer que seja nem dos seus sequazes, mormente quanto faz uma
apologia à guerra e esquece que tais declarações constrangem aqueles que nos
dois últimos conflitos perderam parentes. Quem assume um compromisso com a paz
devia comportar-se como tal. Porém, do líder da Renamo o que se vê e ouve são
mudanças súbitas de opinião e discurso!
E
chegámos a ponto de perceber que a política da oposição é, por vezes, de
barriga, procura sempre meio para arrancar o rebuçado a quem (Frelimo) já o tem
na boca. E o que se diz em política é pura retórica para manter os moçambicanos
distraídos e concentrados em assuntos marginais.
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