O
novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Baciro Djá, e o líder do Governo
demitido, Domingos Simões Pereira, estão frente-a-frente na mesma sala na
reunião do Bureau Político (órgão dirigente) do PAIGC, que decorre esta
sexta-feira, na capital.
Ambos
são dirigentes do partido, Simões Pereira como presidente e Baciro Djá como
terceiro vice-presidente, mas estão de costas voltadas desde junho.
A
reunião destina-se a analisar a nomeação pelo Presidente da República de Baciro
Djá como primeiro-ministro, contra a indicação do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que na qualidade de partido
vencedor das eleições de 2014, recomendou ao chefe de Estado a recondução de
Simões Pereira.
O
PAIGC anunciou na quinta-feira ter sido surpreendido pela escolha de Baciro Djá
e classificou a decisão de inconstitucional, acusando o Presidente, José Mário
Vaz, de fazer um "golpe palaciano".
O
partido comunicou há cerca de duas semanas a suspensão de Baciro Djá,
justificada, entre outras razões, por alegadas interferências no relacionamento
entre o primeiro-ministro e o Presidente.
Ainda
assim, Baciro Djá decidiu comparecer na reunião de hoje do Bureau Político,
referindo que a punição anunciada pelo PAIGC foi suspensa por um tribunal.
Em
causa, um despacho da Vara Cível do Tribunal Regional de Bissau datado de
quinta-feira que julga "totalmente procedente" uma providência
cautelar interposta.
Em
consequência, o tribunal anunciou ter decidido "suspender a deliberação do
Conselho Nacional de Jurisdição" do PAIGC.
O
Presidente da República demitiu no dia 12 o Governo de Simões Pereira, apesar
dos apelos generalizados dentro e fora do país para que não o fizesse.
O
Executivo estava em funções há um ano, depois de o PAIGC vencer as eleições com
maioria absoluta e de ter recebido duas moções de confiança aprovadas por
unanimidade no Parlamento - para além de ter o apoio da comunidade
internacional.
Depois
da demissão e nos termos da Constituição, Vaz pediu ao PAIGC na qualidade de
partido vencedor das últimas eleições que indicasse um nome para
primeiro-ministro.
Aquela
força política voltou na segunda-feira a propor Simões Pereira, mas o
Presidente nomeou e deu posse na quinta-feira a Baciro Djá, alegando ser
vice-presidente do partido mais votado e um profundo conhecedor das promessas
eleitorais, uma vez que foi diretor da campanha eleitoral do partido em 2014.
Diversas
organizações da sociedade civil anunciaram na quinta-feira que vão intentar uma
ação judicial visando a destituição do presidente do país, José Mário Vaz, que
acusam de ter levado a cabo um "golpe de Estado institucional".
A
Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP, o parlamento
guineense) condenou hoje a decisão do Presidente e anunciou que vai convocar os
deputados para um debate de emergência sobre a situação política.
Lusa
em Notícias ao Minuto
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