terça-feira, 20 de outubro de 2015

CABO VERDE CONSEGUE APENAS 14% DO VALOR PARA RECONSTRUIR ILHA DO FOGO



Cabo Verde conseguiu mobilizar até agora apenas 14,4% dos cerca de 34,7 milhões de dólares necessários para a reconstrução da ilha do Fogo, afetada pela erupção vulcânica, indicou um estudo apresentado na cidade da Praia.

Segundo o documento de Avaliação das Necessidades Pós-desastre (PDNA) de Chã das Caldeiras, localidade mais afetada pela erupção vulcânica de 23 de novembro de 2014 a 08 de fevereiro deste ano, a catástrofe causou prejuízos estimados em 28 milhões de dólares (21 milhões de euros).

O plano, que avaliou os efeitos do desastre nos setores social, produtivo, infraestruturas e questões transversais, como ambiente, redução de riscos, género e governação, concluiu que nos próximos dois vão ser precisos 34,7 milhões de dólares anos para a reedificação da ilha.

Entretanto, o Governo cabo-verdiano, através de um fundo que funciona na dependência do Ministério das Finanças, já conseguiu mobilizar apenas cinco milhões de dólares junto de parceiros nacionais e internacionais, apenas 14,4% do valor necessário.

O PDNA, realizado pelo Governo de Cabo Verde e com o apoio do Sistema das Nações Unidas no país, União Europeia e Banco Mundial, indicou, entre outros dados, que a erupção teve mais impacto no setor privado e que afetou apenas 0,42% do capital do país.

Em declarações aos jornalistas após a apresentação do documento aos parceiros internacionais, o ministro das Relações Exteriores de Cabo Verde, Jorge Tolentino, reconheceu que os valores precisos para reconstruir o Fogo são "expressivos", o que coloca "um grande desafio" em termos diplomáticos ao Executivo para mobilizar mais recursos.

O Orçamento do Estado cabo-verdiano para este ano contempla uma subida da taxa do IVA de 15% para 15,5%, com objetivo de arrecadar verbas para reconstruir a ilha do Fogo, mas Jorge Tolentino admitiu a possibilidade de alargar a medida por mais tempo devido às necessidades da também conhecida como "Ilha do Vulcão".

"O alargamento do regime de aplicação do IVA é uma das hipóteses, mas tem que ser discutido no quadro do próximo Orçamento do Estado", admitiu o governante.

Por sua vez, a coordenadora do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ulrika Richardson-Golinski, destacou a importância do plano de avaliação pós-desastre, entendendo que vai servir de base e ponto de referência para a tomada de decisões sobre os investimentos na ilha do Fogo.

A responsável garantiu que a comunidade internacional vai continuar a ser parceiro de Cabo Verde, entendendo que agora se deve construir muito melhor do que havia antes, recuperando setores como agricultura, habitação, energias renováveis, comércio, turismo.

O presidente do Gabinete de Reconstrução do Fogo, António Nascimento, disse que a vida já está a normalizar-se em Chã das Caldeiras, localidade onde fica situada as povoações de Portela e Bangaeira, as mais devastadas pela erupção.

O responsável salientou ainda que estão em reconstrução 110 casas resultantes da erupção vulcânica de 1995 e que serão precisos cerca de 3,6 milhões de dólares para construir 167 habitações em Achada Furna, a localidade definida para a construção do novo assentamento para as cerca de 1.500 pessoas das duas localidades afetadas pelo desastre.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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