quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Portugal. PCP diz a Cavaco que indigitar Passos "será uma perda de tempo" – Jerónimo de Sousa



Jerónimo de Sousa disse, esta quarta-feira, a Cavaco Silva, que "há uma nova realidade" parlamentar, "há uma outra solução governativa" além da coligação PSD/CDS-PP e, por isso, indigitar Passos Coelho como primeiro-ministro "será uma perda de tempo".

Depois de receber em audiência o PSD, PS, BE e CDS-PP na terça-feira á tarde, esta manhã o Presidente da República está a receber, em Belém, os restantes partidos com representação parlamentar, nomeadamente o PCP, Os Verdes e o PAN.

À saída do encontro com Cavaco Silva, o secretário-geral do PCP revelou o que transmitiu ao chefe de Estado. Jerónimo de Sousa frisou que "há uma nova realidade" resultante dos resultados das eleições legislativas de 4 de outubro, uma vez que "a maioria PSD/CDS-PP foi derrotada ficando em maioria". Por outro lado, "há uma outra solução de governativa de iniciativa do PS", apontou.

"PSD e CDS não têm condições para que Passos Coelho possa ser indigitado primeiro-ministro", isso "será uma perda de tempo", defendeu o líder do PCP, avisando que os comunistas apresentarão no parlamento uma moção de rejeição ao governo caso o chefe de Estado decida indigitar o líder social-democrata.

Jornal de Notícias – foto Miguel A. Lopes / Lusa

Viabilizar Orçamento do PS? "É difícil responder sem o ter na mão"

O PEV foi o segundo partido a reunir com o Presidente da República.

À saída da reunião de hoje com Cavaco Siva a porta-voz do Partido Ecologista Os Verdes (PEV), Manuela Cunha, disse ter “expressaram o seu ‘não’ a um Governo PSD/CDS”.

“Existe hoje uma nova maioria paramentar”, potenciada pelos portugueses nas eleições legislativas de 4 de outubro, e como parte dessa maioria os Verdes “Aprovaríam todas as moções de rejeição a um governo ou programa de governo destas forças políticas” - PSD e CDU.

“Os verdes consideram que o partido socialista tem condições para formar Governo, para tomar passe em funções e para promover politicas que permitam uma governação sustentável”, disse a porta-voz do PEV.

Repetindo as palavras de Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, Manuela Cunha disse que uma indigitação do primeiro-ministro Passos Coelho seria uma perda de tempo” e irá "arrastar os problemas do portugueses inutilmente".

Admitindo que “as conversações com o partido Socialista continuam”, a porta-voz não se quis pronunciar sobre uma eventual aprovação do Orçamento de Estado do PS.

“Estamos disponíveis para enfrentar e avaliar um Orçamento e Estado com toda a responsabilidade no quadro agora assumido”, disse, sem assumir uma postura no sentido de aprovar ou rejeitar o documento.

Questionada novamente sobre o assunto, Manuela Cunha disse apenas: “é muito difícil responder antes de ter o Orçamento na mão”.

Depois do encontro com o PCP e PEV esta manhã, Cavaco Silva recebe ainda hoje o PAN para discutir a nomeação do primeiro-ministro.


Notícias ao Minuto

PAN defende "estabilidade parlamentar de quatro anos"

O PAN defendeu hoje a necessidade de um Governo com "estabilidade parlamentar de quatro anos", mas remeteu para o Presidente da República a responsabilidade de escolher a solução mas estável.

"Para o PAN [Pessoas Animais e Natureza] é fundamental que se consiga um Governo com estabilidade parlamentar de quatro anos", afirmou André Silva, em declarações aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, no Palácio de Belém.

Sublinhando que o PAN não exclui nenhuma alternativa e está disponível para dialogar com todas as forças políticas, André Silva disse que o seu partido não está na posse de todas as informações e "supostos acordos" e por isso o Presidente da República deverá indigitar aquele que "ofereça melhores condições de estabilidade para os próximos quatro anos".

André Silva recordou ainda que o PAN não fez parte das negociações entre os partidos e, por isso, não tem condições para se pronunciar sobre a solução mais estável.

O PAN foi o último partido que o Presidente da República ouviu, concluindo assim as audiências iniciadas na terça-feira aos sete partidos com assento parlamentar sobre a nomeação do primeiro-ministro.

Esta manhã, o chefe de Estado começou por receber o PCP. À saída da audiência, o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, considerou que a indigitação de Passos Coelho será "uma perda de tempo" e sublinhou que existe uma maioria de deputados que permite uma outra solução, "tanto mais duradoura conforme defender os interesses nacionais".

Antes do PAN, o Presidente da República ouviu também o partido ecologista Os Verdes, que defendeu que o PS tem condições para promover "uma governação sustentável". A dirigente do partido Manuela Cunha admitiu, contudo, que Os Verdes estão ainda em conversações com os socialistas.

Na terça-feira, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, foi o primeiro a ser recebido por Cavaco Silva e, no final do encontro, disse aos jornalistas ter a expectativa de que venha a ser nomeado um Governo que tenha na sua base política os partidos da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP), sublinhando que "é indispensável que haja celeridade na forma como o processo se vai desenrolar".

Mais tarde, o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, corroborou os sociais-democratas, considerando "evidente" que o passo seguinte no processo de formação do Governo seja a indigitação de Passos Coelho. Paulo Portas deixou ainda críticas ao secretário-geral do PS, lamentando que para António Costa o voto do povo seja "um detalhe".

Contrapondo PSD e CDS-PP, o líder do PS, António Costa, considerou que estão criadas condições para que os socialistas possam formar um Governo com apoio maioritário na Assembleia da República e que assegure condições de estabilidade.

Na mesma linha, a porta-voz do BE, Catarina Martins, assegurou que estavam criadas condições para "uma alternativa estável na Assembleia da República" sem PSD ou CDS-PP no Governo e garantiu que as divergências com o PS foram ultrapassadas.

A Constituição da República prevê que o primeiro-ministro é "nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".

Nas eleições de 04 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) perdeu a maioria absoluta e obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP). O PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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