Jerónimo
de Sousa disse, esta quarta-feira, a Cavaco Silva, que "há uma nova
realidade" parlamentar, "há uma outra solução governativa" além
da coligação PSD/CDS-PP e, por isso, indigitar Passos Coelho como
primeiro-ministro "será uma perda de tempo".
Depois
de receber em audiência o PSD, PS, BE e CDS-PP na terça-feira á tarde, esta
manhã o Presidente da República está a receber, em Belém, os restantes partidos
com representação parlamentar, nomeadamente o PCP, Os Verdes e o PAN.
À
saída do encontro com Cavaco Silva, o secretário-geral do PCP revelou o que
transmitiu ao chefe de Estado. Jerónimo de Sousa frisou que "há uma nova
realidade" resultante dos resultados das eleições legislativas de 4 de
outubro, uma vez que "a maioria PSD/CDS-PP foi derrotada ficando em
maioria". Por outro lado, "há uma outra solução de governativa de
iniciativa do PS", apontou.
"PSD
e CDS não têm condições para que Passos Coelho possa ser indigitado
primeiro-ministro", isso "será uma perda de tempo", defendeu o
líder do PCP, avisando que os comunistas apresentarão no parlamento uma moção
de rejeição ao governo caso o chefe de Estado decida indigitar o líder
social-democrata.
Jornal
de Notícias – foto Miguel A. Lopes / Lusa
Viabilizar
Orçamento do PS? "É difícil responder sem o ter na mão"
O
PEV foi o segundo partido a reunir com o Presidente da República.
À
saída da reunião de hoje com Cavaco Siva a porta-voz do Partido Ecologista Os
Verdes (PEV), Manuela Cunha, disse ter “expressaram o seu ‘não’ a um Governo
PSD/CDS”.
“Existe
hoje uma nova maioria paramentar”, potenciada pelos portugueses nas eleições
legislativas de 4 de outubro, e como parte dessa maioria os Verdes “Aprovaríam
todas as moções de rejeição a um governo ou programa de governo destas forças
políticas” - PSD e CDU.
“Os
verdes consideram que o partido socialista tem condições para formar Governo,
para tomar passe em funções e para promover politicas que permitam uma
governação sustentável”, disse a porta-voz do PEV.
Repetindo
as palavras de Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, Manuela Cunha disse que
uma indigitação do primeiro-ministro Passos Coelho seria uma perda de tempo”
e irá "arrastar os problemas do portugueses inutilmente".
Admitindo
que “as conversações com o partido Socialista continuam”, a porta-voz não se
quis pronunciar sobre uma eventual aprovação do Orçamento de Estado do PS.
“Estamos
disponíveis para enfrentar e avaliar um Orçamento e Estado com toda a
responsabilidade no quadro agora assumido”, disse, sem assumir uma postura no
sentido de aprovar ou rejeitar o documento.
Questionada
novamente sobre o assunto, Manuela Cunha disse apenas: “é muito difícil
responder antes de ter o Orçamento na mão”.
Depois
do encontro com o PCP e PEV esta manhã, Cavaco Silva recebe ainda hoje o PAN
para discutir a nomeação do primeiro-ministro.
Notícias
ao Minuto
PAN
defende "estabilidade parlamentar de quatro anos"
O
PAN defendeu hoje a necessidade de um Governo com "estabilidade
parlamentar de quatro anos", mas remeteu para o Presidente da República a
responsabilidade de escolher a solução mas estável.
"Para
o PAN [Pessoas Animais e Natureza] é fundamental que se consiga um Governo com
estabilidade parlamentar de quatro anos", afirmou André Silva, em
declarações aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da
República, Aníbal Cavaco Silva, no Palácio de Belém.
Sublinhando
que o PAN não exclui nenhuma alternativa e está disponível para dialogar com
todas as forças políticas, André Silva disse que o seu partido não está na
posse de todas as informações e "supostos acordos" e por isso o
Presidente da República deverá indigitar aquele que "ofereça melhores
condições de estabilidade para os próximos quatro anos".
André
Silva recordou ainda que o PAN não fez parte das negociações entre os partidos
e, por isso, não tem condições para se pronunciar sobre a solução mais estável.
O
PAN foi o último partido que o Presidente da República ouviu, concluindo assim
as audiências iniciadas na terça-feira aos sete partidos com assento
parlamentar sobre a nomeação do primeiro-ministro.
Esta
manhã, o chefe de Estado começou por receber o PCP. À saída da audiência, o
secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, considerou que a indigitação de
Passos Coelho será "uma perda de tempo" e sublinhou que existe uma
maioria de deputados que permite uma outra solução, "tanto mais duradoura
conforme defender os interesses nacionais".
Antes
do PAN, o Presidente da República ouviu também o partido ecologista Os Verdes,
que defendeu que o PS tem condições para promover "uma governação
sustentável". A dirigente do partido Manuela Cunha admitiu, contudo, que
Os Verdes estão ainda em conversações com os socialistas.
Na
terça-feira, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, foi o primeiro a ser recebido
por Cavaco Silva e, no final do encontro, disse aos jornalistas ter a
expectativa de que venha a ser nomeado um Governo que tenha na sua base
política os partidos da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP), sublinhando
que "é indispensável que haja celeridade na forma como o processo se vai
desenrolar".
Mais
tarde, o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, corroborou os sociais-democratas,
considerando "evidente" que o passo seguinte no processo de formação do
Governo seja a indigitação de Passos Coelho. Paulo Portas deixou ainda críticas
ao secretário-geral do PS, lamentando que para António Costa o voto do povo
seja "um detalhe".
Contrapondo
PSD e CDS-PP, o líder do PS, António Costa, considerou que estão criadas
condições para que os socialistas possam formar um Governo com apoio
maioritário na Assembleia da República e que assegure condições de
estabilidade.
Na
mesma linha, a porta-voz do BE, Catarina Martins, assegurou que estavam criadas
condições para "uma alternativa estável na Assembleia da República"
sem PSD ou CDS-PP no Governo e garantiu que as divergências com o PS foram
ultrapassadas.
A
Constituição da República prevê que o primeiro-ministro é "nomeado pelo
Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da
República e tendo em conta os resultados eleitorais".
Nas
eleições de 04 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) perdeu a
maioria absoluta e obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP). O PS elegeu
86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um
deputado.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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