quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

AS MENSAGENS HISTÓRICAS DE CUBA



 Martinho Júnior, Luanda

1 – Com a dignidade, o fervor e o patriotismo de sempre o povo cubano festejou o 120º aniversário do início da terceira campanha de luta contra o colonialismo espanhol (24 de fevereiro de 1895).

Já naquela altura os patriotas cubanos não se iludiam quer em relação à colonização espanhola, quer em relação aos apetites do seu já então poderoso vizinho do norte, os Estados Unidos da América!

Um dos seus mais clarividentes Generais dessa terceira campanha de Luta de Libertação, Antonio Maceo, avisava, conforme carta de 14 de julho de 1896, endereçada ao Coronel Francisco Perez Carbo: …“tampoco espero nada de los americanos, todo devemos fiarlo a nuestro esfuerzo: mejor es subir o caer sin su ayuda, que contraer deudas de gratitud com un veciño tan poderoso”!...
  
2 – As históricas lições de há 120 anos permanecem válidas até hoje, num momento de legítima exaltação patriótica em Cuba e num momento em que a unidade nacional se assume em toda a sua plenitude, ao se tornar numa capacidade energética e de resistência colectiva exemplar, que agora, perante os desafios correntes e os que se avizinham, é mais decisiva que nunca.

O Povo Cubano e a sua Revolução, outorgaram por isso, precisamente hoje, o Título de Herói da República de Cuba e a Ordem Praia Girón, aos cinco heróicos combatentes anti-terroristas, (Gerardo Hernández Nordelo, Ramón Labañino Salazar, Antonio Guerrero Rodríguez,  Fernando González Llort e René Gonzalez Sehwerert), regressados finalmente livres à sua pátria!

Num momento em que se vão desenvolver as conversações já iniciadas com os Estados Unidos, Cuba honra sua história, seus heróis e seus mártires, como uma só e exemplarmente.

O Povo Cubano e a sua Revolução, têm sido alvo de todo o tipo de factores de desestabilização, de ingerência e de manipulação, de todo o tipo de “experiências de laboratório” que visam subverter os mais profundos anseios de liberdade, de independência e de soberania, visando a sua subjugação, como aliás há 120 anos!

Resistiram a tudo e com a resistência socialista, demonstram sua superioridade ética e moral, a sua enorme dignidade e o seu exemplo de clarividência, inteligência, indómita vontade, solidariedade, internacionalismo e um amor rigoroso capaz de ser sujeito a todo o tipo de provas!
  
3 – A embaixada de Cuba em Angola, tendo a companheira Embaixadora Gizela Garcia Rivera como anfitriã, sinalizou o momento em estreita comunhão com muitas personalidades convidadas, desde a embaixadora da Venezuela em Angola, até muitos cubanos e angolanos que se destacaram na gesta da longa Luta de Libertação em África contra o colonialismo, o “apartheid”, assim como na Luta em relação a muitas sequelas que advêm do passado, entre elas o subdesenvolvimento crónico de que ainda hoje enfermam os Povos Africanos e o próprio Povo Angolano!

Em Luanda viveu-se a exaltação patriótica exemplar de Cuba e teve-se a oportunidade de melhor entender as mensagens de liberdade que emergem de Cuba de há mais de 150 anos a esta parte e das profundas razões que unem Cuba a África e a Angola!  

Foto de Martinho Júnior: momento da leitura duma mensagem evocativa que sintetizou o 120º aniversário do início da terceira campanha de Luta de Libertação Nacional em Cuba e o exemplo dos cinco heróicos combatentes anti-terroristas cubanos, recentemente regressados, finalmente livres, à sua pátria.

Portugal. VÍTIMAS DO CRIME JÁ PROVADO NO CASO SÓCRATES



Pedro Tadeu – Diário de Notícias, opinião

Sócrates está preso preventivamente há três meses. É uma felicidade para o país ver desativado da vida política alguém que gere as suas finanças pessoais da forma como ele próprio descreve: a admissão dos seus empréstimos para cobrir despesas, legítimas mas obviamente imprudentes, são o pior sinal que um político pode dar sobre o seu comportamento na gestão dos dinheiros públicos.

O antigo primeiro-ministro é um criminoso? Não sei. Das acusações de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção que justificaram a detenção percebemos, no meio da confusão noticiosa, que estarão em causa quantias entre 600 mil e 23 milhões de euros, o que só por si é um mundo de diferença. Terei, como todos nós, de esperar para ver se realmente houve atividade criminosa (e de que tipo), negócios legítimos ou, tão-só, uma ridícula e triste mania das grandezas.

Não há é dúvidas sobre a existência, repetida, do crime de violação de segredo de justiça cometido por gente ligada à investigação.

Esse crime fere naturalmente a reputação dos primeiros arguidos: Sócrates, Carlos Santos Silva, João Perna e Gonçalo Trindade Ferreira.

Gestores e trabalhadores de empresas supostamente corruptoras têm igualmente o carimbo público da suspeita: o Grupo Lena, a Octapharma, a Dynamicspharma e o seu dirigente, Lalanda de Castro.

Cinco mulheres relacionadas com o preso 44 (Sofia Fava, a mãe dos filhos de Sócrates; uma suposta condessa de nome Alexandra; uma antiga secretária de Guterres e outras duas pessoas cujos nomes, inevitavelmente, aparecerão) foram também entregues ao coliseu da opinião pública.

A lista de gente conspurcada pelo caso atinge ex-governantes do PS, deputados, jornalistas, gestores e advogados. Mais, muitos mais irão juntar-se à já longa fila.

No fim, daqui a seis ou sete anos, talvez sejam condenadas (se forem) cinco ou seis pessoas de toda esta multidão entregue ao tribunal popular. A maior parte delas, sob indiferença generalizada, será gravemente penalizada por isso, terá problemas nas suas empresas, no seu emprego, nas suas relações pessoais - mesmo sem terem nada a ver com o assunto.

Culpo os jornais por isso? Não. Se me entregassem tais informações teria de as publicar. Culpo a existência do segredo de justiça, pois, como todos os sigilos, dá armas a quem tem informação secreta para manipular a sociedade. A investigação criminal em Portugal fá-lo, desde sempre, sem consequências.

O bem que o segredo de justiça tenta proteger tem, há décadas, como se prova diariamente pela simples leitura da imprensa, um valor muito inferior ao mal que a sua existência provoca. Acabe-se com ele, de vez e a sério.

PORTUGAL EM “DESEQUILIBRIO EXCESSIVO” SERÁ ALVO DE “REVISÕES REGULARES”



João Francisco Guerreiro, Bruxelas – Diário de Notícias

Comissão Europeia concluiu que Portugal apresenta "desequilíbrios excessivos", nomeadamente devido aos "níveis elevados de dívida". O país será alvo de "revisões regulares".

"Em Portugal, apesar do progresso considerável durante a implementação do programa de assistência financeira, continuam a haver riscos importantes ligados aos elevados níveis da dívida, quer internamente como externamente", afirmou o comissário dos assuntos económicos e financeiros.

Pierre Moscovici, que falava numa conferência de imprensa convocada com "urgência", após a decisão do colégio de comissários, apontou ainda o "elevado desemprego" como outra das razões pelas quais Portugal é agora colocado sobre "monitorização específica", inserido numa lista com outros Estados-membros, que também apresentam "desequilíbrios excessivos" nas suas economias.

"Concluímos que cinco países, França, Itália, Croácia, Bulgária e Portugal, apresentam desequilíbrios excessivos, requerendo ação política decidida e monitorização específica", disse o comissário.

Pierre Moscovici disse especificou que a monitorização será feita com base em "revisões regulares do progresso, destes Estados-membros".

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ELOGIO À COMPAIXÃO DA ALEMANHA



Ferreira Fernandes – Diário de Notícias, opinião

Maria Luís Albuquerque foi à Alemanha fotografar-se com Wolfgang Schäuble. A portuguesa não foi ao beija-mão. Foi pior do que isso, o alemão é que achou que devia dar uma mão à sua fiel Albuquerque. Escrevi fiel, não leal. Lealdade é sentimento entre iguais. No final da reunião do Eurogrupo, que abriu uma porta, o grego Varoufakis disse o que se ia fazer: "Acordamos (...) uma nova lista de reformas que vamos abordar de um modo escolhido por nós em colaboração com os nossos parceiros. Não iremos continuar a seguir o guião que nos foi dado por agências exteriores." Isto é, o grego disse: estamos em crise, mas não deixamos de ser um país independente. Isto é, não aceitou ser o "protetorado" que o governo português disse com todas as letras ser. Sobre os que governaram assim, Varoufakis disse: "Eles nunca imaginaram a possibilidade de dizer não. Quando não se consegue imaginar a possibilidade de dizer não, não se está a negociar. E quando não se está a negociar numa situação como a da crise da zona euro, acaba-se a aceitar um acordo em que no fim (...), além de mau para os fracos, é mau para os fortes." A Alemanha reconheceu isso e vai mudar. Por isso é que piedosamente deu uma mão aos seus fiéis. Quando os lusitanos Audas, Ditalco e Minuro, comprados pelo general romano Cipião, mataram Viriato, foram pedir a paga. Foram mortos e expostos com um cartaz: "Roma não paga a traidores." Sorte a do governo português. Berlim paga.

SONANGOL FECHA (PARA JÁ) TORNEIRA A INVESTIMENTOS NA BANCA PORTUGUESA




O presidente do Conselho de Administração da Sonangol afirmou hoje que a petrolífera angolana não pretende aumentar o nível de investimento na banca portuguesa, onde é accionista do banco Millennium BCP.

A posição foi assumida durante a apresentação, em Luanda, em conferência de imprensa, dos resultados de 2014 da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), que se traduzem numa quebra de 77% (ver notícia aqui no F8) nas receitas, para 710,3 milhões de dólares (626 milhões de euros).

“Neste momento, a Sonangol não tem intenção de aumentar a sua exposição na banca portuguesa”, afirmou Francisco de Lemos José Maria.

O administrador do maior grupo empresarial de Angola, estatal, disse ainda que estão a ser analisadas as consequências das novas regras do Banco Central Europeu (BCE), que obrigam ao aumento de provisões nos bancos com exposição a Angola, como é o caso do Millennium BCP, participado a 19,44% pela Sonangol (à data de 30 de Junho de 2014).

“A melhor notícia em relação a essas provisões é que a presença do Millennium BCP em Angola, através do banco Millennium Angola, não é tão significativa que venha a provocar intervenções de grande dimensão. Por isso, vamos aguardar pela conclusão das avaliações para depois analisarmos as exposições”, afirmou Francisco de Lemos José Maria.

Em Junho de 2012, a Sonangol anunciou que avançava na sua participação no capital social no banco português até aos 20%, no âmbito do aumento de capital então encetado.

Folha 8 Diário (ao)

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Angola. O DESAFIO DA QUALIDADE



Jornal de Angola, editorial

Foi aberto segunda-feira o ano académico com uma intervenção do Vice-Presidente da República, Manuel Vicente,que defendeu a necessidade do Ensino Superior se constituir em factor de desenvolvimento político, económico, social e cultural de Angola.

A presença do Vice-Presidente da República no acto de abertura do ano académico atesta a importância que o Executivo atribui a este subsistema, no qual é preciso ainda realizar reformas significativas para estar alinhado com as grandes tarefas de construção de um país com quadros dotados de elevados níveis de conhecimento.

A qualidade do Ensino Superior é assunto muito debatido no nosso país e voltou a ser abordado pelo Vice-Presidente da República, para quem a reforma em curso deve ganhar novo ímpeto, na perspectiva de uma melhor formação, gestão e organização.

A questão da qualidade do ensino já tinha merecido a atenção do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, na Mensagem sobre o Estado da Nação, proferida em Outubro de 2014, quando apelou para uma “revolução qualitativa” no sector da Educação, depois da “revolução quantitativa” que se traduziu no aumento considerável do número de estudantes no Ensino Médio e Superior de Angola.

Importa recordar as simples mas pertinentes palavras proferidas então pelo Presidente da República: “Precisamos  de mais e melhores professores, de melhorar os métodos de ensino e de avaliação nos cursos de Ensino Médio e Profissional, em particular, e no Ensino Superior, de modo a não formarmos jovens que não consigam emprego por falta de competências ou que acabem por aceitar o sub-emprego”.

A revolução qualitativa exige da parte dos que têm de executar as grandes reformas no Ensino Superior muito rigor, firmeza e persistência, na medida em que se trata de tarefas que levam muitos anos, dada a sua complexidade e extensão.

Mas o que é importante é trabalhar para que as coisas mudem para melhor. Não devemos perder de vista que a Educação é a chave das transformações económicas e sociais. Como afirmou  em Agosto do ano passado um prestigiado economista angolano, “no mundo modernoo factor produtivo mais importante já não é nem a terra nem os equipamentos nem mesmo o capital financeiro. O factor produtivo mais importante são as ideias e o conhecimento”.

Já se sabe que para podermos ter quadros competentes é necessário que os órgãos reitores e as instituições de Ensino Superior, públicas e privadas, estejam abertas àtransformação e que sejam elas próprias a realizá-la no sentido de se prestar um bom serviço a todos os que procuram o conhecimento.

As instituições de Ensino Superior devem estar disponíveis para reformas profundas, a fim de serem superadas as insuficiências que se repercutem negativamente no desempenho dos quadros formados. Uma das preocupações das instituições de Ensino Superior deve ser a preparação cuidada e rigorosa dos estudantes, já que as universidades e escolas superiores são instituições que têm de a obrigação de formar pessoas para resolverem os problemas da sociedade.

As direcções das instituições de Ensino Superior têm de passar a olhar mais para a qualidade dos quadros que formam.Se o mercado de trabalho se torna mais exigente, é indispensável que as universidades e escolas superiores tenham programas curriculares ajustados a essa realidade. Os quadros que delas saem não podem sentir-se impotentes perante os múltiplos e complexos problemas que têm de resolver.

Vale a pena registar o conselho dado pelo Vice-Presidente da República na abertura do ano académico:  “é tempo de olhar para além do número de finalistas diplomados como único resultado das nossas instituições de Ensino Superior. É inadiável que nos planos de cada instituição esteja inscrita a produção de resultados relevantes nos domínios da organização e gestão, da formação, da investigação científica e da extensão universitária”.

A qualidade das instituições de Ensino Superior passa pela promoção do sucesso e do mérito. Deve haver o interesse em valorizar os estudantes e professores talentosos que se esforçam por atingira excelência. Valorizar o conhecimento e as competências das pessoas é uma forma de os incentivar a trabalhar cada vez mais em prol do desenvolvimento da nossa sociedade e da Humanidade.

LUANDA E BISSAU REATIVAM LAÇOS



Garrido Fragoso – Jornal de Angola

Os Governos de Angola e da Guiné-Bissau concordaram ontem, em Luanda, na necessidade de os dois Estados restabelecerem relações em vários domínios, interrompidas devido à crise política e militar que se instalou há anos naquele país.

Os ministros das Relações Exteriores de Angola e dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau chefiaram as delegações reunidas ontem, na sede da representação da diplomacia angolana. 

Georges Chikoti disse aos jornalistas após a reunião que as relações entre os dois Estados “estão a ser retomadas” e que a visita do ministro guineense dos Negócios Estrangeiros a Angola marca “nova fase da cooperação bilateral”.

“Estivemos a examinar as nossas relações e falamos também da Mesa-Redonda de Doadores da Guiné-Bissau, que se realiza no dia 25 de Março, em Bruxelas”, afirmou.

O ministro reiterou a disponibilidade do Executivo de continuar a manter “excelentes relações de amizade e cooperação” com a Guiné-Bissau.

Georges Chikoti reafirmou também o desejo de Angola continuar a contribuir no quadro bilateral e multilateral para a segurança, estabilidade, consolidação do Estado de Direito e Democrático e desenvolvimento económico e social daquele país. O chefe da diplomacia angolana declarou que o encontro também foi uma ocasião para passar em revista a cooperação bilateral, adaptando-a às circunstâncias actuais como forma de contribuir para o bem-estar e segurança dos cidadãos de ambos países.

Elogio a Angola

O ministro guineense dos Negócios Estrangeiros valorizou o facto de Angola ter estado sempre ao lado da Guiné-Bissau, mesmo nos momentos mais difíceis e disse que a prioridade “é retomar a cooperação e avançar com uma série de projectos que ficaram interrompidos durante o período de instabilidade”.

Conferência de Doadores

Mário Lopes Rosa afirmou que a visita a Angola serve também para convidar, de forma oficial, as autoridades angolanas a participarem na Mesa-Redonda, de 25 de Março, em Bruxelas, no final da qual o Governo da guineense espera angariar 900 milhões de dólares ou mil milhões de dólares para projectos de desenvolvimento. “Queremos que Angola tenha um papel determinante na Mesa-Redonda”, disse. 

O Governo guineense, acentuou, está concentrado nos preparativos da iniciativa que deve mobilizar recursos financeiros para a concretização do Programa de Desenvolvimento Económico e Social da Guiné-Bissau para 2015-2025. Mário Lopes Rosa falou da existência de uma lista enorme de países participantes, assim como da elaboração do ante-projecto da Mesa-Redonda e referiu que a cooperação comercial também consta da agenda bilateral. “Estamos a avançar neste dossier\", afirmou o ministro, que anunciou a vinda a Angola “num futuro próximo” do Presidente da Guiné-Bissau. 

O ministro disse que o seu país atravessa um momento de grande ansiedade e esperança e que não obstante as vicissitudes da História, o povo guineense sempre deu grande atenção e importância às relações de amizade e cooperação com Angola. 

“Houve de facto momentos de uma certa incompreensão, mas estamos em vias de ultrapassar certas dificuldades. É nesta perspectiva que o povo guineense está a acompanhar a par e passo a nossa vinda a Angola”, afirmou o ministro.

Mário Lopes Rosa disse que “a triste situação” que ocorreu no seu país prejudicou as relações bilaterais, mas que há “boas perspectivas para a tomada de decisões que vão ditar o futuro da cooperação bilateral”
O ministro Georges Chikoti afirmou que a Conferência de Doadores é mais uma ocasião para Angola e a comunidade internacional reiterarem o seu compromisso com a estabilidade e desenvolvimento da Guiné-Bissau.

Foto: Rogério Tuti

Amnistia Internacional critica lei de imprensa e expulsão de juízes em Timor-Leste




Díli, 25 fev (Lusa) - A aprovação da Lei da Comunicação Social e a expulsão dos juízes internacionais são dois dos aspetos negativos destacados pela Amnistia Internacional sobre o que ocorreu no último ano em Timor-Leste, no âmbito do seu relatório global anual.

A decisão do Governo "terminar arbitrariamente os contratos de juízes e assessores judiciais internacionais levanta sérias preocupações sobre a independência judicial" com um "impacto negativo sobre as vítimas e o seu direito a remediação efetiva", refere o relatório.

Também no campo da justiça, a AI refere que há relatos de excessivo uso de força por parte das forças de segurança, destacando em particular as atuações no ano passado relativamente às organizações - Conselho da Revolução Maubere (CRM) e a o Conselho Popular Democrático (CPD-RDTL).

As duas organizações, ligados ao ex-comandante timorense Paulino Gama ou Mauk Moruk, foram ilegalizadas por resolução parlamentar e "dezenas de pessoas foram detidas arbitrariamente" pela sua relação com os dois grupos.

"Foram levantadas preocupações pelo facto de o Governo poder ter violado o direito à liberdade de associação e expressão ao usar o parlamento em vez dos tribunais para declarar as organizações ilegais", lê-se no documento.

A aprovação da Lei da Comunicação Social, que foi considerada em parte inconstitucional, é também referida com um dos problemas registados no último ano em Timor-Leste.

O texto, considera a AI, "poderá impor restrições severas nos jornalistas e na liberdade de expressão".

No que toca aos crimes contra a humanidade e outros abusos cometidos durante a ocupação indonésia, o relatório refere que a maioria dos responsáveis continuam livres na Indonésia e sem ser julgados.

O relatório nota, tanto no seu capítulo sobre Timor-Leste como no capítulo sobre a Indonésia, que os dois países ainda não implementaram recomendações da Comissão Acolhimento Verdade e Reconciliação (CAVR) e da bilateral Comissão de Verdade e Amizade.

A Indonésia, explica a AI, continua sem reunir crianças separadas das suas famílias em 1999 com os seus parentes e Timor-Leste continua sem implementar um Instituto da Memória que, em parte, aplicaria as recomendações da CAVR.

Entre os problemas destacados pela AI conta-se ainda a questão da violência doméstica, que se mantém com níveis elevados, apesar da aprovação, em 2010, de um diploma específico sobre esta matéria.

Citando organizações não-governamentais, a AI refere que os tribunais tendem a aplicar penas de prisão suspensa ou multa em vez de penas de prisão efetiva para este tipo de crimes.

ASP // VM

Austrália pede clemência à Indonésia para os seus cidadãos condenados à morte




Sydney, Austrália, 25 fev (Lusa) -- O Governo da Austrália pediu hoje ao Presidente indonésio, Joko Widodo, clemência para dois dos seus cidadãos que estão no 'corredor da morte' por narcotráfico e insistiu que não foram esgotados todos os recursos para os salvar do fuzilamento.

"Apelo ao Presidente Widodo, ao povo da Indonésia, à sua misericórdia, compaixão e perdão", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Julie Bishop, em entrevista ao Canal 9 da televisão local.

Os australianos Andrew Chan, de 31 anos, e Myuran Sukumaran, de 33 anos, ambos condenados por tráfico de droga, encontram-se entre os 11 presos incluídos na nova ronda de execuções que o novo governo indonésio pretende levar a cabo e que se estima que poderá ocorrer esta semana.

"Não perderemos as esperanças", sublinhou Bishop, explicando que se pretende evitar as execuções dos dois australianos "porque ainda não se esgotaram todos os recursos".

O Presidente Widodo disse na terça-feira que nenhuma intervenção vai parar as execuções dos dois australianos nem de nenhum outro estrangeiro. Entre estes inclui-se Rodrigo Gularte, o segundo brasileiro condenado à pena de morte na Indonésia por tráfico de drogas.

Em janeiro o governo indonésio executou seis presos por tráfico de drogas, incluindo o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, executado por fuzilamento, após aguardar durante 10 anos no "corredor da morte" pela aplicação da sentença a que tinha sido condenado.

Marco Archer Cardoso Moreira foi preso por tráfico de 13 quilos de cocaína em 2003 e julgado em 2004. Os pedidos de clemência feitos pelo condenado e pelo governo brasileiro foram negados.

Rodrigo Gularte, 42 anos, foi julgado e condenado em 2005, por entrar na Indonésia com seis quilos de cocaína em pranchas de surf.

FV (FYB) // JCS

Liberdade académica e Occupy Central dominam relatório da Amnistia para Macau e Hong Kong




Macau, China, 25 fev (Lusa) - A Amnistia Internacional publicou hoje o relatório sobre a situação dos direitos humanos em 2014/2015, destacando para Macau a liberdade académica e para Hong Kong a ação da polícia durante os protestos do Occupy Central.

Em relação a Macau, a Amnistia Internacional (AI) lista os casos dos professores universitários Bill Chou e Éric Sautedé, antigos docentes da Universidade de Macau e Universidade de São José, respetivamente, que acreditam terem perdido os seus empregos por motivação política.

"Intelectuais favoráveis à democracia denunciaram terem sido alvo de perseguição pela sua participação política e por críticas ao Governo", resume o relatório.

O professor de Ciência Política Bill Chou soube que o seu contrato não seria renovado em agosto do ano passado, depois de ter sido alvo de um processo disciplinar, instaurado um mês após se tornar membro da maior associação pró-democracia de Macau. A universidade acusou-o de atribuir notas aos alunos de acordo com a sua orientação política, acusações que o académico sempre rejeitou.

Em junho de 2014, a Universidade de São José despediu também um professor de Ciência Política, Éric Sautedé, devido aos seus comentários à imprensa sobre a política local - uma justificação confirmada pelo reitor, Peter Stilwell. Na mesma altura, a mulher de Sautedé, Émilie Tran, perdeu o cargo de diretora da Faculdade de Administração e Liderança, passando a exercer apenas funções de docente.

Já em relação a Hong Kong, é destacada a ação da polícia durante os protestos pró-democracia, que "usou gás lacrimogéneo e pimenta para tentar dispersar os milhares de manifestantes pacíficos".

Estes mesmos manifestantes "foram atacados por contra-manifestantes, que agrediram sexualmente, assediaram e intimidaram mulheres por várias horas sem que a polícia interviesse", segundo a AI.

O relatório menciona também a agressão, por parte de seis polícias, a um manifestante. O momento de violência foi captado pelos jornalistas da TVB, que se queixaram, mais tarde, de limitações impostas pela emissora à divulgação dessas imagens.

A AI fala ainda de uso de "força de modo arbitrário contra manifestantes, jornalistas e transeuntes" durante as operações de remoção de barricadas em Mong Kok e Admiralty.

A ação policial no protesto de 01 de julho, quando se assinala o aniversário da transferência de soberania de Hong Kong, também consta do relatório, que aponta para a detenção de 500 manifestantes, sendo que "alguns denunciaram que não lhes permitiram ter acesso a advogado e que passaram várias horas sem receber água ou comida, até serem libertados sem acusações".

A liberdade de imprensa em Hong Kong é também abordada, com destaque para a demissão do editor do jornal Ming Pao, Kevin Chun. "Sob a sua direção, o diário fazia artigos sobre supostas violações de direitos humanos e sobre transgressões cometidas por autoridades dos altos escalões de Hong Kong e da China", diz a AI.

Por fim, o relatório foca-se na situação das empregadas domésticas, a quem são cobradas "taxas excessivas e ilegais" pelas agências de trabalho e que estão sujeitas a regras laborais que "aumentam o risco de abusos", como a obrigatoriedade de, uma vez terminado o contrato de trabalho, de encontrarem novo emprego em duas semanas e a exigência de morarem com os empregadores.

Segundo a AI, muitas destas empregadas migrantes foram alvo de agressões, viram a sua liberdade de circulação restringida, foram impedidas de praticar a sua religião, receberam menos que o salário mínimo, não tiveram direito a períodos de repouso adequados e viram os seus contratos terminados de forma arbitrária.

ISG // VM

Governo de Hong Kong justifica baixo crescimento económico com protestos pró-democracia




Hong Kong, China, 25 fev (Lusa) -- O Governo de Hong Kong justificou hoje o crescimento económico aquém do esperado com os protestos pró-democracia no final do ano passado e disse que a "contestação política prolongada" poderá prejudicar a confiança dos investidores.

A taxa de crescimento foi em 2014 de 2,3%, contra os 2,9% registados em 2013, e abaixo da meta de 3% a 4% estimada pelo Governo.

Ao anunciar o orçamento da Região Administrativa Especial chinesa para o exercício fiscal a iniciar em abril, o secretário para as Finanças, John Tsang, disse que as empresas de Hong Kong sofreram com as manifestações que paralisaram várias zonas da cidade no último trimestre do ano passado.

John Tsang disse que a contestação política "é prejudicial à administração pública e à imagem internacional de Hong Kong como cidade estável, eficiente e cumpridora da lei".
"Pode até diminuir a confiança dos investidores em Hong Kong. Este prejuízo autoinfligido não serve os interesses da cidade", continuou.

Segundo Tsang, "o movimento Occupy afetou o turismo, a hotelaria, restauração, o retalho e os transportes".

Nesse sentido, anunciou medidas extraordinárias de apoio a esses setores como a isenção do pagamento de licenças para os restaurantes, hotéis e agências de viagens, e a dispensa de taxas administrativas para os táxis e autocarros.

A China aceitou o princípio do sufrágio universal para a eleição em 2017 do próximo chefe do executivo de Hong Kong pela primeira vez na história. Mas os dois ou três candidatos só poderão apresentar-se a votos depois de receberem o aval de um comité eleitoral, o que para os pró-democratas significa a eleição de um candidato leal a Pequim.

A decisão de Pequim provocou 79 dias de bloqueio de ruas em algumas áreas de Hong Kong por manifestantes pró-democracia. A ocupação das ruas acabou em meados de dezembro com a remoção das barricadas pela polícia.

O menor crescimento económico de Hong Kong foi ainda explicado em parte pela recessão japonesa e morosidade da zona euro, acrescentou Tsang.

Este é o terceiro ano consecutivo que o crescimento económico é inferior à média anual de 3,9% registados em Hong Kong nos dez anos anteriores.

O mesmo responsável estimou que os próximos meses serão difíceis, com um crescimento anual previsto entre 1% e 3%, em particular devido ao aumento esperado das taxas de juros nos Estados Unidos, à volatilidade do preço do petróleo e ao clima de incerteza na União Europeia.

Para estimular a economia e fazer face às desigualdades sociais, o governo anunciou medidas como a redução dos impostos sobre os salários, apoios para famílias com menores rendimentos pagarem as rendas na habitação pública, o aumento do abono de família, e mais dinheiro para os idosos.

FV // JPS

Engenhos pirotécnicos causam 44 mortos na 1.ª semana do Ano Novo Lunar na China




Pequim, 25 fev (Lusa) -- Pelo menos 44 pessoas morreram e outras 17 ficaram feridas na China devido a acidentes com engenhos pirotécnicos durante a celebração do ano novo lunar, informou o Ministério da Segurança Pública citado pela agência Xinhua.

Desde quarta-feira passada, data em que se assinalou a entrada no novo ano lunar, até terça-feira à noite, ocorreram 15.742 acidentes pirotécnicos no país asiático durante as boas-vindas ao Ano da Cabra.

Responsáveis do Ministério explicaram à Xinhua que durante a festividade, a polícia nacional reforçou o controlo para evitar riscos de incêndio em zonas como centros comerciais, lugares religiosos e restaurantes.

Milhões de cidadãos chineses saíram à rua para celebrar a chegada do Ano da Cabra com panchões - cartuchos de pólvora semelhantes a bombas de carnaval, mas mais potentes, utilizados para afastar os "maus espíritos" - e outros artefactos pirotécnicos , uma tradição que se pode tornar perigosa, quando não há controlo na venda dos produtos.

O Ano Novo Lunar é a maior e mais importante festividade das famílias chinesas, comparada ao natal no ocidente.

O período festivo também é designado por Festival da Primavera e é um dos maiores períodos de férias para os chineses, sendo aproveitado por muitos para visitarem os respetivos familiares.

FV (JCS) // JCS

Moçambique: A DESOBEDIÊNCIA POLÍTICA EM MARCHA



Verdade (mz) - Editorial

Parece que se tornou moda os membros seniores dos partidos políticos estarem a brincar com o povo, apesar de todo o sofrimento por que o mesmo tem estado a passar ultimamente. Ora, é a Renamo e o seu líder Afonso Dhlakama, que ameaçam dividir o país a todo custo, sem deixar de lado os seus recursos de guerra, ora é a Frelimo que está a enviar os seus membros seniores para, supostamente, tranquilizarem a nação afirmando que “não haverá divisão nenhuma e nem o tal governo autónomo existirá”.

A situação que iria abrir um precedente para tensão política foi colocada de lado depois dos encontros entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e Afonso Dhlakama, poderá ressurgir, em virtude dos pronunciamentos de desvalorização da Renamo e do seu líder, e da rejeição antecipada, pela Frelimo, do projecto sobre a implantação das regiões autónomas nas províncias onde o maior partido da oposição em Moçambique reclama a vitória nas últimas eleições gerais.

Porém, há indícios de que Nyusi está a ser contrariado pelo seu partido, pois, no princípio desta semana, a Frelimo destacou alguns quadros para percorrerem o país a fim de agradecerem à população por esta ter votado no partido e no seu candidato, medir o grau de preparação dos seus órgãos para cumprirem o manifesto eleitoral e sensibilizar a população para não se intimidar com os pronunciamentos da “Perdiz”.

Importa referir que as declarações dos membros da Frelimo contrariam os entendimentos entre o líder da Renamo e o Chefe de Estado. Se recuarmos até às ocorrências de Sathunjira, em 2013, notaremos alguma semelhança entre os factos. No entanto, quando o senhor Dhlakama quiser pôr em prática os seus temíveis pensamentos, esperemos que os moçambicanos gozem de uma protecção até aos dentes, pois não se deve usar o povo como escudo numa situação de tiroteios.

O povo moçambicano tem sido vítima de sucessivas torturas psicológicas promovidas pelo partido no poder e pela Renamo sobre a (provável) divisão do país. O partido Frelimo quer, a todo o custo, fazer passar a mensagem de que são infundadas e sem cobertura legal as pretensões da Renamo e do seu líder, Afonso Dhlakama, de dividir o país, cuja construção custou as vidas de muitos moçambicanos. Portanto, resta-nos saber se os pronunciamentos dos membros da Frelimo foram autorizados pelo Presidente da República, presidente daquela força política ou trata-se de uma pura desobediência política.

MALÁRIA, DIARREIAS E FOME AFETAM AS VÍTIMAS DAS CHEIAS DE MOÇAMBIQUE




Malária e doenças diarreicas eclodem no centro de acomodação das vítimas das cheias em Mocuba, na província central da Zambézia. Reassentados queixam-se da falta de redes mosquiteiras, de água potável e de comida.

O centro de reassentamento de Naverrua fica a cerca de dez quilómetros do extremo norte da cidade de Mocuba. Aqui, homens, mulheres viúvas e crianças órfãs queixam-se de sofrer constantemente de doenças como a malária e diarreias agudas. Muitas famílias afirmam que não têm água própria para consumo nem para cozinhar.

"As crianças têm malária por causa dos mosquitos. Também passamos fome e não temos machambas", conta Hilária Raima, que procurou refúgio no centro de Naverrua por causa das cheias.

"Não nos deram redes mosquiteiras. Há muita malária e cólera também”, confirma Netório Nunes, outro reassentado.

Rita Francisco, outra vítima das cheias, acusa o Governo moçambicano de não ter cumprido a promessa feita no ano passado de construir uma casa convencional.

A viúva, que está alojada numa tenda com sete crianças órfãs, queixa-se da "situação extremamente difícil" em que vive. Todas as sextas-feiras, conta, pede esmola pelas ruas de Mocuba, para conseguir "comprar farinha para dar de comer às crianças".

As pouco mais de 200 famílias abrigadas no centro de reassentamento de Naverrua pedem ao Governo mais apoio, comida e assistência médica.

O centro e o norte de Moçambique foram atingidos, desde 12 de janeiro, por violentas cheias, que provocaram pelo menos 159 mortos e afetaram 170 mil pessoas, sobretudo na província da Zambézia.

Nyusi visita regiões atingidas

A partir de quarta-feira (25.02), o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, inicia uma visita de dois dias às províncias da Zambézia, Nampula e Niassa, as mais atingidas pelas cheias.

O objetivo desta deslocação é "saudar as vítimas das calamidades naturais, receber uma breve explicação sobre os bairros de reassentamentos, bem como o funcionamento das tendas de centros de saúde naqueles bairros", lê-se num comunicado da presidência moçambicana.

Na Zambézia, o chefe de Estado moçambicano visita Maganja da Costa e Mocuba, o local onde desabou parcialmente a ponte sobre o rio Licungo, que deixou intransitável a Estrada Nacional Número 1, a única que liga o sul e o centro ao norte de Moçambique. Entretanto, as autoridades já conseguiram repor a circulação na N1. Em Nampula, Filipe Nyusi estará no distrito de Nacala Porto e em Niassa é esperado em Cuamba.

O Presidente viaja acompanhado pela ministra da Administração Estatal, Carmelita Namashalua, que tutela o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, e pelos vice-ministros da Saúde, Mouzinho Saíde, e das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Osvaldo Moisés Machatine.

Marcelino Mueia (Quelimane) / Lusa – Deutsche Welle

España: Sobre el llamado debate del Estado de la Nación - De la retórica a los hechos



Manolo Monereo* - Cuarto Poder, en Rebelion

Sobre el debate del estado de la Nación, habría que poner el acento en algunas grandes cuestiones: a) Rajoy no representa a la Nación y sus intereses; b) esta sociedad, este modelo de sociedad, es el modelo querido e impuesto por el PP; c) la ruptura del pacto social de la transición es el pacto fundante de un nuevo Régimen; d) Grecia como ejemplo.

Vayamos por partes.

Comencemos por Grecia. Basta leer los periódicos y escuchar a los tertulianos para comprender que los que mandan quieren que fracase la Grecia de Syriza. La consigna sería que Merkel le ajuste las cuentas a Tsipras. Las descalificaciones y las acusaciones de incompetencia van dirigidas a demostrar que solo cabe una política: la impuesta por los poderes económicos-financieros, legitimadas por las instituciones de la Unión. Si Grecia consiguiera sus razonables objetivos sería un mal ejemplo para los pueblos y dejaría en pésimo lugar a los gobiernos que han aceptado el austericidio ordenado por la Troika. Como podemos fácilmente entender, lo que está en juego es algo más que las negociaciones con Grecia: es este concreto y preciso modelo de integración europeo que es la Unión Europea y, específicamente, la relación entre un centro cada vez más poderoso y determinante, hegemonizado por Alemania, y un sur siempre más dependiente y subalterno. No hay que engañarse, si fracasa Syriza, el mensaje es claro: dentro de la Unión Europea no hay salvación y, consiguientemente, habría que plantearse el retorno a los Estados Nación como requisito previo para una estrategia nacional-popular.

En segundo lugar, Rajoy: ¿a qué Nación representa? El PP habla y habla de soberanía nacional, de soberanía popular para oponerse a las nacionalidades históricas y rechazar el derecho a la autodeterminación. Como la derecha catalana, la contradicción es solo aparente, el PP es partidario decidido de esta Europa y comparte plenamente las políticas que empobrecen a la ciudadanía y la expropia de derechos sociales, sindicales, laborales y políticos. Su patria, la de unos y la de otros, lo sabemos todos, está en el bolsillo y en las cuentas opacas de Suiza.

Rajoy es un “mandado”, un administrador (gerente) de los interés del capital financiero-inmobiliario, de la oligarquía, de la plutocracia. De nuevo podemos emplear Vichy como metáfora; nos referimos, claro está, al Régimen colaboracionista del mariscal Pétain: la Europa Alemana es el medio para conseguir lo que la derecha, las diversas y asociadas derechas, no podría haber obtenido en solitario sin pagar un altísimo coste. Antes, la amenaza eran las divisiones panzer; ahora, es el capitalismo financiero es sus diversas formas y modalidades. El objetivo es muy similar: doblegar a los pueblos, imponer una democracia limitada y oligárquica y poner fin a los derechos históricamente conquistados por el movimiento obrero organizado. Rajoy es algo más que un discípulo aventajado de Merkel, representa a una burguesía parasitaria y subalterna, a un bloque de poder, que está de acuerdo con el diseño que los grandes poderes centrales europeos han definido para nuestro país y que nos configura como una periferia económica dependiente y subdesarrollada y como un protectorado político sin libertad y autogobierno democrático.

Hay una tercera cuestión, que conviene subrayar ahora que comienza un nuevo ciclo electoral: El PP ganó las elecciones generales con un programa sustancialmente diferente del que luego aplicó; no hace falta ser especialista en asesoría electoral para saber que nadie gana una elecciones comprometiéndose a realizar un ajuste salarial duro, fomentar la precariedad laboral y recortar los derechos sociales y sindicales. Esta democracia degradada y sin poder real se basa cada vez más en el supuesto de que una cosa son los programas y promesas electorales y otra cosa muy diferente (y hasta antagónica) es lo que se hace luego en el gobierno. De nuevo aparece la cuestión griega: lo que molesta de Tsipras es que quiera cumplir sus promesas electorales y que se oponga con firmeza a las políticas que empobrecen a sus gentes y que convierten a la democracia en un mero instrumento para imponer y legitimar un capitalismo salvaje.

El sistema realmente existente se basa justamente en lo contrario, es decir, que las promesas electorales no se cumplen, que la política es el arte de engañar a los electores y que no existe un pacto exigible entre los electores y los elegidos. No hay solo delegación hacia una clase política profesionalizada sino ruptura del vínculo de confianza entre la ciudadanía y la democracia expresada en unas elecciones que ya nada eligen. Los que hacen de la mentira un actividad normal de la vida pública, los que prometen una austeridad beatífica compatible con los derechos de las personas, los que entregan a manos llenas cuantiosos dineros públicos a empresas privadas y recortan derechos laborales y sindicales a los trabajadores, los que prometen una salida solidaria de la crisis e incrementan sustancialmente las desigualdades, los que proponen una cosa en las elecciones y hacen otra radicalmente contraria en el gobierno, llaman demagogos a aquellos y aquellas que luchan por una vida digna para las personas, que defienden sus ordenamientos constitucionales y que se niegan a engañar a la ciudadanía.

La cuarta cuestión es decisiva. Lo que vende el PP podría explicarse así: hemos hecho grandes sacrificios y gracias a ellos el crecimiento y los derechos están garantizados para el futuro. La trampa es muy evidente: introducir en el imaginario la idea de que volveremos en algún momento al modelo económico y social anterior a la crisis. Es incentivar la “otra burbuja”, la político-cultural, la de un retorno a un pasado idílico de pleno empleo, de crédito abundante y de un futuro esplendoroso en una Europa solución de nuestros males históricos. Ellos saben, los poderes saben, la clase política bipartidista sabe, que ese pasado no volverá. El PP ha aprovechado la crisis para cambiar el modelo de sociedad y romper el pacto político en que se basó la Transición y la Constitución del 78.

Eran posibles otras salidas a la crisis, siempre las hay y estaban disponibles. Lo que ocurrió es conocido: el PSOE y el PP aceptaron sin rechistar las políticas de austeridad y, sobre todo, el cambio de modelo social, del patrón económico-productivo y más allá de distribución de poder. Aquí tampoco cabe engañarse: este modo de organizar la sociedad y de poder es el del PP, el buscado y querido por el gobierno de Rajoy y viene para quedarse. No es la resultante de una crisis no deseada o un periodo de sufrimiento transitorio. No, es el modelo de sociedad que se corresponde con el nuevo modelo económico-productivo impuesto por la Europa alemana, basado en la desigualdad, en la precariedad social y laboral y en la limitación sustancial de la democracia y la soberanía popular.

Este es el verdadero dilema del país: o se cambian las políticas dominantes impuestas por la Troika o transitaremos en uno u otro grado hacia una economía subdesarrollada y subalterna. Lo nuevo, lo sustancialmente diferente, es que ahora hay condiciones para superar el bipartidismo y plantearse en serio el problema del gobierno y más allá la cuestión del poder, es decir, superar y negar a una derecha que es derecha y una izquierda que no lo es y que muchas veces representa mejor que nadie a los poderes económicos, a los grupos financieros y mediáticos que hoy controlan despóticamente nuestra vida pública.

La quinta cuestión, el proceso constituyente. Debe quedar claro en el debate que quién han roto los pactos básicos sociales y políticos de la Transición han sido los poderes económicos legitimados por el PSOE y por el PP. La reforma del artículo 135 de la Constitución es la expresión de un nuevo pacto que inicia la transición a un nuevo régimen político sin (es la idea central) la participación del pueblo, de los hombres y mujeres, de las ciudadanas y ciudadanos. Regenerar la democracia española implica devolver la palabra, la decisión y la propuesta al pueblo, es decir, convocar un proceso constituyente y hacer de este un medio para construir, organizar y definir un nuevo proyecto de país.

El gobierno de coalición está ya sellado y firmado en lo sustancial, en eso que se llama pudorosamente “cuestiones de Estado” y solo lo será formalmente en función de las circunstancias sociales y, sobre todo, electorales. Dicho de otro modo, si Podemos avanza lo suficiente para cuestionar el bipartidismo dominante. Las diferencias entre Pedro Sánchez y Susana Díaz no tienen que ver, en sentido estricto, con divergencias políticas de fondo, sino el cómo gestionar el papel del PSOE ante una coyuntura nueva que cuestiona su control sobre una parte significativa del electorado, en gran parte, bajo la consigna del voto útil de la izquierda. Susana Díaz estaría dispuesta a demostrar que ella es más fuerte, más capaz, para asegurar una renovación “lampedusiana” del régimen existente. El “reformismo sin reformas”, el “cambiar todo para que todo siga igual” requeriría una personalidad más fuerte que Pedro Sánchez, respaldada por un triunfo electoral y con la confianza probada de los grupos financieros, como la Presidenta andaluza.

*Manolo Monereo es politólogo y miembro del Consejo Político Federal de IU.

Fuente: http://www.cuartopoder.es/tribuna/2015/02/24/sobre-el-llamado-debate-del-estado-de-la-nacion-de-la-retorica-los-hechos/6799

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España: EL PP BALEAR PEDÍA COMISIONES DEL 3% A LAS CONSTRUCTORAS




Nada menos que el ex Concejal de Urbanismo de Palma confirma que el PP pedía el 3% a las constructoras

El que fuera concejal de Urbanismo de Palma, Javier Rodrigo de Santos, ha declarado este martes que el PP balear durante el Govern de Jaume Matas pedía comisiones del 3% por la adjudicación de obras públicas con el beneplácito del partido en Madrid. El exconcejal ha declarado como testigo hoy ante el juez José Castro, que instruye una causa sobre la presunta financiación irregular del PP de Baleares.


El que también fuera alto cargo en el Govern ha señalado, según fuentes jurídicas, que varios empresarios mallorquines le avisaron del cobro de comisiones en su partido. Le apuntaron que el encargado de hacer las llamadas para pedir el dinero era el entonces tesorero de la formación y cuñado de Matas, Fernando Areal.

El exregidor ha explicado que para la adjudicación de la mayor concesión de obra pública de las islas, el hospital de referencia de la comunidad de Son Espases, el PP exigió una comisión de nueve millones de euros a las empresas que se presentaron al concurso, Dragados y OHL. Ha dicho no tener constancia de que finalmente esas cantidades fueran pagadas.

De Santos ha declarado durante más de tres horas, en las que ha desgranado los lugares donde tenían lugar las reuniones con Matas y con empresarios. También se ha referido al concurso de otra de las grandes obras públicas del PP, el inacabado Palacio de Congresos de Palma, en el que ha dicho, Matas ejerció presiones.

El exconcejal, además, se ha vuelto a ratificar en que el constructor gallego Antonio Pinal, le dijo que había pagado la compra de la sede regional del PP a cambio de que el Govern de Matas le concediese un concurso público que le permitiría construir más de 500 viviendas en una zona de Palma.

Rodrigo de Santos se ha convertido en uno más de los arrepentidos del PP. La Fiscalía cuenta también con el relato de la que fuera consejera de Sanidad, Aina Castillo, que reveló que el concurso para adjudicar el hospital estaba amañado. Rodrigo de Santos fue concejal de Urbanismo en Palma durante la legislatura 2003-2007, además de director territorial del Insalud y director de la campaña electoral de Matas en 2003.

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¿Nos merecemos gobiernos “mexicanizados” por asesinatos, partidocracia y corrupción?




1. No recuerdo en dónde surgió la frase: “Cada pueblo tiene el gobierno que se merece”; para mí es frase popular, pero evidentemente falsa. Algunos la han interpretado como: “pueblo corrupto igual a gobierno corrupto” o “pueblo vigilante y exigente igual a gobierno que cumple”. Lo que sucede es que no debe olvidarse que el “pueblo” está integrado por clases sociales: siempre trabajadores en un 80 por ciento y clase dominante: grandes empresarios, gobernantes y privilegiados en 20 por ciento. Y dado que siempre este 20 por ciento de clase dominante es el poder económico y político, no se puede decir que “cada pueblo tiene el gobierno que se merece”, sino el gobierno que se le impone por la clase dominante. 

2. También puede interpretarse diciendo que “El pueblo, al permitir un mal gobierno y no luchar en su contra hasta derrocarlo, se lo merece”. En México incluso su Constitución tiene un artículo (39?) –un tanto demagógico- que habla de que el pueblo puede derrocar a su gobierno pero, como los demás artículos tramposos condicionales: “siempre y cuando”… el Estado lo decida. ¿Cómo una Constitución que garantiza la propiedad burguesa pudo meter un artículo que habla de que el pueblo puede darse el gobierno que merece, sino es por pura demagogia? Para hacer la revolución no hay que pedir a nadie ningún permiso; lo único es que el pueblo trabajador (que es el 80 por ciento de la población) esté dispuesto a “asaltar el cielo”. 

3. El pueblo trabajador nunca ha electo –de manera consciente- a ningún gobernante; han sido el PRI durante 70 años y el PAN por 12 años quienes han impuesto a sus candidatos consultando a la clase dominante en México y en los EEUU. ¿Y el voto del pueblo? Me río y carcajeo desde que en 1960 me hice consciente y determiné jamás votar para no hacer el juego, dado que el voto sólo ha servido para legitimar y confirmar el día de las elecciones lo que la clase dominante: gobierno, empresarios, partidos y medios de información muchos meses, antes han determinado. ¿O piensan los ilusos que Cárdenas en 1988 o López Obrador en 2006 pudieron llegar a presidentes cuando la gran burguesía había arreglado para garantizar que todo siga igual? 

4. Los Papas son personajes poderosísimos por aquello de los rebaños, los tesoros del Vaticano y, sobre todo, por ser “muy diplomáticos”, por jamás convenirles decir públicamente su verdad. Ellos, como los presidentes yanquis o de los demás países, conocen perfectamente lo que sucede en el mundo porque cuentan con millones de informantes en todos los niveles; pero por “diplomacia se guardan todo para no quedar mal”. Hoy el Papa fue sincero y le dijo a su amigo que “cuide a Argentina que no se mexicanice”. Para mí fue magnífico porque México está embarrado de sangre, de mugre y mucho más. Y más aún que nuestro cineasta, el valiente Iñárritu, aprovechó la tribuna para decir que el pueblo no se merece a este gobierno jodido. 

5. ¿Qué pasaría si Peña Nieto renuncia a la Presidencia? Horas antes de salir el pueblo a la calle a festejar la caída, cientos de miles de soldados del ejército, la marina, la policía federal, etcétera, estarían ocupando todas las calles y plazas del país, cuidando a los grandes políticos y magnates del capital, así como los edificios de la burguesía, decretando el Estado de sitio. Pero no es nada fácil porque la historia enseña que en 1932 –cuando renunció Ortiz Rubio- todo estaba bajo control de Elías Calles y el ejército. Además, antes de una renuncia de este calibre, tiene que consultarse a los mexicanos más poderosos en economía y política y al gobierno de los EEUU. Una renuncia del presidente no es nada fácil, aunque se tengan ya listos suplentes al por mayor. 

6. Además del discurso del valeroso cineasta Iñárritu, así como del comentario involuntario del Papa, cuando Peña Nieto pensaba –como dicen en México- que “sólo le faltaba que lo orine un perro”, el expresidente dicharachero y ladrón Vicente Fox, para apapachar al presidente Peña Nieto y ofrecerle su apoyo, le comentó que “estaba en jaque y que sólo le faltaba el mate porque en las últimas semanas lo habían hecho trizas; pero que él estaba para apoyarlo”. Quizá Peña esté gritando que “no quiere queso, sino salir de la ratonera”; que quiere gozar de una segunda o tercera luna de miel, pero Televisa, los empresarios y los priístas no lo dejan. ¿Cómo cumplir con las mil y una promesas realizadas en campaña y asegurar el voto del próximo junio? 

7. Los expresidentes Zedillo, Fox y Calderón –así como muchos anteriores- también estuvieron a punto de renunciar. Zedillo aquel diciembre de 1994 de desplome económico, a los 20 días de asumir el cargo; Fox en 2003, después de perder frente al PRI, la elección intermedia y Calderón en muchos momentos de su gobierno de los 100 mil muertos y asesinados. Sin embargo, Peña ha estado más cerca de su renuncia por los desaparecidos, el desplome del petróleo, por el estancamiento de la economía y el desempleo galopante. ¿Cuántas décadas más tendremos que trabajar para que lo población mexicana despierte y se revele frente a la clase dominante que nos impone gobiernos, programas económicos y explotación brutal?


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