Ana
Sá Lopes – jornal i, opinião
Mais
uma derrota para o PS. Mais uma noite em que António Costa apareceu feliz
perante as câmaras – agora na pele de primeiro-ministro – a parabenizar o novo
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de quem espera uma coabitação
feliz.
Se,
na noite das legislativas, a derrota de Costa foi comemorada pelo próprio com
sabor a vitória – afinal, já tinha na cabeça a criação da “gerigonça” que o
levou ao cargo de primeiro-ministro –, a segunda profunda derrota do PS
permite-lhe a erradicação final dos escombros de segurismo que, aqui e ali,
incomodavam a sua direção. Afinal, foram esse restos do segurismo que estiveram
na origem da candidatura de Maria de Belém – por muito que a candidata tenha
apresentado uma plataforma de apoiantes imensamente abrangente, incluindo nomes
como Manuel Alegre, apoiante de Costa desdeo primeiro minuto.
Mas
ver Belém de rastos – e, com ela, os seus opositores internos no PS – foi um
triunfo pessoal para António Costa. As coisas não são sempre o que parecem, mas
foi ao lado de Belém que se juntaram todos os opositores à sua estratégia de
governo: por junto, valeram 4,2%. Sampaio da Nóvoa, aquele que era o seu
candidato mas depois não pôde efetivamente sê-lo por causa do avanço de Maria
de Belém, perdeu as eleições com muito mais dignidade.
Costa
é um derrotado da noite eleitoral porque o candidato da direita venceu as
eleições e o PS não conseguiu chegar lá. Mas com a sua habilidade para
transformar derrotas em vitórias, vai tentar a partir de agoraa melhor das
relações com o novo Presidente da República. Marcelo será um aliado quando a
geringonça falhar – e não é nada claro que,a dada altura, a melhor soluçãopara
António Costa seja a convocação de eleições antecipadas.
Costa
não é Sánchez, tem mais poder que Sánchez e, por enquanto, nem Catarina Martins
nem Marisa Matias têm o poder de Pablo Iglesias. Costa joga tudo na vitória
final – e à direita até já se acredita nisso.
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