terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Portugal. COSTA. DE DERROTA EM DERROTA ATÉ À VITÓRIA FINAL



Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

Mais uma derrota para o PS. Mais uma noite em que António Costa apareceu feliz perante as câmaras – agora na pele de primeiro-ministro – a parabenizar o novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de quem espera uma coabitação feliz. 

Se, na noite das legislativas, a derrota de Costa foi comemorada pelo próprio com sabor a vitória – afinal, já tinha na cabeça a criação da “gerigonça” que o levou ao cargo de primeiro-ministro –, a segunda profunda derrota do PS permite-lhe a erradicação final dos escombros de segurismo que, aqui e ali, incomodavam a sua direção. Afinal, foram esse restos do segurismo que estiveram na origem da candidatura de Maria de Belém – por muito que a candidata tenha apresentado uma plataforma de apoiantes imensamente abrangente, incluindo nomes como Manuel Alegre, apoiante de Costa desdeo primeiro minuto.

Mas ver Belém de rastos – e, com ela, os seus opositores internos no PS – foi um triunfo pessoal para António Costa. As coisas não são sempre o que parecem, mas foi ao lado de Belém que se juntaram todos os opositores à sua estratégia de governo: por junto, valeram 4,2%. Sampaio da Nóvoa, aquele que era o seu candidato mas depois não pôde efetivamente sê-lo por causa do avanço de Maria de Belém, perdeu as eleições com muito mais dignidade.

Costa é um derrotado da noite eleitoral porque o candidato da direita venceu as eleições e o PS não conseguiu chegar lá. Mas com a sua habilidade para transformar derrotas em vitórias, vai tentar a partir de agoraa melhor das relações com o novo Presidente da República. Marcelo será um aliado quando a geringonça falhar – e não é nada claro que,a dada altura, a melhor soluçãopara António Costa seja a convocação de eleições antecipadas. 

Costa não é Sánchez, tem mais poder que Sánchez e, por enquanto, nem Catarina Martins nem Marisa Matias têm o poder de Pablo Iglesias. Costa joga tudo na vitória final – e à direita até já se acredita nisso.

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