Francisco Louçã – Público, opinião
Foi
divulgado no fim de semana passado, com pouco eco no meio dos cartuchos quase
finais das presidenciais, o email
do Banco Central Europeu ao governo a determinar que o Banif fosse entregue ao
Santander. O texto em si próprio é um manifesto ao descaramento. Lê-se e
não se imagina que seja possível. Num telefonema, numa conversa, quem sabe, já
seria afronta. Escrito, escarrapachado, é só porque o Banco e a Comissão se
sentem inexpugnáveis e gostam de alardear a sua dominação.
Vejam
só: “A conversa com o Santander correu muito bem e a Comissão Europeia vai
aprovar”. E mais: “Há outras ofertas pelo Banif que, de acordo com a Comissão,
não respeitam as regras da UE das ajudas de Estado, e por isso não podem seguir
em frente”.
Continua
a ordem para entregar o banco ao Banif: “A comissão Europeia foi muito clara
neste aspecto, por isso recomendo que nem percam tempo a tentar fazer passar
essas outras propostas”.
Para
o BCE e para a Comissão Europeia, a ordem era clara, todo o dinheiro para o
Santander e em força.
O
email dizia mais ainda: “o Santander está a comportar-se de uma maneira muito
profissional e tem um departamento legal excelente” e “a Comissão Europeia
vai começar a trabalhar com o Santander assim que as autoridades estiverem
prontas para começar o processo”.
É
assinado por Danièle Nouy, presidente do Conselho de Supervisão do Banco
Central Europeu. O governador do Banco de Portugal cumpriu, o governo aprovou,
o Santander recebeu o Banif em que tinham acabado de ser injectados ou
prometidos três mil milhões.
É
a União Europeia e, se me permitem, aqui está uma questão essencial para uma
eleição presidencial e para a nossa vida em 2016.
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