sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

UE apela à investigação da responsabilidade por ataques em Moçambique



A União Europeia (UE) apela à investigação da responsabilidade pela "tendência de violência" confirmada nos recentes ataques em Moçambique, estando a acompanhar de perto a situação no país, disse à Lusa um porta-voz da UE.

"Este ataque confirma a tendência de violência que afeta a vida política moçambicana e os atores políticos", acrescentou o porta-voz da UE, acrescentando que Bruxelas "apela a uma investigação rápida e a clarificação de responsabilidades sobre o ataque a Manuel Bissopo e outros que aconteceram recentemente".

A mesma fonte liga o aumento da violência com a estagnação do diálogo, entre o Governo de Maputo e a Renamo, sobre as reformas do sistema político.

"Estamos a acompanhar de perto os acontecimentos em Moçambique através da nossa delegação", salientou ainda o porta-voz.

A União Europeia reitera o apoio ao diálogo entre as forças políticas moçambicanas.

Na quarta-feira, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos, na cidade da Beira, tendo o seu guarda-costas morrido no local.

Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

O líder da Renamo não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.

Nos pronunciamentos públicos que tem feito nos últimos dias, Dhlakama afirma ter voltado para Sadjundjira, distrito de Gorongosa, mas alguns círculos questionam a fiabilidade dessa informação, tendo em conta uma alegada forte presença das forças de defesa e segurança moçambicanas nessa zona.

A Frelimo e a Renamo têm vindo a acusar-se mutuamente de rapto e assassínio dos seus dirigentes.

A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição.

IG (EYAC/AYAC/HB/PMA) // VM - Lusa

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