Hoje
é dia da triste e vergonhosa Europa
Mário Motta, Lisboa
A
União Europeia é detentora de quase todas as fronteiras da Europa. Hoje é o dia
em que devíamos celebrar a Europa com orgulho e alegria. Em vez disso
celebra-se o caos, o desastre, a tristeza e a vergonha que a Europa representa
pelos desvios que veio fazendo ao que fora projetado e implementado após a sua
fundação, a fundação de uma União Europeia dos cidadãos, para os cidadãos. Em
vez disso assistimos à ocupação dos mais altos cargos na UE por tecnocratas e
outros serviçais em sujeição aos que são adversários da democracia, da justiça,
das liberdades e direitos dos cidadãos: os mercados, a alta finança, os menos
de 10% que mandam no mundo.
Para
assinalar este Dia da Europa, da triste e vergonhosa Europa, Martin Schultz,
presidente do Parlamento Europeu declarou em entrevista na TSF que a UE
avança como "bicicleta com pneu furado". A deputada do BE, em
resposta, inspirada pela ciclo-declaração de Schultz, respondeu que “uma
bicicleta parada cai”.
Prostrada
e a causar desníveis sociais cujos fossos cavados nestes 10 últimos anos se têm
vindo a agravar e a resultar na miséria de países e povos já está a Europa da UE.
Há muito que a “bicicleta” passou de pneus furados para parada e estatelada na
lama. Atualmente a “bicicleta” é um grande e vergonhoso chaço. Foi para onde a
conduziram “iluminados”, só nos seus umbigos, como Durão Barroso e muitos outros
capangas que atualmente estão a abarrotar com as côdeas daquilo que tem sido
roubado aos cidadãos europeus, principalmente cidadãos dos países do sul da UE.
É
esta a Europa que sobra depois da queda ciclista. A pobreza aumentou triste e
vergonhosamente para vantagens de alguns. Barroso que o diga. Esse tal que depois
de, na Cimeira dos Açores, fazer o favor aos EUA (invasão do Iraque), a Bush presidente sem
vergonha, se viu compensado com a Presidência da Comissão Europeia por modo de
pagamento do “favor”. Cargo com que nem por sombras havia sonhado vir a ocupar.
A
esse Barroso agora é vê-lo a despejar a sapiência e experiência diarreica
adquirida, demonstrando que ainda vale menos que nada – que era aquilo que
valia quando foi primeiro-ministro de Portugal, entrando em fuga traidora e
gananciosa para fugir para a UE.
Em
compacto vai ter as notícias da TSF (com áudios no original) relacionadas com o
tema abordado. O último artigo, sobre a pobreza, é mais uma mostra do grande
chaço em que acabou a “bicicleta” europeia. (MM / PG)
Martin
Schulz: UE avança como "bicicleta com pneu furado"
Passados
66 anos anos desde que Robert Schuman proferiu a célebre declaração que
inspirou o projeto de integração, conduzindo àquilo que é hoje a União Europeia.
Numa
entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, o presidente do Parlamento Europeu
compara a União Europeia a "uma bicicleta de pneus furados". Com
"muitos problemas por resolver", mas que, apesar de tudo, continua a
ser um espaço de promoção da Paz, Segurança e do Desenvolvimento Económico.
"Continuamos
a ser uma bicicleta, mas nos tempos actuais não temos ar nos pneus. Temos
inúmeros problemas para resolver. Continuamos a pedalar. Mas, os nossos
instrumentos não estão na melhor forma", diz o presidente.
Perante
as múltiplas crises e os egoísmos nacionalistas com que a Europa se depara,
Martin Schulz receia que o aprofundamento das relações transnacionais, que
fazem a União Europeia, se traduzam num enfraquecimento da União.
"Esses
que querem destruir a União Europeia estão agora a ganhar eleições. Ainda não
têm a maioria na Europa. A maioria ainda são os que acreditam na cooperação
transnacional como o melhor para a Europa. Mas, essa é uma maioria silenciosa.
E, a minoria hostil é muito ruidosa, activa e mobilizada", afirma.
O
presidente do parlamento europeu diz que muita coisa mudou e, "hoje, há
primeiros-ministros que vêm a Bruxelas, dizendo: eu tenho de defender o melhor
interesse do meu país - em Bruxelas. Isto é o pressuposto de que o interesse de
um país é atacado em Bruxelas e por isso tem de ser defendido".
"Os
primeiros-ministros portugueses - todos os primeiros-ministros portugueses -,
especialmente o que está em funções, são muito fortes e convictos na defesa de
um aprofundamento da integração europeia", salienta o presidente do
Parlamento Europeu, considerando eu a falta de integração não é um problema
criado pela União Europeia.
"O
nosso problema são os Estados-Membros da União Europeia. Uma parte deles
decidiram ir numa direcção [colocando os] interesses nacionais em primeiro e a
Europa em último lugar", lamenta, lembrando que "noutros tempos, as
gerações de políticos entenderam melhor que uma Europa forte é a melhor
protecção para os Estados nacionais".
João
Francisco Guerreiro – TSF
BE: "Portugal
não pode ficar à espera da Europa para resolver os seus problemas"
Referindo-se
a uma entrevista de hoje - em que se assinala o dia da Europa - do presidente
do Parlamento Europeu à TSF e ao DN, a porta-voz bloquista realçou que "as
bicicletas que não andam, caem".
A
porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) defendeu esta segunda-feira que Portugal
"não pode ficar à espera da Europa para resolver os seus problemas",
até porque, "nos últimos anos", o projeto europeu tem assentado no
"nivelar por baixo" de direitos.
"Portugal
não pode ficar à espera da Europa para resolver os seus problemas", vincou
Catarina Martins, que falava em Évora na abertura de dois dias de jornadas
parlamentares do BE.
O
presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, disse na referida entrevista
que a Europa continua a ser uma "bicicleta, mas sem ar nos pneus" e
demonstrou receio de que a União fique mais fraca devido às crises que atingem
o continente.
O
Bloco, por seu turno, sustenta que a ideia de "integração europeia"
que durante muito tempo passou por um "nivelar por cima" dos países
em áreas como desenvolvimento e ambiente, por exemplo, passa agora por
"nivelar por baixo" de direitos dos cidadãos.
"Um
país que se leva a sério não pode ter como projeto uma ideia europeia de
'dumping' social", concretizou a bloquista.
E
acrescentou: "Em boa medida, o BE nestas jornadas parlamentares quer
discutir propostas e projetos que ajudam a combater os problemas do nosso país
e a não ficar eternamente à espera da Europa".
Na
tarde de hoje, os parlamentares bloquistas farão várias visitas nos distritos
de Évora, Beja e Portalegre: o Alqueva, o hospital de Elvas e as Minas de São
Domingos, em Mértola, são alguns dos locais por onde passará a comitiva do BE.
À
noite, está agendado um jantar em Évora, que contará com intervenções, entre
outros, da porta-voz Catarina Martins e da deputada Mariana Mortágua.
Na
terça-feira, haverá uma reunião de trabalho do grupo parlamentar bloquista e o
encerramento das jornadas - com a apresentação de novas propostas legislativas
do partido - será feita ao começo da tarde, pelo líder parlamentar, Pedro
Filipe Soares.
Lusa,
em TSF
Pobreza:
"Balanço social do ajustamento é quase trágico"
No
Encontro Nacional de Associados da Rede Europeia Anti-Pobreza, o investigador
Carlos Farinha Rodrigues promete desfazer "dois mitos" relacionados
com o processo de ajustamento português.
Na
conferência de abertura do Encontro Nacional, em Santarém, destinado a celebrar
os 25 anos da Rede Europeia Anti-Pobreza, Carlos Farinha Rodrigues promete
demonstrar que, ao contrário do que muitos afirmam, a classe média não foi a
mais penalizada no período de ajustamento económico e o que a crise não poupou
os "mais pobres dos mais pobres".
O
professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) diz que os mais
pobres foram de longe os que mais sofreram entre 2009 e 2013, "O
rendimento dos 10% mais ricos desceu 8%. Quando analisámos a quebra do
rendimento dos 10% mais pobres verificámos que desceu 24%" no período
entre 2009 e 2013.
Apesar
de não ter havido cortes nos salários mais baixos, Carlos Farinha Rodrigues
justifica a quebra de rendimentos dos mais pobres com a redução das prestações
sociais.
O
investigador diz que há outro mito relacionado com o programa de ajustamento
português que é preciso destruir. A classe média "teve um forte recuo nos
seus rendimentos , mas comparando com os indivíduos mais pobres,
claramente" a queda da classe média "foi bastante mais reduzida".
Analisados
os números disponíveis, Carlos Farinha Rodrigues conclui que a taxa de pobreza
em Portugal se agravou muito. " O balanço social deste processo de
ajustamento é , quase que poderíamos dizer, trágico. Regredimos em termos de
indicadores de pobreza e exclusão social praticamente para o ínicio do
século".
O
professor do ISEG diz que este diagnóstico já não é baseado em opiniões. É
sustentado nos números disponíveis.
Joaquim
Ferreira - TSF
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