Representantes
de partidos políticos angolanos lamentaram hoje que o líder do MPLA não tivesse
abordado assuntos da atualidade, como as recentes demolições polémicas em
Luanda, e que o discurso de abertura do congresso tenha sido apenas para os
militantes.
Os
dirigentes falavam após a sessão de abertura do VII congresso ordinário do
MPLA, marcado pela intervenção de José Eduardo dos Santos, líder do partido e
chefe de Estado angolano desde 1975.
Em
declarações à imprensa, o secretário-geral da UNITA, Franco Marcolino Nhany,
considerou normal que sendo um congresso fossem abordadas questões
político-partidárias, mas espera que sejam analisados também aspetos sobre a
consolidação da paz, a reconciliação nacional e o aprofundamento da democracia.
"Estou
expectante para ver de facto se estes temas merecerão um estudo, uma análise,
um debate e que resultem de facto", disse o dirigente da UNITA, ao
principal partido da oposição angolana.
Sobre
a alusão no discurso a um sistema de gestão autárquica, Franco Marcolino Nhany
referiu que mais do que palavras os angolanos querem ver a prática.
"Este
tema tem sido debatido e até este momento que vos falo não houve nenhum
indicador de vontade política para passarmos à prática", disse o
secretário-geral.
Na
sua intervenção, José Eduardo dos Santos disse que no novo modelo vai se deixar
de "governar para o cidadão e passar a governar com o cidadão".
"Com
ele iremos identificar não só os problemas, mas também as soluções para os
nossos desafios, no quadro de uma democracia participativa", disse.
O
dirigente da UNITA pediu ainda que mais do reconhecer que o MPLA falhou, devia
apontar em que áreas e em que medidas se registaram as falhas.
"Isto
é que é de facto importante e que os angolanos esperam mais do que reconhecer
que falharam é dizer onde e em que medidas do falhanço tem a ver com a crise do
país", acrescentou.
Por
sua vez, o representante da CASA-CE, a segunda força política do país, Milu
Tonga, disse que o discurso voltado para os quadros do MPLA, não trouxe
"nada de especial, salvo um apelo interno para os seus militantes".
Para
Milu Tonga, o discurso não correspondeu às expectativas da CASA-CE, porquanto é
uma "retórica constante, permanente, já conhecemos isso".
"Os
empresários nesta sociedade sabemos quem são, isto não é nada de novo",
disse o dirigente, em referência á crítica do líder do MPLA a grupo de
empresários que enriquecem ilicitamente.
Milu
Tonga disse que esperava ouvir no discurso de José Eduardo dos Santos uma
alusão a temas atuais, que estão em voga neste momento em Luanda, como as
demolições por exemplo.
O
VII congresso ordinário, que arrancou hoje em Luanda com a participação de
2.530 delegados de todo o país e do estrangeiro, decorre até 20 de agosto e
prevê a reeleição de José Eduardo dos Santos, candidato único ao cargo de
presidente do MPLA, a análise e aprovação da Moção de Estratégia do líder do
partido e a confirmação da nova composição do Comité Central.
NME
// EL - Lusa
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