A
'rentrée' do BE decorre entre hoje e domingo em Santa Maria da Feira, e contará
com a participação via internet, no sábado, do ativista luso-angolano Luaty
Beirão, que critica a recente participação de partidos portugueses no congresso
do MPLA.
O
fórum Socialismo 2016, que tradicionalmente marca o regresso da atividade
política do BE depois das férias, decorre este ano em Santa Maria da Feira,
sendo hoje o primeiro de três dias de debates nos quais estarão em discussão
diferentes temas nacionais e internacionais.
Em
antecipação à agência Lusa, o BE disponibilizou parte do vídeo de Luaty Beirão,
que será difundido no início do debate de sábado intitulado "Angola:
libertar a democracia", estando previsto que o ativista luso-angolano
participe desde Angola na mesa através da internet.
"Dizer
as palavras Angola e democracia na mesma frase é abuso de linguagem. No máximo
teria de ter também na frase luta pela democracia ou tentativa de instaurar uma
democracia", afirma Luaty Beirão no vídeo, dando o exemplo das
perseguições, ameaças de morte, cocaína colocada nas bagagens e
"tentativas de incriminação de toda e qualquer pessoa que tente sequer
levantar a voz e dizer que isto está mal".
Para
o 'rapper', um dos 17 ativistas condenados por rebelião, "torna-se
impossível meter Angola e democracia na mesma frase e manter um ar sério",
algo que fizeram "todos os políticos que cá vieram agora para este
congresso [MPLA] e que muito exaltaram a longevidade e o amor que aparentemente
se nutre pela figura do presidente José Eduardo dos Santos".
O
BE, juntamente com o PEV e o PAN, foram os únicos partidos com representação
parlamentar em Portugal que não compareceram ao Congresso do MPLA que decorreu
em Luanda de 17 a 20 de agosto, tendo PSD, PS, CDS, PCP enviado comitivas.
"Nós
não podemos e não devemos considerar Angola um Estado democrático de direito
porque as leis estão lá, mas os seus executores são pessoas que estão
exclusivamente ao serviço do poder instituído", condenou Luaty Beirão.
Em
declarações à agência Lusa, o deputado do BE Moisés Ferreira explicou que o BE
vai debater "temas muito variados" no Socialismo 2016, alguns
relacionados com o próximo Orçamento do Estado" sobre áreas como a ADSE,
educação, direitos de trabalho, economia, sistema financeiro e a banca.
Hoje,
na abertura marcada para a noite, os bloquistas recebem o deputado federal pelo
Rio de Janeiro Jean Wyllys que, juntamente com a parlamentar Joana Mortágua,
fará a abertura do Socialismo 2016 sob o tema "Perspetivas da esquerda
para o Brasil".
O
encerramento será feito pela coordenadora do BE, Catarina Martins, no domingo,
pelas 15:45.
No
sábado, o debate "Os paraísos da corrupção" terá como oradores o
socialista João Cravinho e o líder da bancada parlamentar do BE, Pedro Filipe
Soares, enquanto o fundador e antigo coordenador bloquista Francisco Louçã
falará sobre "Maquiavel, a Guerra dos Tronos e a luta pelo poder da
Europa".
Já
no domingo de manhã, destaque para o painel sobre "Desobedecer à
Europa" com o antigo socialista Alfredo Barroso e o deputado do BE José
Manuel Pureza, enquanto à tarde o tema da eutanásia chegará à discussão com o
antigo coordenador bloquista João Semedo, o psiquiatra Júlio Machado Vaz e a
deputada do PS Antónia Almeida Santos.
JF
// SMA - Lusa
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