A
profissão menos confiável em todos os continentes continua a ser a de político.
Esta é uma das principais conclusões do estudo “Confiança nas Profissões” de
2016, realizado pela GfK Verein
Com
um índice de confiança de apenas 6%, os políticos praticamente não têm qualquer
apoio do público em Espanha, França e Brasil. Entre os 27 países analisados, os
alegados defensores da “coisa pública” ficam mais uma vez na cauda do
“ranking”, ocupando o último lugar em 22 países incluídos no estudo.
Por
que motivo os políticos não merecem respeito e não são dignos de confiança?
Foi
esta a questão que o TORNADO colocou ao politólogo Luís de Sousa, presidente da
TIAC – Transparência e Integridade, Associação Cívica.
“Este
mal-estar e desconfiança crónica dos cidadãos com os seus políticos é bastante
complexo e não pode ser interpretado de uma forma linear”, começa por referir o
investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS).
“É
preciso ter em consideração que os políticos são facilmente censuráveis pela
opinião pública pelo incumprimento de promessas eleitorais, que muitas das
vezes são fantasiosas ou irreflectidas e criam falsas expectativas, mas que por
vezes também não são passíveis de ser cumpridas devido à alteração de um
conjunto de factores que os políticos não conseguem controlar” afirma ao
dar como exemplo, uma crise financeira global, uma calamidade natural ou um
conflito armado num país vizinho.
O
politólogo sublinha que também é preciso ter em conta que os cidadãos não
acreditam que os políticos na realidade sejam seus representantes fidedignos.
“Isto
é, acham que os políticos só querem o seu voto e não são responsivos às suas
carências, problemas e interesses, mas respondem apenas aos interesses de
grupos económicos de maior relevo na definição e implementação de políticas
públicas”, explica ao sublinhar: “Isto cria um sentimento de desafeição no
eleitor”.
Por
outro lado, muita desta falta de confiança também “resulta de comportamentos
impróprios no exercício de funções por parte dos eleitos e da ausência de
regras e mecanismos eficazes que os disciplinem e responsabilizem eticamente”.
Luís de Sousa adianta que “não tem que ser necessariamente corrupção quid
pro quo” mas conflito de interesses, favorecimentos de familiares e amigos,
entre outros.
Por
último, o investigador do ICS da Universidade de Lisboa conclui: “em democracia
é normal que os cidadãos nutram alguma desconfiança nos eleitos, quanto mais
não seja porque lhes confiam o voto e os seus impostos e portanto, não querem
que estes interpretem a confiança como uma confiança cega, um cheque em branco”.
Bombeiros
são os mais confiáveis
Depois
de analisar o nível de confiança em 32 profissões, dos sectores público e
privado, com as quais os cidadãos lidam directa ou indirectamente, a empresa
mundial de estudos de mercados GfK Verein refere que o índice médio de
confiança dos políticos é 30%, registando uma diminuição de um ponto percentual
face a 2014. No final da tabela aparecem ainda os presidentes de câmaras,
agentes de seguros e publicitários.
Nos
cinco países que não colocam os políticos na cauda do “ranking”, as profissões
menos confiáveis são muito diversificadas: para os Nigerianos são os polícias a
profissão menos confiável, na África do Sul os taxistas, na Rússia os
publicitários, na Suécia os vendedores e na Indonésia os Padres.
Com
um índice de confiança de 90%, os bombeiros, mais uma vez, mantêm-se em
primeiro lugar, à semelhança de 2014. Na lista de credibilidade das chamadas
profissões incontroversas seguem-se os enfermeiros e professores com 89% e os
médicos com 88%.
Profissões
como juízes (70%), bancários e vendedores (67%) e polícias (63%), embora
estejam no meio da tabela, parecem causar alguma controvérsia em termos de
confiança, pois os seus índices variam muito de país para país, oscilando entre
20% a 80%, revela ainda a GfK Verein.
O
Estudo “Confiança nas Profissões” de 2016 tem por base cerca de 30 mil
entrevistas a cidadãos com idade superior a 18 anos, de 27 países de todos os
continentes, representando 2,4 biliões de pessoas em todo o mundo. Em cada
país, os dados são ponderados, pelas variáveis idade e género, para refletir a
sua composição demográfica.
A
nível global, a média reflecte a dimensão demográfica de cada país, isto é, os
dados são ponderados pela população de cada país. A recolha da informação foi
realizada através de entrevistas pessoais e directas e entrevistas telefónicas,
no final de 2015.
Isabel
Guerreiro – Jornal Tornado
Sem comentários:
Enviar um comentário