sábado, 26 de novembro de 2016

Guiné-Bissau. BLOQUEIO INSTITUCIONAL TOTAL AINDA IRÁ CONTINUAR. TAL E QUAL.



O 1º sucesso do novo 3º Governo de Iniciativa Presidencial ainda em gestação, do Sô Presi JOMAV, vai depender da sua capacidade de conseguir agendar ou não, na ANP, os seus Programa e Orçamento Geral de Estado

Abdulai Keita*, opinião

Alguém alegou recentemente num artigo publicado no Blog “conosaba” que "o sucesso do novo Governo vai depender do entendimento da classe política" (Cif., http://conosaba.blogspot.ch/2016/11/voz-do-povo-o-sucesso-do-novo-governo. html#comment-form; acessado, 23.11.16). Nada disso. Grande imprecisão ou grande falta de uma observação e análise precisa da situação atual e concreta no terreno. Desembocando logo neste presente género de generalização abusiva e enganosa. Ou, a não ser que se trata talvez de uma tentativa do desvio das atenções para os outros espaços, do espaço central e principal da localização do problema concreto e primeiro a resolver por este Governo. E, sem a resolução evidentemente imediata e em primeiro lugar do qual, por este mesmo Governo e seu protagonista, toda a situação do BLOQUEIO INSTITUCIONAL TOTAL instalado e constatado anteriormente por todos, ainda irá continuar na mesma. Tal qual.  

Dito isto, certo é, com efeito, o 1º sucesso deste tal novo 3º Governo de Iniciativa Presidencial ainda em gestação será da inteira autoria deste mesmo e do seu protagonista, Sô Presi Dr. JOMAV. Pois, este sucesso vai depender da capacidade deste dito Governo, de conseguir ou não o AGENDAMENTO dos seus Programa e Orçamento Geral de Estado para a presentação, discussão e aprovação ou não destes mesmos, a nível do ÓRGÃO DA PLENÁRIA DA ANP.

E sabe-se muito bem que na realidade, segundo o tido e visto com o outro Governo do mesmo género que acaba de ser demitido no dia 15 deste Novembro ainda em curso, o tal exercício significará o seguinte. Este que será o novo Governo deverá criar a sua "NOVA MAIORIA ABSOLUTA" (falando à moda do inventado novo jargão do STJ, utilizado na sua decisão do Acórdão N° 4/2016 do 14 de Julho de 2016) ou contornar por meios quaisquer (não sei como) a "MAIORIA ABSOLUTA ORIGINAL" do PAIGC no nível dos dois Órgãos da Estrutura Orgânica e do Funcionamento da ANP. Nomeadamente, a MESA DA PRESIDENCIA e a COMISSÃO PERMANENTE DA ANP.
        
Para além disso, ele também terá que conseguir pôr a seu lado, a VONTADE E ORIENTAÇÃO POLÍTICAS, as quais o ÓRGÃO DO PRESIDENTE DA ANP e por esta via o seu Titular, é legítima, legal e constitucionalmente vinculado.

Bem entendido, refiro-me ao ÓRGÃO DO PRESIDENTE DA ANP e por esta via o seu Titular, no sentido em que esse elemento da Estrutura Orgânica e do Funcionamento da ANP, visto na ótica da Pessoa Jurídica, constitui juntamente com alguns outros elementos da mesma natureza técnica organizacional, regimental e procedimental desta instituição, primeiramente, um Órgão. Um Órgão que, todavia, em relação a outros Órgãos deste hemiciclo, tem um carater muito particular (que confunde muita gente). É unipessoal. Quer dizer, preenchido (pela eleição) por um único titular na base dos PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS DE MAIORIA/MINORIA.

É portanto e efetivamente sendo assim que o PAIGC possui nesta presente IX Legislatura também a “MAIORIA ABSOLUTA ORIGINAL” neste nível. Porque ganhou as últimas legislativas de 13 de Abril de 2014 por uma maioria absoluta. Digamos em outras palavras, por isso é que esta formação possui, nesta Legislatura, a VONTADE E ORIENTAÇÃO POLÍTICAS do ÓRGÃO DO PRESIDENTE DA ANP e por esta via do seu Titular; possui VONTADE E ORIENTAÇÃO POLÍTICAS vinculadas ao respeito do sentido e espírito da realidade, evidentemente, da maioria absoluta saída das urnas. E isto tem a sua razão de ser, que é, o estabelecimento no Parlamento (ANP), de condições e possibilidades da criação de sintonia em todos os seus níveis do processo de tomada decisões centrais e de significado nacional. É efetivamente a razão (ou uma das razões), pela qual se faz preencher (por eleição) este Órgão logo à partida, na sua 1ª sessão do início de cada Legislatura, baseando-se efetivamente como já dito, no PRINCÍPIO E CRITÉRIOS DE MAIORIA/MINORIA; preenchido então (pela eleição), pelo Deputado da Bancada Parlamentar tendo vencido as eleições respetivas em cada caso por uma maioria absoluta (caso das SITUAÇÕES DE MAIORIA ABSOLUTA), ou capaz de reunir uma maioria absoluta (caso das SITUAÇÕES DE MAIORIA RELATIVA) no hemiciclo.

Portanto, este eventual 3º Governo, para poder festejar o seu 1º sucesso, terá que conseguir pôr ao seu lado também a VONTADE E ORIENTAÇÃO POLÍTICAS, vinculadas ao PAIGC, do atual TITULAR DO ÓRGÃO DO PRESIDENTE DA ANP neste presente momento e situação precisa.
        
Eis a localização do problema central, imediato, concreto e primeiro, a resolver por este Governo ainda em gestação, em todo o primeiro lugar. Retomo. Nos três Órgãos constituintes, entre outros, em como um todo total, da Estrutura Orgânica e do Funcionamento da ANP. Onde se vai ter que decidir imperativamente (Cif., a decisão do Acórdão N° 2/2016 do STJ do 16 de Setembro de 2016), primeiramente, sobre o AGENDAMENTO ou não do Programa deste nosso eventual novo Governo e seu Orçamento Geral de Estado. Para depois estes dois documentos seguirem a caminho do ÓRGÃO DA PLENÁRIA DA ANP para a sua presentação, discussão e aprovação ou não neste nível.

Portanto e repito, esse Governo do Sô Sissoco, só terá o seu 1º sucesso, se conseguir safar no seu primeiro grande desafio a ele colocado nestes três “Baraka Sinhos” para depois entrar na “Baraka Grande” de Fanado (iniciação em ritos e costumes locais bissau-guineenses de alta responsabilidade no respeito da ética e da moral na e para a gestão da vida comum social e na sociedade). A “Baraka Grande” de Fanado, a PLENÁRIA DA ANP. E aí, sabe-se, se tudo se manter tal qual, não terá problema. Aí tem a sua “NOVA MAIORIA ABSOLUTA” arranjada (uma outra história desta ainda presente situação de crise), ex post eleição.

Senão, e pensando que tudo se faça legal e constitucionalmente, este Governo está em riscos de ter o mesmo destino, tal como o outro que visa substituir. E, a Guiné-Bissau vai encontrar-se novamente no ponto de partida semelhante ao daquele seu predecessor. Só que um pouco pior do que o da situação daquele. Pois ter-se-á, mais uma vez, premeditada e deliberadamente, caído nesta mesma situação de BLOQUEIO INSTITUCIONAL TOTAL, em pleno conhecimento de causa provocadora desta realidade. Tal como descrita aqui.

Mas ainda pior do que antes, porque podendo perfeitamente e de modo muito simples, ter sido evitado, sem prejuízos políticos sérios à posição de ninguém. Pelo, com e após todo o apoio praticamente de todos os parceiros internacionais de peso relevante do nosso país, via os Acordos de Bissau, do dia 10 de Setembro de 2016 e de Conakry, do dia 14 de Novembro deste mesmo ano.

Eh bom, ai, tudo e todos ignorados objetiva e programaticamente pelo nosso atual Sô Presi e seus apoiantes. Em nome apenas dos seus interesses mesquinhos. Mais na-da! Triste.

E no fim, é dizer que, engajo-me em este género de exercício por que sou Sociólogo e Pesquisador Independente e por pautar por um debate democrático sério e honesto (mesmo se contraditório). Pela honestidade intelectual e análises sérias e precisas de situações concretas. À altura da gravidade da presente situação de crise instalada no nosso país já há 15 meses e pico, sem parar e sem pausa. Para e que a verdade “seko kan” seja sempre dita com coragem e na cara de todos e todas. Para o bem da boa preservação, gestão e perpetuação da nossa coisa pública. Para o bem da Guiné-Bissau e seu povo, todos nós bissau-guineenses (Mulheres e Homens).     

Obrigado. Boa sorte, para todos nós, mais uma vez, bissau-guineenses (Mulheres e Homens). Amizade.

A. Keita

*Pesquisador Independente e Sociólogo (DEA/ED); este texto foi publicado primeiramente nas suas duas versões iniciais de rascunho nos Blog “Rispito” e em “O Democrata”, no dia 11 de Novembro de 2016. 

Esclarecimento PG: Alguns dos artigos que estamos a publicar (tal como este) foram cedidos ao PG em data atempada, só não foram publicados imediatamente devido a impossibilidades físicas da edição do PG que estamos a procurar superar para o regresso à normalidade. Aos autores e colaboradores, assim como aos leitores, apresentamos as devidas desculpas.

Brasil-EUA. ALÔ… ALÔ… ALÔ?





Trump conversou com o presidente do México, da Colômbia e da Argentina, mas considerou insignificante trocar algumas palavras com o decorativo Michel Temer

Tatiana Carlotti – Carta Maior

Novembro, 2008. Sete dias após as eleições norte-americanas, Barack Obama retornou a ligação do então presidente Lula, destacando a importância do Brasil, “um líder mundial” , e as soluções encontradas no país para o combate à crise financeira internacional.

Novembro, 2016. Já se passaram quinze dias que Donald Trump venceu as eleições e, até agora, o decorativo mor da Nação, Michel Temer, amarga o descaso do bilionário que já conversou por telefone com os presidentes latino-americanos do México, da Colômbia e da Argentina.

A diferença de tratamento é gritante. Mas, a pauta não interessa à mídia golpista. Foi risível o esforço da Rede Globo e seus satélites para tornar natural a ausência de comunicação entre Trump e Temer.

No dia da vitória do republicano, o G1, da família Marinho, anunciava pela manhã (08h58): “Temer irá parabenizar Trump por telefone nesta quarta, diz Planalto”. Como não ocorreu a dita chamada telefônica, o inacreditável G1 publicou outra notícia na mesma dia (15h) com a seguinte manchete: “Temer parabeniza Trump e espera que o Brasil se aproxime dos EUA”, fazendo crer que a conversa telefônica afirmada pela manhã havia se concretizado.

Apenas os que leram a reportagem puderam compreender que Temer parabenizou Trump por meio de uma carta, uma nota curta elaborada às onze da manhã pelo decorativo, pelo diplomata Fred Arruda e por Alexandre Parola, porta-voz do governo que informava no site do Planalto: “uma carta foi enviada ao norte-americano com a mensagem de Temer”.

Eis a “comunicação” entre os dois incensada pela mídia, recheando as reportagens com as palavras ditas por Temer, durante entrevista a uma rádio de Itatiaia (MG) naquele dia.

A situação se agrava ao lembrarmos que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, responsáveis por 20% das exportações brasileiras. E fica patética frente ao apreço histórico dos golpistas e da nossa elite tupiniquim pelo Tio Sam.

O apreço da mídia, então...

Quantos e quantos editoriais não foram escritos ao longo da última década esculhambando a cooperação Sul-Sul e as medidas de afirmação da altivez brasileira em sua política externa?

Além disso, o Brasil possui o maior PIB da América Latina, a maior população e a maior extensão territorial.

Com todos, menos comigo

Alguns podem argumentar que o descaso de Trump seria uma reação à nova diplomacia inaugurada por José Serra que, bradando o fim da diplomacia “ideológica” – leia-se independente - em entrevista ao Correio Braziliense, afirmou ano passado:

“Eu considero a hipótese do Trump um pesadelo”

“Nos EUA, sempre torci pelos democratas, no atacado”.

“Agora não se trata nem de ser democrata, trata-se de ser sensato, de querer o bem do mundo. Todos que querem o bem do mundo devem apoiar a Hillary [Clinton]”.

Esse argumento, porém, cai por terra, já que Trump atendeu no mesmo dia em que foi eleito, o presidente do México, Enrique Peña Nieto, que durante as eleições norte-americanas, comparou odiscurso do bilionário aos de Hitler e Mussolini.

Três dias depois, Trump conversava por telefone com o presidente da Colômbia, Juan Manoel Santos que divulgou em seu twitter: “falei com o presidente eleito Donald Trump. Acordamos fortalecer a relação especial e estratégica entre a Colômbia e os Estados Unidos”.

E o que dizer dos 15 minutos de conversa entre Trump e o presidente argentino Maurício Macri?

Ambos mantiveram relações conturbadas nos anos 80, quando tentaram, sem sucesso, ser sócios em negócios imobiliários em Nova York. O argentino, inclusive, apoiou abertamente Hillary Clinton durante as eleições nos EUA. Mesmo assim, ele foi convidado por Trump a visitá-lo em Washington no próximo ano.

Na fila à direita dos presidentes da América Latina, ao decorativo vem restando o papel de lanterninha.

Reservas oportunistas?

Não é o primeiro descaso sentido pelo golpista brasileiro. Durante a reunião da Cúpula do G20, na China, Temer não conseguiu nada com o presidente Barack Obama. Nem reunião casual, nem foto, nem aperto de mãos.

Em “Por que Obama evitou uma foto com Temer”, Dario Pignotti avalia que apesar do evidente apoio norte-americano ao golpe no Brasil, o comportamento de Obama – e podemos estender ao comportamento de Trump, agora - foi uma “demonstração de reservas (genuínas ou oportunistas) sobre a gestão pós-democrática no Brasil”.

Aliás, os elos entre Lava Jato e Estados Unidos foram denunciados pelos advogados de defesa do ex-presidente Lula e Marisa Letícia. Talvez agora Trump se anime a responder o aceno brasileiro. Sua demora, porém, é indicativa. Apesar de toda a blindagem, o mundo sabe que no Brasil aconteceu um golpe.

Daí a campanha diária da mídia na naturalização do estado de exceção que vivemos. O mais recente exemplo é a ostensiva cobertura da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) nesta segunda-feira (21.11.2016), em total oposição ao ostracismo a que foram relegadas as reuniões do mesmo Conselho ao longo da última década.

Criado pelo ex-presidente Lula, em fevereiro de 2003, o Conselhão reunia movimentos sociais e populares e setores do empresariado, além de especialistas de várias áreas, para sentarem na mesma mesa junto com o presidente, em torno de pautas de interesse nacional.

Completamente descaracterizado, com 70% de seus membros trocados, o “conselhinho” organizado por Temer é mais uma falácia dos golpistas. Agora se compreende a não participação dos principais organizações da sociedade civil;  UNE, a CUT, o MST, a CTB, a CNBB, entre outros.

Não à toa, nessa primeira reunião, Temer pediu apoio para a reforma da Previdência que irá prejudicar milhões de brasileiros. Sem vozes dissonantes, para que serve o Conselho?

Criminalização da política

Vale destacar que, entre os participantes dessa primeira reunião do “conselinho”, esteve o midiático empresário Roberto Justus, a versão brasileira de Donald Trump no reality show “O Aprendiz”. Seria cômico, não fosse trágico: o empresário  afirmou ao Estadão que pensa em se candidatar à presidência da República.

“Antigamente, eu nunca admitiria a possibilidade de pensar em alguma coisa nesse sentido, mas ultimamente eu tenho pensado sobre isso. Quem sabe, não sei, porque é uma mudança de vida. É você dedicar a sua vida ao país”, disse Justus.

Eles têm Trump, nós temos Justus, Dórias e provavelmente muitos outros que irão surgir em meio ao discurso de ojeriza à política, propalado pela mídia golpista.

Eis a “dorialização” em curso no país. Os empresários assumem, sem intermediários, seus interesses no poder público. O Estado mínimo agradece.

Imagine se eles seguirem o exemplo de Trump que se recusa a abandonar seus negócios particulares, alegando que não haverá confusão entre público e privado.

Confiram também What Can Be Done About Trump's Conflicts of Interest? That's Up to Congress. (tradução em andamento que será publicada na próxima sexta-feira, no Especial Trump). 

Créditos da foto: reprodução

FACTOR TRUMP E ECONOMIA MUNDIAL – SALVANDO O CAPITALISMO AMERICANO



Valentin Katasonov - Tradução Anna Malm*

Nos seus discursos de campanha eleitoral Trump sempre proclamou uma passagem dos Estados Unidos dos trilhos do capitalismo bancário aos do capitalismo industrial, como anteriormente ressaltado. A realização das promessas de Trump exigiria um esforço heróico e uma tal transição, mesmo só uma tentativa a ela, iria fazer uma grande pressão na economia mundial...

Trump declarou que em caso de vitória ele pararia as negociações do TTIP- Transatlântica Negociações de Parcerias e Investimentos. Em verdade, todo o volume dos acordos entre os Estados Unidos e a União Europeia iriam ser postos em questão. Trump disse que ele iria parar até mesmo a Transpacífica Parceria. Casos ainda não se vêem naturalmente, mas julgando pelo dito ...

Trump esclareceu sua posição da seguinte maneira: a relação econômica-comercial dos Estados Unidos com o resto do mundo deveria ser construida através de acordos bi-laterais. De acordo com essa estratégia Washington não necessitaria do acordo da Organização Mundial do Comércio-OMC, WTO na sigla inglesa, com seu excesso de liberalismo. Apesar de Trump nunca ter se referido a nenhum protecionismo, poderia ser esperado que exatamente um protecionismo pudesse vir a ser o fundamento principal da política externa de Washington com o novo presidente-eleito que como um homem de negócios muito bem sucedido sempre saberia como pressionar seus parceiros ao certo ponto.

No decorrer de todo um século os Estados Unidos estiveram ocupando o primeiro lugar no comércio internacional.  A América foi denominada até mesmo como  "a potência do comércio mundial". Entretanto, nesse aspecto ela já foi ultrapassada pela China, e isso também já em 2014. No começo dos anos setenta a América tinha saldo ativo na sua balança comercial, mas em seguida foi formado um déficit, o qual nos dias de hoje já tem um tamanho astronômico. Por dados do Ministério do Comércio dos EUA, o déficit da balança  comércial dos Estados Unidos em 2015 foi de 736,2 bilhões de dólares. Os países com os quais na sua balança comercial os EUA entraram em déficit de maiores proporções em 2015 - em termos de déficit de equilíbrio mútuo no sector mercantil de comércio em млрд. долл - bilhões de dólares foram: China-365,7; Alemanha- 74,2; Japão-68,6; México- 58,4; Vietnam- 30,9.

Antes de qualquer coisa compreende-se aqui que a América não se preocupa muito com  seus déficits gigantescos, mesmo porque eles sempre foram cobertos com a ajuda das máquinas de impressão de dinheiro da Reserva Federal, informalmente denominada como FED. Em troca da entrada de equipamentos, bens de consumo, matéria prima e alimentos, a América dá aos outros países os seus papéis verdes. A reserva desses papéis nos outros países chegam a somar trilhões de dólares. Contudo, esses mesmos papéis serão retornados aos Estados Unidos de quando então trocados por títulos do Tesouro dos EUA - com o auxílio dos quais as autoridades irão cobrir ainda mais um défict, ou um buraco se se desejar, - o déficit do orçamento federal.

Esse mecanismo, quase que sem juros e esse crédito quase que perpétuo dado à América pelo resto do mundo - é um elemento muito importante no capitalismo bancário dos Estados Unidos. Entretanto, os recursos desse mecanismo não são infinitos. As restrições aparecem na forma da dívida pública e do orçamento do estado, o que faz com que a dívida na prática não possa crescer infinitamente. Por sua parte tanto a dívida pública quanto o orçamento do estado exigem que pagamentos de juros sejam respeitados. Memo que a percentagem da taxa da dívida fosse equivalente a 1%, mais cedo ou mais tarde ela devoraria todo o orçamento federal dos EUA. A respeito disso Trump falou alto e de forma retumbante no verão passado, prometendo parar o crescimento da pirâmide da dívida americana. Além do mais, ele vai tentar desmontá-la, assim como iniciar negociações com outros países a respeito da reestruturação da dívida americana.

Certamente que Trump deseja retornar para os Estados Unidos milhões de empregos que estiveram voando pela China, México, Alemanha, Japão e outros países, mas não é só isso. A tarefa mais importante seria agora a de salvar o capitalismo americano, em qualquer de suas formas, mas ele parece querer apostar no capitalismo industrial, o qual tem maior reserva de forças do que o capitalismo bancário.

O factor protecionismo

O factor Trump na esfera econômica - Isso significaria, principalmente, o factor protecionismo com suas atividades contagiantes. As consequências do protecionismo poderiam vir a abranger todo o mundo do comércio. Prever precisamente  todas as possíveis consequências a longo prazo seria difícil. Por já fica claro que um protecionismo iria aguçar a relação chinesa-americana. O tamanho total da dívida da economia chinesa aproxima-se dos 300% do PIB.

Para servir a tamanha dívida seria necessário garantir o aumento do PIB de pelo menos em 6-7% por ano. Já de a tempos grande parte do crescimento do PIB da China é criado através do saldo ativo do comércio exterior. Caso o saldo ativo vindo do comércio com os Estados Unidos caisse, mesmo que fosse em 10-20%, o impacto na economia chinesa viria a ser sentido. Se o saldo ativo aqui sendo examinado - caisse ainda mais, isso iria levar a um nocaute que nos faria ver um efeito como numa queda de dominós:- a economia mundial, incluindo-se aqui a dos EUA, seria envolvida numa segunda onda de crise financeira.

O factor protecionismo também tem um grande impacto nas relaçoes dos Estados Unidos com a Europa. A Europa hoje em dia mostra-se muito obediente, seguindo a risca as ordens de Washington. Tem-se que um tal comportamento poderia indicar que com a sua obediência a Europa consegue um bom pagamento, e ao que tudo indica, muito provavelmente em forma de saldo ativo nas relações comerciais com os Estados Unidos. Nos últimos anos esse saldo tem estado a mais de 100 bilhões de dólares. Caso a Europa viesse a perder suas recompensas, a sua motivação para continuar seguindo nas águas das políticas dos Estados Unidos iria diminuir, e de muito.

Depois tem-se as reações em cadeia. Os europeus iriam tentar recompensar sua perda comercial em relação aos Estados Unidos as custas de outros parceiros comerciais. Como exemplo um dos casos em questão poderia ser a Ucrânia. Essa, como se sabe, vem desfrutando desde 1 de Janeiro de 2016 no seu comércio com a União Europeia de um "regime especial", o regime de uma zona de comércio livre. É verdade que já a 10 meses, como mostram as estatísticas, a Europa não teria recebido maiores proveitos desse comércio, mas a Ucrânia poderia entretanto ter recebido alguns agradinhos doces. É bem provavel que dentro de algum tempo as atividades de Trump levem que a Ucrânia venha a receber da Europa só amargas pílulas, e isso por causa de um déficit na balança de pagamentos.

Factor taxa percentual

Ainda mais uma importante manifestação do factor Trump na economia poderia ser o factor da taxa percentual. Muitas vezes Trump criticou Barack Obama e a presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Janet Yellen, por estarem apoiando a taxa da Reserva Federal num nível extremamente baixo (0,25-0,50%). O dinheiro nos Estados Unidos está praticamente a ser oferecido sem pagamentos, ou seja, sem juros. Isso dá a ilusão de que a economia estaria muito bem, muito saudável. O dinheiro deverá ter o seu preço, de outra maneira isso tudo já não seria mais capitalismo. Donald Trump é em princípio contra um "comunismo do dinheiro", o qual na realidade foi instalado na América depois da crise de 2007-2009. Mais ainda, tem-se que esse comunismo não é para benefício do povo americano - quem beneficia dele são os bancos da Wall Street, levando esse dinheiro gratuito para novas especulações e insuflação de bolhas financeiras.

Eu acho que mesmo agora antes de Trump ter se estabelecido na Casa Branca o factor Trump em relação a taxa percentual de juros já começou a ter sua influência. Um aumento da taxa básica da Reserva Federal será sentida brevemente. Espere-se um aumento da taxa percentual para os créditos bancários, para os depósitos, para os papéis e títulos do tesouro, títulos flutuantes e ainda outros instrumentos financeiros. O fluxo de capital na economia americana está sendo ativada, e um movimento para o aumento do curso do dólar faz-se sentir.

Ao contrário, nos outros países deverá ser notado uma fuga de capital, e por já  tem-se uma redução de taxas de câmbio das moedas nacionais. Entretanto esse será só o começo. De quando a direção da Reserva Federal e do Tesouro dos EUA estiver nas mãos de pessoas ligadas  a Trump  subsequentes aumentos da taxa básica da Reserva Federal e da taxa percentual dos títulos do Tesouro deverão ser esperados. Isso por seu lado levaria a reversões no movimento internacional de capitais. As consequências de tais reversões são de difícil previsão.

As pessoas ligadas a equipe de Trump deveriam avaliar esse risco para proteger-se contra uma segunda onda internacional de uma crise financeira. Sugiro que se o time de Trump disser "A" que então digam "B". Abaixo de "A" eu tenho em vista a política do protecionismo comercial. Abaixo de "B" a introdução  de limitações ao movimento de capitais. Esses dois aspectos da situação normalmente vão de par em par.

Falando de controle na esfera de movimento de capitais eu tenho em vista não só a importação de capital (limitação e proibição na importação de dinheiro "hot", "curto", de especulação, mas também no controle da exportação. Lembremo-nos de que em 1963 o de então presidente John Kennedy tentou parar o processo de desindustrialização dos Estados Unidos através do aumento da tributação dos rendimentos recebidos pelas companhias americanas nos seus investimentos no exterior. Essa foi uma tentativa de parar a fuga de capital do país, fazendo-o trabalhar para a economia na linha do "аме риканскую" [o denominado "modelo francês" que de então, sugeria prioridade para uma maior ligação entre países de almas gêmeas.]

Interessante: atreveria-se Donald Trump?

Tem-se aqui mais um detalhe. A subida da taxa percentual inevitavelmente fará com que as despesas  do principal posto do orçamento federal (despesas nos pagamentos da dívida do estado) também subam. Para reduzir isso, a equipe de trabalho de Trump necessitaria de começar negociações com os titulares de títulos do Tesouro americano tendo em vista uma reestruturação da dívida pública dos Estados Unidos. Uma tal negociação para reestruturação da dívida foi mais recentemente feita pela Argentina, Ucrânia e Grécia. Hoje em dia como potencial candidato a esse papel impopular apresenta-se o próprio Estados Unidos.

Enfim, o factor Trump pode ser usado tendo-se em vista medidas urgentes para a ordem no sector bancário da economia. Nos primeiros lugares da sua lista de ação Trump já tinha colocado a exigência de reestabelecer a lei Glass Steagall, assinada em 1933 por Franklin Roosevelt. O objetivo dessa lei era a de  separar as operações bancárias de depósitos (as dos bancos comerciais) das operações de investimentos (as dos bancos de investimentos). Isso quer dizer em outras palavras não permitir que bancos usassem os depósitos de seus clientes para especulações no mercado financeiro. O mundo dos bancos nos EUA nessa época dividia-se em organizações do tipo banco de depósito e crédito, ou seja os bancos comerciais, e organizaçöes tipo bancos de investimentos. Entretanto, em 1999 o de então presidente Bill Clinton assinou uma lei que abolia a lei Glass Steagall. Contra isso apresentaram-se muitos políticos e homens de negócios sensatos. Entretanto, os bancos da Wall Street controlavam Bill Clinton e influenciaram no sentido de uma, para eles, decisão certa. Depois disso os Estados Unidos estiveram se dirigindo a todo vapor a caminho da crise financeira de 2007-2009.

Agora os Estados Unidos estão movendo-se para a segunda série da crise financeira que terá carácter permanente enquanto a lei Glass Seagall não for reestabelecida. Já hoje a posição relativa dos diferentes tipos de dívida da economia americana excede os valores numa analogia com os valores mostrados em 2007, nas vésperas da primeira série da crise. O reestabelecimento da lei Glass Seagall deveria ter sido reestabelecida era mais é "ontem", por assim dizer.

Ninguém pode dizer com certeza quando essas bolhas financeiras irão estourar apesar de ainda se ter claramente na memória como os bancos da Wall Street  conseguiram inflar suas bubbles/bolhas no tempo da de então presidência de Obama. No caso delas estourarem agora- no pântano da crise irão mergulhar não só os americanos, mas toda a economia mundial. Trump parece perceber a magnitude do perigo. Portanto, uma lei estabelecendo uma divisão entre bancos comerciais e de investimentos poderia muito bem ser uma das primeiras iniciativas do novo morador da Casa Branca, o que já seria muito bom, para começar.

Фактор Трампа и мировая экономика - Спасти американский капитализм

www.fondsk.ru


- em Pravda.ru

BATOTA NAS ELEIÇÕES DOS EUA? SE QUEREM SABER TÊM DE PAGAR A RECONTAGEM DOS VOTOS



Não é a primeira vez que os resultados eleitorais nos EUA são manipulados. Podemos e devemos recordar que George W. Bush tomou posse como presidente eleito mas ficaram sempre as dúvidas sobre a legitimidade daquela tomada de posse devido a “confusões eleitorais” que para muitos cidadãos dos EUA e por todo o mundo foi uma estratégia para roubarem a presidência a Al Gore.

Também nestas últimas eleições existem dúvidas e suspeitas de fraudes no estado do Wisconsin. Para desvendar o “mistério” avançou a candidata eleitoral perdedora Jill Stein. Ela com os seus apoiantes reuniram a quantia exigida para a recontagem dos votos. 

Está demonstrado que os EUA são uma estranha democracia em que quando há dúvidas e suspeitas fundamentadas de fraude eleitoral são os que põem em causa a legitimidade dos resultados eleitorais a ter de arcar com a despesa da recontagem dos votos. Têm de pagar para ficarem a saber se houve ou não batota eleitoral… (PG)

Recontagem dos votos pedida no Estado do Wisconsin

A candidata às presidenciais nos Estados Unidos, Jill Stein, pediu a recontagem dos votos no Estado do Wisconsin.

A ex-candidata presidencial às eleições norte-americanas Jill Stein já preencheu as condições necessárias para se realizar a recontagem dos votos no Estado do Wisconsin.

O administrador da comissão estadual para as Eleições, Mike Haas, disse que o pedido foi apresentado antes do prazo limite, que terminava esta sexta-feira.

A estrutura de campanha de Stein tem estado a recolher dinheiro, através da Internet, para suportar os custos da recontagem nos Estados do Wisconsin, Michigan e Pensilvânia.
Stein afirmou que quer tornar claro que os resultados nestes Estados não sofreram interferências de piratas informáticos.

As leis do Wisconsin determinam que o Estado faça a recontagem a pedido de um candidato, se este ou esta a puder pagar. Para isso a campanha já recolheu 5,2 milhões de dólares (4,9 milhões de euros).

De acordo com a campanha de Jill Stein, existem provas "convincentes" de "anomalias" na votação nestes três Estados e, por isso, é necessário verificar os resultados dos condados que dependem de máquinas de voto eletrónico.

Lusa em TSF

FIDEL, POR EDUARDO GALEANO




“E seus inimigos não dizem que apesar de todos os pesares, das agressões de fora e das arbitrariedades de dentro, essa ilha sofrida mas obstinadamente alegre gerou a sociedade latino-americana menos injusta”

Eduardo Galeano Outras Palavras - Tradução: Eric Nepomuceno

Seus inimigos dizem que foi rei sem coroa e que confundia a unidade com a unanimidade.
E nisso seus inimigos têm razão.

Seus inimigos dizem que, se Napoleão tivesse tido um jornal como o Granma, nenhum francês ficaria sabendo do desastre de Waterloo.

E nisso seus inimigos têm razão.

Seus inimigos dizem que exerceu o poder falando muito e escutando pouco, porque estava mais acostumado aos ecos que às vozes.

E nisso seus inimigos têm razão.

Mas seus inimigos não dizem que não foi para posar para a História que abriu o peito para as balas quando veio a invasão, que enfrentou os furacões de igual pra igual, de furacão a furacão, que sobreviveu a 637 atentados, que sua contagiosa energia foi decisiva para transformar uma colônia em pátria e que não foi nem por feitiço de mandinga nem por milagre de Deus que essa nova pátria conseguiu sobreviver a dez presidentes dos Estados Unidos, que já estavam com o guardanapo no pescoço para almoçá-la de faca e garfo.


E seus inimigos não dizem que Cuba é um raro país que não compete na Copa Mundial do Capacho.

E não dizem que essa revolução, crescida no castigo, é o que pôde ser e não o quis ser. Nem dizem que em grande medida o muro entre o desejo e a realidade foi se fazendo mais alto e mais largo graças ao bloqueio imperial, que afogou o desenvolvimento da democracia a la cubana, obrigou a militarização da sociedade e outorgou à burocracia, que para cada solução tem um problema, os argumentos que necessitava para se justificar e perpetuar.

E não dizem que apesar de todos os pesares, apesar das agressões de fora e das arbitrariedades de dentro, essa ilha sofrida mas obstinadamente alegre gerou a sociedade latino-americana menos injusta.

E seus inimigos não dizem que essa façanha foi obra do sacrifício de seu povo, mas também foi obra da pertinaz vontade e do antiquado sentido de honra desse cavalheiro que sempre se bateu pelos perdedores, como um certo Dom Quixote, seu famoso colega dos campos de batalha.

(Do livro “Espelhos, uma história quase universal”)

Foto de cabeçalho: Fidel na Serra Maestra, durante a luta de guerrilhas (Foto: Enrique Meneses, no “Paris Match”)

¡HASTA LA VICTORIA SIEMPRE, FIDEL!





26 noviembre 2016 

Palabras de Raúl: "hoy 25 de noviembre del 2016, a las 10:29 horas de la noche, falleció el Comandante en Jefe de la Revolución Cubana, Fidel Castro Ruz. En cumplimiento de la voluntad expresa del compañero Fidel, sus restos serán cremados. En las primeras horas de mañana sábado 26, la Comisión Organizadora de los funerales brindará a nuestro pueblo una información detallada sobre la organización del homenaje póstumo que se le tributará al fundador de la Revolución Cubana. ¡Hasta la victoria siempre!" »

Cuba Debate

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“HASTA SIEMPRE, COMANDANTE”. MORREU FIDEL CASTRO




O histórico líder cubano, Fidel Castro, morreu aos 90 anos, anunciou hoje o seu irmão, o Presidente Raúl Castro, na televisão estatal

"O comandante-chefe da revolução cubana morreu esta noite às 22:29", afirmou Raúl Castro, que sucedeu a Fidel no poder em 2006.

O Presidente cubano indicou que, nas próximas horas, vão ser anunciados os detalhes relativos às exéquias de Fidel Castro.

O corpo do pai da revolução cubana vai ser cremado, de acordo com a sua "expressa vontade", indicou emocionado Raúl Castro, num breve discurso ao país que concluiu com a expressão "Até à vitória, sempre".

Fidel Castro apareceu pela última vez em público no passado dia 15, quando recebeu na sua residência o Presidente do Vietname, Tran Dai Quang.

Após 47 anos no poder, a 31 de julho de 2006, Fidel Castro decidiu afastar-se devido a problemas de saúde e delegou a liderança do regime cubano ao irmão Raul, mais novo cinco anos.

A passagem de testemunho seria definitiva dois anos mais tarde.

Durante a última década, Fidel fez poucas aparições públicas, foi dado como morto várias vezes na Internet e nas redes sociais e manteve um contacto regular com o mundo através dos seus artigos intitulados "Reflexiones", publicados na imprensa oficial e sempre reproduzidos pelos 'media' internacionais.

Também tem sido um anfitrião exclusivo para Presidentes que visitam Cuba, tendo recebido, no final de outubro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Meses antes de celebrar os 90 anos, Fidel Castro marcou presença, em abril, no VII Congresso do PCC e fez um discurso na sessão de encerramento que soou a despedida: "Talvez esta seja a última vez que falo nesta sala. Em breve cumprirei 90 anos, não em resultado de nenhum esforço mas por capricho do destino. Sou como todos os demais: também chegará a minha hora", afirmou então.

Ao longo dos últimos anos, Fidel também se despediu de alguns dos seus melhores amigos e aliados, como o Nobel da Literatura Gabriel García Márquez (2014), o antigo Presidente sul-africano Nelson Mandela (2013) e o líder venezuelano Hugo Chávez (2013).

Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu a 13 de agosto de 1926, em Birán, uma pequena localidade do município cubano de Mayari, no seio de uma família de origens galegas.

Após um longo e conturbado período como opositor do regime de Fulgêncio Batista (um então aliado dos Estados Unidos), o guerrilheiro Fidel Castro, que frequentou Direito na Universidade de Havana, e o seu companheiro de luta Che Guevara chegavam a 01 de janeiro de 1959 a Havana e a Revolução Cubana fazia a sua entrada na História.

Fidel Castro assumiu o poder na ilha e tornou-se numa das figuras mais carismáticas, mas também das mais controversas, da História política do século XX.

Lusa, em Notícias ao Minuto

OS QUE OLHAM E NÃO VÊEM: CUBA E O "CAPITALISMO DE ESTADO"





Os que apelam à introdução de medidas capitalistas em Cuba e sonham com o mercado estão fora da realidade. Esses elementos existem já, mas essa não é toda a realidade. É tudo mais complexo e complicado. Existe um sector capitalista de Estado. Distingue-se do capitalismo de Estado existente em países capitalistas pela forma como distribui o que produz ou gera de produtos e rendimentos.

“…. em certos momentos Lénine colocava inclusivamente a ideia da construção do capitalismo sob a direcção do proletariado. Para vossa tranquilidade digo-vos, desde logo, que não temos pensado semelhante coisa e não é porque estejamos em desacordo com Lénine, mas porque as circunstâncias são diferentes, uma vez que o nosso processo, que pôde contar com a assistência do campo socialista e da URSS, avançou muito, conta com forças muito sólidas e não tem que se colocar a questão nesses termos.”

Fidel Castro, 6 de Agosto de 1995

“Recordo ter lido como em determinado momento Lénine concebia a construção do capitalismo sob a direcção dos trabalhadores, de um governo de trabalhadores. Dizia: Há que construir o capitalismo, há que desenvolver as forças produtivas. Mas foi tal o assédio, as agressões, o isolamento e a situação crítica que não lhe restou outro remédio senão aceitar aquele desafio; Marx teria levado as mãos à cabeça, realmente.” Fidel Castro, 24 de agosto de 1998.

“Revolução é sentido do momento histórico; é mudar tudo o que deve ser mudado…”

Fidel Castro, 1 de Maio de 2000

Os que, supõe-se, estudam Cuba não prestam suficiente atenção às instituições e práticas que existem no país.

A maioria dos estudiosos e repórteres do exterior discutem, escrevem e prescrevem sobre uma Cuba imaginária ou imaginada. Escreve-se sobre o futuro e muito pouco sobre o presente real ou sobre o que foi. Em outras palavras, não se colocam a pergunta – por exemplo –:¿Por que existem gasolineiras CUPET e gasolineiras ORO NEGRO? ¿Por que há duas em vez de uma empresa para a venda de gasolina? Não se perguntam por que há tantos diferentes tipos de táxis: Havana Táxi, Pana Táxi, etc. Tudo é visto como UM Estado controlando tudo e o demais, portanto, não se analisa. Mais ainda, nem se percebe.

É óbvio que em Cuba existe um capitalismo [quase por completo monopolista] de estado que se defronta com numerosas dificuldades impostas do exterior – particularmente pelo governo dos EUA. Este enunciado não tem a intenção de ser pejorativo, é apenas descritivo. Este capitalismo de estado, entretanto, é distributivo no que produz ou gera de produtos e rendimentos. Estes aspectos diferenciam-no do capitalismo de estado típico, que distribui os lucros apenas entre os investidores privados.

No capitalismo de estado há empresas que são independentes umas das outras, e que podem responder a diferentes sectores dentro do próprio estado. Por exemplo, o MINFAR tem empresas (incluindo o Banco Metropolitano – que é diferente do Banco Popular de Poupança, que não controla). O MINFAR tem também uma cadeia de hotéis (Gaviota) e granjas próprias. Estas granjas demostram-nos que existe “vertical integration” em diferentes fileiras produtivas da ilha. E essas entidades e cadeias estatais – mas autónomas umas das outras – COMPETEM com outras entidades do estado.

¿Existem possíveis contradições – em termos marxistas – entre Gaviota e Cubanacan, por exemplo? ¿E desde quando existem estas instituições? Tiveram início em 1985. ¿E quem estudou o processo económico e político de Cuba com base nestas condições? ¿Que é exactamente um “grupo empresarial” (por exemplo: Azcuba)?

Os que apelam à introdução de medidas capitalistas na ilha e sonham com o mercado estão fora da realidade e perderam o rumo. Esses elementos existem já, mas essa não é toda a realidade. É tudo mais complexo e complicado.

O que confunde jornalistas e numerosos académicos do exterior é o capitalismo de empresas privadas e não entendem exactamente o que se passa na ilha: isso é algo diferente da prática do capitalismo de empresas paraestatais ou estatais. Uma grande diferença, naturalmente, é quem se apropria dos lucros e como o faz. Os lucros no capitalismo privado vão para mãos privadas; o capitalismo estatal usualmente apropria-se dos lucros e distribui parte desses lucros entre os administradores e, de forma individual ou social, entre os que trabalham na empresa ou fora dela. Ambos os tipos de distribuição pagam impostos.


Nota: Em Cuba existiram precedentes desta situação – e foram estabelecidos pelo governo dos EUA. Por exemplo, a Nicaro Nickel Company era uma empresa estatal do estado norte-americano. A Nicaro era uma subsidiária em sentido administrativo da Freeport Sulphur Company, que por sua vez “actuava” em nome da Defense Plant Corporation and Metals Reserve Company, que era propriedade do estado norte-americano.

NOTA: o uso do termo capitalismo de estado não tem nenhuma intenção pejorativa.

Cubadebate, em O Diário.info

FIDEL - UMA VIDA DEDICADA A SERVIR





Homenagem da CubaHoy a FIDEL. Material audiovisual resumindo o mérito de uma vida dedicada a servir. #VivaFidel (ao som da belíssima canção do Silvio Rodriguez (Del Elegido)

Siempre que se hace una historia
Se habla de un viejo, de un niño o de sí,
Pero mi historia es difícil:
No voy a hablarles de un hombre común.
Haré la historia de un ser de otro mundo,
De un animal de galaxia.
Es una historia que tiene que ver
Con el curso de la vía láctea,
Es una historia enterrada
Es sobre un ser de la nada.

Nació de una tormenta
En el sol de una noche,
El penúltimo mes.
Fue de planeta en planeta
Buscando agua potable,
Quizás buscando la vida
O buscando la muerte
Eso nunca se sabe

Quizás buscando siluetas
O algo semejante
Que fuera adorable,
O por lo menos querible,
Besable, amable

El descubrió que las minas
Del rey salomón
Se hallaban en el cielo
Y no en el áfrica ardiente,
Como pensaba la gente.
Pero las piedras son frías

Y le interesaban calor y alegrías
Las joyas no tenían alma,
Sólo eran espejos, colores brillantes
Y al fin bajo hacia la guerra
¡Perdón! Quise decir a la tierra

Supo la historia de un golpe,
Sintió en su cabeza cristales molidos
Y comprendió que la guerra
Era la paz del futuro.
Lo más terrible se aprende enseguida
Y lo hermoso nos cuesta la vida.
La última vez lo vi irse
Entre humo y metralla,
Contento y desnudo,
Iba matando canallas
Con su cañón de futuro.

Youtube – 14.10.2016

Factos curiosos sobre Fidel. Sabia que é detentor de recordes?




O ex-líder cubano morreu esta sexta-feira aos 90 anos

Anos a fio no poder, Fidel deixou pelo mundo várias marcas que o tornam inesquecível para a História mundial. O que alguns não sabem, por exemplo, é que é detentor do maior discurso alguma vez proclamado nas Nações Unidas, com quatro horas e 29 minutos, conta a Reuters.

Mas saiba mais algumas curiosidades sobre o ‘comandante’:

Fidel Castro liderou Cuba por mais de cinco décadas e foi o terceiro chefe de Estado que esteve mais tempo no poder, além da rainha de Inglaterra e do rei da Tailândia. Em 2006 cedeu temporariamente 'as rédeas' ao seu irmão devido a problemas de saúde, mas em 2008 retirou-se oficialmente;

Castro detém o recorde do discurso mais longo alguma vez feito nas Nações Unidas. O mesmo teve a duração de quatro horas e 29 minutos, em setembro de 1960. Um dos seus discursos mais longos gravado tem sete horas e 30 minutos, em fevereiro de 1998, após ter sido reeleito para mais cinco anos como presidente;

O comunista garante que sobreviveu a 634 tentativas de assassinato, sendo que a maior parte deles terão sido levados a cabo pela CIA e Estados Unidos. Segunda afirmava, alguns deles incluíam tentativas de envenenamento ou cigarros tóxicos;

Em 2012, a revista Time nomeou Castro como uma das 100 personalidades mais influentes de todos os tempos;

Fidel tinha nove filhos de cinco mulheres diferentes. O seu filho mais velho, Fidel Castro Diaz-Balart, que é tido como a imagem do seu pai e conhecido por Fidelito, é um cientista nuclear soviético nascido a 1949 e resultou do breve casamento de Fidel com Mirta Diaz-Balart;

O revolucionário costumava ‘devorar’ cigarros cubanos mas desistiu de fumar em 1985. Anos mais tarde referiu-se ao tabaco dizendo que o melhor que “se podia fazer com uma caixa de cigarros”, era “oferecê-los aos seus inimigos”;

Castro apareceu poucas vezes em público nos últimos anos e pelo menos duas vezes os meios de comunicação cubanos já o tinham dado como morto.

Inês Esparteiro Araújo – Notícias ao Minuto

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

XI JIPING NÃO PERDE TEMPO



Presidente chinês aproveita confusão aberta em Washington, com eleição de Trump, e lança vasta ofensiva diplomática na Ásia, Europa e América do Sul

Pepe Escobar – Outras Palavras

Em capítulo ainda mais espetacular de sua saga reversa à Marco Polo, o presidente Xi Jinping da China fez, em 16/11, uma parada estratégica na Sardenha, Itália, em sua rota para participar da reunião de cúpula da Cooperação Econômica do Pacífico Asiático [ing. Asia-Pacific Economic Cooperation, APEC]) em Lima, Peru.

Por que a bela Sardenha? Com certeza não para cruzeiro em iate pela Costa Esmeralda. Trata-se, mais uma vez e sempre, das Novas Rotas da Seda puxadas pelos chineses.

Huawei está construindo seu maior quartel-general europeu na Sardenha. Os chineses querem comprar o porto de Cagliari. E o fabuloso Pecorino sardo – sério aspirante ao título de melhor queijo de cabra do planeta – oferecido em pó, já está alimentando milhões de bebês chineses.

Como espécie de bônus extra, Xi Jinping, “Marco Polo da China”, exortou seus compatriotas, pela TV nacional chinesa, a investir numa maciça invasão turística na Sardenha. Agora, é disso que trata qualquer pacote de estímulo na Europa.

Enquanto isso, o presidente Obama pato-manco, também a caminho da cúpula da APEC, está na Alemanha passando o bastão de “líder do mundo livre” a Angela Merkel, mais desentendida que veado surpreendido pela luz dos faróis. Os faróis atendem pelo nome de Donald Trump.

TTP enterrado a sete palmos de profundidade

A imagem de um Xi efervescente ao lado de um Obama reduzido a pó de traque, contra o pano de fundo da costa do Pacífico sul-americano, será impagável. Longe vão os anos 1990s, quando Bill Clinton comandava a APEC e lhe aplicava o sinete da agenda dos EUA. Agora o Pacífico Asiático tem de se entender não só com aTrumponomics protecionista, mas também com o fato de que a Parceria Trans-Pacífico (TTP), que Obama tanto prezava – o braço mercantil do “pivô para a Ásia” – está morto e enterrado, para todas as finalidades práticas.

A equipe de transição de Trump, comandada por Mike Pence, aconselhou o presidente eleito a enterrar a Parceria Trans-Pacífico (que reuniria os EUA mais 11 países de todo o anel do Pacífico), sem mais delongas, logo nos primeiros 100 dias de governo. O  mapa do caminho vai ainda mais longe e aconselha Trump a esquecer também o Acordo de Livre Comércio da América do Norte [ing. NAFTA], a menos que uma longa lista de “concessões” sejam atendidas.

Aliados abatidos dos EUA – sobretudo Japão, Cingapura, Austrália e Nova Zelândia – que contavam com a ascensão de Hillary e a entronização da Parceria Trans-Pacífico, estão decididos a trabalhar em reuniões “secretas” no Peru, para construir um artigo revisto. Para isso, será preciso assumir que os republicanos no Congresso podem concordar com que Trump conduza algum tipo de renegociação.

Há também a – distante – possibilidade de uma taxa de corte, excluindo os EUA. EUA e Japão respondem por cerca de 60% do PIB somado dos países da TTP. A TTP sem os EUA vira outro bicho, absolutamente diferente.

E isso nos leva à sutil contraofensiva de Pequim: promover a liga anti-TTP, na linha da Parceria Econômica Regional Compreensiva [ing. Regional Comprehensive Economic Partnership (RCEP). O leste da Ásia, Japão e Malásia, além da Austrália não asiática – três atores chaves – apoiam a RCEP.

Apesar de o relacionamento Trump-China poder sempre acabar nos proverbiais mares tenebrosos, Pequim já pode ter certeza que o braço mercantil do pivô para a Ásia, que excluía a China, já é história.

Aqui, a palavra oficial, do vice-ministro de Relações Exteriores da China Li Baodong: “A China acredita que devemos fixar um plano de trabalho novo e muito prático, para responder positivamente às expectativas da indústria, manter o atual impulso e estabelecer uma área de comércio no Pacífico Asiático, e sem demora.” Nada de TTP; mais parecida com a RCEP.

Todos aqueles resets

Um novo acordo comercial do Pacífico Asiático representará, definitivamente um reset nas relações EUA-China.

Há também aquele outro reset crucial: com a Rússia.

O chefe pato-manco do Pentágono, Ashton Carter, “aconselhou” Trump e a equipe dele a não cooperar com a Rússia na questão da Síria. Foi solenemente ignorado.

O vice-ministro de Relações Exteriores, Sergey Ryabkov, disse que Moscou não quer cooperação. Mas disse também que Moscou não cogita de “persuadir a liderança do Pentágono a modificar qualquer coisa relacionada a isso.”

Tradução diplomática: Vocês – o governo Obama – no que diga respeito à Rússia, estão mortos.

Assim sendo, haverá um reset. Será extremamente complicado, e em bases trumpianas de acordo-a-acordo: expansão da OTAN para as fronteiras da Rússia; Crimeia; defesa de mísseis dos EUA; tentativas de revoluções coloridas. Dirá respeito a toda a Eurásia. E começará com cooperação na Síria.

Pequim e Moscou chegaram à conclusão de que Trump não é ideólogo (à moda dos neoconservadores): é homem pragmático. São inevitáveis os resets. Bem como algumas surpresas.

Trump pode estar inclinado a que os EUA incluam-se no Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII), furiosamente demonizado pelo moribundo governo Obama. O projeto de Trump, 1 trilhão de dólares para infraestrutura é coisa que a China já faz – iniciado no final dos anos 1990s. Ellen Brown tem uma sugestão: imprima dinheiro e construa toda a infraestrutura de que você precisa.

Um eventual acordo EUA-Rússia na Síria beneficiaria, afinal de contas – e quem poderia ser? – a China. Espelhando-se na Rota da Seda original, a China vê a Síria como nodo crucial das Novas Rotas da Seda, atualmente bloqueado. Imaginem um dia, em futuro não muito distante, em que Xi desembarcará em Damasco para assinar acordos comerciais. E requererá pacote de estímulos para que turistas chineses possam visitar uma Palmyra restaurada…

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