Morreu
Mário Soares
O
antigo Presidente da República Mário Soares morreu hoje aos 92 anos, disse à
agência Lusa fonte do Hospital da Cruz Vermelha.
Uma
figura central na construção da democracia
Mário
Soares, que hoje morreu aos 92 anos, desempenhou os mais altos cargos no país e
a sua vida confunde-se com a própria história contemporânea portuguesa, sendo
fundador e primeiro líder do PS após combater o Estado Novo.
Filho
de João Lopes Soares, um ministro na I República, e de Elisa Nobre Baptista,
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa,
tendo estado omnipresente na vida pública do país, tanto nas décadas anteriores
à revolução de 25 de Abril de 1974, como nos primeiros 40 anos da democracia
portuguesa.
Preso
político e posteriormente exilado em São Tomé e Príncipe e França durante a
ditadura, Soares regressou "em ombros" à sua pátria em 1974 para
desempenhar as pastas dos Negócios Estrangeiros dos primeiros governos
provisórios, liderar os I, II e IX Governos Constitucionais (1976-78 e
1983-85), até chegar à Presidência da República, no Palácio de Belém, onde
ficaria por dois mandatos (1986-1996).
Da
Revolução dos Cravos a Presidente de "todos os portugueses"
Mário
Soares foi um dos fundadores da democracia portuguesa, adversário das correntes
revolucionárias entre 1974 e 1975, e em 1986 chegou a Presidente "de todos
os portugueses", sendo reeleito em 1991 com mais de 70% dos votos.
Na
madrugada do 25 de Abril, quando o Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou
a ditadura, o primeiro secretário-geral do PS estava em França, no exílio.
Falecimento
ocorreu "na presença constante" dos filhos - Hospital
O
diretor clínico do Hospital da Cruz Vermelha, Manuel Pedro Magalhães, informou
hoje que o antigo Presidente da República Mário Soares faleceu às 15:28, na
"presença constante" dos seus filhos, Isabel e João Soares.
A
informação foi dada pelo diretor clínico do Hospital numa curta declaração aos
jornalistas, sem direito a perguntas.
Mário
Soares encontrava-se internado desde o dia 13 de dezembro, tendo sido
transferido no dia 22 dos Cuidados Intensivos para a "unidade de
internamento em regime reservado" do Hospital da Cruz Vermelha, depois de
sinais de melhoria do estado de saúde.
No
entanto, no dia 24, um agravamento súbito da situação clínica obrigou ao
regresso do antigo chefe de Estado à Unidade dos Cuidados Intensivos.
No
dia 31 de dezembro, dia da última atualização feita pelo hospital sobre o seu
estado de saúde, Mário Soares continuava em "coma profundo", mas
"estável e com parâmetros vitais normais".
Mário
Soares, que morreu hoje aos 92 anos, desempenhou os mais altos cargos no país e
a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa:
combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
Morreu
um guardião da democracia -- Carlos César
O
presidente do Partido Socialista, Carlos César, afirmou que o ex-chefe de
Estado Mário Soares, que hoje morreu, foi "um guardião da
democracia", e considerou este um "dia triste" para o partido e
para a memória coletiva do país.
"Não
morreu um dirigente socialista, mas um grande português, um obreiro das liberdades,
um guardião da democracia", afirmou à agência Lusa Carlos César, referindo
que, "por isso, todos os portugueses, independentemente da sua condição
partidária, estarão, certamente, associados neste momento numa manifestação
coletiva de pesar e numa homenagem à memória de luta e à memória de
concretização que representou a atuação política de Mário Soares e o seu
comportamento físico ao longo destas últimas décadas".
Para
Carlos César, o antigo Presidente da República é, "sem dúvida, a
personalidade mais relevante da segunda metade do século XX e, em particular,
depois de restaurada a democracia em Portugal".
O
antigo Presidente da República morreu hoje aos 92 anos, no Hospital da Cruz
Vermelha, em Lisboa.
Mário
Soares encontrava-se internado desde o dia 13 de dezembro, tendo sido
transferido no dia 22 dos Cuidados Intensivos para a "unidade de
internamento em regime reservado" do Hospital da Cruz Vermelha, depois de
sinais de melhoria do estado de saúde.
"É
um dia triste para o Partido Socialista, para a nossa memória coletiva e para a
democracia portuguesa, porque perdemos um dos seus principais lutadores e um
dos seus principais obreiros", salientou Carlos César, também líder do
grupo parlamentar do PS na Assembleia da República.
Para
o dirigente socialista, "Mário Soares foi decisivo no combate à ditadura e
na adoção da democracia e do regime de liberdades públicas, na sua proteção em todos
os momentos".
"Devemos-lhe
não só a nossa condição de país democrático, como também a nossa condição de
país europeu", declarou o presidente do PS, realçando que "foi pelas
mãos de Mário Soares" que Portugal "se libertou de um isolamento que
o condenou entre as nações" e "passou a ser um parceiro respeitado no
exterior e ajudado por países amigos".
Carlos
César acrescentou que todo o desempenho do ex-Presidente da República "foi
não só decisivo para aquilo que hoje é o Partido Socialista como grande partido
na sociedade portuguesa, mas sobretudo para aquilo que hoje é" Portugal,
"um país incomparavelmente diferente e melhor do que era há 40, há 30
anos".
LUSA
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