Depois
de dominar as sondagens nos últimos meses, o Partido da Liberdade (PVV),
liderado pelo populista Geert Wilders, caiu recentemente para a segunda
posição, atrás do atual primeiro-ministro.
As
eleições na Holanda são daqui a somente 24 horas. Na noite desta segunda-feira,
os candidatos melhor posicionados nas sondagens, o atual primeiro-ministro de
centro-direita, Mark Rutte, e o líder de extrema-direita, Geert Wilders,
encontraram-se para um derradeiro debate televisivo, isto numa altura em que
Rutte voltou a ultrapassar Wilders como favorito a vencer, mas ainda com uma
vantagem curta.
Os
temos discutidos foram os esperados: a saída ou não da União Europeia, a
imigração, a religião (e, por inerência, a ameaça islâmica sobre o país) e o
recente quid pro quo diplomático com a Turquia. Uma coisa é certa:
vença quem vencer, e precisando de uma coligação para governar — no último
século, todos os executivos holandeses foram de coligação –, não batem à porta
um do outro.
O
populista Wilders, do Partido para a Liberdade (PVV), começou por pedir, numa
alusão ao Brexit britânico, um “Nexit” à holandesa, ou seja, a saída o quando
antes da Holanda da União Europeia. “Só então seremos de novo o patrão da nossa
própria casa”, explicou. Por sua vez, Rutte, atual primeiro-ministro e líder do
Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), só vislumbra nessa saída
problemas para o país, nomeadamente o do desemprego. Segundo Mark Rutte, quase
1,5 milhões de holandeses correriam o risco de perder o emprego, o que traria o
“caos” para a Holanda.
Wilders,
estando agora em desvantagem nas sondagens, partiu novamente para o ataque.
Prometeu combater, tal como antes o havia prometido em comícios, a
“islamização” do país, nomeadamente através do encerramento de mesquitas,
proibindo a entrada de imigrantes muçulmanos no país, decisões às quais
acrescerá a proibição da venda do Alcorão. Depois, acusaria o atual
primeiro-ministro (a propósito das recentes tensões diplomáticas entre os dois
países) de estar “refém” da Turquia e do presidente Recep Tayyip Erdogan. Rutte
colocou água na fervura: “Aqui está a diferença entre postar tweets do
sofá e conduzir um país. Se lideras um país, precisas de tomar medidas
sensatas”. O primeiro-ministro acabaria longamente aplaudido após esta
resposta.
As
eleições holandeses estão a ser vistas como a antecâmara (ou não) da ascensão
populista na Europa, sendo que também este ano haverá eleições em França e na
Alemanha. Ainda assim, o partido do atual primeiro-ministro, o Partido Popular
para a Liberdade e Democracia (VVD), lidera as sondagens com 16% das intenções
de voto. Depois de dominar as sondagens nos últimos meses, o Partido da
Liberdade (PVV), liderado por Geert Wilders, caiu recentemente para a segunda
posição. Ainda assim, o partido de Wilders deverá conseguir o seu melhor
resultado desde a criação, em 2006. Na terceira posição nas sondagens surge a
CDA, o partido da direita democrata-cristã, seguida pelos liberais de
centro-esquerda do D66.
A
estas eleições legislativas candidataram-se 81 movimentos, dos quais 28 foram
aceites pela comissão eleitoral. As sondagens projetam um Parlamento mais
dividido do que nunca, podendo ser necessários quatro ou mais partidos para
obter 76 dos 150 deputados necessários para suportar uma maioria. Os resultados
deverão ser anunciados pelo Conselho Eleitoral a 21 de março.
Tiago
Palma – Observador – Foto: Yves Herman / AFP / Getty Images
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