sábado, 1 de julho de 2017

PORTUGAL À SOMBRA DE AMBIGUIDADES AINDA NÃO ULTRAPASSADAS – VIII



Martinho Júnior | Luanda

Em saudação aos 60 anos do MPLA, aos 52 anos da passagem do Che por África e aos 43 anos do 25 de Abril… e assinalando os 50 anos do início do “Exercício ALCORA” e os 50 anos do início da Guerra do Biafra.

15- O fascismo e colonialismo do Estado Novo, em função dos problemas que criou, tornou-se praticamente indigente no que ao armamento e equipamento militar dizia respeito: e vassalo nas obrigações internacionais no quadro da NATO e do Exercício ALCORA, uma vassalagem que não parou com o 25 de Abril de 1974.

Em Goa, Damão e Dio, ficou evidente que a capacidade militar do colonialismo português praticamente não existia e no campo da NATO, muito poucos tinham interesse em ajudar essa indigência avassalada, inclusive o aliado Grã-Bretanha.

Logo em 1961 relativamente a Angola, era essa a impressão do cônsul-geral da África do Sul em Luanda e por isso os portugueses recorreram desde logo ao “apartheid” para criar comunicações que levassem a futuros entendimentos com a África do Sul.

Se a vassalagem era impotente em relação à NATO, iriam buscá-la noutras paragens.

Em Setembro de 1963, a África do Sul ofereceu assistência militar e um ano depois, os portugueses manifestaram ao “apartheid” que estavam interessados num acordo permanente para o fornecimento de peças e outros serviços de apoio para os helicópteros Alouette III.

Em 1967 os dois países deram mais um passo no sentido do fornecimento por parte da África do Sul de material militar, algo que agradava ao “apartheid”, que além do mais se ia apercebendo que Portugal iria ficar em dependência em relação ao seu poderio e interesses.

Em 1968 os enlaces derivaram no sentido de se criar as bases do acordo do âmbito do Exercício ALCORA, sendo definida a entrada das SADF e Polícia sul-africana no sudeste de Angola, a pretexto do “apartheid” se juntar aos portugueses e dar caça simultaneamente às guerrilhas da SWAPO e do MPLA.

Em ambos os casos o “apartheid” aproveitou para estreitar laços com a PIDE/DGS, uma vez que o conceito e a doutrina dos Flechas às ordens de Óscar Cardoso lhes interessava, tanto como a Operação Madeira.

De entre os equipamentos que a África do Sul se comprometeu a fornecer nesse ano, estavam 5 helicópteros Alouette III, 33 autometralhadoras Panhard AML e 283 rádios TR 28C.

HORA DE ENFRENTAR FACEBOOK E GOOGLE?



Punição da União Europeia e estudo independente reconhecem: os dois gigantes querem cercar a internet e eliminar sua diversidade. Mas como frear seu poder?

Rafael A. F. Zanatta | Outras Palavras

Essa semana, Google e Facebook – dois dos maiores gigantes do capitalismo de vigilância contemporâneo – sofreram duros golpes em suas reputações corporativas, abrindo um debate mundial sobre a ética de suas ações e as vulnerabilidades de nossa dependência a esses monopólios da era digital.

Na terça-feira (27/06), a Comissão Europeia impôs uma multa de quase 9 bilhões de reais ao Google por “abuso de posição dominante como motor de busca” e “por dar vantagem ilegal a seu próprio serviço de compras comparativas”. Trata-se da maior punição antitruste a uma única empresa já realizada na Europa.

As investigações foram conduzidas por Margrethe Vestager, comissária da União Europeia para defesa da concorrência (e forte liderança do Partido Social-Liberal da Dinamarca). Ela revelou que oGoogle situava sistematicamente em lugar destacado seus próprios serviços de compras comparativas, “colocando em lugar pior os serviços de comparação rivais nos resultados de busca”. Para a comissária, o Google “ocupa uma posição dominante nos mercados de busca de internet no Espaço Econômico Europeu” e, com suas práticas de manipulação, “abusou da posição dominante dando a seus próprios serviços uma vantagem ilegal”.

Em um processo de investigação sigiloso, realizado desde 2014, Vestager reuniu um amplo conjunto de provas, incluindo 5,2 terabytes de resultados de busca (1.700 milhões de consultas), experimentos e estudos que demonstravam a visibilidade e o comportamento de consumidores em número de cliques, dados financeiros da Google e seus competidores e o declínio de acessos em websites europeus.

Para analistas do Financial Times, a decisão é um divisor de águas na regulação antitruste aplicada à “nova geração de empresas de tecnologia dominantes dos Estados Unidos”. Um terço da receita do Google com publicidade em buscas na Europa vem dos anúncios de compras que foram analisadas pela União Europeia. A decisão, enfim, “abre o coração do mecanismo de busca do Google” e possibilita o debate sobre como outros poderão utilizar seu mecanismo para conseguir uma melhor exposição.

Timor-Leste precisa de um Plano Nacional de Formação de Quadros | M. Azancot de Meneses



Próximo governo de Timor-Leste terá que conceber um Plano Nacional de Formação de Quadros

No dia 22 de Julho realizar-se-ão as próximas eleições legislativas em Timor-Leste e será formado o VII Governo Constitucional. Independentemente do governo que vier a ser formado, o país tem um Plano Estratégico de Desenvolvimento projectado para 2030 que não poderá deixado de ser tomado em consideração pelo novo executivo.

O Jornal Tornado, sobre esta problemática, decidiu entrevistar o Dr. Azancot de Menezes, especialista em educação e formação, considerado um dos quadros superiores mais conceituados de Timor-Leste.
Entrevista

Jornal Tornado: Dr. Azancot de Menezes, bom dia, começamos por agradecer a sua disponibilidade em conceder esta entrevista que nos parece fundamental para quem deseja compreender melhor a situação em Timor-Leste. Num momento em que se aproxima a formação de um novo governo, gostaríamos de saber a sua opinião relativamente à implementação e cumprimento do Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste.

Azancot de Menezes: O Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste (2011 – 2030) apresenta um sumário de estratégias, acções e metas para 2020, destacando que o sistema de educação e de formação profissional deverá formar os recursos humanos qualificados que Timor-Leste necessita para continuar a construção da Nação.

O documento estratégico refere, também, que em 2030 o povo de Timor-Leste será instruído e bem formado, com longa esperança de vida e produtiva, e terá acesso a uma educação de qualidade que lhe permitirá participar no desenvolvimento económico, social e político da nossa Nação.

MP timorense pede penas de prisão de oito anos para casal português retido em Díli



Díli, 27 jun (Lusa) - O Ministério Público timorense pediu hoje oito anos de prisão para os dois portugueses acusados de vários crimes financeiros e retidos em Díli desde outubro de 2014.

Tiago e Fong Fong Guerra foram julgados no Tribunal Distrital de Díli, acusados dos crimes de peculato, branqueamento de capitais e falsificação documental, relacionados com uma transferência de 859.706,30 dólares (792 mil euros), feita em 2011 por um consultor norte-americano para a conta da empresa da arguida.

Nas alegações finais, o Ministério Público pediu a condenação do casal pelos crimes de peculato e branqueamento de capitais e penas de prisão de oito anos cada para um dos dois arguidos, além do pagamento de uma indemnização no valor de 859.706 dólares, com juros desde 2011.

O MP considerou que a pena de prisão pedida era mais baixa do que o suposto porque tinha em conta "circunstâncias atenuantes",incluindo o facto de os arguidos "terem cooperado com a justiça e não terem antecedentes criminais".

O MP pediu a absolvição dos arguidos no caso dos crimes de falsificação documental por considerar que os alegados crimes "já prescreveram", por terem sido cometidos em 2011.

O consultor norte-americano Bobby Boye - que está atualmente preso nos Estados Unidos por defraudar Timor-Leste em 3,5 milhões de dólares (3,2 milhões de euros) -- trabalhou com o Governo timorense na recuperação de impostos devidos ao país por empresas petrolíferas.

PORTUGUESES CÚMPLICES DO GENOCÍDIO EM TIMOR-LESTE | revelado desde 2005





A revelação de documentos secretos norte-americanos trouxe a verdade à tona sobre acontecimentos ocorridos em 1975 que comprovam a existência de conluio e indiferença de entidades portuguesas (civis e militares) na ocupação selvática levada a cabo por forças militares indonésias ao serviço de Suharto. Também esses traidores portugueses ficaram impunes. Conclui-se após a notícia veiculada pela Lusa em 2005, e que é recomendável não esquecer.

É costume em Portugal (assim como também em outros países) a culpa morrer solteira. Contudo isso não nos impede, em democracia, de recorrer às memórias da história para relembrar aos que são desses tempos mas ignoram e às novas gerações que no caso da invasão de Timor-Leste alguns portugueses têm a sua percentagem de responsabilidades perante o genocídio ocorrido naquele país, assim como a cobardia aviltante e desleixo em entregar de mão-beijada a Pátria de um povo e o próprio povo que Portugal colonizava (sendo por isso responsável).

É evidente que esses portugueses traidores e dignos de chafurdarem em chiqueiro adequado às suas práticas permanecem no secretismo e impunes. Nem a história de Portugal alguma vez fez constar quem são e o que fizeram na abrangência daquele fatídico período. Muito provavelmente alguns (ou todos) ainda foram condecorados por “bons serviços prestados à nação e a bem da nação”. Vómitos, é o que tais energúmenos merecem por tal comportamento. Decerto que inseridos numa componente política e militar. Se bem que certo é que não sabemos exatamente quem desses devemos apontar. A impunidade permite-lhes a opacidade conveniente.

Nem atualmente, mais de 40 anos volvidos, os nomes desses traidores, desses pulhas, e cúmplices dos crimes ocorridos em Timor a partir de 1975, por militares e polícias indonésias, foram divulgados. Passando-se uma esponja pelas responsabilidades e culpabilidades criminosas que lhes cabe.

Em abono da verdade deve ser facto real que na atualidade alguns deles já são ossadas ou pó. Isso não invalida que não seja escrita a história como se deve e que se lhes sejam retiradas condecorações se as tiveram recebido. Ao menos isso. Condecorar traidores é blasfémico para a história de Portugal e ainda muito mais aviltante para as centenas de milhares de vítimas timorenses.

Não são, não foram, os portugueses da plebe que agiram de modo tão sabujo e traidor dos povos timorense e português. Foram especificamente uns quantos, políticos e militares, pela certa. Quem? Quantos? Temos o direito de saber. Não só os portugueses mas também os timorenses interessados na verdade de toda a trama que causou cerca de 250 mil cadáveres timorenses.

Esta é a história pocilgueira de colonizadores cobardes e indiferentes aos destinos nefastos do povo por que se devia sentir e ser responsável. Essa seria a atitude correta e demonstrativa do respeito devido àquele povo. O colonialismo, os negreiros, decidiram ao contrário, cobardamente, com todo o desprezo pelas vidas humanas que então era fácil adivinhar serem varridas da face da terra, do Timor Lorosae. Assim se pode deduzir ao ler a seguir o que consta no jornal Público em 2005. Não só a Indonésia de Suharto é responsável pelo genocídio mas também os EUA e Portugal o são.

MM / AV

HONG KONG 20 ANOS | A China chegou e a pobreza aumentou, a democracia minguou



Sobrevivem em gaiolas... que são os seus quartos, as suas casas

Discriminação de minorias étnicas aumentou desde a transição -- Académica

30 de Junho de 2017, 15:00

Hong Kong, China, 30 jun (Lusa) -- A discriminação racial em Hong Kong foi herdada da era colonial e agravou-se desde a transição para a China, considera a académica Puja Kapai, "desiludida" por o novo governo não refletir a diversidade da sociedade.

"Infelizmente, a discriminação em algumas instâncias, tem sido definitivamente mais pronunciada na era pós-transição", afirmou a professora da Direito da Universidade de Hong Kong, coautora do estudo "Status of Ethnic Minorities in Hong Kong 1997-2014".

De origem indiana, Puja Kapai observou que foi "um processo gradual", mas as mudanças introduzidas desde o governo do primeiro chefe do Executivo de Hong Kong Tung Chee-hwa nas políticas linguísticas "tornaram bastante mais difícil para as crianças das minorias étnicas entrarem em escolas públicas".

Kapai apontou como positiva "a abolição do sistema de escolas segregadas" -- as chamadas 'escolas designadas' --, já no mandato do chefe do Executivo cessante Leung Chun-ying.

"Pelo menos, os responsáveis do governo estão a enviar um sinal de que essa já não é uma prática aceitável em Hong Kong. Infelizmente, como estas crianças não conseguem entrar noutras escolas, acabam por ficar nas mesmas", disse.

Nesse aspeto deu o exemplo da discriminação a que são sujeitos os filhos dos não-falantes de chinês no processo de admissão ao ensino pré-primário com financiamento público: "Se fores uma criança de uma minoria que nunca teve a oportunidade de aprender a língua em casa, porque os teus pais não falam chinês, como é que vais conseguir fazer essa entrevista [de admissão]?".

HONG KONG | 20 ANOS DEPOIS DO REGRESSO À CHINA



Milhares nas ruas pedem democracia e libertação de Liu Xiaobo

01 de Julho de 2017, 23:48

Hong Kong, China, 01 jul (Lusa) -- Milhares de pessoas saíram hoje à rua em Hong Kong, para pedir mais liberdades políticas e a libertação do ativista chinês Liu Xiaobo, no dia do vigésimo aniversário da transição da antiga colónia britânica para a China.

A Civil Human Rigthts Front [Frente Civil dos Direitos Humanos], que todos os anos organiza o protesto de 01 de julho, estimou o número de participantes em mais de 60.000, enquanto a polícia referiu 14.500, segundo a imprensa local.

Os números foram inferiores aos do ano passado, com a organização a estimar cerca de 110.000 participantes e a polícia 19.300.

A marcha saiu do Parque Vitória em direção ao Conselho Legislativo (LegCo, o parlamento) pelas 15:00 (08:00 em Lisboa), já depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, ter deixado a cidade, no final de uma visita de três dias, marcada por detenções de ativistas em protestos e pela advertência de que não será tolerada qualquer ameaça contra o poder de Pequim.

"Penso que todos os que vieram à manifestação vieram porque pensam que este ano é muito especial: são os 20 anos desde a transição", disse à agência Lusa Au Nok-hin, da Frente Civil dos Direitos Humanos, a entidade que organiza a manifestação.

"Há muitos problemas por resolver por parte do Governo de Hong Kong", acrescentou o também membro do Partido Democrata.

Nesse sentido, Au Nok-hin criticou as declarações do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, que na sexta-feira disse que a Declaração Conjunta sino-britânica -- assinada em 1984 e na qual assenta o princípio "Um país, dois sistemas" e ao abrigo do qual foi realizada a transição de Hong Kong para a China em 1997 --, "é um documento histórico e não tem qualquer significado prático".

O mesmo responsável disse que esperava que o Governo central reconsiderasse as declarações daquele ministério.

"Muitos de nós estão preocupados com o futuro de Hong Kong, sobretudo com as recentes limitações à liberdade de reunião", acrescentou, em alusão às restrições impostas pela polícia para os protestos dos ativistas durante a visita de Xi Jinping à cidade.

Mais lidas da semana