Docentes do Instituto
Universitário de Contabilidade, Administração e Informática (IUCAI) estão com
salários em atraso há três anos. Paralisação deve iniciar esta segunda-feira
devido à falta de acordos com a reitoria.
Os professores do Instituto
Universitário de Contabilidade, Administração e Informática (IUCAI) de São Tomé
e Príncipe anunciaram este domingo (18.03) que vão iniciar na segunda-feira uma
greve por tempo indeterminado. O motivo é a falta de acordo para o recebimento
de salários em atraso.
"Temos salários em atraso
desde 2015. Estamos sempre a ser enganados dizendo que se vai pagar. Quando há
dinheiro para se pagar não se paga. Estamos num ciclo vicioso e não podemos
pactuar mais com essa situação, tivemos que tomar uma medida", disse
Abdulay Pires dos Santos, representante dos docentes.
"Decidimos paralisar na
segunda-feira todas as atividades docentes, até que a reitoria resolva, na
totalidade, o problema salarial dos professores", acrescentou.
Pelo menos 25 professores têm
salários em atraso há mais de três anos. Em alguns casos, os valores são
superiores a oito mil euros. "No ano passado nós tivemos várias reuniões
com a reitoria e numa delas chegamos a um acordo de que 35% de todas receitas
que entrassem no IUCAI seriam para pagar salário dos professores, como forma de
reduzir paulatinamente os salários em atraso. Esse acordo, no entanto, não está
a ser cumprido", explica o o professor.
Negociações
O governo são-tomense patrocina a
formação de mais de 30 estudantes na universidade, com verbas postas à
disposição pelas empresas petrolíferas que assinaram contratos de partilha de
produção dos blocos de petróleo. No âmbito desse compromisso, a Agência
Nacional de Petróleos (ANP) pagou a IUCAI 120 mil euros na semana passada.
"Criamos expectativas, pois
o próprio reitor, Agostinho Rita, garantiu-nos que logo que esse dinheiro fosse
pago os problemas salariais seriam resolvidos, mas nem por isso", lamentou
Abdulay Pires dos Santos.
O reitor e fundador da universidade
IUCAI, Agostinho Rita, confirma que há, de fato, salários em atraso há três
anos, e prometeu pagar nesta segunda-feira as verbas referentes ao período
entre outubro de 2017 e fevereiro deste ano.
"Há muitos professores que
foram tomando dinheiro na minha mão ao longo desse tempo e é preciso fazermos
encontro de contas para se saber quanto eles já receberem e quanto ainda têm
por receber", explicou.
Agostinho Rita desmente que haja
intenção dos docentes de paralisar as aulas, sublinhando que "há dinheiro
para pagar" aos professores. "Mas se querem fazer greve, é um direito
deles", disse.
Agência Lusa, kg | Deutsche Welle
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