Avigdor Liebermann, titular do
Ministério da Defesa, diz que ação que resultou na morte de 17 palestinos foi
"necessária" e que soldados merecem "uma medalha". Com
isso, Israel rejeita apelos da ONU e União Europeia.
O ministro da Defesa de Israel,
Avigdor Liebermann, rejeitou neste domingo (01/04) pedidos de investigação
sobre a morte de pelo
menos 17 palestinos por militares israelenses durante uma série de
manifestações que ocorreram na fronteira entre Gaza e Israel. Segundo o
ministro, os soldados agiram corretamente.
"Soldados israelenses
fizeram o que era necessário. Acho que todos os nossos soldados merecem uma
medalha", disse ele à rádio do Exército de Israel. "Quanto a uma
comissão de inquérito – não haverá uma", acrescentou ele.
Neste domingo, o embaixador
palestino na ONU, Riyad Mansour, afirmou que o número de palestinos mortos
nos recentes protestos aumentou para 17, ante os 15 divulgados
anteriormente. Entre eles há crianças menores de 16 anos.
Autoridades palestinas consideram
as ações de Israel "um enorme massacre contra nosso povo", disse
Mansour a repórteres em Nova York, antes de uma reunião do Conselho de
Segurança convocada pelo Kuwait. Ele pediu ao órgão que tome
medidas "para fornecer proteção à população civil" em Gaza.
Dia de luto
Os palestinos declararam um dia
nacional de luto no sábado (31/03), depois que os protestos do dia anterior
resultaram em confrontos e marcaram o dia mais sangrento na Faixa de Gaza desde
a guerra de 2014.
Mais de 1.400 pessoas também
ficaram feridas durante as marchas na fronteira entre Israel e o território
palestino.
A série de manifestações foi
convocada pelo grupo terrorista palestino Hamas e marca o início de uma jornada
de protestos prevista para durar seis semanas, batizada como "A Grande
Marcha do Retorno". O objetivo é demonstrar repúdio contra a decisão do
presidente dos EUA, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de
Israel.
A data escolhida para o início
dos protestos também foi simbólica, já que marcou o chamado "Dia da
Terra", que celebra todo 30 de março a memória de seis árabes israelenses
que foram mortos em 1976 durante um protesto contra o confisco de terras.
A previsão é que os
protestos se estendam até 15 de maio, outra data simbólica, chamada pelos
palestinos de Nakba, ou "catástrofe", que marca a lembrança do
deslocamento de centenas de milhares de palestinos do atual território
israelense após a criação do Estado judeu em 1948.
Consequências
Os protestos no sábado
registraram menos incidentes do que no dia anterior. Houve apenas episódios de
pequenos grupos de palestinos atirando pedras em vários locais ao longo da
cerca na fronteira. Segundo o Ministério da Saúde em Gaza, 25 pessoas
ficaram feridas devido a disparos efetuados pelos israelenses.
As Forças Armadas de Israel disseram
que pelo menos oito dos 17 mortos nos protestos de sexta-feira eram
membros do Hamas e que outros dois eram membros de outros grupos em Gaza. O
Hamas admitiu que cinco dos mortos faziam parte de suas fileiras.
O primeiro-ministro israelense,
Benjamin Netanyahu, elogiou a atuação dos soldados, que, segundo ele, permitiu
que o resto do país celebrasse a festa da Páscoa com segurança.
ONU e UE pedem investigação
O chefe da ONU, António Guterres,
e a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, pediram uma
"investigação independente e transparente" para apurar o uso de
munição real por parte de Israel durante os protestos.
Mas uma moção nesse sentido
apresentada pelo Kuwait no Conselho de Segurança da ONU foi rejeitada pelos
Estados Unidos.
JPS/ap/dpa/afp | Deutsche Welle
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