O presidente da Comissão Nacional
de Eleições (CNE) timorense disse ontem que vai apresentar queixa na polícia
por "comentários difamatórios" contra a sua credibilidade e da CNE,
alegadamente feitos por membros de uma coligação partidária.
"Estes comentários são um
ato de agitação, de tentativa de desacreditação da nossa instituição. Hoje
mesmo vou apresentar queixa ao comando da polícia e pedir que haja uma rápida
investigação do caso", disse Alcino Baris, em declarações à Lusa.
"Esta questão é importante
porque não queremos perder a credibilidade perante o público porque somos nós a
gerir a eleição antecipada", sublinhou.
Timor-Leste está em período de
campanha eleitoral para eleições legislativas antecipadas que estão marcadas
para 12 de maio.
Os comentários surgem depois da
Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) ter questionado o que disse ser um
"encontro secreto", que Alcino Baris manteve na terça-feira com o
presidente interino da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA),
Arsénio Bano, também membro do Comité Central da Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin).
Na sua página na rede social
Facebook, a AMP levantou suspeitas sobre a motivação do encontro e considerou
que a reunião põe em causa a imparcialidade de Alcino Baris.
O responsável da CNE negou que o
encontro tenha sido secreto e que a AMP desconhecesse o conteúdo já que surgiu
exatamente por causa de uma queixa da própria coligação.
O encontro "foi num café, em
público e com vários membros da CNE", afirmou.
"Um responsável local da AMP
fez uma queixa, eu disse que ia pedir clarificações ao presidente interino da
RAEOA e depois é esse mesmo homem da AMP que levanta suspeitas sobre o porquê
do encontro e que diz que é secreto", contou Baris.
"Ao levantar suspeitas como
estas está a difamar, a agitar o público. Aqui não há nada de secreto ou
escondido", sublinhou.
Alcino Baris chegou a Oecusse na
segunda-feira acompanhado do vice-presidente da CNE, Duarte Tilman, e do seu
chefe de gabinete para contactos com responsáveis e equipas regionais do órgão
eleitoral.
"Fui a Oecusse no intuito de
motivar o nosso pessoal de monitorização eleitoral (...) estão recrutados e vão
apoiar nos centros e estações de voto", disse Baris.
"Aproveitei a ocasião para explicar
melhor como funcionam os centros de votação para eleitoralmente garantir a
veracidade e uma eleição mais credível", explicou.
Depois do encontro com os
funcionários e delegados da CNE, de manhã, a delegação reuniu-se durante a
tarde com representantes dos partidos políticos, tendo participado no encontro
elementos da Fretilin e do Partido Democrático e das coligações AMP e a Frente
de Desenvolvimento Democrático (FDD).
Durante esse encontro, explicou
Baris, o representante da AMP "fez algumas queixas relativamente à
autoridade municipal", nomeadamente relacionadas com um programa de
distribuição de arroz e de um subsídio de três dólares, alegadamente durante a
campanha.
"Expliquei que iria tentar
reunir-me de imediato com o presidente interino da região para clarificar se
essas questões estavam ou não relacionadas com o partido Fretilin",
explicou.
Por ser feriado na terça-feira, o
encontro não foi marcado na sede da administração regional, mas num café, no
centro de Pante Macassar, tendo participado a delegação da CNE e uma delegação
da região autónoma, liderada pelo presidente interino da região Arsénio Bano.
Estavam ainda no café elementos das forças de segurança.
"Colocámos essas questões e
tentámos clarificar a situação. O presidente interino explicou que nada tinha a
ver com o partido e que a distribuição de arroz tinha sido feita com base numa lista
de carenciados preparada pelas comunidades locais", afirmou Baris.
"O programa dos três dólares
é uma iniciativa para apoiar na reabilitação e limpeza dos acessos e das zonas
dos centros de votação. Mas ele informou que em alguns locais não chega esse
envolvimento comunitário e foram precisas máquinas", explicou.
Observadores internacionais têm
nos últimos dias mostrado alguma preocupação sobre tentativas, especialmente da
parte de elementos da AMP, de questionar a credibilidade da CNE.
Ainda que a coligação não tenha
apresentado qualquer queixa formal contra quaisquer órgãos eleitorais, a AMP
tem usado o Facebook para levantar suspeitas sobre a instituição.
Baris confirmou que, até ao
momento, nenhum partido ou coligação apresentou qualquer queixa formal contra a
CNE ou o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE). As queixas
apresentadas referem-se a "pequenos incidentes", indicou.
Casos como utilização indevida de
veículos do Estado, remoção ou destruição de atributos de outros partidos, ou
outros casos, têm estado a ser referidos à polícia para investigação.
A campanha eleitoral para as
legislativas termina a 09 de maio.
Lusa | SAPO TL
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