Visita do papa aumenta número de queixas de abusos sexuais na Igreja Católica
A coordenadora do grupo Vita antecipa também um aumento das participações às autoridades.
A visita do papa Francisco a Portugal fez aumentar o número de queixas de abusos sexuais na Igreja Católica. A coordenadora do grupo Vita, que substituiu a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais cometidos por padres, revelou ao semanário Expresso que na última semana houve um aumento dos pedidos de ajuda.
"Nesta última semana, com a vinda do papa a Portugal, sentimos um aumento dos pedidos de ajuda por parte das vítimas, que se sentiram encorajadas com as palavras de Francisco e com o facto de o tema ter sido muito mediatizado", contou Rute Agulhas.
A psicóloga antecipa também um aumento das participações às autoridades.
Desde fevereiro foram enviadas cerca de 50 queixas ao Ministério Público. A maioria pelo Grupo Vita, mas também pelas comissões diocesanas. Estas 50 queixas vêm juntar-se às 25 que tinham sido entregues no início do ano pela comissão independente liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Stretch.
Esta comissão iniciou o seu trabalho no dia 11 de janeiro de 2022 e apresentou resultados em fevereiro deste ano, anunciou a validação de 512 testemunhos de alegados casos de abuso em Portugal, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4815 vítimas.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão. No relatório, aquela comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a ponta do iceberg" deste fenómeno.
Na sequência destes resultados, algumas dioceses afastaram cautelarmente sacerdotes do ministério.
Cristina Lai Men com Cátia Carmo | em TSF
Imagem: © Paulo Spranger/Global Imagens
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