quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Portugal | VENHA Á FESTA… E O MUNDIAL DE 2030?

Filipe Garcia, editor-adjunto de Política | Expresso (curto)

Bom dia,

«O impacto dos eventos XXXX, o número de pessoas que assistem e as emoções que permitem vivenciar, fazem do XXX uma plataforma com um alcance e potencial único que não pode deixar de ser utilizado também com este objetivo». Adivinha sobre o que lhe vou falar? E o autor da frase, quer arriscar?

A frase é de António Costa, foi dita no passado mês de abril, no congresso da UEFA em Lisboa e os X não se referem a nada relacionado com religião ou com a Jornada Mundial da Juventude que, por estas horas, faz chegar a Lisboa o Papa Francisco. O assunto, em abril, era desporto e a candidatura de Portugal, na companhia de Ucrânia e Marrocos, a organizar o campeonato do Mundo de futebol de 2030.

Mas segure os impropérios e as injúrias que não venho aqui escrever sobre os paralelismos entre futebol e religião. Esses já por cá foram considerados dois dos três Fs do regime, e a aversão, a um e a outro por fações diferentes, é bem conhecida. Eu, respeitador de uma máxima que ensinada pela minha avó – “Muitas graças a Deus, poucas graças com Deus” – e devoto moderado da redondinha, não trago injúrias. Trago uma dúvida que me chegou, há uns dias, através do twitter de Miguel Poiares Maduro. Escrevia o social-democrata que esperava que “depois de terminarem as JMJ se gaste um 1/10 do tempo gasto atualmente a discutir as JMJ a discutir custos e benefícios de organizar o campeonato do mundo de futebol de 2030”.

Por estes dias, mais do que religião, discutimos contratos e os limites do estado laico, discutimos os milhões investidos por Estado central e autarquias, discutimos os exemplos anteriores – de Espanha onde o Governo apenas isentou de IVA os patrocinadores do evento em 2011 ao recorde australiano com mais de 70 milhões de euros públicos investidos em 2008 – e discutimos o retorno daquele que é o maior encontro de jovens católicos no Mundo. Sabemos todos que há coisas que não se contabilizam, que há realidade ao lado dos números e que esses podem ser encontrados para validar quase todos os argumentos. Agora, o momento é de festa, mas também de introspeção. Tenho duas dúvidas. A discussão não começou tarde? Queremos mesmo as festas todas?

Agora, com o Papa Francisco no ar a caminho de Lisboa, AQUI encontra tudo ao minuto sobre a Jornada Mundial da Juventude e não faltam reportagens sobre o primeiro dia.

"Reconciliação" e "periferia": o que as 41 viagens do Papa Francisco nos dizem sobre o seu pensamento político

Da “experiência inesquecível” ao “cansaço” acumulado, as emoções da fila da frente do primeiro dia de JMJ

Das 8h às 19h: o Expresso viaja com o Papa Francisco para Portugal, com políticos, oito discursos e um carro (fechado) no roteiro

Dia 2 da Jornada: estas são as restrições ao trânsito para esta quarta-feira

Jéssica merecia mais, muito mais

Inês Sanches, a mãe, Ana Pinto e Justo Montes, ama e respetivo marido, e Esmeralda Montes, filha do casal, foram ontem condenados a 25 anos de prisão pela morte de Jéssica. Uma história com contornos da mais macabra das misérias. Porque tudo terá começado com uma dívida da mãe, por bruxaria, de 200 euros e acabado com Jéssica a ser torturada durante três dias para, depois, a mãe ignorar os evidentes sinais de maus tratos que sofrera. Poupo nos pormenores, mas do tribunal ouviu-se que os próprios magistrados se impressionaram com violência da história e à porta o juiz-presidente do Tribunal de Setúbal apontou à celeridade do processo – um ano, da abertura de investigação à decisão em primeira instância – como o facto positivo a retirar da história. “A criança merece que se explique”, disse António Fialho. Merecia tanto mais.

Trump (novamente) acusado

Quatro crimes de conspiração contra os Estados Unidos, indicou o Departamento de Justiça, em Washington é a nova acusação contra Donald Trump, por alegadamente ter tentado anular os resultados das presidenciais de 2020. É a terceira vez que o antigo Presidente é indiciado pela justiça norte-americana.

A Guerra em Moscovo

Depois
de três noites seguidas com drones ucranianos a bombardear Moscovo, o conflito voltou a subir de nível. Um dormitório universitário em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, foi bombardeado e à Bielorrússia já chegaram metade das armas nucleares prometidas por Moscovo. As conversas sobre Paz estão longe de parecer promissoreas. Pode seguir as últimas da guerra AQUI, mas não lhe prometo que encontre boas notícias.

Frases

“Entrámos em campo por todas as meninas que nos viram lá em casa e que um dia sonharam em estar aqui”,

Dolores Silva, jogadora da seleção feminina de futebol

“A Europa tem a obrigação de proteger as minorias do racismo e da discriminação”

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia

Outras Notícias

Menos 1821 sobreiros

“Imprescindível interesse público”, assim considera Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, a construção do parque eólico de Morgavel, em Sines. O projeto é da Parque Eólico de Moncorvo, empresa batizada com o destino inicial do empreedimento e hoje detida pela EDP Renováveis, e terá um custo que, no mínimo, deve fazer perceber bem o ganho que trará, à região e ao país: serão abatidos 1821 sobreiros. As contrapartidas ficam definidas assim: “arborização de povoamento misto de sobreiros e medronheiros” numa área de 50,07 hectares, bem como a beneficiação de infraestruturas já existentes na área do perímetro florestal de Conceição de Tavira”.

Crime no Reino do Pineal?

Comunidade fechada, no meio do campo, com autoproclamado líder, não é mistura fácil. O cenário piora se, em entrevistas, defenderem crenças há séculos desmentidas – a terra plana –, resistência à ciência – no reino liderado por Água Akbal Pinheiro a norma é ser anti-vacinas - ou aversão a mostrar como se cuidam e como cuidam das crianças. Já há quem lute por de lá resgatar o neto e o Expresso noticiou a morte de uma criança de 14 meses, em 2022, alegadamente por falta de cuidados médicos. Ontem foi dia da PJ, do SEF e da Segurança Social entrarem pelo Reino do Pineal.

O melhor está por vir

Uma vitória, um empate e uma derrota, dois golos marcados e apenas um sofrido é, a frio, o resumo da participação portuguesa no Mundial feminino de futebol. Mas se tantos dizem que o futebol nunca será apenas um jogo e se tantos têm na bola a sua religião, ainda mais sabem que o balanço não se faz assim. Porque foi o primeiro, porque o grupo era exigente, porque as adversárias levam anos, talvez décadas, de avanço, porque se bateram como iguais contra bi-campeãs do Mundo, porque nem faltou uma bola no poste para nos podermos queixar do fado, o Mundial foi de pleno direito. Venha o próximo que, suspeito, não devo ter sido o único a ficar com a sensação de que o melhor está mesmo por vir.

O que ando a ver

Passou em estreia na noite da passada segunda-feira no canal História, Salazar, Lisboa e a Segunda Guerra Mundial, documentário, realizado por Bruno Lorvão, Christiana Ratiney e apresentado pela jornalista belga Elodie Sélys. Uma história com espiões, alianças e alta diplomacia entre potências – Alemanha, Espanha e Inglaterra - e um pequeno país cuja posição geográfica o deixava no centro de um turbilhão. Fica a recomendação, quanto mais não seja porque há documentários com enredos dignos da melhor ficção.

O que ando a ouvir

Primeiro, a justificação: a desilusão do mais recente disco dos Blur, The Ballad of Darren, afastou-me das sonoridades mais recentes. Depois, a reação: procurei um velho porto de abrigo - Pieces of a Man, de Gil Scott-Heron - um clássico de 1971 que acabou por ficar a rodar por uns dias. Finalmente, a volta, a provar que, apesar de tudo, o melhor é não resistir a espreitar as novidades recomendadas: Amatssou, disco lançado este ano pelos Tinariwen, é uma bela banda sonora para o verão.

Despeço-me com a recomendação dos nossos mais recentes podcasts,

Os cavaleiros do Papa: como surgiram os jesuítas e quais as características desta ordem? O podcast A História Repete-se recebe como convidado o padre António Júlio Trigueiros, sacerdote jesuíta e historiado.

 Abaixo a Inteligência Artificial, viva a Estupidez Natural. Clique na Noite da Má Língua para verificar que é humano.

Marcelo vetou o diploma da contagem de tempo de carreira dos professores, mas fez saber que aceita uma alteração minimalista, que nada muda a não ser uma nesga para negociações futuras. Uma alteração cosmética e há quem lhe chame "ridículo" nesta Comissão Política.

Tenha um bom dia e não deixe de nos acompanhar em Expresso.

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