segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Angola perde dinheiro com o abandono do mercado do Luvu

Maior mercado fronteiriço de Angola, a 60 quilómetros da sede municipal de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, continua com trocas comerciais encerradas por parte de Angola.

O mercado na fronteira entre Angola e a República Democrática do Congo (RDC) movimentava milhares de pessoas aos sábados, de forma intercalada. Era um sábado para o lado angolano, e outro para o vizinho congolês.

Em 2019, devido à pandemia da Covid-19, as trocas comerciais foram interrompidas. A atividade no mercado do Luvu foi reaberta oficialmente em julho do ano passado, mas continua encerrada por parte de Angola - algo que muitos munícipes lamentam.

"Quando as pessoas viram que o mercado foi fechado, inclinaram-se a outros negócios, como a venda do combustível de forma desordenada e não autorizada. É crime, mas foi a única maneira que encontraram para sobreviver", explicou um residente do local.

"Está fechado, sim"

"Está fechado, sim. E isso é uma desvantagem porque prejudica comerciantes e a população", disse outro residente.

O mercado do posto fronteiriço do Luvu funciona ao ar livre e as bancadas são feitas de chapa. Mambuene Ernesto, que costumava frequentar o espaço, também lamenta o abandono.

"Barracas em escombros, cheias de poeira […] é triste", desabafa. "O governo deve olhar 'com bons olhos' o caso do mercado do Luvu, porque o Zaire, está perder muito", explicou.

O posto Fronteiriço do Luvu é um dos grandes impulsionadores da economia angolana e muitos encontram aqui o seu ganha-pão, como é o caso do mototaxista Afonso Jaime.

Transporte

"Estou aqui desde 2012. Paramos durante o tempo da quarentena, e depois voltamos. Transporto passageiros da ponte ao posto aduaneiro do Luvu. O táxi está por 200 kwanzas, seja para os que vêm de Angola, como para os que vêm da RDC", explicou Jaime.

As trocas comercias entre Angola e a RDC através do posto fronteiriço do Luvu começaram na década de 1980.

Manzambi Issac vendia no mercado do Luvu desde 2017 e diz que "antes da pandemia, vendia muito bem", mas, agora, já não consegue sustentar a sua família.

"Se o governo não fizer nada, não estamos a ver à quem recorrer [...]. A pergunta vai as autoridades desse país", questiona.

Além do comércio, o mercado do Luvu é também um local de encontro de culturas e de artes.

"Governo está a perder dinheiro"

Segundo o economista Garcia Manuel, o Governo angolano está a perder muito dinheiro com o encerramento do espaço.

"Nós perdemos somas avultadas de dinheiro. Do lado do Congo, para que os angolanos possam frequentar o mercado, pagam o valor da salva conduta. Mas, do nosso lado, isso não acontece, porque o mercado está inoperante", argumenta.

Apesar das trocas comerciais no mercado estarem encerradas, os serviços aduaneiros funcionam normalmente.

O governador provincial do Zaire, Adriano Mendes, visitou recentemente o posto fronteiriço e deixou a garantia de que o posto fronteiriço do Luvu já tem orçamento aprovado pelo Presidente da Republica.

"Dentro de algum tempo teremos uma grande visita de alguns órgãos ministeriais na nossa provincial para poder melhorar aquela zona do Luvu, porque queremos que a nossa população, e os vendedores, tenham um pouco mais de dignidade", prometeu.

Firmino Chaves (Mbanza Congo) | Deutsche Welle

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