sábado, 7 de outubro de 2023

Holocausto na Faixa de Gaza -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Joe Biden está com Israel incondicionalmente. Pelo tempo que for preciso. O general assassino Llloyd Austin informou que pôs à disposição do sargento dos EUA no Médio Oriente tudo o que for preciso para matar palestinos. A nazi Úrsula von der Leyen disse empolgada que está ao lado do governo israelita de extrema-direita porque “tem o direito a defender-se”. Podem matar palestinos à vontadinha. O ocidente alargado já deu luz verde ao extermínio de civis na Faixa de Gaza. Como se fosse previso.

A meio da tarde de hoje, torres de apartamentos e escritórios no centro da cidade de Gaza foram simplesmente destruídas. Já não existem. Quem lá vivia e trabalhava também não. É essa a face do Holocausto na Palestina. 

O rato de sacristia António Guterres nem uma palavra. Um dos seus criados disse que está horrorizado com os ataques do Hamas. São abomináveis. A destruição de torres habitacionais, onde vivem centenas de civis, é um direito de Israel. 

Os bombardeamentos da Federação Russa na Ucrânia são crimes de guerra. Os bombardeamentos de Israel contra um território onde não existem instalações militares, é um direito. Está escrito nas regras impostas à Humanidade pelo ocidente alargado. 

Os prisioneiros palestinos, às centenas, ao longo dos anos, não merecem uma palavra dos grandes defensores dos direitos humanos. Hoje o Hamas fez prisioneiros militares civis e militares O mundo ocidental ferve de ódio e indignação. Ameaça vingança. Amanhã não há um telhado na Faixa de Gaza. Biden já deu as suas ordens. 

O Hamas, para mostrar que não está a brincar, divulgou um vídeo com militares israelitas feitos prisioneiros na operação “Al Aksa Glood”. Mostraram ao governo nazi de Benjamin Netanyahu que também prendem civis. Agora estão iguais. Os dois lados têm os seus prisioneiros e os seus reféns. Estou contra. Não quero reféns. Apoio a luta pela liberdade mas sem fazer vítima civis.

Todos sabemos como a operação “Al Aksa Glood” começou. A hora e o minuto. Apesar dos Media ocidentais fazerem tudo para esconder a realidade, o próprio Hamas anunciou que ocupa 22 localidades israelitas. Ocupa o posto fronteiriço entre Israel e o Egipto. Diz que está a registar uma grande vitória. 

O trio assassino, Biden, Blinken e Lloyd Austin, desdobra-se em ameaças. Mas já ninguém ouve os chefes da Casa Branca. Quando a população de um território cinco vezes mais pequeno do que Viana se revolta contra os opressores, que têm o apoio do estado terrorista mais perigoso do mundo, as armas já não chegam. É preciso muito mais. 

O trio assassino de Washington não sabe que Israel é o único país do mundo que apostou tudo para que seus vizinhos sejam inimigos. Tem sido feliz nessa posição. Mas há sempre um dia em que as coisas correm mal. Pode ser hoje.

O Conselho de Segurança da ONU foi convocado para amanhã. Vá lá saber-se porquê. Os EUA já decidiram que Israel tem razão e os outros são terroristas. Mesmo sabendo que o governo de Telavive é de extrema-direita, racista, e usa métodos nazis contra os palestinos. 

No noticiário desta noite a TPA falou da situação na Faixa de Gaza e Israel. A embaixada dos EUA deu autorização. Mas tiveram que cumprir as regras. Chamaram ao Movimento Hamas “grupo terrorista”. E à sua operação “Al Aksa Glood” ataques terroristas. Juntaram o útil ao agradável e atacaram o Irão a propósito da atribuição do Prémio Nobel da Paz à iraniana Narges Mohammadi. Se não atacassem o Irão a embaixada dos EUA em Luanda cortava-lhes o salário e até podia despedi-los. Este Media público nasceu na cave da Rádio Nacional de Angola sob o signo da Liberdade e da Dignidade. Eu estava lá. Agora rasteja aos pés do banditismo político!

Na Ucrânia tudo como dantes. Os generais portugueses que falam nas televisões já derrotaram os russos. Agora vão derrotar os palestinos e depois invadem o Irão. Pelo meio pode acontecer uma sapatada inesperada e não ficar pedra sobre pedra no ocidente alargado. Lá vou eu!

Hoje a TPA apresentou uma acção do “Move Angola” onde a artista principal foi Dona Vera Daves. Fiquei com pena dela. Disseram-lhe para dar uma de artista da televisão e a senhora obedeceu. Ridícula. Patética. Estão mesmo a demolir a Angola que o MPLA começou a construir em 10 de Dezembro de 1956.

No último texto esqueci-me de dizer que o “superior” da Missão de Camabatela era o padre capuchinho Samuel. Um homem sempre a sorrir. Já eu andava de repórter e encontrei-o na Missão de São Paulo, em Luanda. Tinham passado muitos anos mas reconheceu-me. Muita alegria. Levou-me para as instalações, apresentou-me a toda a gente e desde então, quando passava pela missão, ia cumprimentá-lo. Tornei-me visita da casa mesmo quando ele já tinha partido. 

Essa proximidade fez de mim, mais uma vez, repórter com sorte. Os sicários da UNITA puseram a circular, durante a campanha eleitoral de 1992, que o Presidente José Eduardo dos Santos era santomense. Os meus amigos da missão deram-me uma certidão de baptismo dele! Estava lá tudo, onde e quando nasceu, nomes dos pais e dos padrinhos. Um angolano do Sambizanga. Luandense mais autêntico não há.

O padre Samuel foi fundador da Missão de Camabatela que hoje faz 75 anos. No sorriso permanente e no discurso era muito parecido com o Papa Francisco.

* Jornalista

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