terça-feira, 14 de novembro de 2023

A negritude de antigamente está a impor-se na sociedade lusa. Coragem, precisa-se!

A Operação Influencer foi e está a ser semelhante e uma montanha que pariu um ratinho ainda alaranjado e de mesclas multicolores pró-fascistas que roçam os métodos pidescos que no salazar-fascismo recorriam a doentias fantasias, exageros e mentiras. A politização prevaleceu. Pseudo jornalistas e comentadores (não poucos) da comunicação social montaram o triste espetáculo de ataque à democracia. Um golpe que está a deixar Portugal numa situação de intrincada crise política em que o Presidente da República na sua precipitação muito fez para dar a machada repleta de palavras atazanadas que levou à demissão do primeiro-ministro e do governo. Constaram as trapalhadas (informação/desinformação). Os exageros foram seguidos num guião nojento e cobarde de que se desconheceram os verdadeiros autores apesar de demonstrar que tem os temperos da irrascível e fascizante direita encapotada e saudosista, bem como a extrema direita falsamente epitetada de liberal. Os portugueses atentos é assim que vêem e sentem o que se passou e ainda se está a passar. 

O governo do Partido Socialista caiu, a democracia está cada vez mais a cair, as demissões são gerais. A negritude de antigamente, de braço dado com o medo comum, está a impor-se na sociedade lusa. Como antes durante 48 anos. Chegámos, após 50 anos, à diluição da democracia e da liberdade que conquistámos em 25 de Abril de 1974. Os vários golpes da extrema-direita descarada ou encapotada e falsa como Judas têm sido evidentes e aqui chegámos. Para muito pior iremos se consentirmos, por temeridade aos abutres que esvoaçam à nossa volta e que aparentemente, comprovadamente, não estamos a ser suficientemente corajosos para lhes acabar com o voo que os expulse dos céus e do horizonte de Portugal. Coragem, precisa-se. Teremos?

O Curto do Expresso a seguir.

MM | PG

E ao sétimo dia a Operação Influencer descansou

João Silvestre, editor de economia | Expresso (curto)

Bom dia,

(Antes do mais, deixo-lhe o convite para a nossa conversa com assinantes da próxima quarta-feira, às 14h00. Sobre se temos meios para combater a corrupção em Portugal e, claro, sobre a investigação que levou à queda do Governo. Pode inscrever-se aqui.)

O terramoto político que atingiu Portugal há uma semana continua a surpreender. O tempo tem sido curto para tantos desenvolvimentos. O dia de ontem foi particularmente fértil: João Galamba demitiu-se e surpreendeu quem o achava inamovível; Mário Centeno deu o dito por não dito sobre o convite de Costa para um governo de transição; Pedro Nuno Santos anunciou a candidatura à liderança do PS. Acontecimentos que, por si só, valeriam um dia inteiro de noticiário.

A grande surpresa, no entanto, veio das medidas de coação dos cinco detidos da semana passada: Vitor Escária, o chefe de gabinete do Primeiro-ministro; Diogo Lacerda Machado, o melhor amigo de Costa; Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines; Afonso Salema, CEO da Start Campus; e Rui Oliveira Neves, administrador da Start Campus. Saíram todos em liberdade e sobreviveram apenas os crimes de prevaricação e oferta indevida de vantagem. Corrupção e prevaricação caíram depois de avaliadas pelo juiz de instrução. A Nuno Mascarenhas, que sai com termo de identidade e residência, não é sequer imputado qualquer crime.

Será que a corrupção ainda tudo pode regressar? Há muitas dúvidas depois ao sétimo dia do lado público de um processo que começou a todo o vapor – suficiente para derrubar um Governo – e agora parece estar a descansar.

Se não quer perder nada do que se passa o melhor é ficar atento ao direto que o Expresso mantém atualizado em permanência. Muito ainda há por esclarecer. Sobre o ‘caso Centeno’ e os dias frenéticos entre o anúncio da demissão de António Costa e a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa há informações contraditórias difíceis de compreender. Tem dúvidas sobre o que se passou? É natural. O David Dinis, no seu Observatório da Maioria, reconstitui aqueles dias e faz o possível por explicar o quase inexplicável.

E, se puder, recorde a cronologia do centro de dados de Sines que está no centro da investigação, contada pelo Hugo Franco e pelo Miguel Prado. Oiça também o último episódio do podcast Comissão Poltica.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

Os “Médicos em Luta”, o movimento inorgânico que mobilizou os médicos para a greve das horas extraordinárias, prepara-se para uma nova forma de luta agora que o Governo caiu. Uma das hipóteses é greve aos certificados de óbito.

Começam hoje os trabalhos a sério da edição deste ano da Web Summit que ficou marcada pelas palavras de Paddy Cosgrave sobre a Palestina e pelo cancelamento da participação de alguns pesos pesados da internet. O arranque foi ontem à noite num evento onde são esperados 70 mil participantes. A nova líder, Katherine Maher, diz que não há temas proibidos.

O Presidente da República promulgou os aumentos na Função Pública para 2024. Os salários vão ser atualizados entre 3% e 6,8%.

O Tribunal Central de Instrução Criminal anulou a acusação contra vários autarcas da Grande Lisboa – entre os quais Isaltino de Morais – porque o Ministério Público não interrogou o autarca de Oeiras como a lei obriga. O processo vai voltar ao início.

O Tribunal de Braga arquivou o processo contra André Ventura por causa da violação das regras da pandemia num jantar de campanha em janeiro de 2021. Houve uma alteração legal e aqueles factos passaram apenas a contra-ordenações.

Os familiares de Eça de Queiroz que estão contra a transladação dos restos mortais do escritor para o Panteão Nacional recorreram da decisão do Supremo Tribunal Administrativo.

A Assembleia Geral do FC Porto para deliberar sobre novos estatutos foi adiada para 20 de novembro depois de confrontos entre sócios.

Lá fora

A guerra Israel-Hamas fez ‘esquecer’ a guerra na Ucrânia. Mas esta não acabou. E a crise politica relegou o conflito no Médio Oriente para o fim dos noticiários em Portugal. Aqui mantemo-nos atentos. Siga todos os desenvolvimentos nos diretos do Expresso sobre a Ucrânia e o Médio Oriente.

No Sara Ocidental, houve tiros e ataques aéreos ao longo do muro construído por Marrocos e há risco de uma escalada do conflito.

David Cameron, primeiro-ministro britânico entre 2010 e 2016, vai regressar à política ativa como ministro dos Negócios Estrangeiros de Rishi Sunak. Diz que aceitou de “bom grado” em nome do “serviço público”.

FRASES

“Não são os pensionistas que, ao abrigo do RNH, acrescentam valor à nossa economia. São, sim, as empresas, os empreendedores e os trabalhadores altamente qualificados, sejam estes portugueses ou não", Manifesto em defesa da manutenção do regime de residentes não habituais publicado hoje

“A deliberação em Portugal foi das mais agressivas em termos de âmbito e de tempo. Não foi muito feliz”, Luis Lopes, Presidente da Vodafone Portugal sobre a exclusão da Huawei das redes 5G

O QUE ANDO A LER

Durante anos a inflação não foi um tema relevante para os portugueses. Quem se recorda das décadas de 70 e 80 sabe bem que estragos pode provocar. Mas, com a entrada no euro em 1999, tudo mudou. Foram anos de taxas baixas e a desatenção é natural.

Só que, entretanto, o fantasma voltou para nos infernizar. E o melhor é saber lidar com ele. “Temos de Falar sobre Inflação”, editado pela Ideias de Ler, é um pequeno livro que recorda a historia da inflação e deixa 14 lições urgentes. Destaco apenas três delas: 1) as pessoas que acreditam que a inflação foi dominada de uma vez por todas ignoram a História; 2) os governos conseguem usar a inflação para proveito próprio e fazem-no; 3) proteger o rendimento e a riqueza das pessoas dos choques nos preços pode ser politicamente necessário, mas tais acções raramente resolvem um problema inflacionário.

O seu autor é o economista britânico Stephen King. Vale a pena dar uma espreitadela. Até pode ser que a inflação esteja a começar a entrar nos eixos. Mas nunca se sabe quando nos baterá à porta novamente.

PODCASTS A NÃO PERDER

Isabel Vaz, CEO do grupo Luz Saúde, foi a convidada desta semana do “O CEO é o limite”. Diz que “ninguém manda nos médicos” e que "na saúde não há chefias, há liderança ou não se chega a lado nenhum”.

No Contas Poupança, Pedro Andersson ensina-o a calcular os juros das suas aplicações. Acha que sabe fazê-lo? Faça o teste.

As relações Israel-África são o tema do último episódio do Mundo a Seus Pés com a presença de Raul Braga Pires, politólogo e arabista.

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