sábado, 20 de janeiro de 2024

Angola | Refinaria de Capim e Terminal Oceânico -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Setembro de 2021. A Sonangol adjudicou a construção do Terminal Oceânico da Barra do Dande à Odebrecht, por 547,8 milhões de dólares. A obra fica concluída no segundo semestre deste ano, se tudo correr bem e o preço não derrapar para os bolsos de caranguejos, cucos e outra bicharada faminyab de dinheiro do Estado. O Presidente da República fez uma visita de trabalho ao local e adorou o que viu. Não é só capim e terraplanagem como aconteceu com a refinaria do Lobito, antes de 2016 e cujos “trabalhos” custaram ao Estado a módica quantia de 1,8 biliões de dólares. 

O Secretário de Estado dos Petróleos, José Alexandre Barroso, representou o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, na assinatura dos contratos, que foram assinados pelo presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Pai Querido, e pelo administrador Jorge Vinhas.

Antes de 2016, a Odebrecht recebeu 1,8 biliões de dólares para terraplanar o terreno da refinaria do Lobito. Ao contrário do que eu pensava, o negócio foi lícito. Ninguém corrompeu nem foi corrompido. Ninguém roubou escandalosamente os cofres públicos. Porque a mesma empresa recebeu mais uma encomenda da Sonangol e o Presidente da República, sabedor de tudo o que aconteceu com a terraplanagem do Lobito, visitou os trabalhos e ficou mui feliz com o que viu. 

Assim foi dada cobertura oficial à terraplanagem milionária do Lobito. A Mana Fina, zungueira do “30”, confidenciou-me que vai ela mesmo avançar com o combate à corrupção. Já mobilizou dois agentes reguladores de trânsito, um sargento das FAA reformado e cinco agentes SINSE, ultra secretos. Nem o chefe Miala sabe que eles estão a combater os corruptos. Resistência popular generalizada pelo Poder Popular.

Base Naval do Soyo. As obras de requalificação foram pagas exclusivamente pelo Executivo. Um investimento pesado, ainda que não seja conhecido. O Presidente João Lourenço abrilhantou a inauguração e disse que aquela estrutura vai contribuir “para a segurança no Golfo da Guiné” a cargo dos países do G7 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá), mais uns observadores entre os quais não consta Angola. O Presidente da República, que também, é Titular do Poder Executivo e chefe supremo das Forças Armadas, devia explicar a que título o país investe milhões numa base naval que vai servir os interesses dos ricaços do mundo. Corrupção, distracção ou traição? 

A Constituição da República, no seu Artigo 12º número 4 reza o seguinte: “O Estado angolano não permite a instalação de bases militares estrangeiras no seu território”. Há informações preocupantes. “Instrutores” dos EUA estão no Soyo a dar formação a militares angolanos. Peritos na matéria garantem que esse é o engodo. Os gringos vão chegando, material de guerra é instalado sempre na perspecitva da formação. Um dia a Base Naval do Soyo só é angolana na parte dos muros e vedações. O interior é do estado terrorista mais perigoso do mundo. Espero que não se confirme tão preocupante cenário.

Do trio assassino Biden, Blinken e Austin, este está fora de combate. Oficialmente tem um cancro na próstata. Mas fontes credíveis garantem que o assassino líder do Pentágono foi ferido gravemente em Kiev, durante um bombardeamento da Federação Russa. O assassino Blinken ocupou o seu lugar nas negociatas. E é nessa função que visita Angola no final deste mês. 

Antes de chegar a Luanda, Blinken já disse ao que vem: “reafirmar o compromisso dos EUA com os nossos parceiros costeiros da África Ocidental através da Estratégia para Prevenir Conflitos e Promover a Estabilidade”. Depois do Corredor do Lobito levam a costa marítima. E para não restarem dúvidas quanto à contribuição de Angola na “segurança do Golfo da Guiné” Blinken invocou “a parceria dos EUA com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental para enfrentar os desafios regionais”. Vamos trabalhar para os traficantes.

A Base da Marinha de Guerra do Soyo foi dotada das mais modernas condições operacionais para servir os interesses dos ricaços do mundo, agrupados no G7. Blinken vem tratar desse negócio. A Mana Fina mobilizou as senhoras da zunga para irem ao aeroporto dizer ao assassino: Yankees Go Home! Eu vou estar lá, mesmo a cair da tripeça. Qualquer semelhança entre estes sucessos e corrupção ao mais alto nível do Estado é pura coincidência. 

O Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, pela voz do ministro, anunciou que está preocupado “com o fenómeno da desinformação, da calúnia, do assassínio de carácter, da mentira, da pós-verdade”.Com esta da “pós-verdade” Mário Oliveira derrubou-me. Este camarada está muito à frente. Temos chefe! A criadagem da CIA e outros serviços secretos do ocidente alargado sabe lá o que é isso! Só conhece a cor e o tinir do dinheiro. Recebem e já está, seja pós, pré ou nada verdade. 

O senhor ministro disse que é preocupante a produção e divulgação de informações falsas, sobretudo em “sites” e portais. Portanto, é preciso produzir legislação que ponha ordem nas redes sociais e outros instrumentos da aldrabice. Apoiado a cem por cento, senhor ministro. O problema é que falsas notícias partem do Executivo. Há desinformação em larga escala nos Media que pertencem ao sector empresarial do Estado. Membros do Executivo e outros altos responsáveis do Estado mentem, falsificam, manipulam e desinformam nas calmas. 

Um exemplo de desinformação de Estado. A senhora ministra Teresa Dias convocou os jornalistas para lhes dizer que os funcionários públicos vão ter um “reajustamento” salarial de cinco por cento. Mentira. Vão perder menos do que perderiam se essa medida não fosse tomada. E pior: Os cinco por cento vão colocar milhares de servidores da Função Pública acima dos 100.000 Kwanzas mensais. Isso significa que vão pagar impostos quando antes não pagavam. Esses (muitos) vão receber ainda menos do que no ano passado. 

O Sindicato Nacional dos Professores Angolanos considerou “um insulto” o aumento anunciado pela senhora ministra Teresa Dias. Uma “manobra de distração” que visa desmobilizar a greve geral anunciada. O dirigente sindical Admar Ginguma diz que o anúncio contraria a pretensão da Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores de Angola - Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical. Exigem um salário mínimo na ordem dos 250 mil kwanzas.

Notícias, reportagens, comentários e outras armas de arremesso não largam o presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo. Do Maka Angola, liderado pelo condecorado de João Lourenço Rafael Marques, ao Cklub K, da Irmandade Africâner e do chefe Miala, todos publicam material que atenta gravemente contra a honra, o bom-nome, a dignidade e a consideração social devidas ao magistrado e qualquer cidadão. Sabem donde vem muita desinformação, falsificação manipulação e mentira visando o presidente do Tribunal DSuoremo? Da Procuradoria-Geral da República!

Um exemplo. O Club K noticiou que o venerando Presidente do Tribunal Supremo queria tirar a casa a um juiz desembargador para oferecê-la à sua esposa. O material foi amplificado nas redes sociais até à náusea. Eis que a instituição divulgou uma “nota de esclarecimento”. Ficámos a saber de fonte limpa que o juiz desembargador João António Francisco foi contemplado com um apartamento no edifício residencial Torres da Cidadela, a título de “casa de função”.

O Ministério das Finanças fez uma inspecção às habitações distribuídas e verificou que o apartamento entregue ao senhor juiz desembargador como casa de função “estava arrendado a um cidadão de nacionalidade estrangeira”.

Leiam este parágrafo do comunicado publicado pelo Tribunal Supremo:  “O Ministério das Finanças notificou o Tribunal Supremo da desafectação do imóvel, por ter sido arrendado a terceiros. O Tribunal Supremo notificou o Juiz Desembargador João António Francisco, no dia 15 de Agosto de 2023, para a desocupação do apartamento no prazo de 20 dias, o que o mesmo se recusa a cumprir até a data presente”.

A esposa do Presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, afinal é um cidadão estrangeiro que arrendou o apartamento a um juiz desembargador que resolveu fazer negócio com a casa de função que lhe foi atribuída. A pós verdade é lixada! 

Agora vou ver o resto do jogo Angola-Mauritânia. Estamos a ganhar 3-1. Lá tenho de beber mais um copinho de tinto no final da partida! Mesmo sabendo que as artérias coronárias fazem muito mal ao álcool. 

* Jornalista

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