segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

ILHA DE LIXO NO PACÍFICO - O maior lixo do planeta é a chamada humanidade

Este em baixo e que pode acessar a seguir é o Expresso Curto, sob a batuta da jornalista Margarida Cardoso vêm pela enésima vez à baila ilhas de lixo no Pacífico e muito por todos os mares. Lixo que é obra dos seres humanos. Afinal, pensando aquietadamente de tiro certo pode-se concluir que os humanos são lixo que conspurca e destrói o ambiente, o planeta. Temos assim o saber (sem novidade) que a chamada humanidade é, além de ser desumana, suja por dentro e por fora e fez e continua a fazer do planeta Terra a lixeira preferida, um chiqueiro onde chafurda sem controle pensando e dizendo estúpida e hipocritamente que enquanto há vida há esperança... Esperança de quê? De que deixemos de ser javardos e causadores da destruição do planeta e de tudo e de todos que nele ainda habitam?

Pois é. Esta é a triste realidade sem tirar nem mais pôr. O egoísmo, a estupidez, a malvadez, a desumanidade, imperam. Continuem, os vossos filhos e netos vão pagar a fatura... com doenças insolucionaveis e, por fim, com a vida. Será a extinção. Abençoados/as e esses/as tais que se diz que fazem parte da humanidade. Humanidade? Não. Sim carrascos do futuro. Consolemo-nos com a certeza de que sem essa tal pseudo-humanidade após extinta o planeta se há-de regenerar e salvar-se. Adeus estúpida e criminosa pseudo-humanidade.

Redação PG

Vamos ouvir falar dele

Margarida Cardoso, jornalista | Expresso Curto

Bom Dia!

Bem-vindo a mais um Expresso Curto 198 anos depois da fundação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Havemos de chegar à Madeira, mas antes vamos dar prioridade ao ambiente e partir rumo a uma ilha bem maior, no Oceano Pacífico, criada pela acumulação de lixo arrastado pelas correntes para aquele ponto preciso, entre o Havai e a Califórnia. Tem três vezes o tamanho da França e é maioritariamente composta por microplásticos, o que nos traz de volta à costa atlântica, às nossas casas e a um alerta do biólogo espanhol Ricardo Beiras: “A nossa almofada emite quantidades enormes de microplásticos”.

Numa entrevista recente ao jornal espanhol El País sobre a maré de pellets de plástico que assola as praias da Galiza há mais de um mês, o investigador da equipa de Ecotoxicologia e Contaminação Marinha da Universidade de Vigo, obriga-nos a olhar para lá dos oceanos e dos peixes o que neste caso significa focar o olhar na proximidade: a grande exposição dos seres humanos aos microplásticos está na casa de cada um, nos alimentos na roupa, nas embalagens, nos produtos de higiene, numa infinidade de objetos que emitem micropartículas (partículas com uma dimensão inferior a cinco milímetros, mais pequenas do que um grão de arroz), como provavelmente a nossa almofada.

A Galiza já apanhou desde dezembro mais de 3 toneladas de pellets, pequenas bolas de plástico de 5 milímetros que vieram dar às suas praias, atingiram, também, a costa portuguesa, e obrigaram a um debate de urgência no Parlamento Europeu, marcado por pedidos de leis mais ambiciosas.

Mas enquanto o debate continua e a legislação tarda, vale a pena olhar para esta questão, tentar perceber a forma como o plástico nosso de cada dia invadiu as nossas vidas, a nossa casa, até o nosso sono. Não faltam estudos e dados assustadores sobre as doses que inalamos, ingerimos, absorvemos através da pele. Um dos mais recentes, publicado este mês por investigadores das universidades norte-americanas de Columbia e Rutgers, nos EUA, diz que um litro de água engarrafada contém, em média, quase 250 mil fragmentos de nanoplástico (fragmentos com dimensões inferiores a 1 mícron, ou um milésimo de milímetro). Isto, depois de em 2019, a revista científica Environmental Science & Technology e investigadores do departamento de Biologia da Universidade de Victoria concluirem que a ingestão varia em função da idade e sexo, mas cada pessoa come anualmente 74 mil a 121 mil partículas de microplásticos e quem bebe água engarrafada pode ingerir cerca de 9 mil partículas adicionais.

Já este ano, investigadores da Universidade de Toronto e da Ocean Conservancy expõem a carne num artigo publicado na Environmental Pollution: analisaram 16 fontes de proteínas, incluindo frango, vaca e porco e concluíram que cerca de 90% continha microplásticos.

Na verdade, não faltam alertas sobre o tema nos últimos anos. Em 2016, por exemplo, a ativista Ellen MacArthur, em parceria com a McKinsey, estimou que o peso do plástico nos oceanos a meio do século será maior do que o dos peixes. Em 2017, a Organização das Nações Unidas veio dizer que há mais microplásticos no mar do que estrelas na nossa galáxia. Dois anos depois, uma investigação da Universidade de Newcastle avisou que uma pessoa ingere em média 5 gramas de plástico por semana, o suficiente para fazer um cartão multibanco. E, em 2022, investigadores do Vrije Universiteit Amsterdam e do Amsterdam University Medical Center encontraram, pela primeira vez, microplásticos no sangue humano.

Mas é mesmo assim? Respiramos microplásticos a dormir, temos microplásticos a circular nas nossas veias e ingerimos o equivalente a um cartão de crédito por semana? “A nossa exposição é permanente, por inalação, ingestão e contacto. E nas almofadas de microfibras temos plástico, sim”, responde Paula Sobral, professora da Universidade Nova de Lisboa. “Sabemos que os nanoplásticos podem atravessar as membranas biológicas, pele incluída, assim como estão nos alimentos e na água”, acrescenta a investigadora do Mare - Centro de Ciências do Mar e Ambiente. Quanto aos números que vão sendo usados como alerta, “há algumas contas feitas nas costas do envelope” e há, nota, “afirmações que carecem de realismo, embora sejam úteis para sensibilizar as pessoas para o problema”.

Os microplásticos, diz, “estão em todos os compartimentos do ecossistema, na agricultura, na água, na atmosfera, em todo o lado. Fala-se mais dos oceanos, dos peixes, da água, mas também ficam retidos nos solos agrícolas e estão nos hortícolas que comemos, por exemplo”.

Olhar para o futuro, neste caso, exige envolver a indústria para ser parte da solução. “Isso será mais fácil do que apostar numa mudança de comportamentos que pode levar décadas”, defende Paula Sobral antes de deixar um apelo para “consumirmos menos”. Num mundo que produz 430 milhões de toneladas de plástico por ano, apenas 9% do que consumismo é reciclado. “Há um trabalho longo para fazer neste campo”, como afirma a investigadora. E isso significa que ainda vamos ouvir falar muito do plástico. Temos de ouvir falar dele.

Outras Notícias

Madeira Marcelo Rebelo de Sousa prepara-se para convocar eleições na Madeira, onde os interrogatórios aos três detidos por suspeitas de corrupção começam esta segunda-feira. O PSD tem cinco nomes em cima da mesa para escolher o sucessor de Miguel Albuquerque na presidência do Governo Regional.

Eleições No PS, Pedro Nuno Santos promete a redução do IVA e o fim das portagens nas antigas SCUT do interior e Algarve. No PSD, Luís Montenegro reage: “É caso para dizer que há petróleo no Largo do Rato”. A Iniciativa Liberal propõe um salário médio líquido de 1.500 euros no final da legislatura, enquanto Rui Tavares, no Congresso do Livre pediu uma “conversa séria e sólida para que esta democracia venha por mais 50 anos”. O Bloco de Esquerda foi o primeiro partido a apresentar as linhas do seu programa eleitoral. E há mais uma sondagem sobre a intenção do voto dos portugueses: diz que o PS vence, mas a direita tem maioria.

Açores A uma semana das eleições regionais, a campanha continua, mas condicionada pela meteorologia e por uma sondagem que dá empate técnico entre a Aliança Democrática e o PS. A CDU admite ter "muito trabalho" pela frente e o PS confia na "recetividade" nas ruas.

Professores Estudo mostra que 90% quase nunca ou nunca falta, mas ainda assim todos os dias há cinco mil turmas em que pelo menos um professor está em falta.

Polícia Profissionais da PSP, GNR e Guarda Prisional continuam o protesto, junto à Assembleia da República.

Israel Num conflito que pode continuar a acompanhar ao minuto no Expresso, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Suíça, Finlândia Austrália e Japão anunciaram a suspensão do financiamento à UNRWA por alegado envolvimento de alguns funcionários com o Hamas nos ataques de outubro. Rita Costa, enfermeira que esteve no sul da Faixa de Gaza ao serviço dos Médicos Sem Fronteiras, fala da situação catastrófica que ali se vive. Os Estados Unidos, diz a Associated Press, reconhecem progressos num potencial acordo para um cessar-fogo de dois meses em troca da libertação de reféns.

Ucrânia O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu um novo pacote de sanções contra a Rússia. Os serviços de segurança do país desmontaram um esquema de corrupção ligado ao Ministério da Defesa. Em causa está o desvio de 40 milhões de dólares destinados à compra de armas.

França Os principais sindicatos de agricultores anunciaram um cerco a Paris por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira. O Governo pediu um “dispositivo defensivo significativo”.

Protesto Ativistas francesas atiraram latas de sopa ao quadro Mona Lisa, de Da Vinci, contra o peso da agricultura nas emissões de gases com efeitos de estufa.

Música Sabe qual a canção com mais versões ao longo do tempo? Será Silent Night.

FRASES

Os alegados atos abjetos destes funcionários têm de ter consequências. Mas as dezenas de milhares de homens e mulheres que trabalham para a UNRWA (...), não devem ser penalizados. As necessidades urgentes das populações desesperadas de que cuidam devem ser satisfeita
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, num apelo aos países que suspenderam o apoio à agência para os refugiados

Tivemos um dia difícil no Médio Oriente e responderemos
Joe Biden, Presidente dos EUA, sobre a morte de três soldados norte-americanos junto à fronteira da Jordânia num ataque reivindicado por milícias pró-iranianas

Este Governo considera que há delitos que devem ser perdoados dependendo de quem os comete e se quem os comete o apoia para ficar no poder
Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular, na manifestação, em Madrid, contra a amnistia dos independentistas catalães

Dentro da Siemens Portugal eu serei provavelmente o pior engenheiro
Fernando Silva, CEO da Siemens Portugal, no podcast o CEO é o limite

O QUE ANDO A OUVIR E A VER

A proposta parece tentadora e está na minha agenda: modinhas e canções portuguesas/brasileiras do fim do século XVIII e início do século XIX num recital do duo de Liliana Coelho e Isabel Calado. É já amanhã, terça-feira, na Casa da Música, no Porto.

Partilho ainda uma sugestão do André Correia, meu colega na Delegação Norte do Expresso, para uma imersão no teatro: “Prepare-se. Vamos descer bem fundo, até uma realidade cruel e obscura nas minas de São Pedro da Cova. Milhares de homens e mulheres procuravam sustento debaixo da terra, mas rapidamente os sonhos se desvaneciam a 400 metros de profundidade. Muitos trabalhadores lá perderam a vida. Os castigos eram constantes, desde punições físicas à retenção do miserável salário. Os que sobreviviam, por vezes a alimentarem-se de ração de cavalo, continuavam presos a um sistema com contornos esclavagistas.

Os filhos, esses, eram prometidos à entidade patronal, a troco de uma casa no bairro mineiro. O pesadelo só terminou em 1970, quando a mina foi desativada, mas a tragédia ambiental provocada pelos resíduos tóxicos estava só a começar. É esta a tragédia real que entre quinta-feira (1) e domingo (4) sobe ao palco do Teatro Carlos Alberto, no Porto, com as peças A Mina e Tribunal Mina, dois espetáculos de teatro documental criados pela companhia Hotel Europa”.

Termino este Curto a recordar a soprano norte-americana Camilla Williams (18 de outubro de 1919 - 29 de janeiro de 2012), a primeira cantora negra a atuar com uma companhia de ópera nos Estados Unidos, e a sua interpretação de Ritorna Vincitori em Aida, de Giuseppe Verdi.

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