quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Rambos e Rapazes de Sandálias -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Os Hutis são um movimento armado do Iémen. Em plena Luta Armada de Libertação Nacional, Savimbi pedia ao capitão Almeida, comandante de uma companha de artilharia do Exército Português, botas de cano alto e um bom creme para os pés. Grande chefe guerrilheiro amigo das tropas de ocupação! Os Hutis aguerridos pedem sandálias toscas e fazem uma festa quando recebem sapatilhas. Dormem com a arma pronta a disparar e lançam “drones” contra navios no Mar Vermelho, que vão para Israel ou zarpam dos portos israelitas. Uma forma de apoiar os palestinos que estão a ser vítimas de genocídio executado por Israel sob o comando da Cassa Branca e do Pentágono.

O alto comando dos EUA acaba de reconhecer que é muito difícil acabar com os ataques dos Hutis no Mar Vermelho. Não precisavam de fazer esta confissão. O estado terrorista mais perigoso do mundo tem levado grandes tareias militares infringidas por civis armados. Em Angola, a tunda foi memorável. Escorraçados do Norte de Angola pelas gloriosas FAPLA (foram mesmo gloriosas!) até deixaram para trás um oficial da CIA, preso no Soyo, e vários mercenários aprisionados na região da Damba, onde na minha juventude namorei uma princesa, à vista da serra da Canda. 

No Sul de Angola foi pior. O estado terrorista mais perigoso do mundo e os racistas de Pretória foram esmagados desde o Ruacaná ao Triângulo do Tumpo. Uma tareia militar memorável que deixou os sicários da UNITA órfãos dos donos ao serviço dos quais matavam angolanos. Na Batalha do Cuito Cuanavale, o comandante das forças angolanas (General Nando Cuito) tinha menos de 30 anos. Os jovens pilotos dos “MIG” eram jovens na casa dos 20 anos.

Os combatentes angolanos eram civis treinados e armados à pressa para defenderem a Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Os oficiais foram formados nos campos de batalha e especializados nas academias soviéticas, cubanas e de outros países amigos. Esta juventude libertou Nelson Mandela, esmagou o regime de apartheid e deixou o estado terrorista mais perigoso do mundo em estado catatónico. Os miúdos esmagaram os gringos! Que agora se passeiam nos corredores do Palácio da Cidade Alta com o estatuto de amigos!

A Guerra de Angola mostrou que o imperialismo é um tigre de papel e as suas garras atómicas não servem de nada nas matas africanas ou nas lavras de mandioca. Os angolanos provaram isso. Mas outros povos já o tinham provado.

Na parte final da Guerra do Vietname eu vi miúdos magrinhos, silenciosos, com chapéu de palha de abas largas, sandálias toscas e “AKA” em riste. Vi os diques do Rio Vermelho destruídos à bomba pela aviação dos EUA. Um horrendo crime de guerra cometido que vitimou milhares de civis. No leste do delta, distrito de Nam Sachs, povoações inteiras foram arrastadas pela corrente furiosa e outras ficaram submersas. 

O mesmo aconteceu na província de Thai Binh e nas regiões de Nam Ha, Nam Dinh e Ninh Binh. Tudo levado nas enxurradas destruidoras ou submerso. E sob as águas barrentas ficaram populações inteiras. Desde essa reportagem passei a usar a hora do Vietname no meu relógio de pulso. Para não mais esquecer esses crimes de guerra cometidos pelas tropas dos EUA.

A guerra entre as tropas super potentes dos EUA e os miúdos magrinhos e silenciosos durou duas décadas (de 1954 a 1975). O estado terrorista mais perigoso do mundo matou dois milhões de civis. Quase um milhão e meio de combatentes norte-vietnamitas morreram (civis armados). Um Holocausto do qual ninguém fala, com medo dos sionistas. Do lado dos EUA baicaram 58 mil militares. Rambos, marines e outros genocidas profissionais. 

Os dirigentes da Frente Nacional de Libertação (Viet Cong) baptizaram este conflito como Guerra de Resistência Contra a América (Kháng chiến chống Mỹ). Uma guerra por procuração passada ao estado fantoche Vietname do Sul. Comparada com esta, a da Ucrânia é uma brincadeira de crianças. A força aérea dos EUA fez no Vietname o mesmo que hoje estão a fazer os nazis de Telavive. Os bombardeamentos destruíram sistematicamente as cidades do Vietname do Norte. Laos e Camboja tiveram o mesmo tratamento. 

Ao longo dos anos que durou (1950-1953), na Guerra da Coreia morreram mais de 2,5 milhões de pessoas. Jovens de sandálias, mal alimentados mas bem armados enfrentaram as super potentes forças dos EUA. Morreram dois milhões! Mais um Holocausto esquecido para não enfurecer os nazis de Telavive que querem o exclusivo. Ramos e marines baicaram 55 mil! Um desastre militar do estado terrorista mais perigoso do mundo. Refugiaram-se na Coreia do Sul com o rabo entre as pernas. E lá estão ansiosos por recomeçar o Holocausto.

O que dizer da “Guerra Contra o Terror” desencadeada pelo estado terrorista mais perigoso do mundo, após o 11 de Setembro? O Holocausto já leva cinco milhões de civis mortos. A Brown University (Providence, 1764) fez um estudo que revela uma barbaridade esmagadora. Durante esta guerra em vários países, a fome e as doenças mataram 3,6 milhões de civis. Holocausto! 

Outro número arrasador. A “Guerra Contra o Terror” já causou 36 milhões de deslocados das suas casas nas aldeias, vilas e cidades atacadas pelo estado terrorista mais perigoso do mundo. O estudo da Brown University revela que na “Guerra Contra o Terror” morreram até agora 4,6 milhões de civis no Afeganistão, Paquistão, Iraque, Síria, Iémen, Líbia e Somália.

A Guerra dos EUA e aliados destruiu o Iraque. O Presidente Sadam Hussein foi enforcado. O estudo da Brown University revela que morreram 315 mil civis iraquianos. A ONU registou 8,5 milhões de pessoas com necessidades humanitárias. Era o país mais progressista e mais próspero do Médio Oriente quando foi agredido e destruído pelo estado terrorista mais perigoso do mundo e aliados. O conflito causou ainda 5,8 milhões de deslocados e mais de um milhão de refugiados. Holocausto esmagador. O Holocausto de Hitler já foi relegado padra o fundo da tabela. Os EUA e a OTAN (ou NATO) nisto de holocaustos são imbatíveis.

O estudo da Universidade Brown também inclui o Afeganistão. Os EUA mataram 47.245 civis. Mais 150 mil combatentes. Também os conheci. Magrinhos, cobertos de poeira, mordiscam uma tâmara por dia, calçam sandálias que eles próprios fazem. Vivem em cavernas nas montanhas. Falam por monossílabos e disparam que se fartam. Mataram 2.300 militares dos EUA e mais de mil da OTAN (ou NATO). Os invasores saíram do país com o rabo entre as pernas.

O Genocídio na Faixa de Gaza executado pelos EUA por procuração passada aos nazis de Telavive já ultrapassou o nível do Holocausto. A maior parte dos imolados são crianças e Mamãs. O “mundo ocidental” assiste empolgado à mortandade. Nenhum palestino é o Navalny por isso ninguém reage a sério. Os dirigentes do ocidente alargado Fazem umas declarações inócuas para desopilar o fígado e dormirem tranquilos.

O Genocídio está a ser cometido com bombas lançadas do ar, terra e mar, diligentemente fornecidas pelos EUA. Na última semana também matam os palestinos com fome. Ainda ontem morreu uma criança de dois meses porque a mãe não tem leite e não há alimentação para bebés. Vivi essa tragédia. O meu filho Nuno Kropotkine nasceu em 23 de Setembro de 1975. A Mamã não tinha leite. Em Luanda não existia alimentação para bebés. Levava-o todos os dias para casa de uma Mamã no Rangel que tinha “nascido” no mesmo dia na mesma maternidade. Uma doença fatal matou-a com os seus dois bebés, o meu e o dela, ainda pequeninos.

Na cidade de Rafah, uma casa que abrigava 18 crianças e 12 mulheres foi destruída à bomba pelos nazis de Telavive. Morreram todas. Pedaços de crianças e Mamás ficaram espalhados pelo chão. Por favor arranjem uma palavra para qualificar estes crimes. Holocausto é pouco. Parece uma absolvição do estado terrorista mais perigoso do mundo e do governo de Israel. É um insulto às vítimas na Palestina.

Os avençados que falam da guerra da OTAN (ou NATO), União Europeia e EUA contra a Federação Russa, por procuração passada à Ucrânia, continuam a falar de uma vitória militar no terreno. É preciso dar gás ao negócio. Mesmo quando já praticamente não existe carne ucraniana para os canhões. 

Ninguém fala disto mas a Cruz Vermelha Internacional perdeu o rasto a milhares de crianças e mulheres jovens ucranianas. É isso. Quem está a ganhar com esta guerra são as Mafias de Leste e o estado terrorista mais perigoso do mundo. Tráfico der armas e seres humanos, inteiros ou órgãos vitais! Quem lucra com o negócio? Perguntem a Úrsula von der Leyen, Zekensky, Biden e outros heróis do ocidente alargado. 

* Jornalista

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