quarta-feira, 6 de março de 2024

Eleições? Votos para o lixo onde portugueses irão rapinar restos para comer...


Bom dia. Eis a seguir o Curto do Expresso que às vezes trazemos aqui pelo PG. É pra ler, pois então. Hoje a jornalista diz que é estreante nesta coisa curta do Curto e onde nós gostamos de meter o bedelho. Estamos em eleições, na campanha dita eleitoral. 

A mediocridade passeia-se em arruadas pelo país e conversas da treta dignas de metem nojos. É o que eles na reles representatividade demonstram ser. Temos pena. E saudades de alguns dos antigos que já se finaram e deixaram obra que valeu e que hoje está destruída por estes "sábios da modernidade" que se afirmam capacitados e de competência como nunca em Portugal e no mundo existiram. Balelas. 'Dótores da Balela' é o que são. Uns metem nojo que nos 50 anos do 25 de Abril estão a deixar rasto da miséria política, intelectual e humana que representam. Geração Rasca, hiper rasca. Há excepções... Mas são escassas. Azar.

Adiante e sigam para bingo no Curto. Votos no lixo. Uns mais portugueses que outros é o trato principal a abrir. Acrescentamos portugueses que comem do lixo para se alimentarem mal e porcamente. Eles e elas andam aí. 'São subgente' dirá o nazifascista Ventura e a sua trupe paga por tais como o Champôlimão Manuel. E por outros reacionários antidemocráticos e esclavagistas do piorio e das massas hiperexploradas. Eles andam aí. Pois. Não nos livrámos deles e agora...

Bom dia, se conseguirem. Perguntem-se como. Nós não sabemos...

MM | PG


Por que é que o meu voto vale mais do que o de alguém de Portalegre?

Marta Gonçalves, jornalista | Expresso (curto)

Começo por lhe fazer um convite: hoje, às 14h00, "Junte-se à Conversa" com João Vieira Pereira e David Dinis para falar sobre "A sondagem e as legislativas". Inscreva-se aqui.

Bom dia,

Sou mulher, tenho 30 anos e voto pelo círculo eleitoral de Lisboa. No domingo vou à escola ao fim da minha rua para votar. Tal como eu, em Portalegre, haverá uma mulher de 30 anos que, no domingo, também vai deixar o seu voto na urna. A diferença? Apenas o distrito onde moramos. A consequência? Dificilmente o meu voto será ignorado, o dela poderá ser.

A explicação de tudo isto está no sistema eleitoral. Lisboa e Porto, por serem distritos com mais pessoas, são os que elegem mais deputados para a Assembleia da República. São responsáveis por quase 40% das escolhas. Os restantes lugares são distribuídos pelos outros 20 círculos eleitorais (além de Portugal continental, as ilhas e ainda os emigrantes na Europa e os de fora da Europa). Portalegre, por exemplo, é o que elege menos, apenas duas pessoas. Neste caso, que não é único, matematicamente só é possível eleger deputados do primeiro e segundo partidos mais votados.

Ou seja, todos os boletins com cruzinhas em partidos com mais votos de nada valem, são desperdiçados. Mas como se fazem estas contas? O melhor mesmo é espreitar o novo episódio do 259 para explicar o mundo, o guião é do jornalista Pedro Miguel Coelho e a magia do grafismo animado do Carlos Paes.

Nas últimas eleições, 730 mil votos não serviram para eleger. Se somarmos o que já se perdeu em todas as eleições, desde 1975,já foram desperdiçados mais de oito milhões - e quando falamos em desperdício, referimo-nos exclusivamente à não conversão de votos em mandatos e não às recentes acusações de fraude eleitoral e alegados boletins deitados literalmente ao lixo. Estamos a pouco mais de 90 horas para a contagem de votos, é preciso garantir que cada sorriso simpático, beijoca ou abraço na rua vale mais um voto e isso pode ser decisivo (sobretudo, lá está, se for nos distritos com mais peso). Na estrada, todas as caravanas continuam em viagem pelo país. Foi entre Sintra e Lisboa que Pedro Nuno Santos passou o dia de campanha, visitou um hospital e teve a seu lado Marta Temido, ex-ministra da Saúde. O PS vai em busca dos indecisos com dúvidas sobre quem é e o que traz a Aliança Democrática (AD), escreve o Diogo Cavaleiro (com as fotografias de Tiago Miranda). A noite ainda teve direito a protestos durante o discurso do líder socialista, que no comício na Aula Magna foi interrompido um par de vezes: primeiro, uma por uma mulher que lhe queria oferecer uma bíblia, depois por ativistas climáticas. A pouco mais de 100 quilómetros de distância, a AD chamou Paulo Portas para se juntar à campanha e Luís Montenegro deixou garantias de como vai à luta com Ventura pelo eleitorado do Chega. Não só nomeou pela primeira vez o partido nesta campanha - “já chega de Chega”, mas “Chega não é uma palavra proibida”, escreve o jornalista João Diogo Correia neste texto (com fotografias de Rui Duarte Silva).

Bem mais a sul, pelo Alentejo, esteve a campanha do Chega, que saiu para uma arruada em Évora - as ações de campanha têm sido maioritariamente jantares e almoços com apoiantes. “Porque é que uma vitória do PS é o melhor cenário para Ventura?”, questiona Vítor Matos (as fotografias são de José Fernandes).

A Iniciativa Liberal esteve por Lisboa e, com Cotrim Figueiredo ao lado, Rui Rocha apontou “falta de coragem” da AD (reportagem de Liliana Coelho e Nuno Fox), enquanto o Bloco de Esquerda esteve por Setúbal, onde Mariana Mortágua, durante uma visita a uma associação de imigrantes, defendeu o fim do SEF e reconheceu os problemas da nova agência (o texto é da Cláudia Monarca Almeida). Já a CDU deu palco a novas vozes onde "o elevador social não funciona" e num desfile pela Amadora contou com o apoio de Manuel Carvalho da Silva, que se terá desfiliado do PCP pouco depois de ter deixado a liderança da CGTP (a reportagem é da Margarida Coutinho com fotos da Ana Baião). Inês Sousa Real quer mostrar que o PAN é uma alternativa ao PS e à AD, titula a jornalista Joana Ascensão, enquanto o Livre defendeu a criação de um círculo nacional de compensação para evitar a não conversão de votos em mandatos.

Entre comícios e arruadas por uma qualquer cidade do país, certamente, não será fácil qualquer eleitor alcançar os candidatos e perguntar-lhes diretamente o que os apoquenta. No começo de fevereiro, o Expresso lançou o desafio aos seus leitores: se tivesse oportunidade de fazer uma única pergunta aos candidatos a primeiro-ministro, qual não lhe escaparia? Ana, Alfredo, António, Arminda, Célia, Cristina, Francisco, José João, Luís, Maria do Céu, Maria Manuela, Rui, Rodrigo e Rosa aceitaram-no.

Lares, habitação, salários, classe média, pensões ou o investimento no Serviço Nacional de Saúde foram alguns dos temas sobre os quais estes leitores quiseram mais esclarecimentos. O Expresso encaminhou as perguntas de cada um dos 14 leitores a cada um dos partidos na corrida eleitoral. O Bloco de Esquerda, a CDU, a Iniciativa Liberal e Livre responderam. Todos os outros (AD, Chega, PAN e PS) não o fizeram.E mesmo antes de seguirmos para outros temas, deixo uma última sugestão: experimente o jogo “Espelho Meu”. É um teste que pode ser feito de duas formas: descobrindo o partido ou o líder partidário com o estilo de governação com que mais se identifica.

OUTRAS NOTÍCIAS

Super-terça. Cada vez parece mais certo que em novembro o embate nas presidenciais dos EUA seja aquele que era um dos menos desejados pelos norte-americanos: uma repetição de 2020, um Joe Biden vs. Donald Trump. Na última noite, ambos saíram reforçados e dominaram as escolhas dos democratas e republicanos, respetivamente. Leia aqui o que aconteceu naquela que é a noite em que se elege maior número delegados, que vão eleger os candidatos presidenciais em cada partido.

Olhos, informação, dinheiro. Muitas pessoas não sabem bem ao que vão; sabem apenas que podem ganhar num dia umas dezenas de euros, se permitirem um scan à sua íris (porque é o elemento biométrico mais distintivo de cada ser humano e não há duas iguais, mesmo no caso de gémeos verdadeiros). Ao Expresso, Tiago Martins, especialista em assuntos financeiros e consultor da Deco/Proteste, e Ricardo Lafuente, presidente da Associação para a Defesa dos Direitos Digitais, ajudam a esclarecer uma série de questões levantadas pelo modelo de negócio da Worldcoin, que só em Portugal já recolheu dados de 300 mil pessoas. Neste explicador, as jornalistas Joana Pereira Bastos e Isabel Leiria, respondem a perguntas como “o que é a Worldcoin?”, “o que vai a empresa fazer com a leitura das íris dos olhos?” e se “é arriscado ceder dados por dinheiro?”.

O Chega além de Ventura. Os futuros deputados do partido defendem teorias da conspiração, a falência dos jornais e assumem que estão numa “guerra” cultural e “psicológica” com a esquerda. Ao longo da campanha, houve várias intervenções que se podem classificar como racistas. “Temos de pensar que em Espanha queremos ver espanhóis, franceses em França e em Portugal queremos ver portugueses”, disse, por exemplo, Rui Afonso, deputado e número um do Porto pelo Chega. Outra tirada: “Só o Chega diz que a solução não é a imigração e a substituição populacional e apresenta soluções para esta sangria desatada da população”, referida por Pedro Frazão, cabeça de lista por Santarém. Ambas são exemplos das muitas declarações desconstruídas neste texto assinado por Vítor Matos e com fotografias de José Fernandes.

Ministérios Sombra. Ao longo das últimas semanas, o Expresso tem desafiado especialistas em diversas áreas a serem ministro por alguns minutos. Neste caso, o desafio é chefiar a pasta “Dos alunos” e a Rita Ferreira, editora de sociedade, foi ouvir a Filipa Cunha, do projeto Tumo, e a Sofia Borges, pedagoga da Brave Generation Academy. Deixaram de lado as carreiras, a burocracia, as colocações, os salários dos professores e falaram apenas de como estamos a educar as nossas crianças. As palavras autonomia e competências são a chave. “Nenhum miúdo odeia realmente Matemática ou Ciências, odeiam é a forma como aquilo é dado.”

Maior discriminação. Portugal tem elevados níveis de desigualdade do rendimento, que se agravaram com a pandemia, mas as discrepâncias são ainda maiores ao nível do património. Em 2022, Portugal era um dos países onde a diferença de rendimento entre os mais “ricos” e os mais “pobres” era maior. Estávamos na sétima posição, acima da média da União Europeia e acima da média da zona euro. E, em geral, em todos os parâmetros avaliados, as mulheres enfrentam uma discriminação acrescida, pode ler-se no artigo da jornalista Elisabete Miranda, com infografia de Carlos Esteves.

Silveira, Saavedra, Caldeira. Estes são os protagonistas da história de um grupo numeroso de criminosos (e familiares) que assaltou várias empresas durante quatro anos na região do Porto. São acusados de roubar cerca de 5 milhões de euros em quatro anos a 54 empresas, camiões TIR e pavilhões industriais. Pela leitura do despacho de acusação é fácil confundir os 33 arguidos: pais e filhos, irmãos e conjugues. Os cabecilhas eram os homens da família Saavedra e Silveira, que, quando a tarefa o exigia, recrutavam outros intervenientes, primos, cunhados, amigos, quem precisasse de ganhar um extra.

PODCASTS

Expresso da Manhã. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, diz que a Europa está cada vez mais em perigo e defende uma política de segurança comum. A Ucrânia está a perder a guerra, na Europa multiplicam-se as intervenções ao mais alto nível avisando para a ameaça que representa a Rússia, mas o assunto nem ao de leve passou pela campanha eleitoral. A Europa indefesa não é assunto que preocupe os políticos portugueses?

Os Protagonistas. A temporada do podcast termina com entrevista a Pedro Nuno Santos. Já com o fim da campanha eleitoral à vista, o líder do PS deixou críticas aos critérios no escrutínio que é feito aos candidatos a primeiro-ministro, que considerou desequilibrados. E voltou ao tema polémico da semana passada: “Na campanha do aborto estive do lado do ‘sim’, no PSD eram uma minoria”.

Lei da Paridade. A convidada desta semana (e atenção que esta semana há episódio na quinta-feira) é Alexandra Leitão, cabeça de lista por Santarém pelo PS e coordenadora do Programa Eleitoral Socialista. Fala-se da passagem pelo Ministério da Educação, sobre o Serviço Nacional de Saúde e saúde reprodutiva, sem deixar passar o tema do machismo na política.

Liberdade em Hong Kong. Se é leitor assíduo do Expresso Curto já terá lido várias recomendações para ouvir este projeto assinado pela jornalista Salomé Fernandes e com a sonoplastia de João Luís Amorim. Desde já, peço desculpa pela repetição, mas vale mesmo a pena insistir: ouça. São cinco episódios sobre política, ativismo e luta pela mudança. É a história da região e dos medos que a luta pela democracia gerou nos últimos anos.

FRASES

“As coisas são claras: António Costa indicou quatro nomes para o substituir Mário Centeno, António Vitorino, Fernando Medina ou Carlos César. Nenhum dos nomes se chamava Pedro Nuno Santos. Porque será?” Paulo Portas, que se juntou esta terça-feira à campanha da Aliança Democrática, nas Caldas da Rainha.

“Quem falhou sempre no diagnóstico poderá agora ter razão nas soluções? É nas crises que se vê a força, determinação, as soluções e caminhos de cada um e vimos bem a diferença entre a nossa resposta à crise e a resposta à crise do PSD.” Mariana Vieira da Silva, cabeça de lista pela capital, no comício do PS na última noite, em Lisboa.

“Uma
pessoa infeliz produz em média menos 37%.” Ricardo Parreira, presidente da PHC Software, no episódio sobre a felicidade do trabalho dos Ministérios Sombra, uma iniciativa do Expresso a propósito da cobertura das Legislativas 2024.

“É contra o aborto? Não faça um. Simples. A liberdade de fazer uma IVG não obriga ninguém a escolhê-la. Não complique a vida das outras pessoas, ao ponto de a pôr em risco, por causa da sua moral ou religião.” Clara Não, cronista do Expresso.

O QUE ANDO A LER

“A História de Roma” (Caminho), de Joana Bértholo
“Isso é histórico?” e mais um par de formulações do género, sempre acompanhadas por um esgar desconfiado, são o que mais tenho recebido cada vez que falo deste livro a alguém. Aqui, Roma não é cidade, nem lenda da loba que alimentou Rómulo e Remo. Nada disso. A narrativa nem sequer se passa na cidade italiana. Roma é algo (para não revelar muito) que liga duas pessoas que agora se reencontram, dez anos depois do fim de um grande amor - pelo menos para uma delas. É retrato da loucura de uma paixão inesperada mas, mais que isso, do que fica depois do fim. É sobre como a memória das coisas boas nos pode atraiçoar, apagando o que foi mau, deixando apenas uma saudade inconsolável.

Passa-se entre Buenos Aires, Berlim, Marselha, Beirute e Lisboa.

NÃO SÃO SÓ VÍDEOS DE GATINHOS

Uma das belezas do scroll infinito - nem tudo pode ser mau - é encontrar aleatoriamente coisas sobre as quais nada sabemos. Acontece-me com frequência. Na última semana, com o tema do aborto a inundar noticiários e a entrar na campanha eleitoral, o algoritmo presenteou-me com o caso de Conceição Massano dos Santos (via @photohistorylx). Pode ver aqui.

A jovem de 22 anos foi julgada, juntamente com a amiga que lhe indicou a parteira, pelo crime de prática de aborto. Além desta story, pode ver a peça completa nos arquivos da RTP.

Serve o registo para pensar onde estivemos e onde estamos. Mas, sobretudo, onde queremos estar: ao lado de países como os EUA ou a Polónia, por exemplo, onde até há um par de anos o aborto era um direito garantido; ou de França, que se tornou o primeiro país a incluir na constituição o direito à interrupção voluntária da gravidez.

Termino este meu primeiro Expresso Curto por aqui. Obrigada por nos ler. Continue a acompanhar-nos no Expresso, na Tribuna e na Blitz, a ouvir-nos e a ver-nos também. Não se esqueça que também estamos sempre por aquialialém e acolá.

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