sexta-feira, 15 de março de 2024

Jornalistas em greve geral de 24 horas, a primeira em mais de 40 anos

É um protesto contra os baixos salários e a degradação das condições de trabalho numa altura em que o escrutínio é ainda mais crucial. Ao longo do dia desta quinta-feira há várias manifestações em todo o país e redações paradas.

A greve dos jornalistas abriu os noticiários em algumas frequências e deixou um vazio carregado de significado noutras. Nas bancas de jornais só amanhã se vão sentir os efeitos da paralisação, mas nas edições online por muito que se actualizem as páginas, os títulos permanecem praticamente os mesmos.

Os jornalistas portugueses aderiram em bloco à primeira greve geral em mais de 40 anos. A última paralisação aconteceu em 1982.

Mais de duas dezenas de órgãos de comunicação social estão parados, estima o Sindicato dos Jornalistas.

Em Coimbra, dezenas de jornalistas estiveram reunidos em protesto no centro da cidade. No Porto, a concentração ficou marcada para os Aliados palco habitual de muitas outras lutas.

A crise recente no grupo Global Media do JN, DN, TSF e Dinheiro Vivo, pôs a nu problemas que se arrastam há muito e reavivou reivindicações antigas.

Na rede da Agência Lusa não há notícias desde a meia noite, os jornalistas da agência noticiosa tinham feito greve há menos de um ano.

Há cerca de 5.300 jornalistas em Portugal, 80% com formação superior mas que levam para casa, em média, 1.225 euros ao fim do mês.

Ao final do dia, no Largo Camões, em Lisboa, muitos jornalistas deixaram as redações paradas ou a meio gás. Mas, ao longo do dia manifestaram-se em vários pontos do país, o último foi Lisboa.

Políticos e Presidente da República solidários com protesto

No dia em que o Presidente da República recebeu a CDU no Palácio de Belém, os jornalistas estão em greve. Precisamente por esse motivo e “em solidariedade” com o protesto, Paulo Raimundo saiu em silêncio do encontro com Marcelo Rebelo de Sousa.

A coligação PCP/Verdes foi a terceira força política a reunir com Marcelo depois das eleições de domingo. No final da audiência, Paulo Raimundo preferiu não falar aos jornalistas, dizendo que não falava por respeito à greve dos jornalistas.

Mas o comunista não foi o único político a manifestar-se. Antes quer Luís Montenegro (PSD), quer Pedro Nuno Santos (PS) demonstraram solidariedade para com os jornalistas que, pela primeira em mais de 40 anos, estão esta quinyta-feira em greve geral.

O líder social-democrata dedicou uma publicação na rede social X, antigo twitter, à greve geral dos jornalistas dizendo que o “Jornalismo é essencial para a democracia”.

Na mesma rede social, o secretário-geral do PS disse que o “Jornalismo é uma das condições para termos cidadãos informados”.

O próprio Presidente da República publicou uma nota no site da Presidência na qual sublinha “o papel dos jornalistas na Democracia”. “(…) o Presidente não quer deixar de sublinhar de novo, neste dia, o papel fundamental do jornalismo e de jornalistas livres e independentes na nossa Democracia”.

“Órgãos de comunicação social fortes, com titulares plenamente conhecidos com toda a transparência, profissionais respeitados e dignificados, pois “onde não há comunicação social forte, não há democracia forte””, refere o chefe de Estado.

SIC Notícias

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